Persona Tradução: Rodrigo Borges "...de graça recebestes, de graça dai." Mt 10.8 Queria falar comigo, doutora? Já viu a Sra. Vogler, irmã? - Ainda não. - Vou explicar a situação dela... ...e o motivo pelo qual foi contratada para cuidar dela. A Sra. Vogler é uma atriz, como sabe. se apresentando em Electra. No meio da apresentação ficou silente e olhou ao redor como se estivesse surpresa. Ela ficou silente por um minuto. Ela se desculpou depois, dizendo que sentiu vontade de rir. No dia seguinte ligaram do teatro e perguntaram se ela esqueceu o ensaio. Quando a empregada entrou ela estava ainda na cama. Ela estava acordada, mas não respondia nem se movia. Ela continua na mesma por três meses. E já fez todos os tipos de testes. O resultado é claro. Está perfeitamente saudável, física e mentalmente. Não existe nem um tipo de reação histérica. Alguma pergunta, irmã Alma? Não? Agora pode ir ver a Sra. Vogler. Bom dia, Sra. Vogler. Meu nome é irmã Alma. Fui contratada para cuidar um pouco de você. Talvez eu deva falar um pouco de mim. Eu tenho 25, noiva... Consegui meu certificado de enfermeira há dois anos. Meus pais tem um sítio. Minha mãe também foi enfermeira antes de casar. Vou buscar seu jantar. Fígado frito e salada de frutas. Uma delícia. Você quer levantar sua cabeça? Assim está bom? lrmã Alma. Qual foi sua primeira impressão? Não sei o que dizer, doutora. Primeiro tem um semblante suave, quase infantil. Mas ao olhar seus olhos... Ela ganha um aspecto severo, eu acho. - Eu Não sei. Eu não deveria... - O que estava pensando? - Pensei que deveria rejeitar este trabalho. - Alguma coisa incomodou você? Não, mas ela merecia uma enfermeira mais velha e mais experiente. - Experiente na vida. Eu posso não suportar. - Suportar? Mentalmente. Se o silêncio e imobilidade da Sra. Vogler forem resultado de uma decisão... ...deve ser tão forte quanto era saudável. - E daí? É uma decisão que mostra grande força mental. Talvez eu não seja capaz de lidar. Você talvez gostaria de ver o pôr-do-sol, Sra. Vogler. Eu posso descrevê-lo depois. Posso ligar o rádio? Há uma peça, eu acho. Perdoe-me, meu amor. Oh, você deve me perdoar. Eu não desejo nada além do seu perdão. Do que está rindo, Sra. Vogler? A artista é engraçada? O que você sabe sobre compaixão? O que você sabe? O que você sabe sobre compaixão? Eu não entendo coisas como essa, Sra. Vogler. Sou interessada por filme e teatro, mas não vou tanto. Tenho enorme admiração por artistas. Penso que a arte tem uma enorme importância na vida. Especialmente para pessoas que tem problemas de algum tipo. Não deveria falar sobre coisas como essa com você. Estou esquiando em gelo fino. Vou ver se encontro alguma música. Esta está boa? Boa noite, Sra. Vogler. Durma bem. Droga! É estranho. Pode-se ir a qualquer lugar antigo. Fazer-se qualquer coisa antiga. Me casarei com Karl-Henrik e teremos filhos que criarei. Tudo está decidido. E faz parte de mim. Não há o que ponderar. É um imenso sentimento de segurança. Então eu tenho um emprego que gosto e estou feliz com isso. Isso é bom também. Mas por outro lado... Mas isso é bom... bom. Isso é bom. Me pergunto... o que há de errado com ela? Elisabet Vogler... Elisabet. "...hoje, entre as artilharias americanas e vietnamitas "e a desesperada guerrilha do Vietcongue" "que ataca a base vital costeira." "Aviões da Marinha e a Força Aérea Americana em Quang" "Estão bombardeando as posições do exército Vietcongue em Tay Ninh." "Hoje os aviões saíram em mais de 48 missões de bombardeio." "Em outras ações, vários batalhões de tropas dos EEUU" "desembarcaram ontem perto da costa." "onde foram capturados mais de 2000 Vietcongues." "na maior operação dos últimos três meses. "Hoje os protestos na rua" "mandaram para os tribunais mais de 141 Vietcongues. Você gostaria que eu abrisse a carta, Sra. Vogler? Devo lê-la? Devo lê-la para você? "Querida Elisabet: Como tenho permissão de vê-la, escrevo." "Se você não quer ler minha carta pode ignorá-la." "Eu não posso evitar procurar esse contato com você" "Estou atormentado com uma dúvida constante:" "Magoei você de algum modo? Machuquei você sem querer?" "Há algum terrível mal entendido entre nós dois?" Devo continuar a ler? "Tanto como entendo, nós estávamos felizes recentemente. Nós nunca estivemos..." "...tão perto um do outro" "Você se lembra dizendo: Agora eu entendo o que casamento significa?" "Ensinou-me que..." Não consigo entender o que está escrito aqui. "Ensinou-me que..." Agora entendi... "Ensinou-me que devemos nos ver como duas crianças ansiosas" "tomadas de boa vontade e melhores intenções" "Mas diri..." Agora entendo. "Mas dirigidos por poderes que controlamos parcialmente" "Você se lembra dizendo tudo isso?" "Estávamos andando no bosque e você parou e segurou meu cinto..." Há uma foto com a carta. Uma foto do seu filho. Eu não sei se... Gostaria de vê-la, Sra. Vogler? Ele parece um doce. Estive pensando, Elisabet. Eu não acho que deva permanecer no hospital. Penso que é prejudicial. Como você não quer ir para casa... ...você e irmã Alma podem ir para minha casa de verão na praia. Hmm? Não imagina que entendo? O sonho sem esperança de ser. Não parecer, mas ser. Consciente a todo momento. Vigilante. Ao mesmo tempo o abismo entre o que você é para os outros e para si mesmo. O sentimento de vertigem e o desejo constante de por fim ser exposta. Para ser vista por dentro, cortada, talvez mesmo aniquilada. Cada tom de voz uma mentira, cada gesto uma mentira, cada sorriso uma careta. Cometer suicídio? Ah, não! Isso é feio. Você não faria isso. Mas você pode ficar imóvel, pode silenciar. Assim, pelo menos, você não precisa mentir. Você pode se isolar, e mesmo se calar. Então não precisa interpretar papéis, mostrar faces ou gestos falsos. Você pensa... Mas você vê, a realidade é sanguinária. Seu esconderijo não é bem vedado. A vida penetra em todas as partes. Você é forçada a reagir. Ninguém pergunta se é real ou irreal, se você é verdadeira ou falsa. Isso só é importante no teatro. Talvez nem ali. Eu entendo você, Elisabet. Eu entendo que você está em silêncio, que está imóvel. Que você colocou esta falta de vontade em um sistema fantástico. Eu entendo e admiro você. Acho que deveria representar este papel até que se esgote. Até que ele não seja mais interessante. Então você poderá deixá-lo. Assim como pouco a pouco abandona todos os outros papéis. Sra. Vogler e Irmã Alma se mudaram para a casa da médica no final do verão. A estada perto do mar surtiu efeito favorável sobre a atriz. A apatia que a machucava no hospital dá lugar a longas caminhadas, pescarias, cozinhar, escrever cartas e outras diversões. Irmã Alma desfruta sua reclusão rural e tem maior cuidado com sua paciente. Não sabe que é má sorte comparar as mãos? Elisabet, posso ler um pouco do meu livro para você? Ou estou incomodando? Ouça isso: "Toda a ansiedade que suportamos, todos os nossos sonhos frustrados" "a crueldade incompreensível, nosso temor de extinção" "a percepção dolorosa de nossa condição terrena" "lentamente desgastou nossa esperança em qualquer outra salvação" "O grito de nossa fé e dúvida contra a escuridão e o silêncio" "é uma das provas mais terríveis de nosso abandono" "e nosso aterrorizado e indescritível conhecimento." Você acha que é assim? Eu não acredito. Fazer alterações... meu pior defeito é que sou tão preguiçosa. E então percebo aquela má consciência. Karl-Henrik grita-me a falta de ambição. Diz que eu ando por aí sonâmbula. Penso que isso é injusto. Era a melhor em meu grupo com os exames. Mas ele provavelmente se refere a algo mais. Você sabe... Desculpe. Sabe o que eu às vezes penso? No hospital onde eu fiz meu exame, há uma casa para enfermeiras velhas. Umas que sempre foram enfermeiras, vivendo para seu trabalho. Sempre de uniforme. Vivem em seus quartos pequenos. Imagine dedicar sua vida inteira a algo. Quero dizer, acreditando em algo. Realizando algo. Acreditando que a vida tem um propósito. Gosto de coisas assim. Cumprindo algo intensamente, sem importar com nada. Acho isso um dever. Significar algo para outras pessoas. Você não acha também? Eu sei que parece infantil, mas eu acredito nisso. Céus, está chovendo muito! Ah, sim. Ele era casado. Nós tivemos um relacionamento de cinco anos. Então ele se cansou, é claro. Eu estava muito apaixonada, com certeza. E ele foi o primeiro. Lembro-me de tudo como um grande tormento. Longos períodos de dor e, em seguida, curtos momentos quando... É como se você me ensinasse a fumar. Ele fumava muito. Pensar nisso depois, é realmente banal. Uma ficção barata. De certa forma, nunca foi real. Eu não sei como descrevê-lo. Ao menos, eu nunca era bastante real para ele. Minha dor era real, isso com certeza. De certo modo era como se fosse parte dele, de modo desagradável. Como se tivesse de ser assim. Incluindo as coisas que dissemos uns aos outros ... Dizem que sou uma boa ouvinte. Não é engraçado? Ninguém nunca se importou em me ouvir. Como você está agora. Está ouvindo. Eu acho que você é a primeira pessoa que me ouviu. Não pode ser tão interessante. Mais valeria a você ler um livro. Deus, e continuo... Não estou irritando? É tão bom conversar. Me sinto tão bem e aquecida. Sinto-me como eu nunca senti em minha vida inteira. Sempre quis uma irmã. Só tenho um monte de irmão. Sete. Engraçado, não? E depois cheguei. Fui cercada por rapazes toda a vida. Gosto de meninos. Você sabe disso, com toda sua experiência de atriz. Gosto tanto de Karl-Henrik, mas... você sabe, só amamos uma vez. Sou fiel a ele. Em minha profissão há oportunidades, posso te contar. Karl-Henrik e eu alugamos um chalé na praia uma vez. Era Junho e estávamos sozinhos. Um dia ele foi até a cidade. Eu fui à praia sozinha. Era um dia quente e agradável. Havia uma outra garota lá. Ela tinha vindo de outra ilha... pois a nossa praia era ao sul e mais tranquila. Nos deitamos nuas e tomamos sol... tiramos cochilos, acordamos, e passamos bronzeador. Usávamos uns chapéus, você sabe, aqueles baratos de palha. O meu tinha uma fita azul. Eu estava olhando debaixo do chapéu. admirando a paisagem, o mar e o sol. Foi tão curioso. De repente eu vi duas pessoas sobre as rochas abaixo de nós. Eles se esconderam e ficaram nos olhando. "Há dois meninos nos olhando", disse a ela. Seu nome era Katarina. "Bem, deixe que olhem", disse ela, e virou-se de costas. Foi um sentimento estranho. Eu queria correr e colocar minhas roupas, mas eu permanecia ali... De bruços com a bunda para cima, totalmente desembaraçada e calma. E Katarina estava ao meu lado com seus seios e coxas fartas. Ela continuava ali, rindo e se divertindo consigo mesma. Notei que os meninos se aproximavam. Continuaram olhando para nós. Eu vi que eram muito jovens. Depois um deles, o mais corajoso Veio até nós e, agachado, ao lado Katarina. Fingiu estar ocupado cutucando os dedos do pé. Me senti totalmente estranha. De repente Katarina disse a ele... "Por que você não vem aqui?" Então ela pegou sua mão e o ajudou a tirar a calça e a camisa. De repente ele estava por cima. E ela o ajudou a penetrar por trás. O outro menino apenas ficou olhando. Ouvi Katarina sussurrar no ouvido do menino e rir. Seu rosto estava ao lado do meu. Estava vermelho e inchado. Então eu me virei e disse... "Não quer vir comigo também?" Katarina disse: "vá com ela agora." Ele a largou e veio para cima de mim. ...ele veio sobre mim, com intensidade. Ele agarrou meu seio. Deus, doeu tanto! Fiquei excitava e gozei na hora. Acredita nisso? la justamente dizer a ele: "cuidado para não me engravidar" quando ele gozou eu senti. Senti algo que nunca sentira na vida como ele jorrou dentro de mim. Ele segurou meus ombros e inclinou para trás. E eu gozei uma e outra vez. Katarina ficou olhando e o segurando por trás. Depois que ele gozou ela o abraçou e usou a mão dele para gozar. E quando ela gozou deu um grande grito. Nós três começamos a rir. Chamamos o outro menino sentado no declive. Seu nome era Peter. Ele parecia confuso e tremia sob a luz do sol. Katarina desabotoou sua calça e começou a brincar com ele. Quando ele gozou ela colocou em sua boca. Ele se inclinou e a beijou nas costas. Ela olhou a volta, segurou a cabeça dele com as duas mãos e ofereceu seu seio. O outro menino ficou tão excitado que começamos de novo. Foi tão bom quanto antes. Então nadamos partimos. Quando eu voltei, Karl-Henrik havia voltado. Então Jantamos e tomamos o vinho tinto que estava com ele. Depois fizemos amor. Nunca havia sido tão bom, antes ou depois. Você pode entender isso? Então eu fiquei grávida, é claro. Karl-Henrik estudava medicina e me levou a um colega que fez o aborto. Ficamos satisfeitos. Não queríamos ter nenhum filho. Não na época, de qualquer modo. Não faz sentido. Nada se encaixa. Então temos uma má consciência por pequenas coisas. Entende isso? E o que acontece com tudo o que você acredita? Não é necessário? É possível ser uma e a mesma pessoa ao mesmo tempo? Quero dizer, tornei-me duas pessoas? Deus, que bobagem... Eu não tenho qualquer razão para começar a choramingar, de qualquer jeito. Espere, vou pegar um lenço. Está quase amanhecendo... e ainda está chovendo. Imagine, tenho conversado sem parar. Conversei e você me escutou. Que entediante para você. De que interesse pode ser minha vida para você? Eu devia ser como você. Sabe o que pensei depois que vi seu filme aquela noite? Quando cheguei em casa e olhei no espelho, pensei: Somos parecidas. Não me leva a mal. Você é muito mais bonita, mas somos parecidas numa parte. Eu acho que poderia me tornar você se fizesse um real esforço. Quero dizer, por dentro. Você poderia tornar-se eu, justo assim. Embora sua alma seja grande demais, ia ficar para fora do corpo. Você deve ir para a cama. Ou então vai acabar dormindo na mesa. Não, eu preciso ir para a cama. Senão eu vou dormir na mesa. Não seria confortável. Boa noite. Escute, Elisabet... Você falou comigo ontem à noite? Esteve no meu quarto? Quer que eu leve também sua correspondência? Posso provar? Adeus. "Querida doutora: Eu viveria assim para sempre. Este silêncio, vivendo isolada Sentir como a alma maltratada começa finalmente a curar-se. A Alma me cativa da maneira mais comovedora. Eu acho, a propósito, que ela está gostando de si e tem grande estima por mim. Mesmo entusiasmada de modo inconsciente e delicioso. É divertido estudá-la. Às vezes chora por pecados do passado. Uma efêmera orgia com um menino desconhecido, seguido de um aborto. Ela concorda que suas noções de vida não estão de acordo com suas ações." Vejo que você está lendo uma peça. Isso é um sinal saudável, vou dizer ao médico. Não achas que deveríamos sair em breve? Começo a sentir saudade da cidade. Você não? Gostaria de me fazer realmente feliz? Sei que é um sacrifício, mas necessito de sua ajuda agora mesmo. Não é nada perigoso. Mas quero que converse comigo. Não tem de ser especial. Qualquer coisa. O que nós temos para o jantar... Se a água está fria depois da tempestade. Se está muito frio para nadar. Só precisamos falar de alguns minutos. Um minuto. Você pode ler a partir de seu livro. Basta dizer algumas palavras. Devo tentar não ficar irritada. Você permanece calada e essa é sua idéia. Mas agora preciso que fale comigo. Minha cara mulher, você não pode dizer somente uma única palavra? Eu sabia que você recusaria. Você não imagina como me sinto. Eu sempre pensei que grandes artistas sentiam grande compaixão pelos outros. Que criavam a partir do sentimento de grande simpatia e necessidade de ajudar. Isso foi estúpido de minha parte. Você me usou. Agora que não necessita de mim, me joga fora. Sim, eu ouço muito bem como soa, como falso isso soa! Você me usou, agora me descarta. Toda palavra! E então estes óculos! Você realmente me machucou. Riu de mim nas minhas costas. Eu li a carta que enviou ao médico. Basta pensar, não foi selada! E a li cuidadosamente! Você me fez falar. Me fez falar coisas que eu nunca disse a ninguém. E você contou. E que análise, heim? Você não... Você vai falar agora! Se tem algo a dizer, diga, droga... Não! Pare! Está realmente com medo agora, não? Por um segundo você estava realmente com medo, não? Um verdadeiro medo da morte, não? Alma ficou louca, você pensou. Que tipo de pessoa você é, realmente? Ou você pensa assim: "Me lembrarei daquela face. Aquele tom de voz, aquela expressão." Eu vou lhe dar algo que não vai esquecer. Você está rindo, não está? Não é tão simples para mim. Nem tão engraçado, também. Mas você sempre teve seu riso. Tem de ser assim? É realmente importante não mentir, para falar a verdade, para falar com um tom de voz genuíno? Pode alguém viver absolutamente sem conversar livremente? Mentir, desviar-se e fugir das coisas. Não é melhor permitir a si mesma ser preguiçosa, desleixada e falsa? Talvez se torne um pouco melhor se apenas deixar que seja o que é. Não, você não compreende. Você não entende o que estou dizendo. Você é inacessível. Disseram que você era mentalmente saudável, mas a sua loucura é o pior. Está atuando de modo saudável. Age tão bem que todos acreditam em você. Todos menos eu, porque eu sei como você é podre. O que estou fazendo? Elisabet! Elisabet, perdoe-me. Me comportei como uma idiota, não sei o que deu em mim. Estou aqui para ajudá-la. Então houve aquela terrível carta. Fiquei tão decepcionada. Você me pediu para falar de mim mesmo. Foi bom, você parecia tão compreensiva. Eu tinha bebido muito... É tão bom falar sobre tudo isso. Fiquei feliz por uma grande atriz como você me ouvir. Achei que seria bom se isso a ajudasse. Mas é tão horrível, não? É exibicionismo. Elisabet, quero que me perdoe. Eu gosto de você tanto, você significa tanto para mim. Aprendi muito com você, eu não quero inimizade. Não quer me perdoar. Você é orgulhosa demais. Não quer se rebaixar porque você não precisa. Não vou, não vou... ! Não falamos... não ouvimos... não entendemos... - Elisabet? - Que significa ser capaz? Quando dormes tem a face flácida. Sua boca fica inchada e feia. Tem uma ruga feia na testa. Você tem cheiro de sono e lágrimas. Posso ver seu batimento no pescoço. Você tem uma cicatriz que normalmente cobre com maquiagem. Elisabet! Ele está chamando de novo. Vou descobrir o que ele quer de nós. Fora daqui, longe de nossa solidão. Elisabet? Elisabet? Desculpe-me se te assustei. - Eu não sou Elisabet. - Não venho exigir nada. Não queria incomodar. Acha que não entendo? A doutora explicou uma série de coisas para mim. O mais difícil é explicar para o menino. Estou fazendo o meu melhor. Há algo que está mais profundo, difícil de entender. Você ama alguém, ou mais correctamente, diz que ama alguém, é... É compreensível. Tangível como as palavras são, isto é. Sr. Vogler, não sou sua esposa. Você também é amada. Construiu um vínculo. Gera segurança. Você vê a possibilidade de suportar, não? Como posso me explicar sem me perder, aborrecendo você? Eu amo você, tanto quando amava. Não, não fique tão ansiosa, minha querida. Temos um ao outro. Temos fé, sabemos um os pensamentos do outro. Amamos um ao outro. É verdade, não é? É o esforço que é o mais importante, não o que nós conseguimos. Não é? Ver cada um como criança. Atormentada, desamparada, solitária criança. - Elisabet. - Diga ao menino que estou indo em breve. Mamãe ficou doente mas ela deseja ver seu pequeno menino. Lembre-se de comprar um presente para ele. Da mamãe, não se esqueça. Você sabe que eu sinto essa ternura por você. É difícil de suportar. Não sei o que fazer com a minha ternura. Eu vivo de seu carinho. Elisabet, você gosta de estar comigo? Isso é bom? - Você é um amante maravilhoso. Você sabe. - Minha querida... Maldize-me... livre-se de mim! Não, não posso, não posso suportar mais! Me deixe em paz! É uma vergonha, tudo uma vergonha! Deixe-me em paz! Estou fria, podre e indiferente! É tudo mentira e imitação, tudo do mesmo! Elisabet, o que você tem aí? O que está escondendo na mão? Deixe-me ver. É a foto do seu menino. A que você rasgou. Temos de falar sobre isso. Conte-me sobre ele, Elisabet. Então me vou. Foi uma noite em uma festa, não? Ficou tarde e muito barulhento. Pela manhã alguém do grupo disse: "Elisabet, você tem tudo como mulher e artista." "Mas carece de sentimentos maternos." Você riu porque pensou que era bobagem. Mas depois de um tempo reparou e pensou sobre o que ele disse. Ficou mais e mais preocupada. Deixou seu marido engravidar você. Você queria ser uma mãe. Quando percebeu que era definitivo, ficou assustada. Assustada com a responsabilidade, de se prender, de deixar o teatro. Assustada de dor, com a morte, assustada com o seu corpo inchando. Mas assumiu o papel. O papel de uma feliz, jovem e futura mãe. Todo o mundo disse, "Ela não é linda? Ela nunca foi tão linda" Entretanto você tentou de abortar o feto várias vezes. Mas fracassou. Quando viu que era irreversível, começou a odiar o bebê. E desejou que fosse natimorto. Desejou que o bebê estivesse morto. Desejou um bebê morto. Foi um parto difícil e longo. Sofreu agonia durante dias. Finalmente o bebê chegou com fórceps. Olhou com repugnância e terror seu bebê gritando e sussurrou: "Você não pode morrer em breve? Não pode morrer?" Mas ele sobreviveu. O menino gritava dia e noite. E você o odiava. Estava com medo, teve uma má consciência. Finalmente, o menino foi cuidado por parentes e uma babá. Podia levantar-se da cama de doente e retornar ao teatro. Mas o sofrimento não terminou. O menino foi tomado por um incomensurável amor por sua mãe. Você se defendeu sozinha. Você se defendeu em desespero. Você sente que não pode retribuir. Então, você tenta e tenta... Mas só havia cruéis estranhos encontros entre vocês. Você não conseguia. Você está fria e indiferente. Ele olha para você. Ele te ama e é tão gentil. Você quer bater porque ele não a deixa sozinha. Você o achava repulsivo, com seus lábios grossos e corpo feio. Seus olhos umedecidos e carentes. Ele é repulsivo e você está assustada. O que você está escondendo sob a sua mão? Deixe-me ver. É a foto de seu menino. A que você rasgou. Temos de falar sobre isso. Conte-me sobre isso, Elisabet. Então eu vou. Foi uma noite em uma festa, não é mesmo? Ficou tarde e muito barulhento. Pela manhã alguém do grupo disse: "Elisabet, você tem tudo como mulher e artista." "Mas carece de sentimentos maternos." Você riu porque pensou que era bobagem. Mas depois de um tempo reparou e pensou sobre o que ele disse. Ficou mais e mais preocupada. Deixou seu marido engravidar você. Você queria ser uma mãe. Quando percebeu que era definitivo, ficou assustada. Assustada com a responsabilidade, de se prender, de deixar o teatro. Assustada de dor, com a morte, assustada com o seu corpo inchando. Mas assumiu o papel. O papel de uma feliz, jovem e futura mãe. Todo o mundo disse, "Ela não é linda? Ela nunca foi tão linda" Entretanto você tentou de abortar o feto várias vezes. Mas fracassou. Quando viu que era irreversível... ...começou a odiar o bebê. E desejou que fosse natimorto. Desejou que o bebê estivesse morto. Desejou um bebê morto. Foi um parto difícil e longo. Sofreu agonia durante dias. Finalmente o bebê chegou com fórceps. Olhou com repugnância e terror seu bebê gritando e sussurrou: "Você não pode morrer em breve? Não pode morrer?" O menino gritava dia e noite. E você o odiava. Estava com medo, teve uma má consciência. Finalmente, o menino foi cuidado por parentes e uma babá. Podia levantar-se da cama de doente e retornar ao teatro. Mas o sofrimento não terminou. O menino foi tomado por um incomensurável amor por sua mãe. Você se defendeu em desespero. Você sente que não pode retribuir. Então você tenta, e tenta... Mas só havia cruéis estranhos encontros entre vocês. Você não consegue. Você está fria e indiferente. Ele olha para você. Ele te ama e é tão gentil. Você quer bater porque ele não a deixa sozinha. Você o achava repulsivo, com seus lábios grossos e corpo feio. Seus olhos umedecidos e carentes. Ele é repulsivo e você está assustada. Não! Eu não sou como você. Não me sinto como você. Sou a irmã Alma. Estou aqui para ajudá-la. Eu não sou Elisabet Vogler. Você é Elisabet Vogler. Eu gostaria de ter... Eu amo... Não tenho... Eu aprendi bastante. Veremos quanto tempo eu aguento. Eu nunca vou ser como você, nunca. Eu mudo o tempo todo. Você pode fazer o que quiser, você não vai me afetar. Falar não adianta de nada. Corte uma vela. É como ser outro. Não agora, não. Não, não. Alerta e sem tempo. Imprevisto. Quando se supôs que ocorreria não aconteceu, por isso, fracasso. Fique onde estás. Mas eu devo fazê-lo. Não interiormente, não... Recolha e avise os outros... Os desconsolados, talvez... Por exemplo, sim... mas qual é o mais próximo...? Como se chama...? Não, não, não... Nós, nós, eu, eu... Muitas palavras e essa náusea... Dor incompreensível. Agora me escute. Repita depois de mim. Nada... Nada. Não, nada... Nada. É isso. Muito bom. É assim que deveria ser.