Hoje, quero perguntar-vos:
o que é que significa viver em liberdade?
Aqui na América vivemos todos
em liberdade, não é?
Temos liberdade de expressão,
liberdade de religião,
temos direito a um julgamento justo,
mas é só isso que conta
para viver em liberdade?
Para mim, não é.
É muito mais do que isso.
Significa viver a nossa vida,
levando por diante a nossa paixão.
Significa viver uma vida
que nos torne realmente felizes.
E não a vida que torne felizes
os nossos amigos,
que torne felizes as celebridades,
mas que nos torne felizes, a nós.
Significa não deixar
que os pequenos contratempos
que acontecem sempre
se intrometam na nossa vida quotidiana.
Significa não desejar que os dias passem
apenas para chegarmos ao fim de semana.
Acho que muitos de nós
não estamos a viver em liberdade.
Deixamos que as coisas negativas
do dia-a-dia
se intrometam na procura
dos nossos sonhos e da nossa felicidade.
Eu tive a sorte de, há bem pouco tempo,
ser empurrada para um estilo
de vida em liberdade.
Foi de modo muito indireto,
foi uma situação muito inoportuna,
mas estou grata por isso.
E quero partilhar a minha história
de como consegui
quebrar limitações interiores
e criar relações com pessoas
que me apoiaram
e quiseram ajudar-me
a realizar os meus sonhos,
para começar a viver em liberdade.
Estamos em 21 de janeiro de 2013,
e eu acabo de defender com êxito
o meu doutoramento em Química,
na Universidade Duke,
numa sala cheia de gente.
Como podem imaginar, sentia-me nas nuvens.
O trabalho de muitas horas,
seis dias e meio por semana
durante cinco anos — e, confesso,
com algumas lágrimas pelo meio,
tinha terminado finalmente.
Não só tinha terminado,
como eu estava orgulhosa.
Estava orgulhosa
do trabalho que tinha feito.
Sentia que tinha dado uma contribuição
para a comunidade científica.
Também tinha arranjado trabalho,
o que é cada vez mais raro hoje em dia
para quem tem um curso superior
— mas isso é um outro tópico
para outro dia.
Em meados de fevereiro,
eu ia começar a trabalhar
no Arsenal Redstone, para o exército.
Estava entusiasmada.
Ia realizar o que julgava ser o meu sonho
de ajudar a nossa nação a defender-se.
Tinha tudo preparado
para a minha transição
da universidade para o mundo real.
Vendemos a nossa casa
na Carolina do Norte,
e o meu marido, Taylor,
conseguiu arranjar emprego,
aqui em Huntsville,
numa instituição financeira.
Mudámo-nos, instalámo-nos
na nossa casinha alugada,
aqui em Huntsville.
É sexta-feira e devo começar a trabalhar
segunda-feira de manhã cedo.
Reparem, estamos em meados de fevereiro,
devem saber o que se passava,
quando surge um email que diz:
"Lamentamos, a data do início
do seu trabalho foi adiada,
"e, de momento, não sabemos
"quando poderemos contratá-la".
Esperem aí, estão a gozar, não estão?
O emprego tinha-nos trazido
para Huntsville.
A única razão por que nos tínhamos
mudado para aqui,
tinha ido por água abaixo.
E eu ficara desempregada.
O que havíamos de fazer?
Podíamos voltar para a Carolina do Norte,
temos lá os nossos amigos.
Mas não temos casa, não temos emprego,
para onde quer que vamos,
temos que começar do zero.
No pouco tempo
que aqui estivemos em Huntsville,
percebemos que gostávamos da cidade,
e pensámos que podíamos ser felizes aqui
e fazer aqui o nosso lar.
Portanto, decidimos:
"Somos novos,
"porque não ficamos
e não experimentamos?"
Felizmente, Taylor tinha aqui um emprego
e portanto tínhamos rendimentos
para nos aguentarmos durante algum tempo,
até eu perceber
o que é que iria fazer.
A princípio, senti-me bem
em ficar em casa.
A casa estava limpa,
o jantar na mesa todas as noites.
Era muito diferente da vida
na universidade.
Senti-me bem a descansar,
durante duas semanas.
Mas descobri que ficar em casa
não condiz muito bem
com a minha personalidade.
Precisava de um objetivo.
Precisava de desafios.
Precisava de ser feliz
e precisava de ter liberdade.
Assim, o que é que eu fiz?
Comecei com um negócio.
Se perguntarem aos nossos amigos
na Carolina do Norte
se eu era o tipo de pessoa
para me lançar e iniciar um negócio
desatariam a rir, talvez histericamente.
Não que eu não seja criativa ou motivada;
mas não sou pessoa de correr riscos.
Tenho imenso medo do desconhecido,
e gosto de microgestão.
Gosto de ter tudo bem planeado,
de conhecer todos os passos a dar.
Afinal de contas, sou química.
Lançar-me num novo negócio
exige um risco substancial,
e aquele não era um negócio qualquer.
Eu queria abrir uma padaria
de produtos sem glúten,
aqui em Huntsville, no Alabama,
no sul, a terra dos fritos.
Hmm... vejamos, isso pode
não correr lá muito bem.
Como eu sou alérgica ao glúten,
fiquei admirada por haver
tão pouca consciência,
e por haver tantas padarias
aqui em Huntsville.
Sempre gostei de cozinhar,
e o meu marido sempre sonhou
em ter um negócio.
Mas uma padaria
nunca lhe tinha passado pela cabeça.
Mas as coisas que nós fazemos
pelas pessoas que amamos, não é?
Assim, eu sabia que,
para lançar esse negócio,
tinha que correr o risco.
Por vezes penso que as maiores limitações
que enfrentamos
são as que nós estabelecemos
para nós próprios.
Construímos muros que nos limitam,
e que são totalmente auto impostos.
Como eu gosto de microgestão,
Taylor e eu sentámo-nos
e começámos a olhar para os números.
Olhámos para as vendas
que teríamos que fazer
só para pagar a renda
numa cozinha comercial,
fora os equipamentos,
o seguro, tudo o resto.
Eu disse: "Não há hipótese.
"Não é possível haver
tanta gente em Huntsville
"que precise de alimentos sem glúten
"ou esteja interessada
num estilo de vida mais saudável".
Quis desistir.
Disse: "Não há hipótese,
não vai resultar".
O meu medo do desconhecido
estava a impor-se.
Não estava disposta a correr esse risco.
Uma das outras peças cruciais
para viver em liberdade,
para além de quebrar as nossas limitações,
é criar relações com as pessoas
que nos apoiam e nos ajudam a evoluir.
Taylor, o meu marido,
sabia que aquilo me iria fazer feliz,
sabia que era um dos meus sonhos.
Disse-me: "Vamos em frente".
Resisti, resisti durante muito tempo.
Ele disse-me:
"Não, vamos em frente. Vamos tentar.
"Se falhar, falhou.
Não podemos dizer que não tentámos".
E assim foi.
Começámos em pequena escala,
com os meios em que eu
me sentia confortável,
começámos nos mercados de produtores,
para avaliar o interesse na área,
antes de nos lançarmos numa loja.
Recebemos uma boa resposta.
Estava tudo a correr bem,
estávamos a planear
a abertura da nossa loja,
quando recebi um telefonema:
"O seu emprego já está disponível,
"e é favor entrar ao serviço".
Eu estava ao abrigo
de um contrato para uma bolsa,
e, apesar de ter estado desempregada
durante seis meses,
pediam-me que voltasse atrás
e me apresentasse ao trabalho.
Estávamos de novo numa encruzilhada.
Que fazer?
Sinto-me feliz, estou a gostar da padaria,
encontrei a minha paixão.
Estou a viver o meu sonho,
estou a viver em liberdade.
Não sabia o que fazer.
Pensei que tínhamos que desistir.
Como é que posso dirigir uma padaria
e trabalhar a tempo inteiro?
Nessa altura, o meu marido
não estava feliz com o emprego dele.
Não lhe estava a agradar.
Não estava a viver livremente.
Lá vem de novo o Super-homem
a salvar o dia.
Disse-me: "Vou largar o meu emprego,
"eu dirijo a padaria".
"Tu, a cozer bolinhos!?"
"Em casa és um Super-homem,
usas uma capa.
"Mas usar um avental
é uma coisa muito diferente".
Ele disse: "Eu sei que isso te faz feliz,
"Eu não estou feliz neste momento.
"Talvez eu consiga descobrir
a mesma paixão que tu tens.
"Talvez eu possa começar
a viver livremente".
Assim, deixou o emprego.
E eu, que não gosto de correr riscos,
passei muitas noites sem dormir.
Agora, estamos no negócio há seis meses,
as coisas estão a correr bem.
Taylor dirige a padaria durante o dia.
Eu trabalho no Arsenal no turno da manhã,
e depois vou para casa
e cozinho durante a tarde.
Sentimo-nos felizes.
Estamos onde pensávamos que estaríamos?
Se nos tivessem perguntado isto
há um ano, bem, não.
Estamos a ganhar o dinheiro
que planeávamos ganhar aqui em Huntsville?
Oh, não, de modo nenhum.
Mas que interessa? Estamos felizes,
e estamos a viver livremente.
Taylor dir-vos-á que se levanta cedo
todas as manhãs, duas horas mais cedo,
mas sente-se entusiasmado
por começar o dia.
Essa paixão, esse entusiasmo,
é assim que devemos viver
todos os dias da nossa vida.
Por isso, quero perguntar-vos:
Estão a viver em liberdade?
Quanto a muitos dos oradores
que por aqui passaram hoje,
posso dizer que eles estão.
Pudemos ver a paixão
pudemos sentir a alegria pelo que fazem,
e essa alegria é contagiante.
Portanto, se estão a viver em liberdade,
dou-vos os parabéns,
continuem com um bom trabalho
e continuem a espalhar a alegria.
Mas, se não estão, desafio-vos.
Vão precisar de quebrar
algumas das vossas limitações.
Vão ter que encontrar a vossa paixão,
e isso pode exigir que corram um risco.
Mas criem ligações com quem
vos ajude a evoluir,
e que apoie os vossos sonhos,
e comecem a viver em liberdade.
O amanhã está quase a chegar.
Querem desperdiçar mais um dia?
Obrigada.
(Aplausos)