Não há dúvidas de que a fonte principal
de todos os nossos problemas,
principalmente no setor governamental,
é o crescimento populacional.
(música)
[O INTERCÂMBIO DE CONHECIMENTO]
[AS ENTREVISTAS A SEGUIR
SÃO TRECHOS DO CURSO "DENIAL 101X"]
Katharine Hayhoe:
Adoro o documentário "O planeta em perigo"
porque questiona um dos principais mitos
sobre a mudança climática, frontalmente.
Um desses mitos diz
que a mudança climática
é uma questão bastante distante,
tão distante no espaço que afeta
apenas os ursos polares,
e muito distante no tempo,
sendo um problema das futuras gerações.
Esse mito não é cultivado apenas
pelos que negam a mudança climática.
Até mesmo aqueles que acreditam
na mudança arirmam:
"Pensamos nisso depois."
Como foi dito no documentário:
"Não! Estamos enfrentando isso
neste exato momento, gostando ou não.
E deixe-nos mostrar os rostos
daqueles que estão lidando
com isso ao redor do mundo."
Sarah Perkins: Não estamos falando
de 50 ou 40 anos atrás.
Não é que isso será um problema.
Já é um problema.
Jonathan Bamber: Todos os setores,
o da agricultura e do ambiente urbano...
Tudo o que foi planejado pressupõe
um clima bastante estável,
um clima não modificado
irresponsavelmente,
que sofre interferência de forma
irresponsável e descontrolada.
Eric Rignot: A ciência tem observado
o impacto disso no clima,
nos seres humanos,
no nível dos mares e nas chuvas.
Isso afetará a produção de alimentos
e a região onde as pessoas moram.
Existem consequências graves.
Teremos sérios impactos na biodiversidade
os quais serão maiores
do que o aumento do nível dos mares.
É a extinção das espécies.
SP: Infelizmente, aqueles que causam
os problemas não serão os mais afetados.
Os EUA têm as maiores
taxas de passageiros por habitante.
Mas são as pessoas em regiões
em desenvolvimento
que serão as mais afetadas.
O pobre e velho [Curabeth] tem sofrido
com o avanço das águas
do mar e inundações.
Esses fenômenos não emitem gases
de efeito estufa na atmosfera.
Lisa Alexander: Numa ilha do Pacífico,
que possui baixa altitude,
um pequeno aumento no nível do mar
faz uma grande diferença
para sua sobrevivência.
Junte a tudo isso
uma maré alta ou uma ressaca
e teremos algumas regiões do mundo
que são muito vulneráveis
a essa combinação de eventos.
JB: Somos uma espécie muito vulnerável
a quaisquer mudanças no nível do mar.
Existem países como Bangladesh,
os Países Baixos e todos
os atóis do Pacífico Sul,
que seriam totalmente devastados,
caso o nível do mar subisse
um pouco mais de um metro.
Mathew England: Milhões de pessoas
ficarão desalojadas,
segundo projeções preliminares
sobre o aumento do nível do mar.
Estudos mais sofisticados
preveem que o crescente derretimento
do gelo continental
de regiões como Groenlândia e Antártica,
deverá provocar grandes
deslocamentos populacionais.
JB: O aumento do nível do mar
de mais ou menos um metro
poderia ocasionar o deslocamento
de mais de 200 milhões de pessoas.
Richard Alley: Não restam dúvidas:
mesmo com uma lenta modificação do clima,
chegaremos a um limite para tudo.
Até mesmo cidades que estejam
protegidas por uma barragem,
a água pode ficar abaixo
do nível da barragem,
durante uma tempestade,
ou acima desse nível.
E essa pequena mudança
pode ser crucial para definir
se a cidade continuará habitável ou não.
Lonnie Thompson: Nos trópicos,
será possível ver
os primeiros impactos sobre as pessoas,
pois naquela região elas vivem
abaixo do nível das geleiras,
e existem muitas pessoas
que vivem à jusante.
O que acontece com essas geleiras
é muito importante.
Luke Copland:
As geleiras atuam como esponjas.
Durante o inverno, elas retêm a neve.
Depois, elas liberam essa neve
no período mais seco do ano,
que costuma ser no verão.
As geleiras tendem a equilibrar
a precipitação anual
e permitem que certas regiões
possam ser cultivadas durante o verão.
Caso contrário, seriam áreas muito secas.
LT: Tomemos o Peru como exemplo.
Sabemos que 70% das geleiras tropicais
estão nos Andes, no Peru.
Temos um país com 34 milhões de pessoas.
Mais de 50% das pessoas vivem no deserto,
na costa oeste do Peru,
as quais dependem dos rios
que vêm das geleiras andinas.
E 76% de sua energia elétrica
vem de hidrelétricas,
das águas que vêm dessas geleiras.
Se considerarmos o Tibete,
existem 46 mil geleiras por lá.
No caso do rio Indo,
ele percorre países como a China,
passa pelo Paquistão e pela Índia.
Todos esses países têm bomba atômica
e dependem daquele rio
para o abastecimento de água.
Essas regiões são geopoliticamente
importantes para o futuro.
LC: Talvez, o maior impacto causado
tenha sido na agricultura porque...
Se considerarmos as pradarias
no leste das Montanhas Rochosas,
temos enormes áreas abastecidas
pelos rios que vêm dessas montanhas.
LA: Se precisássemos alimentar
a população do mundo inteiro
e tivéssemos culturas como o trigo,
a qual não apresenta
muita resistência a situações extremas,
estaríamos em sérios apuros.
SP: Pense nas pessoas que não têm acesso
a coisas como ar-condicionado
ou uma boa infraestrutura
na área da saúde.
Se houver uma onda de calor em tais áreas,
as pessoas ficarão doentes.
Os idosos ficarão doentes
com as ondas de calor.
Sem uma boa infraestrutura pública,
muitas pessoas morrerão.
LA: Em relação à saúde pública,
se analisarmos as taxas
de morbidade e mortalidade,
veremos que elas sofreram
um aumento substancial.
Na Europa, em 2003,
houve por volta de 30 a 50 mil mortes
devido às ondas de calor.
Jeremy Kerr: Faço pesquisas
na África Oriental.
Temos visto os impactos
da mudança climática
e é assustador.
Vimos o que acontece com as pessoas
quando o mosquito hospedeiro da malária
se espalha pela região.
Isso mata as pessoas.
Não é uma questão acadêmica.
É uma questão fundamentalmente ética.
RA: A mudança climática a curto prazo
é cara, mas nem tanto.
Com o aumento da mudança climática,
quando pensamos a longo prazo,
tanto os prejuízos
quanto os preços aumentarão.
Grosso modo, a cada grau de aquecimento,
os custos sobem um degrau.
O primeiro degrau de aumento do preço
quase não foi notado
e não é tão caro.
Mas já passamos dessa fase.
O segundo aumento na temperatura
custará um pouco mais,
se distanciando daquilo
a que estamos acostumados
e começando a incomodar.
E estamos comprometidos com essa fase.
O terceiro aumento será mais caro.
Será assim com o quarto e o quinto.
O nível do mar subirá muito.
E já temos problemas com alguns cultivos,
podendo esbarrar contra
os limites bioquímicos,
e a capacidade de produzirmos alimentos
se torna algo preocupante.
Quando alcançarmos o terceiro,
quarto e quinto aumentos,
os prejuízos e os impactos
também aumentarão.
Mas estamos discutindo
sobre o terceiro aumento.
Alertamos sobre o primeiro
e estamos comprometidos
com o segundo aumento.
JK: Existem consequências
em termos de vidas humanas.
Existem consequências
em termos de taxas de extinção.
Existem consequências em termos
de serviços ecossistêmicos.
A cada dia que não buscamos
resolver esses problemas,
eles se tornam maiores,
mais caros, mais imediatos,
e, em algumas regiões do mundo,
aumentará o número de vítimas.
Essa questão é fundamental
e não temos mais tempo a perder.
Isso não é um discurso academicista.
As consequências são reais.
Ove Hoeg-Guldberg: Temos que alertar
a todos sobre o que está acontecendo.
Isso é muito grave.
Mas podemos solucionar isso.
Não por causa da economia,
mas porque é o nosso planeta
e isso afetará as pessoas que amamos.
[música]
[A COMUNICAÇÃO É O CATALISADOR]
Tradutora: Elaine Oliveira
Revisor: Ruy Lopes Pereira