(Mark Bradford em)
(Arte no século vinte e um)
(música tranquila)
(Mark) Quer saber?
Vamos só montar.
(Homem) E depois
nós ajustamos.
(Mark) Sim, e se der problema,
a culpa é toda sua. (risos)
Nunca minha. (risos)
(Homem) Como você fez isso?
Porque esses eram propagandas?
(Mark) Sim, nas cercas.
Eu só pego as propagandas
que tem relação com negócios.
Depois das revoltas,
queimaram tantos prédios
que botaram essas
cercas ao redor
e assim todo mundo começou
a usar cercas para essas placas.
Mas você vê essas mesmas coisas,
o tempo todo, no gueto.
Grana.
Para as suas casas. É tipo grana,
compramos suas casas.
Eu gosto desta.
Papeis de imigração
em 30 dias.
Como isso é possível?
Mechas para cabelo.
Pessoas negras e cabelo.
Eu pego barbante, sabe, fio
cola, tudo que tiver perto
e então pego o papel do outdoor
e eu viro para o verso,
não o lado bom,
mas o do avesso.
Boto no chão,
deixo secar e tipo...
e aí eu lixo.
(Mark imita som de lixa)
E outros, eu não faço, não pode...
A linguagem toda se foi,
um pouco se foi,
às vezes funciona melhor.
(Homem) É só...
(Mark) É, é só informação na cidade,
você vê o tempo todo.
Achei alguns...
Ah, isso é bacana.
Uhum. Uma cabeça.
Vou colocar isso aqui.
Minha prática é colagem
e decolagem ao mesmo tempo.
Hm, bem aqui.
Como fica?
(adesivos sendo arrancados)
Decolagem, eu tiro, e então, colagem
eu imediatamente boto de volta.
Às vezes, você precisa
não colocar coisas no topo.
(pano esfregando)
Precisa recuperar algo
que está embaixo do fundo.
(barulho de motor de serra)
Cadê aquele "S"?
Cadê aquele "S"?
Eu guardei.
Garantir que a cores
estejam certas.
Ok.
A linha da minha criação ou
da minha prática artística
começa na minha infância,
mas não é um passado artístico,
é um passado de trabalho.
É, está bom.
Eu fazendo a placa dos preços
no salão da minha mãe,
eu era o responsável,
então eu fazia caligrafia.
Eu aprendi como...
Ensinar...
Eu me ensinei caligrafia,
para deixá-las muito,
muito bonitas na parede.
Então a mão... A mão foi
muito cedo no meu trabalho.
Sinalização, textos,
mas não perfeitos.
Sempre ficava um pouco fino no final
porque eu não media corretamente.
Mas dava certo. Ela sempre dizia:
Ah, na próxima, tá ok.
Quando eu aumentar os preços
você vai ter outra chance."
(risos)
Sim, o criador...
Eu sempre fui um criador.
Em "Daddy, Daddy, Daddy", eu estava
usando materiais que tinham memória.
Memória de trabalhar
no cabeleireiro
e estava usando
vários papeis para pontas.
Papeis para pontas são usados
quando se faz um permanente.
Também estava pensando muito
em música na época.
Fragmentos de música.
então "Daddy, Daddy, Daddy"
meio que veio disso.
"Black Venus" foi uma
das pinturas estilo mapa.
Estava pensando muito em cartografia
e também na história da abstração
porque, de várias formas eu vejo
mapas como essas grades abstratas.
Baldwin Hills é onde gente
negra rica de Los Angeles vive.
Então eu sai dirigindo
e cheguei num endereço,
e eu inventei uma história
imaginária sobre quem vivia lá.
Na verdade, eu botei esse endereço
no Google e no Google Maps.
Então foi ficando mais e mais
enfiado na minha imaginação.
Adoro futebol.
E decidi que eu
queria construir
minha própria liga
imaginária de jogadores.
"Game Recognizes Game",
foi a maior obra, na verdade,
que eu fiz até hoje,
e eu adoro a heroicidade
frágil dela.
E foi toda construida de papel.
Foi a primeira vez que eu aproximei
um quadro e uma escultura,
e eu meio que estava tentando
ativar uma terceira coisa.
"Los Moscos" foi mesmo eu
querendo lidar diretamente
com os problemas
da abstração,
do modernismo,
do expressionismo abstrato,
realmente meio que
explodiu para mim.
Pessoas dizem que elas são colagens,
eu só acho que elas são quadros,
sabe, está na tela,
é um quadro.
Na CalArts, o que eu descobri
foram os corpos de ideias.
Nunca soube o que era
a condição pós-moderna,
nunca tinha
ouvido falar.
Nunca soube de Foucault
e bell hooks e Cornel West.
Nunca li esses tipos de textos,
mas eu vivi com pessoas que
estavam vivendo esses tipos de vidas,
e lembro de chegar em casa
e contar para a minha mãe,
"Ah, você é pós-moderna."
Ela disse:
Que gentileza."
Então, senti que descobri amigos
nesses livros, nesses escritores.
Senti que... Eu descobri essas
pessoas revolucionárias
que estavam fazendo essas
coisas revolucionárias.
então foram esses textos
que me deixaram muito
muito, muito,
muito entusiasmado.
Eu queria criar...
a sensação de estar
dentro e fora de casa
ao mesmo tempo.
Quando você entra, um lado
está coberto de informação.
Do lado oposto,
você tem o reflexo
desses posters
de vendedores.
nessa espécie
de corredor espelhado.
Tem meio que esse
efeito de casa de diversões.
(passos_
Esse tipo de propaganda que se vê
principalmente em cercas ciclônicas,
tem um relacionamento
com o corpo.
É sobre as condições que
estão acontencendo
nesse momento em particular
nesse lugar em particular.
(Esse filho é seu?
Teste de DNA)
Tem "Elimina 100%
Das Baratas"
ao lado de "Você é
um Barbeiro licenciado?"
mas se colocar ""Meu filho falou papai"
bem do lado de
"Como abrir uma instalação de vida sóbria"
e "Cabelo Indígena Lifetime"
é mesmo uma história que
começa a se desenrolar.
Ao percorrer esse corredor,
você chegar em
um quarto menor...
e ouve música.
(música)
Você ouve pessoas celebrando.
Têm dois vídeos
em paredes opostas.
(música de marcha)
Um vídeo é do Desfile do Dia
de Martin Luther King, em Los Angeles.
(música continua)
E você vê pessoas que estão
lembrando dessa figura política.
(música continua)
O outro é de um mercado
no Egito.
(música continua)
Este mercado noturno real
é apenas para muçulmanos.
(música continua)
Estão em paredes opostas,
mas estão se encarando.
(música continua)
Eu vou para o desfile todo ano.
Certos detalhes se percebem
de novo e de novo e de novo.
Como o policiamento.
Tem tanto policiamento
da desfile quanto um desfile.
Cada quadro e eu não tentei
botar polícia neles,
ela só estava
em todos os quadros.
(música continua)
Ver tantos corpos negros
em um local público,
é sempre político.
Sempre uma condição política.
(música continua)
Do lado do Cairo,
não tem polícia nenhuma,
não tem nenhum policiamento,
só tem famílias
se divertindo juntas.
Mas o corpo muçulmano ficou
tão carregado politicamente
que o espaço, por consequência,
é carregado.
(música de marcha)
São ambos locais politizados.
Mas ao mesmo tempo,
são também sobre celebração.
Percebi que a minha prática artística
é muito detalhada e intensiva
e acho que é uma forma de me fazer
ir devagar para que eu possa me ouvir pensar,
para eu poder ouvir as vozes
um pouco mais quietas,
para que eu talvez possa ouvir a decisão
que pode vir que é um pouco menos grande.
Essa voz mais silenciosa às vezes tem a ideia
mais interessante, se eu conseguir ouvi-la.
Ainda não sei como
isso vai pendurar.
Ainda nem sei...
Na minha opinião, eu gosto
com as tachas nele,
mas, talvez com
tachas coloridas brilhantes.
Não tenho certeza
de como vai pendurar.
Só pensei em colocar em uma caixa,
enviar para lá,
empilhar e colocar numa caixa.
Fazendo essa peça
para o Brasil.
E agora é o Brasil.
Tipo, você tá fazendo uma peça
em um estúdio em L.A.
e está pensando no Brasil,
tá entendendo?
Você nunca esteve no Brasil.
(Mark) É isso?
(Falante) Sim.
(Mark) Bom, eu acho...
Eu acho que funciona.
Tcharam! (risos)
Pratice foi um vídeo que
eu fiz alguns anos atrás,
e eu queria fazer um vídeo
meu jogando basquete.
Mas eu queria criar
uma condição, uma dificuldade.
Eu criaria essa saia de aro antebellum
com um uniforme do Lakers.
Meu objetivo era focar no drible
no basquete e em acertar a cesta,
mas, obviamente, quando se tem
uma saia antebellum se espalhando
a 1,20m ao seu redor,
isso vai ficar difícil.
E era um dia que estava ventando
incrivelmente forte, um desses
dias ventosos de Santa Anna,
ao sul da California,
onde tudo estava ventando.
o que isso criou foi
esse balão de vento.
Ele se prendia
por debaixo do vestido.
Quase parecia que
eu estava flutuando.
E eu caia e me levantava.
Eu podia acertar a cesta às vezes
sim e às vezes não, e eu sempre me levantava.
Era sobre esses bloqueios
em cada nível,
cultural, de gênero, racial,
seja lá o que fossem, estavam aqui.
É importante continuar.
Você segue em frente.
Você continua e
era isso que era.
E eu acertei a cesta.
Eu acertei a cesta.
Eu sempre acerto a cesta.
Às vezes demora um pouco
para eu chegar lá.
Mas eu sempre marco o ponto.
(música animada)
Para saber mais sobre Art21,
arte no século XXI
e seus recursos educacionais,
por favor nos visite online
em PBS.org
(música continua)
"Art21, arte no século XXI"
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O livro de acompanhamento
do programa também está disponível.
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em 1-800-PLAY-PBS
(obrigado)
(música continua)