Meu nome é Tabatha Coffey,
e eu sou uma vaca.
(Risos)
Isso mesmo o que ouviram.
Então...
levante a mão quem acha que é uma vaca.
(Risos)
Estamos precisando melhorar.
No final desta palestra,
quero todas as mãos desta plateia
levantadas, todo mundo.
Dez anos atrás,
tive a sorte de cair na TV,
e digo que caí porque realmente caí.
Entrei numa competição
entre cabeleireiros.
E foi duro;
foram 12 semanas longe do seu negócio,
longe da família,
trancada numa casa com 11 estranhos.
Eram 24 horas por dia com eles.
Foi uma experiência incrível;
eu amei.
E sou incrivelmente competitiva,
como a maioria de vocês.
Quando terminou,
fui pra casa,
voltei pro meu negócio,
voltei pra minha vida.
Algumas semanas se passaram,
e meus clientes estavam ouriçados
por eu ter aparecido na TV e competido.
Mais algumas semanas se passaram
e, umas quatro semanas depois,
eu estava comprando
um par de sapatos na loja Nordstrom.
De repente, do outro lado do shopping,
vira uma mulher pra mim e grita:
"Nossa! Você é aquela vaca da TV!"
(Risos)
Não achei tanta graça quanto vocês --
eu rio agora, mas não na hora,
não teve graça nenhuma.
Fiquei absolutamente mortificada,
e...
Vejam, não foi a primeira vez
que me chamaram de vaca,
e definitivamente não ia ser a última,
mas uma estranha que tinha me reconhecido
gritando do outro lado do shopping
que eu era a vaca da TV
realmente foi um banho de água gelada.
Foi impressionante.
E não foi só uma vez;
isso continuou acontecendo,
mais uma vez,
mais outra,
e mais outra.
Decidi mergulhar no mundo dos blogues
pra ler o que as pessoas
estavam falando de mim.
E havia literalmente milhares de pessoas
me chamando de vaca.
Isso foi, para dizer
o mínimo, paralisante.
Travei por causa daquilo.
Porque...
eu sou durona,
sou honesta
e sou forte,
e sou todas as qualidades que devíamos ter
para ser uma mulher
de negócios bem-sucedida.
Mas eu não me via
como uma vaca de jeito nenhum.
Então, tive de parar e refletir seriamente
sobre o que tinha acontecido,
por que as pessoas me chamavam de vaca
e por que elas achavam certo
se virar pra uma completa estranha
e dizer: "Você é uma vaca!".
(Risos)
Sei que hoje em dia é meio maneiro
ser uma vaca.
(Risos)
Não é? É maneiro.
Mas, mesmo sendo maneiro agora,
e que a gente diga pras amigas:
"E aí, vaca, tudo bem?"
(Risos)
Certo?
Até usamos a hashtag no Instagram:
"bitch'n outfit" um modelito arrasador.
Usamos a palavra
como se não significasse nada.
Mas, se alguma de vocês
já foi chamada de vaca
por alguém,
seja um conhecido,
seja um colega, seja um amigo,
seja um estranho qualquer,
isso dói.
Chega uma hora que parece
uma punhalada no coração.
E dói.
O interessante é que falamos
disso o tempo todo;
há livros sobre o assunto,
há músicas sobre isso.
Se você é uma mulher forte,
se fala com autoridade,
se não se rebaixa pros outros,
se fala o que pensa,
se tem uma boa dose de um ego saudável,
se você é muito autoconfiante,
e bastante passional,
você é uma vaca.
Mas essas qualidades num homem
fazem dele um batalhador,
um grande executivo,
alguém que queremos na equipe,
alguém que consegue resolver problemas.
Fazem dele até presidente.
(Risos)
Isso mesmo.
(Aplausos)
Mas essas mesmas qualidades
em nós, mulheres,
fazem com que sejamos chamadas de vacas.
Pra mim, o maior problema
é o que fazemos umas com as outras.
Chamamos umas às outras de vaca.
E não é vaca do jeito fofo do Instagram:
"Modelito arrasador!".
ou "Estou com minhas vacas",
não é da forma fofa.
(Risos)
É no sentido "quero te estraçalhar
e te botar no seu lugar".
Porque aquela palavra --
e eu olhei, eu pesquisei --,
não há uma equivalente para os homens;
não existe.
A intenção é diminuir seu brilho,
minar sua autoconfiança,
te fazer parar, duvidar de si mesma
e cismar se está fazendo a coisa certa:
"Será que eu devia estar
fazendo outra coisa? Sei não".
Faz esse tipo de coisa com nossa cabeça.
E podemos rir disso,
como estamos fazendo agora,
mas mesmo agora ainda dói.
E, quando fazemos isso com nossas irmãs,
e aqui quero dizer irmandade de mulheres,
está errado.
Quantas vezes vocês foram a uma reunião
ou foram buscar o filho na escola,
ou foram a um coquetel,
e havia uma mulher lá
e, quando saíram, vocês disseram:
"Ah, mas que vaca".
Quando, na verdade,
ela não era nada disso.
Talvez ela fosse apenas
um pouco mais honesta do que você,
talvez ela estivesse apenas
exigindo o que ela queria,
sem dar explicações ou desculpas por isso.
Ela é uma vaca por ter
um par de sapatos melhor que o seu?
É por isso que a chamaram de vaca?
Fazemos isso umas com as outras
por estarmos um pouco com inveja
e queremos cortar umas as outras um pouco?
Porque assim não estamos
ajudando umas às outras,
e precisamos promover
crescimento e superar a fofoca.
Precisamos parar de rebaixar
umas às outras como mulheres.
Quando vejo uma mulher,
e tenho conhecido milhares delas,
pois sou cabeleireira há 36 anos
e sempre atendi mulheres no meu salão...
a razão pela qual sou
tão apaixonada pelo que faço
é porque eu entendo.
Eu não entendo os homens tão bem,
pois não sou homem.
Mas as mulheres,
eu nos entendo,
entendo nossas inseguranças,
sei o quanto damos duro,
entendo que todos querem
que nos querem perfeitas o tempo todo,
o que é realmente exaustivo.
Entendo que, quando vou
a um encontro, ou a uma festa,
ou a um evento de trabalho,
ou apenas acordamos de manhã,
há uma pressão sobre nós.
E isso sem falar no marido e nos filhos
e todas as pessoas
que nos demandam o tempo todo.
Eu entendo tudo isso!
Então, quando vejo uma das minhas irmãs,
por que vou chamá-la de vaca?
É como me chamar de vaca.
É fazer isso consigo mesma.
Quando olhamos pra outra mulher,
estamos nos olhando no espelho.
E deixa eu contar uma coisa:
o fato de sermos mulheres
e podermos gerar vida --
porque não haveria literalmente ninguém
aqui se não existissem mulheres...
verdade...
é extraordinário.
Isso é extraordinário.
Para superar ser chamada
de vaca o tempo todo --
eu gosto de enfrentar meus medos --,
a forma de me livrar deles
é olhar bem fundo e cuidar deles.
Assim, após minha reflexão,
cheguei a um acrônimo, em inglês,
para a minha versão de vaca, "bitch".
B de Brava,
I de Inteligente,
T de Tenaz,
C de Criativa
e H de Honesta.
E desafio qualquer um nesta plateia,
homens ou mulheres, que não
deseje ter essas qualidades na vida.
Toda e qualquer mulher aqui, e todo homem,
nós somos bravos; não precisamos
sair matando dragões,
mas às vezes é preciso bravura
pra levantar da cama de manhã
e enfrentar o dia.
Somos lutadores.
Inteligência pra mim não tem
a ver com diplomas e livros,
isso é só uma parte,
pois há a intuição também;
há o entendimento;
há o encorajamento e saber
quando encorajar e quando recuar.
Essas são qualidades
que nós, mulheres, dominamos.
Obviamente, a tenacidade.
Alguém já mexeu com o filho de uma mulher?
Quero dizer, sério?
Nós somos tenazes;
se queremos algo, não desistimos.
Sem falar naquele par de sapatos
que estamos namorando.
Não temos grana pra comprá-lo,
mas, milagrosamente, o dinheiro
aparece e temos um par novinho.
(Risos)
Isso é tenacidade, bem aí!
Criatividade é olhar para as coisas
de um jeito diferente.
E nós, mulheres, somos ótimas nisso.
Somos as melhores multitarefas
do mundo: nós somos criativas.
Damos um jeito não só de conseguir
dinheiro para o par de sapatos --
que sai do nada, criativamente --
mas também de administrar
horários diferentes, cuidar das coisas;
isso é inato na gente.
E honestidade é como penso
que todos devemos viver nossas vidas.
E, pra mim, honestidade
é ser honesta o bastante
para, em vez de se virar e chamar
uma de minhas irmãs de vaca,
olhar e dizer:
"Sabe de uma coisa? Estou com inveja dela.
Porque a vida dela é fabulosa,
e eu quero um pouquinho disso".
(Risos)
"Sabe de uma coisa?
Não consegui esse emprego,
ou aquele trabalho legal
que eu realmente queria.
Ela conseguiu. Palmas pra ela.
Como posso aprender com isso?
Como posso melhorar?
Como posso aprender com o que ela
fez para melhorar também,
em vez de virar e falar: 'Vaca'?"
Isso não vai promover nenhuma de nós.
Isso não vai resolver os problemas
que nós como mulheres podemos resolver.
Então, se vocês pegarem o acrônimo --
ser Brava, Inteligente,
Tenaz, Criativa e Honesta --,
encorajo todo mundo a pensar
sobre isso em cada escolha
e, da próxima vez que alguém
te disser: "Você é uma vaca",
sorria e responda: "Sim,
muitíssimo obrigada. Sou mesmo.
E eu sou uma puta de uma vaca!"
Obrigada, Saint Louis.
(Aplausos)