O Conde de Monte Cristo
de Alexandre Dumas
Em 1814, o Imperador francês
Napoleão Bonaparte foi exilado
na ilha de Elba, fora da costa da Itália.
Temendo uma tentativa de resgate,
seus captores britânicos atiravam
em qualquer um que viesse em terra.
Idiotas.
Levem o capitão além dos corais até que
consigamos permissão para desembarcar.
Por um segundo, achei
que fosse me abandonar.
Fernand Mondego não abandona os amigos
diante de perigos tolos e suicidas.
No entanto, como representante oficial
de Monsieur Morell nessa viagem, Edmond,
Eu devo lhe informar oficialmente que
foi além seus deveres como 2º imediato.
Oficialmente. Pronto.
Dever cumprido.
Se não o levarmos a um médico,
ele vai morrer. Entende isso?
Claro que entendo.
Só não me peça para fazer isso sóbrio.
Certo.
Dragões ingleses.
Olá!
Dantes, não!
- Meio descuidado, não?
- Temos que falar com alguém.
Eu sei, mas-
Somos marinheiros franceses!
- Precisamos de socorro médico!
- Vamos. Vamos.
- Viemos em paz.
- Venha.
Não queremos fazer mal!
Edmond!
Anda! Sobe!
Cuidado!
Fernand!
Que bom. Finalmente acertou alguma coisa.
Tenente Graypool.
Se a sua sede de sangue demanda
a morte desses pobres tolos,
vá em frente e atire,
Mas esteja ciente de que
não são agentes meus.
Agora expliquem-se, ou sejam mortos.
Senhor, eu sou Edmond Dantes,
segundo imediato do navio mercante
Pharaon, a caminho de casa, em Marselha.
Este é o representante do dono do navio,
Monsieur Fernand Mondego,
filho do Conde Mondego.
Nosso capitão contraiu meningite,
então aportamos aqui atrás de ajuda.
Se o coma for genuino,
ele não vai sentir a minha faca, vai?
Só arranhe.
Edmond!
- Tenente Graypool!
- Viemos aqui de boa-fé!
- Isso foi pelos homens que feriram.
- E pelo orgulho ferido, sem dúvida.
Foi uma noite agitada.
Se eu não tivesse atirado nos dragões,
você estaria em pedaços
na praia neste momento.
- Eu quase nos matei.
- De fato.
E mesmo assim... estamos vivos.
Dê-me mais uma garrafa de vinho...
U-hu!
Dê-me mais uma garrafa de vinho...
O rei é seu, Mondego.
Ser seu amigo sempre é uma aventura.
É mesmo, não é?
Pena que aventureiros nem sempre
possam ser amigos, não é?
O que?
Bom, não vai ser assim para sempre, vai?
- Do que está falando?
- Nada demais. Beba.
Estamos bebendo o vinho de
Napoleão Bonaparte.
Eu creio que vão achar
a safra de 1806 a melhor.
Já que ainda estão de pé,
Monsieur Dantes, será...
...que podemos conversar?
Estou curioso. Qual o significado
da peça de xadrez?
É algo que fazemos desde crianças.
Quando um de nós conquista uma vitória,
é o rei do momento.
- Rei do momento?
- Sim.
Na vida, somos todos reis ou peões.
Fico comovido com seu esforço
para salvar seu capitão, Dantes.
Ele é meu capitão...
e também meu amigo, Majestade.
Amigos leais são mesmo uma raridade.
Na verdade, é sobre isso que desejo falar.
Eu escrevi uma carta sentimental
para um velho camarada em Marselha.
É um lado meu que queria
que os ingleses não vissem.
Já que eles têm o hábito
de abrir minhas cartas,
será que pode entregá-la para mim?
Ah, e-eu não-
É só uma carta
de um velho soldado a outro.
Totalmente inocente, eu lhe garanto.
Mas, mais importante, é o preço que cobro
pelos serviços de meu médico.
Então eu aceito.
Ótimo.
Deve entregar a carta a Monsieur Clarion.
- Consegue lembrar?
- Monsieur Clarion. Como o encontro?
Ah, ele o encontrará.
Agora, ninguém mais deve saber
da existência dessa carta.
Nem mesmo seu ébrio amigo lá atrás.
Estamos entendidos?
Sou um homem de palavra, Majestade.
Sim, eu... acredito que seja.
O que ele queria?
Ah, hum... notícias da França. Só isso.
Hora de seguir viagem.
Seu capitão morreu há meia hora.
Tem certeza?
Quando você esteve em tantos
campos de batalha quanto eu, jovem Dantes,
você consegue sentir a morte.
Reis e peões, Marchand.
Imperadores... e tolos.
MARSELHA
Mais rápido!
TRANSPORTES MORRELL E COMPANHIA
Danglars. O que aconteceu?
O Capitão Reynaud morreu, senhor.
E Edmond Dantes desobedeceu minhas ordens.
Venha ao meu escritório
com um relatório, Danglars.
- E você também, Edmond.
- Vai precisar de mim, Monsieur Morrell?
Vá.
Mercedes.
- Cadê ele? Cadê Edmond?
- Maravilhoso te ver, também.
Ele acabou de entrar.
Pode demorar um pouco.
Acho que está encrencado.
Ele disse que nos encontraria
nas pedras. Vamos.
Eu mandei que Dantes não desembarcasse.
É verdade?
Eu assumo toda a responsabilidade.
E deveria mesmo.
Foi tudo ideia dele, monsieur.
Devia ter sido ideia sua.
Aportar em Elba
não salvou o capitão, Monsieur.
- Eu estava protegendo a mercadoria.
- Você estava se protegendo...
se escondendo atrás de seu posto
e ficando à bordo.
Edmond Dantes, eu estou nomeando você
como o novo capitão do Pharaon.
Você está me rebaixando?!
Não houve rebaixamento.
Continua primeiro imediato,
sob o capitão Dantes.
A menos, é claro,
que prefira procurar outro navio.
Agora, eu imagino que haja
uma certa moça...
que vai querer saber das novas.
Obrigado!
Monsieur Morrell?
Eu soube que um de seus navios
acaba de retornar de Elba, monsieur.
Sim.
Por acaso alguém a bordo foi em terra?
Sim, mas não estão aqui no momento.
Obrigado, monsieur.
- Quem perguntou por eles?
- Clarion.
Meu nome é Clarion.
- Faça amor comigo.
- Você nunca desiste?
- Ele não precisa saber.
- Eu saberia.
Eu também.
- Seria nosso segredo.
- Eu não acredito em segredos.
Você acha que Edmond não tem segredos?
Claro que tem, pergunte a ele.
- Eu sei o que você quer, Fernand.
- Sabe?
Lembra-se de quando éramos crianças
e Edmond ganhou um apito de aniversário
enquanto você ganhou um pônei?
Você ficou furioso porque
ele estava mais feliz com o apito
que você com o pônei.
Eu não vou ser seu novo apito.
Quanto tempo acha que vai demorar
para ele poder bancar uma esposa?
Dois anos. Não mais que dois anos.
Então ele se tornará capitão
e poderemos nos casar.
Dois anos? Eu não esperaria
dois anos por nada,
especialmente por uma noiva como você.
Ei!
- Lá está ele!
- Ei!
- Uhu!
- Mercedes!
Senti tanto sua falta...
A falta já acabou.
- Está com problemas?
- Não. Virei capitão. Venha.
Monsieur Morrell me deu o Pharaon.
Edmond!
O rei é meu.
A sua vida é mesmo abençoada, Edmond.
Venha.
- Você ainda é o padrinho.
- Eu sei.
Vem!
Pare com isso. Vai ficar careca.
Você esconde segredos de mim?
Segredos? Não.
Por quê?
Pergunte o que quiser e eu te direi.
Não temos mais que esperar dois anos.
- Assim que eu tiver dinheiro para o anel-
- Eu não preciso de um anel. Não preciso.
Este será meu anel.
E não importa o que aconteça,
você nunca o verá fora do meu dedo.
Nunca.
Olá, meu caro e jovem senhor.
Que tal se sentar comigo?
Então me diga, Mondego,
como foi ficar amigo
daquele almofadinha do Edmond Dantes?
Ele se diz meu amigo,
mas tem a audácia
de esconder segredos de mim.
Que segredos?
Ao novo capitão do Pharaon,
Tudo que sou devo a você, pai.
Que esse momento feliz
seja apenas o começo
de uma vida longa
e maravilhosa para os dois.
- Quem de vocês é Edmond Dantes?
- Sou eu.
Edmond Dantes, você está preso
por ordem do magistrado de Marselha.
- Preso?
- Acusado de quê?
Essa informação é sigilosa. Levem-no.
Eu exijo uma explicação.
Eu exijo uma explicação!
Eu volto ainda hoje.
Não se preocupe, pai, é um engano.
Meu Deus.
Bom, devo dizer, Dantes,
não tem cara de traidor.
Traidor?
Agora me escute bem, Dantes,
sua vida pode depender disso.
Você teve contato pessoal
com Napoleão em Elba?
Elba, sim, tive. Bom, nós tivemos.
Eu estava com o filho do Conde Mondego,
Fernand, quase o tempo todo.
- Conhece Fernand?
- Conheci recentemente, sim.
Ah, graças a Deus. Ele me apoiará.
Sem dúvida, mas disse
"quase o tempo todo".
Exceto quando Napoleão me pediu
para entregar uma carta pessoal
a um amigo em Marselha.
Bom, Dantes, é por ter aceitado
esse correio traiçoeiro
que foi denunciado por
seu primeiro imediato, Monsieur Danglars.
- O que?
- Chegou a entregar a carta?
Não, senhor, alguém devia me procurar.
Ainda- Ainda está em meu casaco. Aqui.
- Leu esta carta?
- Não, senhor. Eu não sei ler.
Bom, Dantes, essa é uma carta
a um dos agentes de Napoleão.
Ela contém os horários e lugares
das patrulhas inglesas em Elba.
Senhor, juro sobre o túmulo
de minha mãe, que não sabia.
Ele me jurou que o texto era inocente.
Não, é você que é inocente.
Tolo e inocente.
Creio que sejam os piores crimes
de que podemos acusá-lo.
Por sorte, como interceptei
esse documento, não houve dano.
Só Deus sabe como vai sobreviver
neste mundo, Edmond Dantes.
Mas não é um traidor.
Pode ir.
Obrigado, senhor.
Espere, hã, Napoleão disse
quem receberia a carta?
Monsieur Clarion.
Pode repetir?
Monsieur Clarion.
Disse esse nome a mais alguém?
Monsieur Mondego ou outra pessoa?
Não senhor, na verdade Monsieur Mondego
nada sabe desta carta.
Essa informação é muito perigosa.
Cuidado nunca é demais em tempos assim.
- Não acha?
- Sim senhor.
Já lhe causei muito estresse.
Como desculpas, minha carruagem
o deixará em casa.
É por aqui.
Obrigado.
Monsieur Villefort? Monsieur Villefort?
Monsieur Villefort!
Aonde estão me levando?
Isso é um engano.
Me deixaram ir para casa.
- De agora em diante, sua casa é a
prisão do Chateau d'If.
Não! Não! Não!
- Ei!
Abram fogo!
Montem! Atrás dele!
Fernand!
Fernand!
- Monsieur?
- Tudo bem, lá está ele. Fernand!
Eu fui preso por traição.
Quase não consegui escapar.
Quando estávamos em Elba,
Napoleão me deu uma carta,
Eu não contei porque ele
me fez jurar segredo.
Disse que era para um velho amigo,
mas o maldito mentiu pra mim!
Mentiu! Era para um agente dele.
De algum jeito as autoridades souberam,
eu não sei o que fazer!
Há policiais a cavalo atrás de mim.
Tudo bem, só temos
que pensar com calma.
Espero não ter te prejudicado.
Queria pedir ajuda ao seu pai.
Ele está em Paris, muito doente.
- Quanta vantagem tem dos policiais?
- Minutos.
- Quer dinheiro?
- Sim, por favor.
- Tem uma pistola?
- É claro que não.
Ótimo.
Pare com isso, Fernand,
Não temos tempo.
Eu vi Napoleão lhe dar a carta.
Foi você?!
Bom, não fui só eu.
A ideia foi do Danglars.
Por que não falou comigo primeiro?
Porque escondeu segredos de mim?
Achei que fosse meu amigo.
Eu disse que dei minha palavra a Napoleão.
Ele mentiu para mim!
Eu sei, Edmond. Eu li a carta.
Você- Você leu?
Por que está fazendo isso?
É complicado...
Complicado.
Não seja ridículo.
- Saia do meu caminho.
- Não posso deixá-lo ir, Edmond.
Fique longe da janela.
Não me obrigue a arrancar sua mão!
Por quê?! Por tudo que é de Deus, por quê?!
Porque você é filho de um empregado!
E não é para eu querer ser como você!
- Aqui!
- Aqui!
- Peguem-no!
- Esperem.
Alto, alto.
Para lembrar dias melhores.
Vamos!
Eu disse que não ia ser
assim para sempre, Edmond.
Pai! Onde ele está?
No escritório. O que ele fez agora?
Agora escute aqui, pai,
Eu sou o chefe dos magistrados,
um oficial do novo regime.
Não posso ter meu próprio pai
envolvido em casos de traição!
Sabe...
No final, traição é só
uma questão de data.
Eu serei o patriota,
e você o traidor, quando o imperador retornar.
Pare, Pare, seu velho tolo.
Esses dias acabaram.
Napoleão Bonaparte não é mais
imperador de nada.
Se continuar a se envolver
com essa loucura,
terá uma ótima chance
de ser preso e arruinar nossa família
por causa de suas lealdades idiotas.
Pelo menos eu tenho lealdade.
Pelo amor de Deus, pai,
o que a Valentina está dizendo
é que, como uma família,
nossos destinos estão ligados.
- Com certeza enxerga isso.
- Exergar? Ah!
Sou um velho tolo.
Não exergo tão bem quanto antes.
Com sua licença.
CASTELO D'IF
Ande.
Ande.
Bem-vindo Monsieur Dantes.
Eu sou Armand Dorleac,
diretor do Castelo D'If.
Monsieur, eu sei que deve
ouvir muito isso,
mas lhe garanto que sou inocente.
Todos dizem isso, eu sei,
mas eu sou mesmo...
- ...inocente.
- Sim.
Eu sei. Eu sei de verdade.
- Está zombando de mim?
- Não, meu caro Dantes.
Eu sei muito bem que é inocente.
Por que outra razão estaria aqui?
Se fosse mesmo culpado,
há centenas de prisões pela França
onde seria trancafiado,
mas o Castelo D'If é onde colocam
os que lhes dão vergonha.
Vamos olhar seus aposentos, que tal?
"Deus me dará justiça".
As pessoas estão sempre
tentando se manter motivadas.
Alguns fazem calendários,
mas logo perdem o interesse, ou morrem.
- Tem uma janela.
- Só me sobra uma parede feia.
Então eu criei um outro jeito
de marcar o tempo para os prisioneiros.
Todo ano, no aniversário de suas prisões,
nós os ferimos.
Geralmente só uma surra, mesmo.
Mas, no primeiro dia aqui,
como hoje para você,
eu gosto de fazer algo realmente especial.
E se estiver pensando agora
"Por que eu, Deus?",
a resposta é que Deus não
tem nada a ver com isso.
Na verdade, Deus não vêm à França
nessa época do ano.
Deus tem tudo a ver com isso.
Ele vê tudo. Está em todo lugar.
Tudo bem.
Vamos fazer um acordo, que tal?
Você pede a ajuda de Deus,
e eu paro assim que ele aparecer.
Monsieur Villefort, não soube?
- Napoleão fugiu de Elba!
- O quê?
Aportou a cem milhas daqui.
Está marchando até Paris!
Arrumem todos os arquivos. E mandem
aquele idiota pegar o livro de registro!
Viemos apelar o caso de
Edmond Dantes, Excelência - Agora não!
Dantes?
Não nos conhecemos, monsieur. Eu sou
Fernand Mondego, filho do Conde Mondego.
Estou aqui para jurar
pela inocência de Edmond Dantes.
Este é seu empregador, Monsieur Morrell,
seu pai, e sua noiva, Mercedes.
Edmond Dantes é acusado de alta traição.
- Mesmo assim o apoia?
- Claro que sim.
E se eu dissesse que Dantes
também é acusado de assassinato?
- Assassinato?
- Edmond nunca faria algo assim.
Dantes carregava uma carta
de Napoleão a um agente seu.
Quando tentamos prendê-lo,
ele matou um de meus homens.
Não, se o conhecesse, monsieur,
saberia que isso não é possível.
Por favor, piedade.
Você tem provas dessa traição?
Isso é assunto do governo.
Por favor. Por favor,
só nos diga onde ele está.
Não posso, mademoiselle.
Ele foi entregue aos homens do rei.
Compreendo sua dor
ao saber de sua traição.
Mas meu conselho a todos
é que esqueçam Edmond Dantes,
especialmente mademoiselle.
Ache forças no apoio
de seu bom amigo aqui...
e talvez algo de bom venha
desse evento infeliz.
Agora, se me derem licença.
Tenho coisas a fazer.
Meu filho não é traidor!
Eu vou tentar convencê-lo.
- Vamos deixar Fernand cuidar disso.
- É impossível. Nunca...
Não vou desistir do Edmond ainda.
Nunca vou esquecer de sua gentileza.
E eu nunca vou deixar de ser gentil.
Não é que eu não aprecie
os enfeites do crime,
mas mesmo assim, assassinato?
Na verdade é bem simples.
Quando denunciou que Dantes
tinha recebido a carta,
não consegui entender
por que você o trairia,
mas depois de ver uma noiva tão bonita,
eu entendo perfeitamente.
O que o leva a ser tão prestativo?
Sente-se, Mondego.
Volte aqui!
Volte aqui!
Qual é o meu crime?! Qual é o meu crime?!
Eu sou inocente!
Fica doravante informado que Edmond Dantes
foi executado por traição
em 12 de setembro.
O honorável J.F. Villefort
Feliz aniversário, Dantes.
Até o ano que vem.
Já faz mesmo quatro anos, Delius?
Ou Danton? Qual o nome dele mesmo?
Perdoe a minha invasão.
Achei que estava...
cavando na direção do muro exterior.
Você fala inglês?Italiano?
Eu sou o Abade Faria.
Prisioneiro do Castelo D'If há 11 anos.
Cinco dos quais foram gastos
cavando este túnel.
Há 72.519 pedras nas minhas paredes.
Eu já contei várias vezes...
Ainda não deu nome a elas?
Eu já fiquei assim.
Mas eu prometo que isso passa.
Eu prometo. Prometo.
Agora...
Posso subir nos seus ombros?
Me deixe descer.
Por favor, me deixe descer.
Eu não vejo o céu há 11 anos... Obrigado.
Obrigado, Deus.
Nada de falar de Deus aqui, padre.
Mas e a inscrição?
Se apagou. Assim como Deus
se apagou do meu coração.
E o que ficou no lugar?
Vingança.
Segure isso.
Siga-me.
Talvez seu desejo de vingança
seja o plano de Deus
que te manteve vivo
esses sete anos.
- Com que propósito?
- Fugir.
Pronto.
Falou em fugir.
Isso.
Só há dois jeitos de chegar
ao muro externo...
e depois, ao mar.
Eu só... só escolhi o jeito errado.
Agora, claro, nós dois
poderíamos cavar para o lado contrário.
Com nós dois juntos, poderíamos
terminar em, digamos...
hmm... oito anos.
Ah, tem algo o ocupando?
Algum compromisso urgente, talvez?
Em troca de sua ajuda,
ofereço algo inestimável.
Minha liberdade?
Não, a liberdade pode ser tomada,
como você bem sabe.
Eu ofereço conhecimento.
Tudo que aprendi.
Posso te ensinar, hmm,
economia, matemática,
- Filosofia, ciência...
- Ler e escrever?
É claro.
Quando começamos?
Peguei. Peguei.
Apaguem as luzes. Apaguem.
Passem para cá. Andem.
A portinhola abre duas vezes por dia.
Primeiro, para o balde de dejetos,
onde escondemos a terra.
E depois, de noite, para o prato.
Apaguem as luzes. Apaguem.
Anda logo, padre.
Obrigado.
Entre esses horários, podemos
trabalhar sem sermos descobertos.
"Então a negligência se torna
nossa aliada"
Excelente.
Então esteve no exército de Napoleão?
Tinhamos tantos sonhos naquela época.
No entanto, uma noite...
meu regimento perseguiu
um bando de guerrilheiros,
que pediram asilo em uma igreja.
Me mandaram queimar o prédio
com eles dentro.
Cumpriu a ordem?
Para minha vergonha eterna, cumpri.
Cumpri.
Como veio parar aqui?
No dia seguinte, desertei,
para dedicar minha vida
ao arrependimento
e a Deus.
Eu trabalhei como assistente
do incrivelmente rico
Conde Enrique Spada.
Spada era um homem bom.
Infelizmente, ele morreu
alguns anos depois...
deixando rumores que tinha
escondido sua incalculável fortuna.
- Duas semanas depois, me prenderam.
- Por quê?
Napoleão queria o tesouro de Spada.
Ele não acreditou que
eu não sabia onde estava.
Então ele mandou me atirar aqui
para refrescar minha memória.
E aqui eu fiquei, somente com a companhia
de Deus, até que Ele me mandou você.
Deus não é mais real
que o seu tesouro, padre.
Talvez.
Rápido! Pegue-o!
Calcule isto.
2.500cm³ de rocha e poeira por dia...
vezes 365 dias.
É igual a 3,5m por ano,
12 pés, um por mês.
Três polegadas por semana.
Em italiano.
...mais três metros e meio.
O PRÍNCIPE
MAQUIAVEL
Não desperdice a luz.
Você foi soldado, padre.
Então sabe usar armas.
Me ensine.
Ou cave sozinho.
Você me força a andar
no fio da navalha, Dantes.
Isso é ridículo.
O espadachim mais forte
não é necessariamente o vencedor.
É a velocidade!
A rapidez da mão.
A rapidez da mente.
Agora, passe a mão pelas gotas
sem se molhar.
Assim.
Quanto tempo vou ficar nisso?
Eu vou cavar o túnel.
Bloqueie. Para cima.
Desse jeito.
Hora de estudar.
A RIQUEZA DAS NAÇÕES
A RIQUEZA DAS NAÇÕES
- Defina economia.
A economia é a ciência que lida
com a produção,
distribuição e consumo de bens.
Traduzindo?
Cave primeiro, ganhe depois.
Obrigado! Feliz Natal, Edmond.
Com um mês a mais ou a menos.
Ótimo. Com quem está lutando?
Danglars? Mondego?
Quem você acha?
Bom! Bom demais.
Temos a Terceira Lei de Newton.
Para cada ação há uma reação...
na física... e no homem.
Logo, minha busca por vingança é
uma reação às ações de Danglars e Mondego.
De pé, de pé.
Quero me sentar.
Você me disse uma vez que Villefort
mandou te prender logo depois
de ter retirado todas as queixas.
Pode ir.
Sim, é verdade.
Então por que ele manteria essa mentira...
a menos que ele tivesse motivo
para mudar de ideia sobre você?
- Pense, Edmond.
- Estou tentando.
- O que aconteceu?
- Ele me perguntou-
Napoleão disse quem receberia a carta?
- E eu disse-
- Monsieur Clarion.
E nada mais?
- Nada. Ele queimou a carta
e disse que eu podia ir.
Ah...
Ele queimou... a carta.
Sim.
Que estranho que o chefe dos magistrados
fosse queimar provas...
de uma conspiração traidora...
e então aprisionar o único homem
que sabia da conexão de
Monsieur Clarion a essa conspiração.
- Estava protegendo alguém.
- Ah.
- Um amigo, talvez?
- Não.
Um político como Villefort
teria se livrado de amigos assim.
Clarion deve ser um parente.
Um parente próximo, talvez-
Não!
O pai de Villefort era
coronel no exército de Napoleão!
Villefort não estava protegendo Clarion.
Estava protegendo a si mesmo.
Danglars, que mentiu dizendo
que viu Napoleão me dar a carta.
Mondego, que disse
a Villefort que eu a tinha.
E o próprio Villefort,
que me mandou para cá.
Bravo, Edmond. Bravo.
Ah, meu Deus.
Edmond, luz. Luz. Rápido, luz.
Oh, por favor, Deus. O que é aquilo? Olhe.
Olhe. Olhe! Raízes. Raízes de planta.
Se são mesmo raízes,
é só uma questão de meses.
Isso! Muito bom, padre!
Vou pegar meu cinzel.
Ótimo.
Padre!
Em nome de Deus, vá!
- Vá. Vá!
Pulmões... perfurados.
- Não fale. Não fale.
- Escute.
Não há muito tempo.
Debaixo daqueles livros
tem uma pedra solta.
Me traga o que encontrar.
Rápido, rápido.
Abra.
Quando disse a eles que não sabia...
onde estava o tesouro de Spada, eu menti.
Mentiu?
Sou padre, não santo.
Lá,
naquela ilha na costa da Itália.
- Monte Cristo?
- Isso, isso.
Use- Use a cabeça.
- Siga as pistas.
- O túnel foi fechado. Não posso escapar.
Não, continue cavando.
Quando fugir, use-o para o bem,
só para o bem.
Não, com certeza vou
usá-lo em minha vingança.
Esta é sua última lição.
Não cometa...
Não cometa o crime...
pelo qual cumpre pena.
Deus disse, "minha é a vingança".
Eu não acredito em Deus.
Não interessa.
Ele acredita em você.
Padre?
Pratos no lugar.
Anda logo.
Ele está sempre acordado.
É a primeia vez em 12 anos
que não disse "obrigado".
- Está morto.
- Como?
Caiu da cama, não é?
- Está meio sujo, não está?
- Todos estão.
Bom, vamos embrulhá-lo...
e ir falar com o Dorleac.
Um, dois, três!
Certo, vamos chamar o Dorleac.
Por que trancou?
Ele não vai a lugar nenhum.
Sei lá. Força do hábito.
Adeus, padre.
Está livre agora,
como eu jamais serei.
Então o velho padre finalmente
foi falar com São Pedro.
Bom, tragam ele.
- Vamos enterrá-lo.
- Pronto?
- Continue indo.
- Vão logo, andem. Não tenho o dia todo.
Na verdade, tenho.
Eu tenho-
Tenho todo o tempo do mundo!
Vamos.
Ande logo.
Monsieur Dorleac!
Pai Celestial, lhe entregamos...
os restos mortais de seu humilde servo.
Sei lá o nome dele.
Deus, que tédio.
Monsieur Dorleac!
Ele tinha mesmo o mapa?
Não, chefe.
Onde está o...
Pare!
Monsieur Dorleac!
Como assim, depois do três?
Jogamos ele no três, ou antes?
- Depois do três.
- Um... Dois...
- Monsieur Dorleac!
- E tr-
- Pare, Monsieur Dorleac!
- Um...
- Dois...
- Não jogue o corpo!
Três!
Isso podia ter ido melhor...
Obrigado, padre.
Obrigado.
Então, amigo,
Eu perguntaria quem você é,
mas pelas roupas rasgadas
e o fato do Castelo D'If estar logo ali,
eu nem preciso.
Quanto a mim, sou Luigi Vampa,
contrabandista e ladrão.
Meus homens e eu viemos a esta ilha
enterrar vivo um dos nossos
que quis ficar com o roubo só para ele
ao invés de...
dividir com os companheiros.
O interessante é que
alguns de seus amigos
insistem que eu lhe
conceda misericórdia,
o que, claro, não posso fazer,
pois logo perderia
o controle da tripulação.
- É por isso que você é um achado.
- Como assim?
Você me oferece um jeito
de oferecer clêmencia a Jacopo,
aquele verme amarrado alí atrás,
sem, ao mesmo tempo, parecer fraco.
E, para completar, os rapazes
vão ter alguma diversão.
Como faço tudo isso?
Assistiremos você e Jacopo
lutar até a morte.
Se ele vencer, o aceitamos
de volta na tripulação.
Se você vencer, eu terei
dado a ele a chance de viver,
mesmo que a tenha desperdiçado,
e você assume seu lugar no navio.
E se eu vencer e não quiser
ser contrabandista?
Cortamos sua garganta e
ficamos com um homem a menos.
Acho que nasci para ser contrabandista...
e ficaria encantado em matar seu amigo verme.
Ah, aliás, o Jacopo é o melhor
lutador de faca que eu já vi.
Então precisa sair mais do navio.
Soltem o Jacopo e devolvam a faca dele!
E que os jogos comecem!
Levanta, verme.
Vai, vai!
Se quer viver, não pisque um olho.
Signor Vampa, deixe Jacopo viver.
Ele já sofreu muito com a ameaça
de ser enterrado vivo.
Os homens que queriam diversão já tiveram.
Os que pediram clemência a Jacopo a terão.
E mantendo a mim e a Jacopo,
você terá outro ótimo marujo
e lutador no seu bando.
Trato feito.
Qual é o nome dele?
Nome? Vamos chamá-lo de Zatarra.
- É assustador.
- Quer dizer "náufrago".
Juro por meus parentes mortos,
até pelos que estão vivos,
mas não se sentindo bem,
serei leal a você para sempre.
Eu sei.
TRÊS MESES DEPOIS
Você tem olhos nas costas.
Nunca tinha visto Marselha?
Era meu lar.
Mas não desceu em terra como os outros.
Escute, Zatarra.
O que quer que
tenha acontecido com você,
não vai se resolver
se ficar aqui nesse barco.
Vá. Depende de você.
"Somos todos reis ou peões",
me disseram uma vez.
Sim. Quem foi?
Napoleão Bonaparte.
Bonaparte?
Ah, Zatarra e suas histórias.
Algum dia vou te procurar.
Um homem sempre precisa de bons amigos.
Com certeza.
Danglars. O que aconteceu?
O Capitão Reynaud morreu, senhor,
e Edmond Dantes desobedeceu minhas ordens.
LOUIS DANGLARS TRANSPORTES
Zatarra, tudo bem com você?
Tudo mudou.
Eu quero que compre um barco,
o suficiente para nós dois usarmos.
Espere o meu retorno.
Essa visita, tenho que fazer sozinho.
Essa é a casa de Monsieur Morrell?
Meu avô está doente, monsieur.
Mesmo que não estivesse,
não receberia visitas às onze da noite.
Talvez ele abra uma exceção
para alguém procurando por Edmond Dantes.
Sinto muito pela hora.
Velhos nunca dormem. Sente-se, sente-se.
Julianne, traga uma bebida.
Então, Monsieur Zatarra,
era amigo de Edmond?
- Monsieur Morrell?
- Sim?
Também conheceu Edmond?
Como a um filho.
Gostaria de saber onde posso
encontrar a família dele.
Infelizmente, seu pai se enforcou
depois de saber da traição de Edmond.
Entendo...
Entendo...
Essa... traição de que fala-
- Quem o acusou?
- Quem sabe?
Monsieur Villefort, que ordenou
a prisão de Edmond,
se mudou para Paris logo depois
para assumir o cargo
de promotor-chefe.
Claro, o choque do
brutal assassinato de seu pai
também pode ter causado sua partida.
Eram dias estranhos.
O senhor também parece
ter passado por dificuldades.
Depois da morte de Edmond,
fui forçado a aceitar um parceiro.
Um de meus capitães.
E aí, um dia, Danglars
me colocou para fora.
Mas minha sina não é nada
comparada com a de Edmond.
Talvez sua sorte esteja para mudar.
Eu vou procurar a noiva de Edmond.
Quer dizer a Condessa Mondego?
- Condessa?
- Sim.
Um mês depois da prisão do pobre Edmond,
Mercedes se casou com seu melhor amigo.
- Fernand.
- Sim, isso mesmo.
E com a morte de seu pai e irmão na guerra,
Fernand virou Conde Mondego.
Eles moram em Paris agora.
Conde e Condessa Mondego.
Está tudo bem?
Sim. Eu preciso ir.
- Desculpe não poder ajudar mais.
- Oh, não.
O senhor me disse o que
precisava saber.
Edmond Dantes está morto.
Zatarra. Zatarra, vai ficar orgulhoso de mim.
Achei um belo batel.
Não tínhamos dinheiro para uma chalupa.
Consegui um preço ótimo.
Za-Zatarra?
Ilha de Monte Cristo
Caverna Sem Teto
Abade -> Elefante
Dentro da Máscara Ele Espera
Onde o Ouro Reluz Sob o Mar
Zatarra, o barco não aguenta mais carga,
e tem pelo menos
mais oito baús lá embaixo!
Não entende?
Acaba de ficar mais rico que
qualquer homem da face da Terra.
Quaisquer que fossem
seus problemas, eles acabaram.
O que quer comprar?
Vingança.
Tá bom, vingança. Contra quem?
Danglars, Villefort,
Fernand e Mercedes.
Certo.
Matamos essas pessoas,
daí gastamos o tesouro.
Não, vamos estudá-los,
aprender suas fraquezas.
Por que não só matá-los? Eu faço.
Corro até Paris, "bang, bang, bang, bang!"
Volto antes do fim de semana.
E gastamos o tesouro.
Não é um plano ruim.
Morrer é bom demais para eles.
Devem sofrer como eu sofri.
Devem ver seus mundos,
tudo que prezam
ser arrancado deles,
como foi arrancado de mim.
Vai precisar de um nome melhor
que Zatarra para fazer isso.
Então vou virar um conde.
Muito boa tarde, senhor.
Gostaria de comprar a sua linda casa.
Mas que atrevimento!
Eu devia mandar açoitá-lo!
Agora saia da minha propriedade,
seu vagabundo,
antes que eu solte
os cachorros em você, ouviu?
Obrigado.
Senhoras e senhores,
é com muita honra que
lhes apresento Sua Graça,
o Conde de Monte Cristo.
Saudações.
Meu caro conde, permita que
eu lhe apresente meu marido,
Monsieur Villefort, Promotor-Chefe.
Foi muita gentileza nos convidar.
Oh, sou eu que estou honrado
com sua presença.
Por favor, divirtam-se esta noite.
O que sabemos sobre ele?
Não o bastante.
Onde eles estão?
Tem certeza que os convidou?
Sim, Vossa Graça.
Mas eu acabei de saber que
o Conde Mondego se retirou.
Ele tem um compromisso pela manhã
que não pode perder.
Acordou cedo, querida.
O Visconde Tourville morreu?
A menos que o coração dele
não fique no peito esquerdo,
eu acho que sim.
Deus guarde sua alma.
Ele só queria defender
a honra de sua família.
E olhe onde isso o levou.
A esposa dele e eu éramos felizes
em nossa paixão.
Você era feliz na sua ignorância.
E chega o valente visconde
para defender sua honra,
você está triste,
- Ela está arruinada e ele, morto.
- Não se dê tanto crédito.
Eu não estava feliz nem ignorante,
não depois de saber das três
que vieram antes de Madame Tourville.
Sinto muito que esteja humilhada.
A combinação de Paris e eu
não é a melhor receita para fidelidade.
E já que meus esforços para ser discreto
obviamente não deram certo,
não parece haver muita razão
para manter as aparências.
É bem... libertador.
Não diria?
Suas finanças?
Ele está perdendo dinheiro nos cassinos.
E eles não estão nem trapaceando.
Você pesquisou sobre os transportes dele?
Ele tomou um empréstimo vários
anos atrás para comprar um navio.
- Não trabalha com Danglars.
- Quero que compre esse banco até amanhã.
E diga às outras empresas de transporte
que fiquem longe de Mondego.
Quero que ele não tenha escolha
senão rastejar de volta a Danglars.
Agora, diga aos crupiês para ganhar todas.
Tente entender.
Eu tenho uma grande carga
de algodão pronta para o envio,
e vou pagar pelo navio assim que
ela for entregue.
Então é claro que preciso
do navio para entregá-la.
Infelizmente, o banco não pode
mais prorrogar seus prazos, Conde Mondego.
Sugiro que encontre
um outro jeito de entregar sua carga.
Ora, ora.
A que devo a honra, Conde Mondego?
Não faço ideia de porque tem
me evitado todos esses anos.
Estou disposto a perdoar seus erros
e talvez retomar nossos negócios.
As coisas não vão bem ultimamente?
Zatarra?
Jacopo.
Caiu da cama?
Depois de 13 anos dormindo
num chão de pedra, não consigo-
Nossa Senhora, isso dói?
Alguma razão para vir aqui?
Mondego tem um filho.
- Albert quer falar conosco.
- Agora não!
Diga que estou tentando
proteger a herança dele.
Tem medo que ele a desperdice
como você fez com a sua?
Eu não lembro de você ter reclamado
quando deixou de ser a filha do peixeiro.
Por favor, eu preciso terminar isso
e depois vou sair.
Devo lembrá-lo, meu amor, que
há inúmeras concubinas em Paris,
mas que você só tem um filho?
Entre, Albert.
- E por tudo que é sagrado, seja breve.
- Serei, pai.
Vários de meus amigos vão a Roma
por duas semanas para o Carnaval.
- Gostaria de ir com eles.
- Roma?
- Sem acompanhante? Você só tem 15 anos.
- Quase 16.
Que seja meu presente de aniversário.
Pai, por favor.
- Não vou arrumar problemas.
- Não.
Claro que pode ir.
Um pouco de paz e sossego
por aqui me farão bem.
- Roma!
Albert! Albert!
Milady?
Não pode se esconder para sempre...
Milady?
Quem são vocês, e por que fazem isso?
Somos homens maus, e pelo dinheiro.
Meu dinheiro está no casaco.
Não está mais.
E não é o seu dinheiro que queremos.
Você é o único filho do Conde Mondego, não é?
Resgate? Mande o bilhete e vá pro inferno.
Queria que fosse tão fácil,
mas um bilhete demoraria duas semanas
para chegar a seu pai,
e aí haveriam infinitas discussões
sobre se já o matamos ou não.
Não, um bilhete não teria tanto efeito.
Talvez se mandássemos seu anel?
Sim, meu anel tem o brasão dos Mondego.
Ainda preso em seu dedo?
Escute aqui, escória.
Eu sou Albert, filho de Fernand,
Conde Mondego,
e vocês não vão mais rir às minhas custas.
- Faça seu pior.
- Já que insiste. Peppone, a faca.
Cortem as cordas do rapaz,
ou serei forçado a começar
a cortar seus malditos cadáveres.
Agora!
Siga me, meu jovem.
Vê a superfície? Espere por mim lá.
- Não sei como lhe agradecer.
- Vá. Conversamos depois.
Muito bem, cavalheiros.
Obrigado, Vossa Graça.
Albert.
Está tudo bem?
Senhor, eu lhe devo minha vida.
Você passou por uma grande provação.
É um jovem excepcional.
Insisto que venha à minha casa
amanhã para o desjejum.
Combinado?
Combinado.
Posso perguntar quem é o senhor?
No momento, seu amigo.
Amanhã, seu anfitrião,
e pelo curto período
que houver formalidade entre nós,
Conde de Monte Cristo.
Ele está na sala de espera.
Ele demonstrou muita coragem nos túneis.
Ele é uma ferramenta.
Sim, Vossa Graça.
Meu jovem.
Albert, entre. Venha, venha.
Vamos.
- Que noite.
- Sim.
Que aventura.
Tudo é uma aventura quando se é jovem.
- Há algo que me intriga, senhor.
- Hm?
Como soube do meu sequestro?
Tenho muitos contatos,
alguns bem pouco respeitáveis.
Eu pago bem para ficar sabendo
de tudo de importante
em qualquer cidade que visito.
E o sequestro do filho de um conde
é algo importante.
Mas por que arriscar sua vida
para me salvar?
O filho de um companheiro nobre.
Era o mínimo a fazer.
Alguém do seu caráter,
tenho certeza que faria o mesmo.
Seu pai vai ficar orgulhoso.
Deve vir a Paris conhecer meus pais
para que o agradeçam pessoalmente.
Infelizmente, não posso.
Negócios, você sabe.
Por favor. É uma questão de honra.
- Jacopo?
- Sim, Vossa Graça?
O assunto do Spada, como estamos?
- Nesse momento o ouro-
- A carga?
Ah, d-desculpe, Vossa Graça.
A carga está em viagem,
hã, no caminho para Marselha.
- Quando ela chega?
- Em mais umas três semanas, Vossa Graça.
Três semanas? É mais que suficiente
para ir até Paris.
- Está bem.
- Excelente.
- E vai chegar bem na hora.
- Na hora para quê?
- Feliz aniversário!
- Obrigado.
O Conde de Monte Cristo!
Conde!
- Albert.
- Vossa Graça. Pai!
Quero te apresentar
o Conde de Monte Cristo.
- É um prazer.
- O prazer é meu, Conde Mondego.
Esperei esse momento por muito tempo.
Você me honra muito,
quando sou eu que lhe deve
pelo resgate de meu filho.
Lhe apresento a Condessa Mondego.
Mercedes.
Condessa.
Teria que ser mãe para entender
o tamanho do serviço
que prestou a meu filho e a mim.
Monsieur, jamais o esquecerei.
Por favor, madame,
não foi nada.
Tenho certeza que em um mês
nem se lembrará de meu nome.
Hm?
Posso roubar sua esposa?
- Perdão?
- Para uma dança.
Claro.
Ele não é ótimo, pai?
- O que há?
- Ah, nada.
É que você me lembra
alguém que conheci há muito tempo.
Alguém muito precioso para mim.
Estou honrado. O que aconteceu com ele?
Morreu.
Então não sou esse homem.
- Monsieur e Madame Villefort.
O que estão fazendo aqui?
Promotor Villefort.
- O que faz aqui?
- Ah, Madame Villefort, monsieur.
Estou tão feliz que tenham vindo me ver
enquanto estou na cidade.
Sua mensagem foi uma feliz surpresa.
Obrigado.
Poderia dar licença a seu marido
e a mim por um minuto?
Ouvi falar que você é especialista
em interpretação da lei.
Eu tenho um assunto
em que talvez possa me ajudar.
Com licença.
Fernand! Fernand! O brinde!
Agora não, tenho assuntos
de estado a tratar.
Os convidados esperam isso de você.
O Albert espera isso de você.
Faça você, querida.
Sei que será ótima.
Você é o pai dele!
É o mínimo que pode fazer.
Sabe o quanto ele o admira.
Então ele vai perdoar minha ausência.
Mas--
Achei que não era para
nos encontrarmos socialmente.
Como eu podia dizer não
ao Conde de Monte Cristo?
Certo.
- O que sabe dele?
- Ele é estrangeiro,
rico,
e ouvi que ajudou seu filho.
- Para que ele quer sua ajuda?
- Por que eu deveria contar?
Quando meu filho voltou de Roma,
ele disse ter ouvido Monte Cristo
falar que esperava um carregamento.
Também ouviu as palavras "ouro"
e "Spada".
- Hmm...
- Não acha-
que Monte Cristo encontrou
o tesouro de Spada?
Agora há pouco, ele me pediu ajuda
para evitar inspeções problemáticas
em um carregamento vindo de Marselha.
- Hm...
- Eu podia mandar prendê-lo.
Não faça isso. Vamos só aliviá-lo do peso.
Como sugere que-
Eu tenho um conhecido
que lida com coisas assim.
Diga a Monte Cristo que consegue
passar a carga pela Alfândega,
mas que ela vai ter que
ficar no porto por uma noite.
Eu vou mandar recolhê-la e levá-la
à mansão de minha família em Bouchon,
onde nos encontraremos no dia seguinte.
Vou pedir 70%.
Mas vai receber só 50.
Feito.
Senhoras e senhores,
infelizmente, meu marido foi
detido pelos negócios.
Então cabe a mim-
Apresentá-los...
ao Conde de Monte Cristo mais uma vez.
Entendam, eu tive a audácia
de pedir ao conde
que me deixasse fazer o
brinde de aniversário a Albert.
Eu insisti tanto, e tamanha
é a generosidade do nosso anfitrião,
que ele desistiu de um direito paterno
para tratar bem um convidado,
até um tão irritante quanto eu.
O jovem Albert pensou demais
da assistência que lhe prestei em Roma.
Quando cheguei nas catacumbas,
vi quando os criminosos
amarraram Albert à parede
e ameaçaram cortar seu dedo
para mandar a seu pai
como prova do sequestro.
Minha nossa!
A resposta do rapaz a isso foi...
"Faça o pior".
A vida é uma tempestade, jovem amigo.
Você se deita ao sol em um momento
e é jogado nas pedras no outro.
O que te faz um homem
é a sua atitude quando vem a tempestade.
Deve olhar para ela e gritar,
como fez em Roma,
"Faça o pior...
porque eu farei o mesmo".
E aí as parcas vão conhecê-lo
como nós conhecemos,
Albert Mondego, o homem.
Edmond... Villefort disse
que tinha sido executado.
- Ele disse?
- Oh, Deus.
- A Condessa está enganada.
Volte à casa Mondego. - Não!
- Madame, só penso em sua reputação.
- Edmond, eu imploro.
- Eu não ligo como voltou.
- Não sou esse Edmond.
Pare! Pare! Pare!
Então o que você é?
Um espírito? Um fantasma
que veio me torturar?
Esse Edmond, você o amava?
Sim.
Por quanto tempo?
Toda a minha vida.
E quanto tempo depois de sua morte
você se casou com o conde?
Isso não é justo.
Chegamos à sua casa, Condessa.
Tem razão. Você não pode ser o meu Edmond.
Bom, aí está. Você mesma disse.
Edmond Dantes está morto. Boa noite.
Condessa.
Se você pensar em interferir
em meus assuntos outra vez,
juro que vou terminar o que comecei
no dia que nos conhecemos.
Entendeu?
- Eu entendi que está louco.
- Louco?
Meus inimigos caem
nas armadilhas perfeitamente.
Louco, Vossa Graça, por ignorar isto:
Você tem uma fortuna
e uma mulher linda que o ama.
Pegue o dinheiro e a mulher
e vá viver sua vida.
Esqueça o plano. Pegue o que ganhou.
- Não posso.
- Por que não?
Ainda sou leal a você, Zatarra.
Eu fiz um juramento e vou te proteger.
Nem que seja te proteger de si mesmo.
Vou levá-lo para casa agora.
Vou a pé.
Coloque dois baús no Pharaon
como a nossa parte.
O Mondego nem vai perceber.
Vamos. Subam.
- Philippe Danglars?
- Sim?
Você é acusado do roubo de bens
de um certo navio mercante.
Isso é ridículo.
Podemos resolver o problema facilmente.
Esses homens vão realizar
uma busca em seu navio.
O Conde Mondego me traiu.
Mas eu não vou ser
enforcado por causa dele.
Quem é você?
Eu sou o Conde de Monte Cristo.
Meus amigos me chamam de Edmond Dantes.
Dantes?
Tirem ele daí antes
que não possa mais falar.
Garoto, não faça isso.
É... é demais.
Meu caro Villefort.
Espero que não se importe
de eu lhe fazer companhia.
Vossa Graça, mas que surpresa.
Queria te agradecer pela ajuda
com meu carregamento.
Ah, aquilo. E-eu tomei
todas as providências.
Prometo que não vamos
lhe causar mais problemas.
Excelente. Eu creio que esse possa ser
o início de uma relação
longa e próspera.
Falando nisso, posso fazer uma pergunta?
Sim, claro. O que quiser.
Fiquei curioso.
Por que disse à Condessa Mondego
16 anos atrás...
que Edmond Dantes tinha sido executado?
Hã, eu não entendo.
Do-do que está falando?
É uma pergunta bem simples.
Como sabe dessas coisas?
Já, hã...
Já chega.
O senhor não entende.
Dantes aceitou cartas de Napoleão.
- Era claramente traição.
- Mas sabemos que ele nunca a entregou.
Mandar um homem para a prisão
sabendo disso já é ruim. Mas dizer-
Vossa Graça, não sei o que causou
essa discussão horrível.
Agora eu me pergunto,
o que o meu caro amigo
Villefort teria a ganhar...
dizendo a Mercedes que
Edmond Dantes morrera?
A resposta é... absolutamente nada.
É como disse, nada. Então por que-
Mas se o meu caro amigo,
hoje promotor-chefe da França,
não tem a ganhar com essa mentira,
então quem tem?
Meu caro Conde, está muito quente aqui
e o senhor está todo vestido.
- É hora de nós dois sairmos.
- Eu acho que o beneficiário óbvio...
é Fernand, o Conde Mondego.