[ Ambiente ] "Olhemos para o velho "Siggy", Sigmund Freud. Que teve definitivamente a sua importância... Ele disse que o comportamento é influenciado pelos pais, sonhos, piadas e sexo; não necessariamente por esta ordem. Mas, o quê que ele diz? Isto diz respeito, mais uma vez, ao ambiente. Várias pesquisas cientificas têm mostrado um facto óbvio, que o comportamento de um ser humano é criado pelo ambiente [que o rodeia]. Se os genes predispõem um certo comportamento mas o ambiente não o suporta, então esse comportamento não se vai manifestar. Portanto, neste caso, os genes não são importantes. (Sebastian Seung) Vivemos tempos notáveis, a era do Genoma. O vosso genoma é a sequência completa do vosso ADN. A vossa sequência e a minha são ligeiramente diferentes. É por isso que temos diferentes aparências. Eu tenho olhos castanhos, vocês podem ter azuis, ou cinzentos. Mas isto não diz respeito a algo tão superficial. As notícias dizem-nos que os genes podem dar-nos doenças assustadoras, talvez até moldar a nossa personalidade ou causar-nos perturbações mentais. Os nossos genes parecem ter imenso poder sobre os nossos destinos. E ainda assim, eu gostava de pensar que eu sou mais que os meus genes... Do mesmo modo, cada conectoma muda ao longo do tempo. Que tipo de mudanças acontecem? Bem, os neurónios, como as árvores, conseguem criar novos ramos, e podem perder antigos. Sinapses, podem ser criadas e podem ser eliminadas. As sinapses podem aumentar de tamanho, e podem diminuir. Segunda questão: o quê que causa estas mudanças? Bem, é verdade que em certa medida, elas são programadas pelos vossos genes. Mas isso não é a história toda, porque existem sinais, sinais elétricos, que percorrem os ramos dos neurónios, e sinais químicos, que saltam de ramo em ramo. A estes sinais dá-se o nome de atividade neuronal. E existem várias evidências que a atividade neuronal está a codificar os nossos pensamentos, sentimentos, e percepções, as nossas experiências mentais. E existem várias evidências que a atividade neuronal pode causar mudanças nas ligações de cada um. E se puserem esses dois factos juntos, quer isto dizer que as vossas experiências podem mudar o vosso conectoma. E é por isso que cada conectoma é único, mesmo os de gémeos geneticamente idênticos. O conectoma é onde o "inato" conhece o "adquirido". E pode ser verdade, que apenas o mero acto de pensar pode mudar o conectoma. Uma ideia que talvez possam achar poderosa. Todos ouviram aquela questão sobre, o género ser criado "socialmente" versus ser "biológico" e "hormonal"? Claro está, estou mais familiarizada com o lado biológico, obviamente, mas... Eu acredito, depois de ter estudado biologia por tantos anos, acredito mesmo, que o debate "natureza vs. ambiente", em vários aspectos, está morto, nesta altura, pela seguinte razão: o cérebro é muito, muito maleável. Nós todos nascemos com predisposições masculinas ou femininas, e depois teremos hormonas que aumentarão esse circuito para o comportamento, que é o que uma hormona supostamente faz. O trabalho de uma hormona é tornar-nos predispostos a certos comportamentos. No entanto, a maneira como somos criados, por exemplo, os meninos pequenos. Estudos têm mostrado que meninos aos quais foi dito que não deveriam tocar em alguma coisa, vão frequentemente agarrá-la e tocar-lhe, enquanto que a uma menina basta dar uma ordem verbal para não tocar. Em todo o mundo os meninos são castigados mais frequentemente por transgressões. Aos meninos diz-se que não devem chorar... Aos meninos diz-se que têm de se tornar homens, certo? Mesmo em tenra idade, os pais às vezes estão muito mas muito preocupados se o seu pequeno rapaz estiver a ter qualquer tipo de comportamento efeminado. Por exemplo, eu lembro-me de viajar de um lado ao outro do país com um homem que se sentou ao meu lado, e ele disse que o seu filho de 18 meses, quando viu a irmã a abrir um presente, no início da semana que era uma bolsa, ela teve uma bolsa. Ela tinha 4 anos. E ele disse, "Oh, também posso ter uma bolsa?" E ele disse que se sentiu como se alguém lhe tivesse dado um pontapé no estômago, e simplesmente gritou ao seu filho de 18 meses: "Não! Os rapazes não usam bolsas!" E ele estava a relatar-me este evento... E sentiu-se tão envergonhado e constrangido mais tarde, porque apercebeu-se, que o seu filho não estava a expressar nada como sendo efeminado ou não. Por isso, estas coisas: a maneira como criamos os meninos, e criamos as meninas... Os nossos circuitos cerebrais são tão maleáveis. Por exemplo, nós não nascemos a saber tocar piano, certo? Nós praticamos, praticamos e praticamos. Nós podemos retreinar os circuitos cerebrais a fazer uma variedade de coisas. E penso que toda a nossa vida, nós somos treinados, treinados em relação ao género, para sermos mais [femininos] ou [masculinos]. As expressões faciais dos homens, por exemplo, quando as analisam e colocam eléctrodos neles, como já se fez, e mostram-lhes uma fotografia perturbadora que é suposto aterrorizá-los e emocioná-los; as expressões faciais deles, quando comparadas com as das mulheres, na verdade mostraram mais respostas emocionais no tempo anterior a tornarem-se conscientes. Depois, logo a seguir ao segundo em que se tornam conscientes, eles começam a comprimir os seus músculos faciais para franzir a testa ou sorrir. Nas mulheres, os músculos faciais amplificam-se, e os dos homens diminuem. Cientistas acreditam, que hipoteticamente, os homens foram treinados para reprimir sentimentos e emoções. Portanto, obrigado pela pergunta. É algo em que pensar ao longo das nossas vidas. As condições em que somos criados, e o que os meninos podem ou não fazer tem muito a ver com o modo como eles crescem para se tornarem homens. Pense na maneira como age, a sua expressão facial, os valores aceites por si, a maneira como fala, tudo, e lembre-se que eles são o resultado do seu ambiente (onde está inserido). O cérebro humano não tem nenhum mecanismo para distinguir o que é relevante ou não. ♪ (cânticos tribais) ♪ ♪ (música ambiente) ♪ (Ecrã) Estou-me a pintar, porque quero conquistar uma rapariga. (Ecrã) Aquele homem é muito bonito. "Quando bebemos sangue, tornamo-nos mais fortes." (Ecrã) Tribo vê um homem branco pela primeira vez Não existem coisas como mau, criminoso, preguiçoso, pessoas brilhante, ladrões, ou racistas. Apenas pessoas predispostas a esse comportamento; mas se o ambiente não os despoletar, os comportamentos não se manifestarão. Lembre-se: O cérebro humano não tem nenhum mecanismo para distinguir o que é relevante ou não. Os casos mais extremos são representados pelas "crianças selvagens". Uma criança selvagem é uma criança humana que viveu isolada de contacto humano desde muito nova, e não tem nenhuma, ou pouca experiência em laços humanos, amor ou comportamento social, e, principalmente, na linguagem humana. As crianças selvagens carecem das mais básicas aptidões sociais, que são normalmente aprendidas no processo de enculturação. Por exemplo, elas podem ser incapazes de aprender a usar a sanita, ter problemas a aprender a andar em pé. e demonstram uma completa falta de interesse na actividade humana à sua volta. (Apresentador) "Oxana Malaya começou a sua vida a viver com cães, rejeitada pelo pai e pela mãe, ela de alguma forma sobreviveu durante 6 anos, a viver uma vida selvagem, antes de ser recolhida para tratamento. Existem poucos casos de crianças selvagens que foram capazes de recuperar completamente do abandono que sofreram. A Oxana tem agora 22 anos mas o seu futuro ainda é incerto. Terão os cientistas aprendido o suficiente de casos anteriores para a reabilitarem? Durante seis anos, Oxana Malaya passou a sua vida, a viver num canil, com cães. Totalmente abandonada pela sua mãe e pelo seu pai, ela foi encontrada a comportar-se mais como um animal, do que como uma criança humana. Durante dois séculos, crianças selvagens têm sido o objeto de um estudo fascinante. Crescendo sem amor, ou interação social, as crianças selvagens ou ferais levantam uma questão: O que é que nos faz humanos? A Oxana nasceu em Novembro de 1983. "Quando a bebé nasceu, ela pesava 2 quilos e meio e não tinha quaisquer anormalidades." A Genie passou 13 anos, isolada, num quarto praticamente vazio, privada de qualquer contacto social. Apesar de não sofrer de nenhum problema mental, por causa desse ambiente, ela comportava-se como uma pessoa mentalmente doente. Ela não conseguia criar relações sociais. Ela não conseguia falar. Até o seu próprio andar era estranho. Depois de um certo tempo, devido à insistência de outros para a reabilitar, a Genie começou a expressar-se através da linguagem por sinais, e a socializar com as pessoas. (Apresentador) Elas também assumiram responsabilidade pela terapia da Genie, tentando-a ajudar a combater o horror que foi a sua infância." (Investigadora) OK querida, abre a boca! (Apresentador) Neste primitivo exercício de representação, Marilyn finge ser a mãe de Genie. (Marilyn) Despacha-te! Despacha-te, porque não há mais tempo. O pai vai ficar chateado. (Apresentador) Marilyn tenta extrair memórias do passado de Genie. (Marilyn) Gostava de saber no que estás a pensar. A Genie é a prova extrema da influência do ambiente. (Apresentador) Apesar de tudo o que atravessou, os problemas de Genie estavam longe de acabar." No seu primeiro lar adotivo, Genie foi severamente punida por vomitar. A experiência foi tão traumatizante que Genie acabou por voltar para o hospital infantil, onde os Rigler (antigo casal de investigadores) ofereceram ajuda. (Investigadora) Não o podias evitar. Então agora não abres a boca para não voltares a vomitar. Genie tinha medo de abrir a boca. Voltou ao único estado que sabia ser seguro: ficar em silêncio total. Se não se expuser um ser humano ao assassínio, violação, pedofilia, zoofilia, necrofilia, armas, racismo, então ele não saberá o que são. É como tentar imaginar uma cor que nunca se viu. Equipa de tradução Zeitgeist Braga, Portugal 2015