Tudo o que eu quero dizer é dito ao encaixar as coisas. No meu ateliê, eu estava sempre arrumando as coisas Você sabe, isso é coisa da escola Eu não podia dizer que essa era a minha arte. Não era arte com A maiúsculo. Mas dizia respeito a quem eu realmente era. Hum... porque não trocamos essa de volta por aquela... aquela escultura, a original? Sim. E quando você começa a fazer o que você realmente acredita, é aí que você faz o seu melhor trabalho. Eu fiz essas peças com... essas bugigangas estranhas, os chamados colecionáveis africanos. Este aqui, na verdade foi dado a mim, então agora estou tentando fazer uma peça grande com o maior número possível deles e tirá-los da minha vida. É apenas uma espécie de mau presságio. Não tenho nenhuma vontade de realizar coisas diretamente com as mãos. Não sei bem quando deixei isso de lado, mas consigo tudo que satisfaz minha alma ao trazer objetos que existem no mundo e manipulá-los, trabalhando com arranjos espaciais. E depois ver as coisas sendo produzidas do jeito que eu quero. Eu adoro fazer essas coisas Eu amo o que faço. E não é fácil no sentido de ser simples, mas é fácil porque flui naturalmente de mim. Esse é... esse é o pior de todos. Sou totalmente inspirado pelas coisas ao meu redor. Eu olho para os objetos e me pergunto o que eles são e por que são. Tudo me interessa. Sabe, uma embalagem de chiclete pode me interessar tanto quanto algo no Museu Metropolitano. Conforme envelheço, percebo que nossa identidade está profundamente ligada às nossas experiências e à época em que crescemos. Eu nasci nos anos 50. Cresci nos subúrbios. Quando estava na escola primária, eu era o único garoto negro de toda a escola e fui excluído por ser diferente. Meu mundo... embora parecesse que tudo estava bem, eu não tinha amigos. Minha conexão com a comunidade negra foi tangencial durante esses anos formativos. Então, muito do meu projeto é tentar entender o mundo visual ao meu redor, que me afeta profundamente. Segure aí... sim, está quase certo. Para mim, essa é a base de muito do que faço, realmente de onde vem essa dor. Minha mãe se casou com um homem afro-americano. Sua irmã se casou com um homem das Índias Ocidentais e depois com um homem da Bélgica. Quando a outra irmã se casou com um homem da Índia e sua prima com um homem da China, é difícil não olhar para as pessoas no mundo e ver todos como parentes. Para mim, são familiares – no sentido literal da palavra, família, familiar. Eu me sinto à vontade com as pessoas, mas esse conforto é moderado pelo fato de que elas podem não sentir o mesmo em relação a mim. Quando assisto à produção de vidro, é como a criação de um planeta ou algo assim. Você se deixa seduzir pelo material, pelo processo. [ martelo batendo ] E aí quase não importa como vai ficar depois. — Sabe de uma coisa? Vou ficar bem aqui, porque assim consigo o mesmo ângulo do slide. O vidro é sempre um líquido. Ele nunca se solidifica completamente. Mesmo que pareça sólido, na verdade, ele ainda está em movimento. [ martelo batendo ] E transformá-lo nessas formas de gotejamento faz sentido para o material. E eu quis usar vidro preto porque ele representa tinta. Representa óleo; representa piche. Alguns têm olhos neles. Para mim, esses olhos de desenho animado, por causa dos desenhos dos anos 1930, que foram reciclados na minha infância nos anos 60, representavam afro-americanos de uma maneira muito depreciativa. Eu meio que os vejo como lágrimas negras. Para mim, isso acaba sendo um comentário triste. Trabalhar com gravura é muito parecido com trabalhar com vidro no sentido de que está fora do que normalmente faço. Na gravura, percebi que se eu... Eu poderia simplesmente jogar ácido... [ risos ] com esse material chamado Spitbite, só despejar em uma placa e ele corroeria a placa e isso, sabe, meio que criaria uma mancha ou um respingo e, preenchendo com tinta preta, mantém essa qualidade de mancha, e também possui uma certa qualidade tridimensional o que não acontece quando se usa tinta em um pedaço de papel. [ ácido pingando ] A espontaneidade disso realmente me entusiasmou, e o fato de que é isso que me interessa – essas gotas e pingos – realmente funcionou para mim. Sim, está indo bem. Mesmo antes de fazer as gotas, hum, no vidro, eu já pensava em manchas e nessa redução da negritude a um grau tão ridículo. Sabe, eu acho interessante, acho engraçado, mas no fim acho muito triste. Todas essas representações com as quais cresci estão me dizendo quem eu sou, quer eu perceba isso ou não. E ao trazê-las à tona e fazê-las conversar entre si é a minha forma de tomar controle de quem eu sou através dessas vozes. E também tentar entender quem eu sou, o que sou eu e o que é algo que o resto do mundo disse que eu sou.