[Música] [Mirjana] [Tradutor] Aqui, a fé não era livre. Podíamos ir à Santa Missa aos domingos, e mais nada. Era o que podíamos fazer. O resto da vida religiosa acontecia em casa. Nossos pais nos ensinaram a rezar. Rezávamos juntos o Santo Rosário todas as noites. Mas eles não falavam muito sobre a fé. Porque eles tinham medo. As crianças não podiam falar sobre isso na escola. Se falassem, poderiam ter problemas. Por isso eu nunca tinha ouvido falar em Lourdes ou em Fátima. Não sabia que a Nossa Senhora poderia vir à Terra dessa maneira. Eu pensava que ela estava no céu e nós rezávamos. Quando a Ivanka disse que ela achava que a Nossa Senhora estava no alto da montanha, fui um pouco grosseira, dei uma resposta ríspida. Falei: "Tá bom, ela não tem nada melhor para fazer? Por isso ela apareceu para nós duas?" Então, a larguei lá, queria voltar para a vila. Mas quando passei pelas primeiras casas, senti um chamado, eu tinha que voltar. Quando cheguei na montanha, Ivanka estava exatamente no mesmo lugar. Ela me disse: "Olhe agora, por favor." Eu vi uma mulher, com um vestido longo, cinza, segurando um bebê em seus braços. Estava tudo muito estranho, porque ninguém tinha subido a montanha. Muito menos uma pessoa usando um vestido longo, com um bebê nos braços. Naquele momento, senti todas as emoções que alguém pode sentir. Orgulho, beleza, incompreensão... Medo! E a emoção mais intensa era a vontade de fugir de lá. Eu corri para casa. Quando cheguei, encontrei minha avó e disse para ela, de imediato: "Vovó, acho que vi a Nossa Senhora no alto da montanha!" Ela me disse: "Leve o Santo Rosário para o seu quarto e reze. Deixe a Nossa Senhora onde ela está." Eu não tive forças de explicar tudo para a vovó. Só queria ficar sozinha, em oração. Era a única coisa que me trazia paz. No dia seguinte, estava ajudando meus tios, como em todos os dias anteriores, mas mesma hora que eu tinha visto a Nossa Senhora na véspera, senti novamente um chamado. Disse ao meu tio que precisava subir a montanha, porque algo estava me chamando. Quando cheguei, metade da vila já estava lá. Cada visionário levou mais pessoas. Vimos a Nossa Senhora no mesmo lugar. Desta vez, ela não carregava um bebê. Naquele dia, 25 de junho de 1981, foi o primeiro dia que pudemos ouvi-la. Ela se apresentou e nos disse: "Queridas crianças, não tenham medo, sou a Rainha da Paz." Foi assim que as aparições diárias começaram. Por um curto tempo, aconteceram as aparições na montanha. Como eu disse antes, era uma época de comunidade.