Boa tarde, senhoras e senhores.
Peço o favor de reinicializarem o relógio.
Está marcando quatro minutos.
Deve ser da palestra anterior... Ótimo!
Tudo bem! Meu nome é Akala.
Sou da The Hip-hop Shakespeare Company.
Antes de entrarmos
na filosofia de nosso trabalho,
o significado e o propósito dele,
vou desafiar vocês para um pequeno teste.
Fizemos esse teste surpresa algumas vezes.
Falaremos sobre isso depois.
Vou dizer simplesmente algumas citações,
de uma linha, extraídas de algumas
de minhas músicas de hip-hop favoritas
ou de minhas peças e meus sonetos
favoritos de Shakespeare.
E vocês vão me dizer, levantando a mão,
se acham que é hip-hop ou Shakespeare.
(Risos)
Faz sentido? Tudo bem.
A primeira é...
"Para destruir a beleza da qual veio."
"Para destruir a beleza da qual veio."
Quem acha que é hip-hop,
levante a mão, por favor.
Quem acha que é Shakespeare,
levante a mão, por favor.
Ótimo, 70% para Shakespeare.
É de um senhor chamado Sean Carter,
mais conhecido como Jay-Z,
da música "Can I live?"
Vamos para outra.
"Talvez seja ódio o que eu lanço,
talvez seja alimento para o espírito."
"Talvez seja ódio o que eu lanço,
talvez seja alimento para o espírito."
Hip-hop?
Shakespeare?
Votação em massa
para Shakespeare. Interessante.
Alguém já ouviu falar
de um senhor chamado Eminem?
(Risos)
Não é Shakespeare.
É de um trabalho de Eminem com Jay-Z,
chamado "Renegade".
Vamos para mais algumas.
"É mais vantagem fazer uso de armas
partidas do que das mãos vazias."
"É mais vantagem fazer uso de armas
partidas do que das mãos vazias."
Hip-hop?
Shakespeare?
Está dividido, com vantagem
para Shakespeare.
Essa é de Shakespeare,
de uma peça conhecida como "Otelo".
Vamos para...
"Não nasci sob a influência
de um planeta rimador."
"Não nasci sob a influência
de um planeta rimador."
Hip-hop?
Shakespeare?
Essa é de Shakespeare,
de "Muito Barulho por Nada".
Vamos para mais duas.
Vamos para...
"O rei mais benevolente se comunica
por meio de seus sonhos."
"O rei mais benevolente se comunica
por meio de seus sonhos."
Hip-hop?
Shakespeare?
Houve um empate.
É de um senhor chamado RZA,
líder do grupo Wu-Tang Clan.
Vamos voltar ao Wu-Tang mais tarde,
falaremos muito a respeito dele.
É um dos principais expoentes
da filosofia do hip-hop,
um coletivo que teve
uma influência enorme sobre mim.
Mas falaremos novamente sobre eles.
Última citação do dia. Vamos para...
"Sócrates, filosofias e hipóteses
não conseguem definir."
"Sócrates, filosofias e hipóteses
não conseguem definir."
Hip-hop?
Shakespeare?
Maioria para hip-hop, e isso é hip-hop.
É Wu-Tang novamente,
é de um senhor chamado Inspectah Deck.
Curiosamente, essa citação
vem de uma música
chamada "Triumph"
do álbum "Wu-Tang Forever".
"Wu-Tang Forever" foi o primeiro álbum
de hip-hop a ser o número um deste país.
Ele fez o hip-hop cruzar
com esse tipo de lirismo,
mas vamos voltar a isso mais tarde
e falar sobre o Wu-Tang, como eu disse.
Como podem ver, não foi tão claro
como muitos de nós poderiam ter pensado.
A linguagem usada, os temas tratados,
vários elementos dificultam muito
quando o contexto é retirado,
quando nossa percepção é retirada,
e temos que analisar apenas
a linguagem crua das duas formas de arte.
Não se preocupem, fizemos
esse exercício mais de 400 vezes
e, até agora, ninguém acertou tudo.
Nem mesmo alguns professores mais antigos
das instituições de Shakespeare
mais respeitadas do país,
Não darei nomes.
(Risos)
É desnecessário dizer:
desafia a percepção de muitas pessoas
e vamos mais além,
analisando outros paralelos
entre hip-hop e Shakespeare,
em outros elementos
que eles compartilham.
Uma das coisas principais
compartilhada entre ambos é o ritmo.
O pentâmetro iâmbico:
di-dan, di-dan, di-dan, di-dan, di-dan.
Cinco conjuntos, duas batidas;
é, na verdade, um ritmo maravilhoso
para usar na música hip-hop
e traduzir de um modo
que até os compositores
atuais acham difícil.
A que me refiro?
É muito difícil de levar,
mesmo um MC profissional,
uma letra escrita sobre o "grime".
O grime tem 140 bpm,
um tempo muitíssimo rápido.
Levar a mesma letra
ao que consideramos uma batida tradicional
do hip-hop, 70 a 80 bpm,
é uma técnica muito difícil,
mesmo compondo agora,
com a música em mãos.
No entanto, o pentâmetro iâmbico
nos permite fazer exatamente isso.
Vou lhes mostrar em vez de falar.
Prestem atenção.
Música, por favor.
(Música)
Alguns devem conhecer
o que estão prestes a ouvir,
outros não.
É o poema mais famoso
de Shakespeare: "Soneto 18".
Não o adaptei para se encaixar no ritmo,
mas apenas escutem atentamente.
Tudo bem.
E aí?
"Como hei de comparar-te
a um dia de verão?
És muito mais amável e mais amena:
Os ventos sopram os doces botões de maio,
E o verão finda antes
que possamos começá-lo:
Por vezes, o Sol lança seus cálidos raios,
Ou esconde o rosto dourado sob a névoa;
E tudo que é belo um dia acaba,
Seja pelo acaso ou por sua natureza;
Mas teu eterno verão jamais se extingue,
Nem perde o frescor que só tu possuis;
Nem a Morte virá arrastar-te sob a sombra,
Quando os versos te elevarem à eternidade:
Enquanto a humanidade
puder respirar e ver,
Viverá meu canto, e ele te fará viver.
Enquanto a humanidade
puder respirar e ver,
Viverá meu canto, e ele te fará viver."
(Aplausos)
Como podem ver, fica bem no ritmo.
Está muito perto da batida.
Agora vamos tentar um estilo e um tempo
de batida totalmente diferentes.
Vocês verão a mesma letra se encaixar
porque o ritmo é consistente.
Vamos tentar.
(Música)
"Como hei de comparar-te
a um dia de verão?
És muito mais amável e mais amena:
Os ventos sopram os doces botões de maio,
E o verão finda antes
que possamos começá-lo:
Por vezes, o Sol lança seus cálidos raios,
ou esconde o rosto dourado sob a névoa;
E tudo que é belo um dia acaba,
seja pelo acaso ou por sua natureza;
Mas teu eterno verão jamais se extingue,
nem perde o frescor que só tu possuis;
Nem a Morte virá arrastar-te sob a sombra,
quando os versos te elevarem à eternidade:
Enquanto a humanidade
puder respirar e ver,
Viverá meu canto, e ele te fará viver."
(Aplausos)
Gostaria que todos vocês colocassem
a mão no coração por um instante.
Agora, se sentirem o coração,
espera-se que ele esteja batendo
em conjuntos de dois,
um desligado, um ligado, di-dan,
ou um iambo, como nós o chamamos.
Se não estiver, sugiro que consultem
um médico o mais rápido possível.
Podem tirar as mãos do coração agora...
Mas é por isso que esse ritmo
é tão intrínseco,
porque a música imita
o ritmo e os sons da vida.
O pulso da vida.
Assim, o pentâmetro iâmbico,
apesar de ser um ritmo muito simples,
é intrínseco a muitas formas de música.
Em outros lugares, há ritmos diferentes,
como os da África Ocidental,
que é sobre o três.
As pessoas falam em tercinas basicamente.
Descobrimos que esse ritmo funciona
como um aparelho mnemônico,
para que os jovens se lembrem das letras,
mas também como um modo de entender
um pouco do que está sendo dito.
O ritmo nos ajuda a entender isso,
a comunicar sentimentos
e, claro, no hip-hop, a tonalidade,
o jeito que você diz o que está dizendo,
o humor com o qual é dito
e o ritmo com o qual se está dizendo
são tão importantes quanto o que é dito.
Mas, voltando às filosofias
e às percepções ou concepções
dessas duas formas de arte,
sobre as quais achamos
que conhecemos muito,
vamos começar com Shakespeare.
Nos últimos três ou quatro anos,
tendo trabalhado com milhares de jovens,
em centenas de oficinas,
descobrimos coisas muito interessantes
sobre a percepção acerca de Shakespeare:
quem as pessoas acham que ele foi,
quais crenças ele herdou
da época em que viveu,
as pessoas de seu convívio,
a formação dele.
Algumas delas são, assim como no hip-hop,
um absurdo completo.
Essa ideia, por exemplo,
de que Shakespeare falava,
como dizem as pessoas,
com sotaque "fino" ou inglês da rainha
e pronúncia padrão.
Sabemos que essa pronúncia
não foi inventada
após 100 anos da morte de Shakespeare.
Ele nunca ouviu o que hoje
consideramos o inglês da rainha.
Quando estava vivo, as pessoas falavam
como uma mistura da pronúncia
de Yorkshire e Cornwall.
Por exemplo, a palavra "hours"
era pronunciada "urrs".
"Urrs", "urrs" e "urrs".
Ou: "mood" e "blood"... rimam!
"Mud" e "blud" era o modo como as pessoas
pronunciavam essas palavras.
Na época em que ele viveu,
o abismo entre ricos e pobres
era maior do que é hoje,
embora parecemos estar fazendo
o possível para recriar esse abismo.
Porém ele vivia numa época
muito tumultuada e violenta,
e recebemos quase uma visão
saneada dessa violência,
modificando nossa visão do passado.
Sabemos que mais de 90%
do público de Shakespeare
não sabia ler nem escrever.
Como é que, no século 21, na Grã-Bretanha,
ele passou a ser visto quase
como o garoto-propaganda do elitismo
e, até mesmo dentro disso,
agora vamos discutir:
ele escreveu mesmo suas próprias peças?
Porque, é claro, isso se resume
a quem pode ser o guardião
do conhecimento e quem não pode.
Shakespeare não foi à faculdade.
Não teve a excelência acadêmica
de Oxford e Cambridge.
Alguns precisam vê-lo assim,
como alguém que não tem o direito
de ser guardião do conhecimento.
Temos que encontrar uma explicação
para a inteligência dele,
em vez de apenas aceitá-la
como um fato real.
Isso me leva ao hip-hop.
Muitas pessoas têm opiniões
sobre o hip-hop, é claro.
A mídia teve opiniões
muito fortes sobre o hip-hop.
Mas encontrei, trabalhando
com milhares de pessoas,
centenas de oficinas,
e interações com essas instituições,
muitas pessoas com opinião sobre o hip-hop
que não conhecem nada a respeito.
Zero. Nada. O que quero dizer com isso?
Na própria palavra "hip-hop",
"hip" vem da palavra em wolof "hipi".
Wolof é uma língua senegalesa,
que significa "abrir os olhos e ver",
como um esclarecimento.
A palavra "hop", do inglês,
significa movimento.
Assim, "hip-hop" significa
"movimento inteligente".
O hip-hop contém cinco elementos
conforme estabelecido por seus fundadores
na cidade de Nova York.
Contém cinco elementos:
DJ, MC, "breaking", grafite
e o quinto elemento,
sobre o qual quero falar hoje:
conhecimento,
um elemento que talvez não vemos muito
na televisão ou no rádio,
mas é claro que as representações
dessa cultura atualmente
não são propriedade dos fundadores dela.
Porém, quando se entende,
de volta aos impérios medievais
da África Ocidental
de Mali, Songai, Gao, antigo Gana,
há um personagem que os malianos
chamam de "griot".
Esses griots existem até hoje;
quem eram eles?
O griot era poeta rítmico oral, cantor,
músico, guardião da história,
da tradição espiritual, entre outros,
desses impérios, dessa cultura.
Quando começamos a entender
como as tradições culturais musicais orais
se manifestaram de muitos modos complexos,
nas Américas, e ajudaram a influenciar
o jazz, o blues, o funk,
até o hip-hop,
temos uma noção muito maior
do que os fundadores Afrika Bambaataa,
Kool DJ Herc e Grandmaster Flash
tentaram fazer quando codificaram
essa cultura dessa maneira.
Entendido nesse contexto, é claro,
o hip-hop torna-se
uma proposta muito diferente
da que tem sido representada muitas vezes,
quando entendemos
o que acontecia em Nova York
no fim dos anos 1970, início dos 1980.
O povo saía de uma era pós-direitos civis,
com influência estética da literatura
de Amiri Baraka ou James Baldwin,
influenciado por Muhammed Ali
e pelo funk de James Brown,
a propósito, o baterista
mais "sampleado" da história.
A famosa faixa dele se tornou
a base de toda a música hip-hop.
Esse é o único contexto
intelectualmente real
no qual podemos situar
o hip-hop como cultura.
Cresci nesse contexto,
que me influenciou bastante.
Até meados dos anos 1990,
no entanto, ainda era normal
que os rappers de maior sucesso comercial
se vangloriassem da inteligência deles,
falassem em desistir
da ciência, do conhecimento,
difundir a matemática
e, ao mesmo tempo,
falassem de como era a vida
nos projetos de Nova York.
Não havia contradição
entre esses dois elementos
e, novamente, tratava-se de quem
era o guardião do conhecimento,
quem tomaria as rédeas do jogo.
Uma das coisas
mais inspiradoras do hip-hop
foi que as pessoas impedidas de fazer,
sem tentar ser quem não eram,
sem se vestir de outro modo
nem falar de forma diferente,
decidiram:
"Seremos guardiões desse conhecimento.
Seremos autodidatas
e transmitiremos esse conhecimento
por meio da música".
Os principais expoentes disso,
e minha maior influência,
foi esse grupo que já
mencionei: Wu-Tang Clan.
Quando lançaram "Wu-Tang Forever",
eu estava na escola.
Foi o primeiro álbum que uniu pessoas
que escutavam todo tipo de música.
Até então, o hip-hop, ainda em Londres,
só atraía um segmento específico
de pessoas em minha escola.
Então, "Wu-Tang Forever" foi lançado
e, de repente, crianças
que ouviam heavy metal,
as que curtiam Blur e Oasis,
todas elas se uniram em torno desse álbum.
E do que se tratava?
Era um discurso inteligente,
abertamente orgulhoso,
tão inegável que realmente agradava,
em minha opinião, e atraía a todos.
Vou lhes mostrar um exemplo de um poema,
eu chamaria assim,
mas alguns diriam que é um rap,
do líder desse grupo,
um senhor chamado RZA.
Falei sobre ele antes.
Ele também produziu a música
do filme "Kill Bill".
Alguns devem conhecê-lo por isso.
Ele escreveu o poema "Twelve Jewels",
que lhes dará uma ideia, como eu disse,
de um dos MCs de maior
sucesso de sua época,
de como era normal ter tanto orgulho
do intelecto de alguém.
A peça é "Twelve Jewels",
que está na internet.
Só vou compartilhar um pouco.
É assim:
"Na pré-existência das equações
bioquímicas e matemáticas,
as manifestações de rocha,
planta, ar, fogo e água,
sem suas formações básicas,
sólidas, líquidas e gasosas,
que faz com que as massas de terra,
os catalisadores do espaço,
toda a matéria existente
e essa densa terceira dimensão
devam observar uma compreensão física.
Deve afetar um nervo.
A sabedoria é o poeta sábio que fala
para despertar o idiota adormecido.
A quarta dimensão é o tempo,
que está dentro da mente,
quando as correntes energizam
na parte posterior da coluna.
Observe como minha energia Qi
afeta um nervo vital.
Um desvio com a língua
perfura como espada o pulmão.
Você não sabia que as palavras
matam tão rápido quanto as balas?
Quando você carrega
pensamentos negativos do cérebro,
e a boca puxa o gatilho que aciona
a maldade direto do inferno.
Dos fossos do estômago
em que habita a negatividade".
Esse é apenas um pequeno trecho
de "Twelve Jewels" de RZA.
Mas é interessante,
porque, quando você entende
esse tipo de lirismo,
percebe que o hip-hop carrega
o mesmo poder que Shakespeare.
A filosofia transmuta,
como toda grande arte,
para questionar o mundo ao redor.
Isso nos leva à conclusão
sobre nosso trabalho
com a The Hip-hop Shakespeare Company
de produções teatrais a educativas
até cinema e TV,
em que trabalhamos no momento.
Do que se trata isso?
Trata-se de quem será
o guardião do conhecimento?
No século 21, caracterizado
por sociedades pós-industriais,
que não requerem massas de trabalhadores,
não as formaremos mais
para trabalhar em fábricas.
Essas são questões importantes.
Qual é o propósito da educação atualmente?
O que ensinaremos aos jovens?
O que capacitaremos a próxima geração
para fazer e formar?
Será que capacitaremos
cada indivíduo numa sociedade
na qual, cada vez mais,
o sucesso ou o fracasso dela
vai depender da mente, das ideias
de seus integrantes?
Capacitaremos pessoas a desejarem
ser o melhor que puderem?
Para alcançar o potencial pleno?
Onde quer que nasceram nessa sociedade,
será que continuaremos trabalhando
do jeito antigo e enraizado de pensar,
no qual as pessoas têm que ficar
em posições e lugares,
ou as incentivaremos a pensarem grande?
Porque alguém na vida de Shakespeare
o incentivou a se tornar
um guardião do conhecimento,
mas, se essa pessoa não houvesse existido,
teríamos perdido a obra dele,
de modo semelhante com o hip-hop.
Então, é sobre isso que queremos pensar:
a quem pertence e a quem
não pertence a educação,
e usar essas formas de arte
e esses dois mundos
aparentemente heterogêneos,
e uni-los,
para mostrar a unidade da cultura humana,
unidade nas ideias pelas quais lutamos,
em atividades que buscamos,
e para inspirar as pessoas
a seguirem sua própria forma
de características artísticas,
literárias, culturais e sociais.
Vou compartilhar com vocês uma peça final,
que é um pouco mais...
não quero dizer "divertido",
mas um pouco mais...
como um jogo e um desafio.
Teve origem numa rádio,
no "Freestyles" da Radio 1 Extra,
há cerca de dois anos e meio ou três anos.
Como uma brincadeira, o DJ me disse:
"Eis uma lista de 27 peças de Shakespeare.
Tente encaixá-las em um estilo livre".
Por sorte, conseguimos, não sei como;
tivemos uns dez minutos.
Não foi um estilo livre real,
no sentido mais verdadeiro,
mas fizemos como uma música
que, posteriormente, colocamos no álbum.
A primeira parte contém
27 peças de Shakespeare,
e as partes seguintes
contêm 16 das citações mais famosas
de Shakespeare entrelaçadas.
É intitulada "Comedy, Tragedy, History".
Podem procurar na web, e é assim.
Vou fazer aqui; vamos ver como vai ser.
"Akala é um garoto brilhante.
Você é 'A Comédia dos Erros'.
Seus berros são música aos amigos.
Faço minha parte,
você é invejosa como 'Otelo'.
Quem é você? O que vai fazer?
'A Megera Domada'
no 'Sonho de uma Noite de Verão'.
Não somos 'Romeu e Julieta'.
Sou 'Júlio César', está bem?
'O Mercador de Veneza' não vendeu seu CD,
mas 'Bem Está o que Bem Acaba'.
Seu filho é como 'Macbeth';
você, para o inferno.
É 'Medida por Medida',
'As Alegres Comadres de Windsor'
e não 'Rei Lear'.
Conheço o 'Timão de Atenas'.
Quando eu voltar como 'Hamlet', você paga.
Garoto Akala faz 'Como Quiserem'.
É 'Muito Barulho por Nada'.
Estou tenso, não preciso
da 'Noite de Reis'.
'A Tempestade' já passou.
Claro que sou o único com a força.
Você é história como 'Henrique IV'.
Sou fogo; as coisas estão terríveis.
É melhor correr como 'Péricles'.
Fora da escala,
frio como 'Conto do Inverno',
'Tito Andrônico' estava
fadado ao fracasso."
São 27 peças.
(Risos)
Prestem atenção.
(Aplausos)
E há um final que contém 16 das citações
mais famosas de Shakespeare.
"'O homem sábio sabe que é um tolo.'
'Não tentes um homem
desesperado' com um bolo.
Por que tiras de Pedro e pagas a Paulo?
'Alguns elevam-se pelo pecado,
outros caem pela virtude.'
E se ganhares o mundo?
Mas vender a alma é profundo?
'O mundo é minha ostra', e estou faminto.
Queres saber como me sinto.
Não é piada, espero que não ria.
Poeta ou pobre, como me definiria?
Sou eloquente, embora residente
na cidade distante seja irrelevante.
'Aquilo a que chamamos rosa, mesmo
com outro nome, cheiraria igualmente bem.'
Sou poeta, inteligente como 'o Bardo'.
Fazer rap não é um fardo.
Akala, Akala, 'por que és tu?'
Rap de Shakespeare e o segredo nu.
'O acaso me poderá coroar', é meu destino.
Tu ainda falas que é um desatino.
Devoras covardes, milhares com certeza.
Sabes que 'o nome do rei é uma fortaleza'?
Nunca deves falar isso, não há segredos.
Ensino tese, como os antigos gregos.
Não há desculpas, 'no olho da mente',
vejo as coisas adequadamente.
Parar-me, não, nunca poderia.
'Tenho uma vida encantada' que mudaria.
Com certeza, 'espadas, só na língua',
para acabar com toda a míngua.
'As carriças fazem presas
onde as águias não ousam pousar.'
Não sou bom em falar
e amaldiçoo para rimar.
Com os versos sou o primeiro
a ensaiar bem ligeiro.
'Fora com sua cabeça' e não se esqueça.
Rap com Akala, 'apesar de ser
loucura, revela método.'
'Espadas, só na língua' e com paixão,
faço rap sem perdão.
À moda militar, o padrão de meu rap
não há quem negue.
Tenho mais anéis do que Saturno.
Versos não me deixam taciturno.
Akala, de Shakespeare faz rap.
Não quiseste ouvir, mas tu deves.
Rico como joia na 'orelha de um etíope'.
Fales para quem não viu ou é míope."
Foi um prazer.
(Aplausos) (Vivas)