[Stephanie Syjuco: Fazer Tempo Felizmente, tenho uma casa que tem uma área ajardinada muito bonita. Tenho feito muita jardinagem, que foi provocada pela investigação que fiz sobre as culturas do império. Cultivando amostras de plantas de tabaco, de milho, de algodão e de anil, todo o tipo de plantas diferentes com grandes implicações no colonialismo. O jardim acabou por ser um processo de investigação que me ajudou a aprender e também a concentrar mais um pouco. Muitas pessoas, quando se interessam por serem artistas, têm a ideia de que estamos sempre dentro do estúdio. Penso que a ironia está em que, quanto mais investimos nesta profissão, a proporção do tempo gasto na gestão dos projetos em relação ao tempo de estúdio, muda drasticamente. Ou seja, talvez haja momentos mágicos em que isso muda e eu tenha assistentes a tempo inteiro, a ajudar-me, mas acho que a minha realidade é que há muito mais papelada do que eu desejava. Estes são os moldes padrão para o vestido da pradaria americana. São o mais fáceis possível, para vocês. Vocês cortam os moldes, prendem-nos ao tecido com alfinetes e cosem nos sítios assinalados. Esta é a touca, um avental, a gola à Peter Pan, mais ou menos, e depois, estas mangas tufadas. Também vai haver um traje de antes da Guerra Civil. Faz parte duma exposição no Museu Smithsonian para a Renwick Invitational. A Renwick está nas galerias americanas, por isso estou muito entusiasmada. Vamos juntar este trabalho a outros projetos relacionados com a criação de imagens, de têxteis, e de cultura, mas observando-o numa perspetiva crítica. [O Visível Invisível (2018)] Os fatos podem não ser historicamente rigoros. Exprimem a imaginação americana. Têm todas as marcas dessa época na história americana, mas são mais uma ficção. São naquele tom verde que as pessoas usam para vídeos e cenários fotográficos. É uma cor que, supostamente, não vemos. Esta ideia de história americana está tão enraizada na nossa psique nacional que é quase invisível. Quer haja tropos de feminilidade ou mesmo de expansão para Oeste ou de religiosidade puritana, tudo isso está nestes trajes. São como fantasmas que se manifestam, arrastando-se por toda a história americana. Tenho a liberdade de apresentar as ideias mais estranhas e nem toda a gente concorda. Mas, quando dizem que sim, posso fazer uma coisa que, para mim, é quase inacreditável. Nada é realmente uma perda de tempo. Tradução de Margarida Ferreira