O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas Em 1814, o Imperador francês Napoleão Bonaparte foi exilado na ilha de Elba, fora da costa da Itália. Temendo uma tentativa de resgate, seus captores britânicos atiravam em qualquer um que viesse em terra. Idiotas. Levem o capitão além dos corais até que consigamos permissão para desembarcar. Por um segundo, achei que fosse me abandonar. Fernand Mondego não abandona os amigos diante de perigos tolos e suicidas. No entanto, como representante oficial de Monsieur Morell nessa viagem, Edmond, Eu devo lhe informar oficialmente que foi além seus deveres como 2º imediato. Oficialmente. Pronto. Dever cumprido. Se não o levarmos a um médico, ele vai morrer. Entende isso? Claro que entendo. Só não me peça para fazer isso sóbrio. Certo. Dragões ingleses. Olá! Dantes, não! - Meio descuidado, não? - Temos que falar com alguém. Eu sei, mas- Somos marinheiros franceses! - Precisamos de socorro médico! - Vamos. Vamos. - Viemos em paz. - Venha. Não queremos fazer mal! Edmond! Anda! Sobe! Cuidado! Fernand! Que bom. Finalmente acertou alguma coisa. Tenente Graypool. Se a sua sede de sangue demanda a morte desses pobres tolos, vá em frente e atire, Mas esteja ciente de que não são agentes meus. Agora expliquem-se, ou sejam mortos. Senhor, eu sou Edmond Dantes, segundo imediato do navio mercante Pharaon, a caminho de casa, em Marselha. Este é o representante do dono do navio, Monsieur Fernand Mondego, filho do Conde Mondego. Nosso capitão contraiu meningite, então aportamos aqui atrás de ajuda. Se o coma for genuino, ele não vai sentir a minha faca, vai? Só arranhe. Edmond! - Tenente Graypool! - Viemos aqui de boa-fé! - Isso foi pelos homens que feriram. - E pelo orgulho ferido, sem dúvida. Foi uma noite agitada. Se eu não tivesse atirado nos dragões, você estaria em pedaços na praia neste momento. - Eu quase nos matei. - De fato. E mesmo assim... estamos vivos. Dê-me mais uma garrafa de vinho... U-hu! Dê-me mais uma garrafa de vinho... O rei é seu, Mondego. Ser seu amigo sempre é uma aventura. É mesmo, não é? Pena que aventureiros nem sempre possam ser amigos, não é? O que? Bom, não vai ser assim para sempre, vai? - Do que está falando? - Nada demais. Beba. Estamos bebendo o vinho de Napoleão Bonaparte. Eu creio que vão achar a safra de 1806 a melhor. Já que ainda estão de pé, Monsieur Dantes, será... ...que podemos conversar? Estou curioso. Qual o significado da peça de xadrez? É algo que fazemos desde crianças. Quando um de nós conquista uma vitória, é o rei do momento. - Rei do momento? - Sim. Na vida, somos todos reis ou peões. Fico comovido com seu esforço para salvar seu capitão, Dantes. Ele é meu capitão... e também meu amigo, Majestade. Amigos leais são mesmo uma raridade. Na verdade, é sobre isso que desejo falar. Eu escrevi uma carta sentimental para um velho camarada em Marselha. É um lado meu que queria que os ingleses não vissem. Já que eles têm o hábito de abrir minhas cartas, será que pode entregá-la para mim? Ah, e-eu não- É só uma carta de um velho soldado a outro. Totalmente inocente, eu lhe garanto. Mas, mais importante, é o preço que cobro pelos serviços de meu médico. Então eu aceito. Ótimo. Deve entregar a carta a Monsieur Clarion. - Consegue lembrar? - Monsieur Clarion. Como o encontro? Ah, ele o encontrará. Agora, ninguém mais deve saber da existência dessa carta. Nem mesmo seu ébrio amigo lá atrás. Estamos entendidos? Sou um homem de palavra, Majestade. Sim, eu... acredito que seja. O que ele queria? Ah, hum... notícias da França. Só isso. Hora de seguir viagem. Seu capitão morreu há meia hora. Tem certeza? Quando você esteve em tantos campos de batalha quanto eu, jovem Dantes, você consegue sentir a morte. Reis e peões, Marchand. Imperadores... e tolos. MARSELHA Mais rápido! TRANSPORTES MORRELL E COMPANHIA Danglars. O que aconteceu? O Capitão Reynaud morreu, senhor. E Edmond Dantes desobedeceu minhas ordens. Venha ao meu escritório com um relatório, Danglars. - E você também, Edmond. - Vai precisar de mim, Monsieur Morrell? Vá. Mercedes. - Cadê ele? Cadê Edmond? - Maravilhoso te ver, também. Ele acabou de entrar. Pode demorar um pouco. Acho que está encrencado. Ele disse que nos encontraria nas pedras. Vamos. Eu mandei que Dantes não desembarcasse. É verdade? Eu assumo toda a responsabilidade. E deveria mesmo. Foi tudo ideia dele, monsieur. Devia ter sido ideia sua. Aportar em Elba não salvou o capitão, Monsieur. - Eu estava protegendo a mercadoria. - Você estava se protegendo... se escondendo atrás de seu posto e ficando à bordo. Edmond Dantes, eu estou nomeando você como o novo capitão do Pharaon. Você está me rebaixando?! Não houve rebaixamento. Continua primeiro imediato, sob o capitão Dantes. A menos, é claro, que prefira procurar outro navio. Agora, eu imagino que haja uma certa moça... que vai querer saber das novas. Obrigado! Monsieur Morrell? Eu soube que um de seus navios acaba de retornar de Elba, monsieur. Sim. Por acaso alguém a bordo foi em terra? Sim, mas não estão aqui no momento. Obrigado, monsieur. - Quem perguntou por eles? - Clarion. Meu nome é Clarion. - Faça amor comigo. - Você nunca desiste? - Ele não precisa saber. - Eu saberia. Eu também. - Seria nosso segredo. - Eu não acredito em segredos. Você acha que Edmond não tem segredos? Claro que tem, pergunte a ele. - Eu sei o que você quer, Fernand. - Sabe? Lembra-se de quando éramos crianças e Edmond ganhou um apito de aniversário enquanto você ganhou um pônei? Você ficou furioso porque ele estava mais feliz com o apito que você com o pônei. Eu não vou ser seu novo apito. Quanto tempo acha que vai demorar para ele poder bancar uma esposa? Dois anos. Não mais que dois anos. Então ele se tornará capitão e poderemos nos casar. Dois anos? Eu não esperaria dois anos por nada, especialmente por uma noiva como você. Ei! - Lá está ele! - Ei! - Uhu! - Mercedes! Senti tanto sua falta... A falta já acabou. - Está com problemas? - Não. Virei capitão. Venha. Monsieur Morrell me deu o Pharaon. Edmond! O rei é meu. A sua vida é mesmo abençoada, Edmond. Venha. - Você ainda é o padrinho. - Eu sei. Vem! Pare com isso. Vai ficar careca. Você esconde segredos de mim? Segredos? Não. Por quê? Pergunte o que quiser e eu te direi. Não temos mais que esperar dois anos. - Assim que eu tiver dinheiro para o anel- - Eu não preciso de um anel. Não preciso. Este será meu anel. E não importa o que aconteça, você nunca o verá fora do meu dedo. Nunca.