Em algum momento entre os séculos 1 e 5 EC, o sábio hindu Patanjali começou a codificar antigas tradições de meditação praticadas por toda a Índia. Ele registrou técnicas tão antigas quanto a própria civilização indiana em 196 manuais chamados de Yoga Sutras. Esses textos definiam o yoga como o "jugo" ou a restrição da mente para não focar objetos externos, num esforço para alcançar um estado de pura consciência. Com o tempo, o yoga incorporou elementos físicos da ginástica e da luta. Hoje, há uma infinidade de abordagens no yoga moderno, apesar de a maioria ainda manter os três aspectos principais da prática Patanjali: posturas físicas, exercícios de respiração e contemplação espiritual. Essa mistura de exercícios físicos e mentais tem um conjunto único de vantagens para a saúde, acredita-se. Como aumentar a resistência e a flexibilidade, tonificar funções cardíacas e pulmonares e melhorar o bem-estar psicológico. Mas o que os estudos contemporâneos mostraram sobre os benefícios dessa tradição milenar? Apesar das tentativas de vários pesquisadores, é difícil fazer alegações específicas sobre as vantagens do yoga. Essa combinação única de atividades torna difícil determinar qual componente está produzindo um benefício específico à saúde. Além disso, estudos sobre o yoga são geralmente feitos de pequenas amostras que carecem de diversidade, e a forte dependência de autorrelatos torna os resultados subjetivos. Contudo, há alguns benefícios à saúde que possuem maior suporte científico que outros. Vamos começar com flexibilidade e força. Torcer seu corpo em posturas físicas de yoga alonga múltiplos grupos de músculos. A curto prazo, o alongamento pode mudar o teor de água desses músculos, ligamentos e tendões para torná-los mais elásticos. Com o tempo, alongamentos regulares estimulam células-tronco que então se transformam em novo tecido muscular e noutras células que geram colágeno. Alongamentos frequentes também reduzem o reflexo natural do corpo para contrair músculos, melhorando a tolerância à dor em proezas de flexibilidade. Pesquisadores ainda não descobriram se uma forma específica de yoga melhora mais a flexibilidade do que outra, então o impacto de certas posturas não está claro. Mas, como outros exercícios de baixo impacto, o yoga, de forma segura, melhora o físico e a flexibilidade em populações saudáveis. A prática também tem sido vista como uma ferramenta terapêutica poderosa. Em estudos com pacientes com diversas doenças musculoesqueléticas, o yoga foi o que mais ajudou em redução de dor e melhoria da mobilidade que outras formas de exercício de baixo impacto. Acrescentar yoga a um exercício existente na rotina pode melhorar força e flexibilidade a condições difíceis de tratar, como dores lombares crônicas, artrite reumatoide, e osteoporose. A mistura de exercício físico e controle da respiração que o yoga proporciona provou ser igualmente terapêutico para a saúde pulmonar. Doenças pulmonares como bronquite crônica, enfisema e asma diminuem as passagens que levam oxigênio, enquanto enfraquecem a membrana que traz oxigênio para o sangue. Mas exercícios de respiração como esses encontrados no yoga relaxam os músculos que comprimem essas passagens e melhoram a difusão do oxigênio. Aumentar o nível de oxigênio no sangue é especialmente útil àqueles com músculos cardíacos fracos que têm dificuldade em bombear oxigênio suficiente para todo o corpo. E, para aqueles de coração saudável, essa prática pode diminuir a pressão arterial e reduzir fatores de risco para doenças cardiovasculares. O benefício mais comemorado do yoga pode ser o mais difícil de provar: seus efeitos psicológicos. Apesar da associação de longa data entre yoga e bem-estar psicológico, há poucas evidências conclusivas sobre como a prática afeta a saúde mental. Uma das maiores alegações é que o yoga melhora os sintomas de depressão e ansiedade. Como os diagnósticos dessas condições costumam variar muito, assim como sua origem e gravidade, é difícil quantificar o impacto do yoga. Entretanto, existem evidências que sugerem que o yoga pode reduzir os sintomas do estresse tão bem quanto meditação e relaxamento. Pesquisas sobre os efeitos do yoga ainda estão evoluindo. No futuro, precisaremos de mais estudos, incorporando participantes diversos, o que pode medir o impacto do yoga em ataques cardíacos, índice de câncer, funcionamento cognitivo e mais. Mas, por ora, o yoga pode continuar sua tradição milenar como uma forma de exercitar, refletir e relaxar.