Ida Applebroog em
Arte no século 21
Meu nome é Ida Applebroog
Antes era Applebaum,
meu nome de solteira.
E então, quando me casei,
virou Horowitz.
E eu realmente não queria um nome
que viesse do meu pai
ou de qualquer outro homem da família.
E então eu inventei meu próprio nome.
Andrew, por que você não alinha essa...
...Essa garota, alinhe-a no outro canto.
Tente ligar os pontos, Andrew.
É a mão, a outra mão.
Sim, não percebe?
É difícil dizer o tópico do seu trabalho,
mas para mim é sobre como o poder funciona
Homens sobre as mulheres.
Pais sobre os filhos.
Governos sobre as pessoas.
Médicos sobre os pacientes...
Nos anos 50, as mulheres eram invisíveis.
E nunca me toquei que algo estava errado,
era apenas como as coisas eram.
Eu ficava lisonjeada quando um professor
me dizia: "Nossa, o seu trabalho
é tão bom e interessante,
parece até com o de um homem".
Eu tenho um verdadeiro problema
com o feminismo e a arte.
Nunca gostei de exposições só de mulheres.
Isso nos rotula, nos marginaliza.
Eu odeio ser rotulada, realmente odeio.
Eu vim para Nova York em meados de 1974
e eu não conhecia ninguém em Nova York,
eu era uma nova-iorquina e
estive fora por um bom tempo.
E então eu voltei e realmente não sabia
como entrar no mundo da arte novamente.
Eu comecei a voltar às minhas raízes
apenas desenhando e desenhando
E a partir desses desenhos
eu comecei a fazer livros.
Eu peguei esses livros
e os enviava no correio
para pessoas que eu não conhecia.
Acho que eu era inconveniente.
Eu uso muito a repetição,
o que se torna um jeito fílmico de falar
pois quando você coloca a mesma imagem,
uma depois da outra,
mesmo que sejam imagens idênticas,
todos enxergam algo mudando
de uma imagem para a seguinte.
É realmente bizarro
porque eu sei o que eu fiz
mas realmente enxergam gestos
e mudanças nas expressões
que eu nunca coloquei ali,
e não é por isso que eu faço repetições
e sim porque é uma performance
e o meu jeito de animar uma imagem
até a próxima
sem que a imagem mude de fato
Quando eu trabalho com telas,
trabalho com estruturas tridimensionais.
E a estrutura era tão importante
quanto o que eu estava pintando
E eu amo a fragmentação pois meu trabalho
sempre foi sobre fragmentação.
Mesmo que o trabalho não seja confortável
eu sinto que a tinta é absolutamente linda
Eu amo a coloração
É quase como se eu tivesse criando
um papel mata-moscas
para fazer você olhar para
os tipos de pinceladas.
É interessante olhar o suficiente
para trazer o observador para a obra
e então uma vez que estão lá
são confrontados com um material
que os fazem refletir ou se afastar.
Eu faço muito trabalhos sobre assassinatos
e assassinatos em série e estupros
e etarismo e sexismo e AIDS
e abuso infantil...
Eu vivo neste mundo e é isso
que está acontecendo ao meu redor,
eu não posso mudar isso.
A primeira vez que eu soube
que eu era artista
foi quando eu tinha cinco anos de idade.
Eu queria que meu pai me desenhasse algo
e o que ele desenhou para mim
foi um boneco de palito.
E eu mostrei a ele o que eu sabia fazer
E naquele momento eu soube que
eu era a artista e que ele não era.
E esse foi o meu primeiro reconhecimento
de ser uma artista.
E, de uma certa forma,
estas coisas são sobre isso.
São como os primeiros reconhecimentos
de deixar marcas com algum material
e então você pega o que quer que seja
que você conhece
e o traz ao seu nível mais simplista,
e então se torna algo que
é como uma parte de você
que despeja emoções
até um ponto em que você
não tem que pensar sobre isso.
Essas coisas se fazem sozinhas.
É uma atividade muito calmante.
Sentar-se e ter a argila em mãos
e criar essas coisas.
São cruas, são estranhas
mas são maravilhosas pra mim
Eu estou no mundo da arte há muito tempo
E mesmo assim, quando eu faço isso
eu sou transportada de volta
ao jeito básico
de como eu posso pensar quem eu sou.
Andrew, seu lado está mais alto,
se você puder baixar para ler seu lábio
ficará bom o bastante.
Alguém uma vez disse:
"A arte deve ser ou exagerada
ou insuficiente".
Tem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo
comigo que até organizá-las
e tentar colocá-las em ordem
é algo que eu não tenho conseguido fazer.
Eu gosto disso, gosto da sensação.
Eu não me considero escultora
ou pintora ou artista de livros
ou artista conceitual,
eu apenas faço arte.
E essas pequenas peças que parecem
tão comuns e insignificantes,
pequenos montes de argila
mas se, de repente, coloco no meu palco
se tornam monumentais
e você fotografa como quiser
e pode dar zoom em qualquer
parte do corpo que gostar
e se tornam algo totalmente diferente.
A melhor parte disso é que eu nunca sei
no que essas coisas vão se transformar
Quer dizer, você se torna cabeleireira,
estilista, fotógrafa...
Vou começar com essas pequenas esculturas.
Eu vou pegar a única figura
que vou posicionar
e colocar de frente para a cortina preta.
Todo o restante tem que acontecer
com a câmera naquele momento
em termos de quantas maneiras
é possível posicioná-la.
Toda vez que você muda algo,
o tipo de retrato que estou fazendo muda.
Essa é da Vênus de Willendorf
e nós demos cabelo a ela,
um cabelo ruivo cacheado bonito
e decidimos mudar a cor do cabelo dela
para uma cor bem mais acinzentada
e nos aproximamos...
Parece com a sua língua,
como se ela lambesse os lábios.
Sabe, tem algumas que alguém
vai olhar e dizer:
"Eu não consigo olhar para isso,
me deixa muito desconfortável".
E isso também é bom.
Meu trabalho não é sobre beleza
e eu sei que não fica muito bem
acima de um sofá combinando com
os travesseiros cor de borgonha.
Não é o tipo de trabalho
para se pendurar acima de um sofá,
mas eu crio a obra e crio porque
para mim é necessário.
Outros criam obras para si
que são necessárias de um jeito diferente.
Esse é apenas o meu jeito.
Eu era, na verdade, analfabeta digital.
De forma alguma eu tentaria
usar um computador.
Eu não queria e-mails,
não queria lidar com isso,
eu era velha demais...
E isso foi ano passado.
Então eu comecei a ir ao workshop da Apple
e participei de tudo que eles tinham
no calendário de programação
e partir dali eu encontrei alguém
que conhecia há muito tempo
que trabalhava muito bem com computadores.
Ela começou a trabalhar comigo
e foi assim que aconteceu.
Eu adicionei um pouco de amarelo tanto no
preto como nos tons intermediários.
Está muito, muito bom.
O que estamos fazendo agora é testar
um novo papel para ver
o que ele nos oferece em termos de cor
de tentativa e erro nós chegamos nesse ponto
Uau, então esse é o papel creme?
ASSISTENTE: Certo
APPLEBROOG: Faz uma boa diferença
é como se fosse noite e dia
ASSISTENTE: Sim, acho que parece muito mais rico
APPLEBROOG: É lindo, é como se fosse iluminado por dentro
Ah, eu preciso trabalhar nos aparelhos dela agora
eu farei umas pequenas edições
mas a maioria serão peças únicas, individuais
eu não acho que seja diferente de pintura ou escultura
ou desenhos, ou qualquer coisa do tipo
é apenas uma outra maneira de fazer arte
usando a tecnologia.
Por um tempo, devido ao envelhecimento e artrite
e tudo que está envolvido nesse processo
eu estive muito incapacitada.
E é por isso que fazer essas esculturas
foi algo incrível que me aconteceu nesse momento.
Então eu acabei nessa rota.
Não importa o que eu veja,
não importa o que eu faça,
tudo isso me alimenta.
Qualquer um que cria, encontrará um jeito de criar
Não importa como.
Eu mal posso acreditar que há um redespertar
de todos os líquidos do meu corpo
neste momento da minha vida,
o que é incrível para mim.
Produtora Executiva & Curadora Susan Sollins
Produtor da série Eve Moros Ortega
Produtor associado Migs Wright
Curador assistente Wesley Miller
Diretor de consultoria Catherine Tatge
Editor Steven Wechsler
Gerente de produção Alice Bertoni
Coordenadora de produção Kelly Shindler
Diretor de Educação e divulgação Jessica Hamlin
Diretor de desenvolvimento Kathi Pavlick
Assistente de desenvolvimento Sara Simonson
Para saber mais sobre art21, arte no século 21
e para baixar o guia gratuito de educadores
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Um livro do programa também está disponível.
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