Eu acho que vamos fazer um pouco de calabacitas. Okay. Temos queijo Oaxaca. Na minha região, não pode faltar os tacos, as tortilhas. O que quer que eu faça? Tem que lava-las. Te lavo umas calabacitas? Vamos lava-las. Eu estava começando minha carreira, e você foi uma das primeiras pessoas que comecei a pintar ao vivo, porque você tem muita paciência e se sentou lá milhares de vezes. E sua filha, acabei pintando toda sua família. Eu acho que a arte é também uma forma de nós dar mais segurança. Nós pinta com uma vida mais colorida e sinto que me ajuda a ter mais harmonia. As cores-- Sinto que nós transforma. Tem uma família, Verônica e Marissa, que eu pintei ao passar dos anos. Agora meu relacionamento com elas já se estendeu por mais de 10 anos. Pode se sentar assim? Mais ou menos, com o rosto-- Estou tentando replicar esse de quando você estava deitada com a sua mãe na sua casa Eu acho que era assim que o rosto-- Está alto o suficiente pra você? Esse trabalho é sobre revisitar Marissa e Verônica na casa delas no Queens. Revisitar aquele sofá em que eu pintei Marissa com seu pai muitos anos atrás, com sua mãe e seu papel picado, e todos seus apetrechos na sala de estar. Porque vivemos em um apartamento de um quarto, meus pais dormiam na sala de estar porque eles não queriam que eu dormisse no sofá. Mesmo que nosso espaço seja bem limitado e as vezes bem pequeno, é cheio de alegria. As partituras na estante tem canções escritas em Náhuatl. Aquele auto-falante é o melhor amigo da minha mãe. Ela toca música em casa, e também leva ele para o parque para suas aulas de bailoterapia. Minha mãe ama a bicicleta. A mãe dela sempre a criticava, dizendo que era coisa de homem. Pra ela, é uma forma de resistência, saber que pode ir pra qualquer lugar. Sempre que eu e Verónica nós encontramos falamos da Marissa sem parar. Porque sua mãe e eu estamos muito orgulhosas de você estar na faculdade em Cornell. De verdade, estou muito orgulhosa dela porque ela é uma das minhas maiores inspirações Eu acho que uma das minhas primeiras lembranças é desenhar com minha mãe, desenhar dançarinos com ela. O movimento do lápis dela é um das minhas primeiras coleções de arte. Eu cresci na Cidade do México. Meu avô veio de Bielorrússia para o México quando tinha 3 anos e minha mãe chegou ao México para estudar História da Arte. Tem um ditado em Espanhol, "Ni de aquí ni de allá," que significa que você não é nem daqui e nem de lá porque sempre fui metade Mexicana e metade Americana. Eu cresci falando inglês com minha mãe no México. Tive o privilégio de ser uma cidadã Americana. Eu não tive os medos que muitos imigrantes têm aqui, que podem não tem documentações. Me mudei para o Centro-Oeste, pra Chicago, para estudar arte no Instituto de Arte de Chicago. Passei por um período na pós-graduação onde eu era uma pintora de arte abstrata. Depois me mudei para Nova Iorque. Comecei a fazer essas pequenas pinturas de natureza morta. Elas eram inspiradas em arranjos de flores de vendedores de rua no México. Comecei a estudar psicologia. Este filósofo, Emmanuel Levinas, fala sobre como toda ética vem do relacionamento cara a cara. O encontro com outra pessoa suscita uma exigência ética. Isso acabou sendo parte do meu trabalho, essa ideia de sentar cara a cara com alguém e os pintar ao vivo. Muitas pinturas, por causa de sua materialidade e por causa de seu gesto e textura, quase parece a presença de outra pessoa. Eu adoro capturar o momento que uma pessoa está perdida em seus pensamentos e imaginar como sua interioridade pode ser. Retratar pessoas em seus momentos de contemplação onde eles estão por si mesmos. Eu sempre estive dividida entre se queria ser assistente social ou pintora. Eu sinto que levou praticamente toda a minha vida até este ponto onde eu integrei ambas essas coisas de certa forma.