Ontem, passei três horas me divertindo com alguns dos meus melhores amigos, os quais eu não via há anos. E hoje, com apenas três horas, concluí uma meta importante na minha vida, e me sinto absolutamente incrível. O que eu fiz? Bem, eu sou "gamer", e jogo cerca de três horas de "League of Legends" todo dia. (Risos) Jogos eletrônicos definem nosso mundo. Eles têm sido importantíssimos em minha vida, e eu não estaria aqui hoje se não fosse por eles. Quando eu tinha 18 anos, fui diagnosticado com uma severa e crônica doença sanguínea que me fazia sangrar se eu fizesse até os menores movimentos musculares. Eu parei de estudar e fui hospitalizado. Disseram que eu não iria durar mais do que alguns dias, talvez semanas. Esses foram os dois anos mais difíceis da minha vida. Não que eu estivesse com dor ou que o tratamento fosse difícil. Era difícil porque eu tinha perdido toda esperança de realizar algo na vida, além do contato com todos os meus amigos. Algumas pessoas depois me disseram que acharam que eu tinha morrido. Minha família sofreu ao meu lado. Meus pais não sabiam o que fazer ou como me fazer sentir melhor. Todos convivíamos com o medo constante de que eu morresse a qualquer momento. Durante esses dois anos, devido à minha solidão e desespero, eu recorri à única coisa que fazia minha vida ter sentido: jogos eletrônicos. Comecei a jogar todos os tipos de jogos, como o jogo multiplayer on-line "League of Legends". Com mais de 10 mil horas conectado nesses jogos, fiz amigos de todo o mundo na internet. Eles sequer falavam inglês. No entanto, eles se preocupavam comigo. Todo dia, certificavam-se de que eu havia tomado meus remédios e que estivesse tendo o descanso adequado. E mais, um dos meus amigos da internet era pesquisador da área médica, e me pôs em contato com alguns dos melhores hematologistas do mundo. Com suas recomendações, conheci médicos que me deram conselhos cruciais que me mantiveram vivo. E o mais incrível é que, até este momento, eu ainda não sei o nome verdadeiro do meu amigo. Ao longo dos dois anos seguintes, eu lentamente comecei a me recuperar, mas eu não podia deixar de olhar para trás e pensar: "Jogos como League of Legends não foram projetados para me ajudar. Ainda assim, eles ajudaram. E se começarmos a projetar jogos com a intenção de ajudar os outros?" E foi então que comecei a criar jogos que estimulavam valores significativos. E fundei a "Serenity Forge", uma empresa de desenvolvimento de jogos aqui em Boulder, com foco na criação de jogos com significado. Lançamos um jogo em 2012 chamado "Loving Life" baseado numa história de não ficção sobre minha doença quase fatal. O jogo agora é usado em salas de aula de todo o país para ajudar os alunos, dando-lhes esperança e inspiração. Desde então, nós criamos dezenas de jogos que inspiram a arte, nutrem a educação e promovem a saúde. Mas antes de entrar em mais detalhes, quero fazer uma pergunta rápida: o que vocês pensam quando eu digo a palavra "gamer"? Bem, talvez seus típicos adolescentes que estão sentados num porão agora, atirando em pessoas dentro de suas telinhas. Estudos da Entertainment Software Association mostram que, em 2015, existem 135 milhões de pessoas nos EUA que jogam mais de 3 horas de jogos eletrônicos. Isso é cerca de 42% da população do país. E mais, de fato existem mais jogadores acima de 50 anos de idade do que jogadores com menos de 18. (Risos) E jogos eletrônicos não são um clube do bolinha, pois cerca de 56% dos jogadores são do sexo masculino e 44% do sexo feminino. Há, na verdade, mais do que o dobro de jogadoras acima de 18 anos de idade do que garotos com 18 anos ou menos. Somente League of Legends tem 67 milhões de jogadores em todo o mundo. Isso é cerca de 3 milhões a mais que a população de Reino Unido ou França. Isto prova que os jogos estão por toda parte e são jogados por todos. E, à medida que me aprofundei na melhoria dessa mídia e na consequente mudança na vida de tantas pessoas, eu encontrei cinco áreas principais que mostram como os jogos eletrônicos mudarão nosso mundo nos próximos dez anos: educação, sustentabilidade ambiental, ações comerciais, pesquisas científicas e impacto social. Durante a faculdade, sempre me perguntei se haveria uma forma interativa mais pessoal e cativante de aprender. Eu sempre achei que a melhor forma de aprender era através da diversão, e isso faz dos jogos eletrônicos as melhores ferramentas educacionais. Jogos eletrônicos são inerentemente educacionais. Tudo depende apenas do que o jogo está ensinando. Você poderia estar aprendendo a conectar blocos coloridos uns aos outros, ou aprendendo soluções reais para problemas do mundo real. Um bom exemplo disso é um jogo chamado "Dragon Box", que ensina álgebra através do jogo. Ele apresenta um dragão tímido escondido dentro de uma caixa e requer que os jogadores façam cálculos algébricos para alimentá-lo e fazê-lo crescer. Ao jogar, crianças são expostas a todo tipo de cálculos matemáticos, ordens de operações, quase sempre sem ver um único número na tela. Inspirados em aprender através de jogos, também criamos um jogo chamado "Luna's Wandering Stars", um jogo viciante de lógica muito parecido com "Angry Birds", mas adicionamos física planetária 100% realística ao jogo. Então, quando você joga, aprende a ciência de foguetes sem nem mesmo perceber. (Risos) Eu recentemente me formei na faculdade e um dos feitos de que mais me orgulho foi ganhar meu certificado em empreendimento socialmente responsável. Com meus estudos, descobri que jogos eletrônicos são ferramentas incríveis para sustentabilidade ambiental. Em 2010, a Nissan lançou o veículo elétrico "LEAF", que possui um jogo eletrônico interno feito para mudar seus hábitos de direção. Quando você dirige o LEAF, vê um pequeno jogo eletrônico chamado "CARWINGS" que é exibido numa tela LCD de 17 centímetros. O sistema mostra seus hábitos de direção, sua distância percorrida e sua energia consumida, em relatórios diários, mensais e anuais. Mais importante ainda, assim como qualquer outro jogo, ao dirigir o LEAF, o jogo assume os seus hábitos de direção e os compara com todos os outros motoristas de LEAF na estrada. Então, enquanto você está dirigindo, é quase como se estivesse competindo para ver quem economiza mais energia para ganhar a "Platinun LEAF Cup". Quando me formei na faculdade e migrei para o meu negócio, eu lentamente transformei o aprendizado em trabalho através do jogo. E descobri que jogos eletrônicos também são ótimas ferramentas de negócios. Negócios vêm utilizando jogos eletrônicos por mais de uma década. Isso começou com jogos como "Second Life", com o qual empresas conseguiam realizar reuniões presenciais on-line em larga escala no todo o mundo. E depois foi aperfeiçoado em jogos como "E.V.E Online", que é tão complexo que negócios e finanças mundiais verdadeiros literalmente acontecem dentro do mecanismo do jogo. Hoje, empresas de todo o mundo estão usando jogo eletrônicos para treinamentos de RH, integração e até mesmo operações entre empresas. Com a recente expansão da tecnologia de realidade virtual, CEOs de empresas podem fazer reuniões presenciais ao redor do mundo no conforto da sala de estar deles. Uma pesquisa que estou realizando no momento mostra evidências de que a quantidade do poder de processamento cerebral necessária para jogar uma partida de "World of Warcraft", emula aproximadamente o mesmo tipo de poder de processamento cerebral necessário para executar um trabalho das nove às cinco num escritório. Isso significa que nos próximos anos começaremos a ver trabalhos projetados para serem mais parecidos com jogos. Transformando algo que pode ser entediante ou insatisfatório em algo divertido, envolvente e desafiador. Falando em desafio, algumas das profissões mais desafiadoras de nossa sociedade são as dos pesquisadores médicos, que trabalham dia e noite para essencialmente salvar vidas. Desafio é uma característica única encontrada em jogos eletrônicos. Eles também são ótimas ferramentas para pesquisas científicas. O melhor dos jogos eletrônicos é que são divertidos de se jogar. Um jogo bem projetado irá atrair milhões de jogadores que basicamente trabalham por lazer. Mas um jogo melhor projetado precisará do trabalho de milhões de pessoas e com ele conquistar algo grande. Um bom exemplo disso é um jogo criado por pesquisadores da Universidade de Washington, chamado "Foldit". Nesse jogo, os jogadores recebem quebra-cabeças gerados por computadores que são estruturas de proteínas moleculares, as quais os jogadores devem dobrar para solucionar. Depois de dobrarem os quebra-cabeças, os dados são enviados de volta para o laboratório de pesquisas para serem utilizados em pesquisas de proteínas no mundo real. Apenas 10 dias depois do lançamento do quebra-cabeça em 2011, jogadores de Foldit decifraram e produziram um modelo 3D preciso do causador da AIDS, o vírus Mazon-Pfizer. Um problema sem solução no mundo da medicina há mais de 15 anos. Por fim, há um último tópico-chave próximo e querido para mim: o papel dos jogos eletrônicos na abordagem de questões sociais no mundo. Uma organização sem fins lucrativos chamada "Free Rice" criou um jogo baseado na web em freerice.com, que desafia os jogadores a responderem definições de palavras. Com cada definição de palavra correta sua a organização doa dez grãos de arroz pelo programa alimentação mundial para acabar com a fome no mundo. Todo o sistema é financiado pelos pequenos banners de propaganda que vemos na parte inferior da tela. Isso cria um sistema fechado no qual jogadores geram o dinheiro necessário para alimentar os pobres. Desde o lançamento do website, em 2007, a organização já doou 100 bilhões de grãos de arroz, alimentando mais de 5 milhões de pessoas no mundo todo. Jogos eletrônicos não são apenas brinquedos infantis e devemos tratá-los com uma perspectiva prática. Dois jogadores podem jogar lado a lado virtualmente em League of Legends trabalhando juntos para alcançar o mesmo objetivo em comum. Eles não precisam compartilhar o mesmo idioma, a mesma cultura nem as mesmas crenças. Não importa se eles são americanos, chineses, israelenses ou palestinos. Seus próximos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz já não serão apenas os artistas influentes ou geradores de política, mas talvez seja a criança que está em uma garagem agora mesmo trabalhando no próximo grande jogo que conecta pessoas pela diversão. Quando estava passando por quimioterapia, no meu leito de morte, eu não tinha esperança de um futuro. No final das contas, os jogos eletrônicos salvaram minha vida. E podem muito bem salvar a sua também. Obrigado. (Aplausos)