O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas Em 1814, o Imperador francês Napoleão Bonaparte foi exilado na ilha de Elba, fora da costa da Itália. Temendo uma tentativa de resgate, seus captores britânicos atiravam em qualquer um que viesse em terra. Idiotas. Levem o capitão além dos corais até que consigamos permissão para desembarcar. Por um segundo, achei que fosse me abandonar. Fernand Mondego não abandona os amigos diante de perigos tolos e suicidas. No entanto, como representante oficial de Monsieur Morell nessa viagem, Edmond, Eu devo lhe informar oficialmente que foi além seus deveres como 2º imediato. Oficialmente. Pronto. Dever cumprido. Se não o levarmos a um médico, ele vai morrer. Entende isso? Claro que entendo. Só não me peça para fazer isso sóbrio. Certo. Dragões ingleses. Olá! Dantes, não! - Meio descuidado, não? - Temos que falar com alguém. Eu sei, mas- Somos marinheiros franceses! - Precisamos de socorro médico! - Vamos. Vamos. - Viemos em paz. - Venha. Não queremos fazer mal! Edmond! Anda! Sobe! Cuidado! Fernand! Que bom. Finalmente acertou alguma coisa. Tenente Graypool. Se a sua sede de sangue demanda a morte desses pobres tolos, vá em frente e atire, Mas esteja ciente de que não são agentes meus. Agora expliquem-se, ou sejam mortos. Senhor, eu sou Edmond Dantes, segundo imediato do navio mercante Pharaon, a caminho de casa, em Marselha. Este é o representante do dono do navio, Monsieur Fernand Mondego, filho do Conde Mondego. Nosso capitão contraiu meningite, então aportamos aqui atrás de ajuda. Se o coma for genuino, ele não vai sentir a minha faca, vai? Só arranhe. Edmond! - Tenente Graypool! - Viemos aqui de boa-fé! - Isso foi pelos homens que feriram. - E pelo orgulho ferido, sem dúvida. Foi uma noite agitada. Se eu não tivesse atirado nos dragões, você estaria em pedaços na praia neste momento. - Eu quase nos matei. - De fato. E mesmo assim... estamos vivos. Dê-me mais uma garrafa de vinho... U-hu! Dê-me mais uma garrafa de vinho... O rei é seu, Mondego. Ser seu amigo sempre é uma aventura. É mesmo, não é? Pena que aventureiros nem sempre possam ser amigos, não é? O que? Bom, não vai ser assim para sempre, vai? - Do que está falando? - Nada demais. Beba. Estamos bebendo o vinho de Napoleão Bonaparte. Eu creio que vão achar a safra de 1806 a melhor. Já que ainda estão de pé, Monsieur Dantes, será... ...que podemos conversar? Estou curioso. Qual o significado da peça de xadrez? É algo que fazemos desde crianças. Quando um de nós conquista uma vitória, é o rei do momento. - Rei do momento? - Sim. Na vida, somos todos reis ou peões. Fico comovido com seu esforço para salvar seu capitão, Dantes. Ele é meu capitão... e também meu amigo, Majestade. Amigos leais são mesmo uma raridade. Na verdade, é sobre isso que desejo falar. Eu escrevi uma carta sentimental para um velho camarada em Marselha. É um lado meu que queria que os ingleses não vissem. Já que eles têm o hábito de abrir minhas cartas, será que pode entregá-la para mim? Ah, e-eu não- É só uma carta de um velho soldado a outro. Totalmente inocente, eu lhe garanto. Mas, mais importante, é o preço que cobro pelos serviços de meu médico. Então eu aceito. Ótimo. Deve entregar a carta a Monsieur Clarion. - Consegue lembrar? - Monsieur Clarion. Como o encontro? Ah, ele o encontrará. Agora, ninguém mais deve saber da existência dessa carta. Nem mesmo seu ébrio amigo lá atrás. Estamos entendidos? Sou um homem de palavra, Majestade. Sim, eu... acredito que seja. O que ele queria? Ah, hum... notícias da França. Só isso. Hora de seguir viagem. Seu capitão morreu há meia hora. Tem certeza? Quando você esteve em tantos campos de batalha quanto eu, jovem Dantes, você consegue sentir a morte. Reis e peões, Marchand. Imperadores... e tolos. MARSELHA Mais rápido! TRANSPORTES MORRELL E COMPANHIA Danglars. O que aconteceu? O Capitão Reynaud morreu, senhor. E Edmond Dantes desobedeceu minhas ordens. Venha ao meu escritório com um relatório, Danglars. - E você também, Edmond. - Vai precisar de mim, Monsieur Morrell? Vá. Mercedes. - Cadê ele? Cadê Edmond? - Maravilhoso te ver, também. Ele acabou de entrar. Pode demorar um pouco. Acho que está encrencado. Ele disse que nos encontraria nas pedras. Vamos. Eu mandei que Dantes não desembarcasse. É verdade? Eu assumo toda a responsabilidade. E deveria mesmo. Foi tudo ideia dele, monsieur. Devia ter sido ideia sua. Aportar em Elba não salvou o capitão, Monsieur. - Eu estava protegendo a mercadoria. - Você estava se protegendo... se escondendo atrás de seu posto e ficando à bordo. Edmond Dantes, eu estou nomeando você como o novo capitão do Pharaon. Você está me rebaixando?! Não houve rebaixamento. Continua primeiro imediato, sob o capitão Dantes. A menos, é claro, que prefira procurar outro navio. Agora, eu imagino que haja uma certa moça... que vai querer saber das novas. Obrigado! Monsieur Morrell? Eu soube que um de seus navios acaba de retornar de Elba, monsieur. Sim. Por acaso alguém a bordo foi em terra? Sim, mas não estão aqui no momento. Obrigado, monsieur. - Quem perguntou por eles? - Clarion. Meu nome é Clarion. - Faça amor comigo. - Você nunca desiste? - Ele não precisa saber. - Eu saberia. Eu também. - Seria nosso segredo. - Eu não acredito em segredos. Você acha que Edmond não tem segredos? Claro que tem, pergunte a ele. - Eu sei o que você quer, Fernand. - Sabe? Lembra-se de quando éramos crianças e Edmond ganhou um apito de aniversário enquanto você ganhou um pônei? Você ficou furioso porque ele estava mais feliz com o apito que você com o pônei. Eu não vou ser seu novo apito. Quanto tempo acha que vai demorar para ele poder bancar uma esposa? Dois anos. Não mais que dois anos. Então ele se tornará capitão e poderemos nos casar. Dois anos? Eu não esperaria dois anos por nada, especialmente por uma noiva como você. Ei! - Lá está ele! - Ei! - Uhu! - Mercedes! Senti tanto sua falta... A falta já acabou. - Está com problemas? - Não. Virei capitão. Venha. Monsieur Morrell me deu o Pharaon. Edmond! O rei é meu. A sua vida é mesmo abençoada, Edmond. Venha. - Você ainda é o padrinho. - Eu sei. Vem! Pare com isso. Vai ficar careca. Você esconde segredos de mim? Segredos? Não. Por quê? Pergunte o que quiser e eu te direi. Não temos mais que esperar dois anos. - Assim que eu tiver dinheiro para o anel- - Eu não preciso de um anel. Não preciso. Este será meu anel. E não importa o que aconteça, você nunca o verá fora do meu dedo. Nunca. Olá, meu caro e jovem senhor. Que tal se sentar comigo? Então me diga, Mondego, como foi ficar amigo daquele almofadinha do Edmond Dantes? Ele se diz meu amigo, mas tem a audácia de esconder segredos de mim. Que segredos? Ao novo capitão do Pharaon, Tudo que sou devo a você, pai. Que esse momento feliz seja apenas o começo de uma vida longa e maravilhosa para os dois. - Quem de vocês é Edmond Dantes? - Sou eu. Edmond Dantes, você está preso por ordem do magistrado de Marselha. - Preso? - Acusado de quê? Essa informação é sigilosa. Levem-no. Eu exijo uma explicação. Eu exijo uma explicação! Eu volto ainda hoje. Não se preocupe, pai, é um engano. Meu Deus. Bom, devo dizer, Dantes, não tem cara de traidor. Traidor? Agora me escute bem, Dantes, sua vida pode depender disso. Você teve contato pessoal com Napoleão em Elba? Elba, sim, tive. Bom, nós tivemos. Eu estava com o filho do Conde Mondego, Fernand, quase o tempo todo. - Conhece Fernand? - Conheci recentemente, sim. Ah, graças a Deus. Ele me apoiará. Sem dúvida, mas disse "quase o tempo todo". Exceto quando Napoleão me pediu para entregar uma carta pessoal a um amigo em Marselha. Bom, Dantes, é por ter aceitado esse correio traiçoeiro que foi denunciado por seu primeiro imediato, Monsieur Danglars. - O que? - Chegou a entregar a carta? Não, senhor, alguém devia me procurar. Ainda- Ainda está em meu casaco. Aqui. - Leu esta carta? - Não, senhor. Eu não sei ler. Bom, Dantes, essa é uma carta a um dos agentes de Napoleão. Ela contém os horários e lugares das patrulhas inglesas em Elba. Senhor, juro sobre o túmulo de minha mãe, que não sabia. Ele me jurou que o texto era inocente. Não, é você que é inocente. Tolo e inocente. Creio que sejam os piores crimes de que podemos acusá-lo. Por sorte, como interceptei esse documento, não houve dano. Só Deus sabe como vai sobreviver neste mundo, Edmond Dantes. Mas não é um traidor. Pode ir. Obrigado, senhor. Espere, hã, Napoleão disse quem receberia a carta? Monsieur Clarion. Pode repetir? Monsieur Clarion. Disse esse nome a mais alguém? Monsieur Mondego ou outra pessoa? Não senhor, na verdade Monsieur Mondego nada sabe desta carta. Essa informação é muito perigosa. Cuidado nunca é demais em tempos assim. - Não acha? - Sim senhor. Já lhe causei muito estresse. Como desculpas, minha carruagem o deixará em casa. É por aqui. Obrigado. Monsieur Villefort? Monsieur Villefort? Monsieur Villefort! Aonde estão me levando? Isso é um engano. Me deixaram ir para casa. - De agora em diante, sua casa é a prisão do Chateau d'If. Não! Não! Não! - Ei! Abram fogo! Montem! Atrás dele! Fernand! Fernand! - Monsieur? - Tudo bem, lá está ele. Fernand! Eu fui preso por traição. Quase não consegui escapar. Quando estávamos em Elba, Napoleão me deu uma carta, Eu não contei porque ele me fez jurar segredo. Disse que era para um velho amigo, mas o maldito mentiu pra mim! Mentiu! Era para um agente dele. De algum jeito as autoridades souberam, eu não sei o que fazer! Há policiais a cavalo atrás de mim. Tudo bem, só temos que pensar com calma. Espero não ter te prejudicado. Queria pedir ajuda ao seu pai. Ele está em Paris, muito doente. - Quanta vantagem tem dos policiais? - Minutos. - Quer dinheiro? - Sim, por favor. - Tem uma pistola? - É claro que não. Ótimo. Pare com isso, Fernand, Não temos tempo. Eu vi Napoleão lhe dar a carta. Foi você?! Bom, não fui só eu. A ideia foi do Danglars. Por que não falou comigo primeiro? Porque escondeu segredos de mim? Achei que fosse meu amigo. Eu disse que dei minha palavra a Napoleão. Ele mentiu para mim! Eu sei, Edmond. Eu li a carta. Você- Você leu? Por que está fazendo isso? É complicado... Complicado. Não seja ridículo. - Saia do meu caminho. - Não posso deixá-lo ir, Edmond. Fique longe da janela. Não me obrigue a arrancar sua mão! Por quê?! Por tudo que é de Deus, por quê?! Porque você é filho de um empregado! E não é para eu querer ser como você! - Aqui! - Aqui! - Peguem-no! - Esperem. Alto, alto. Para lembrar dias melhores. Vamos! Eu disse que não ia ser assim para sempre, Edmond. Pai! Onde ele está? No escritório. O que ele fez agora? Agora escute aqui, pai, Eu sou o chefe dos magistrados, um oficial do novo regime. Não posso ter meu próprio pai envolvido em casos de traição! Sabe... No final, traição é só uma questão de data. Eu serei o patriota, e você o traidor, quando o imperador retornar. Pare, Pare, seu velho tolo. Esses dias acabaram. Napoleão Bonaparte não é mais imperador de nada. Se continuar a se envolver com essa loucura, terá uma ótima chance de ser preso e arruinar nossa família por causa de suas lealdades idiotas. Pelo menos eu tenho lealdade. Pelo amor de Deus, pai, o que a Valentina está dizendo é que, como uma família, nossos destinos estão ligados. - Com certeza enxerga isso. - Exergar? Ah! Sou um velho tolo. Não exergo tão bem quanto antes. Com sua licença. CASTELO D'IF Ande. Ande. Bem-vindo Monsieur Dantes. Eu sou Armand Dorleac, diretor do Castelo D'If. Monsieur, eu sei que deve ouvir muito isso, mas lhe garanto que sou inocente. Todos dizem isso, eu sei, mas eu sou mesmo... - ...inocente. - Sim. Eu sei. Eu sei de verdade. - Está zombando de mim? - Não, meu caro Dantes. Eu sei muito bem que é inocente. Por que outra razão estaria aqui? Se fosse mesmo culpado, há centenas de prisões pela França onde seria trancafiado, mas o Castelo D'If é onde colocam os que lhes dão vergonha. Vamos olhar seus aposentos, que tal? "Deus me dará justiça". As pessoas estão sempre tentando se manter motivadas. Alguns fazem calendários, mas logo perdem o interesse, ou morrem. - Tem uma janela. - Só me sobra uma parede feia. Então eu criei um outro jeito de marcar o tempo para os prisioneiros. Todo ano, no aniversário de suas prisões, nós os ferimos. Geralmente só uma surra, mesmo. Mas, no primeiro dia aqui, como hoje para você, eu gosto de fazer algo realmente especial. E se estiver pensando agora "Por que eu, Deus?", a resposta é que Deus não tem nada a ver com isso. Na verdade, Deus não vêm à França nessa época do ano. Deus tem tudo a ver com isso. Ele vê tudo. Está em todo lugar. Tudo bem. Vamos fazer um acordo, que tal? Você pede a ajuda de Deus, e eu paro assim que ele aparecer. Monsieur Villefort, não soube? - Napoleão fugiu de Elba! - O quê? Aportou a cem milhas daqui. Está marchando até Paris! Arrumem todos os arquivos. E mandem aquele idiota pegar o livro de registro! Viemos apelar o caso de Edmond Dantes, Excelência - Agora não! Dantes? Não nos conhecemos, monsieur. Eu sou Fernand Mondego, filho do Conde Mondego. Estou aqui para jurar pela inocência de Edmond Dantes. Este é seu empregador, Monsieur Morrell, seu pai, e sua noiva, Mercedes. Edmond Dantes é acusado de alta traição. - Mesmo assim o apoia? - Claro que sim. E se eu dissesse que Dantes também é acusado de assassinato? - Assassinato? - Edmond nunca faria algo assim. Dantes carregava uma carta de Napoleão a um agente seu. Quando tentamos prendê-lo, ele matou um de meus homens. Não, se o conhecesse, monsieur, saberia que isso não é possível. Por favor, piedade. Você tem provas dessa traição? Isso é assunto do governo. Por favor. Por favor, só nos diga onde ele está. Não posso, mademoiselle. Ele foi entregue aos homens do rei. Compreendo sua dor ao saber de sua traição. Mas meu conselho a todos é que esqueçam Edmond Dantes, especialmente mademoiselle. Ache forças no apoio de seu bom amigo aqui... e talvez algo de bom venha desse evento infeliz. Agora, se me derem licença. Tenho coisas a fazer. Meu filho não é traidor! Eu vou tentar convencê-lo. - Vamos deixar Fernand cuidar disso. - É impossível. Nunca... Não vou desistir do Edmond ainda. Nunca vou esquecer de sua gentileza. E eu nunca vou deixar de ser gentil. Não é que eu não aprecie os enfeites do crime, mas mesmo assim, assassinato? Na verdade é bem simples. Quando denunciou que Dantes tinha recebido a carta, não consegui entender por que você o trairia, mas depois de ver uma noiva tão bonita, eu entendo perfeitamente. O que o leva a ser tão prestativo? Sente-se, Mondego. Volte aqui! Volte aqui! Qual é o meu crime?! Qual é o meu crime?! Eu sou inocente! Fica doravante informado que Edmond Dantes foi executado por traição em 12 de setembro. O honorável J.F. Villefort Feliz aniversário, Dantes. Até o ano que vem. Já faz mesmo quatro anos, Delius? Ou Danton? Qual o nome dele mesmo? Perdoe a minha invasão. Achei que estava... cavando na direção do muro exterior. Você fala inglês?Italiano? Eu sou o Abade Faria. Prisioneiro do Castelo D'If há 11 anos. Cinco dos quais foram gastos cavando este túnel. Há 72.519 pedras nas minhas paredes. Eu já contei várias vezes... Ainda não deu nome a elas? Eu já fiquei assim. Mas eu prometo que isso passa. Eu prometo. Prometo. Agora... Posso subir nos seus ombros? Me deixe descer. Por favor, me deixe descer. Eu não vejo o céu há 11 anos... Obrigado. Obrigado, Deus. Nada de falar de Deus aqui, padre. Mas e a inscrição? Se apagou. Assim como Deus se apagou do meu coração. E o que ficou no lugar? Vingança. Segure isso. Siga-me. Talvez seu desejo de vingança seja o plano de Deus que te manteve vivo esses sete anos. - Com que propósito? - Fugir. Pronto. Falou em fugir. Isso. Só há dois jeitos de chegar ao muro externo... e depois, ao mar. Eu só... só escolhi o jeito errado. Agora, claro, nós dois poderíamos cavar para o lado contrário. Com nós dois juntos, poderíamos terminar em, digamos... hmm... oito anos. Ah, tem algo o ocupando? Algum compromisso urgente, talvez? Em troca de sua ajuda, ofereço algo inestimável. Minha liberdade? Não, a liberdade pode ser tomada, como você bem sabe. Eu ofereço conhecimento. Tudo que aprendi. Posso te ensinar, hmm, economia, matemática, - Filosofia, ciência... - Ler e escrever? É claro. Quando começamos? Peguei. Peguei. Apaguem as luzes. Apaguem. Passem para cá. Andem. A portinhola abre duas vezes por dia. Primeiro, para o balde de dejetos, onde escondemos a terra. E depois, de noite, para o prato. Apaguem as luzes. Apaguem. Anda logo, padre. Obrigado. Entre esses horários, podemos trabalhar sem sermos descobertos. "Então a negligência se torna nossa aliada" Excelente. Então esteve no exército de Napoleão? Tinhamos tantos sonhos naquela época. No entanto, uma noite... meu regimento perseguiu um bando de guerrilheiros, que pediram asilo em uma igreja. Me mandaram queimar o prédio com eles dentro. Cumpriu a ordem? Para minha vergonha eterna, cumpri. Cumpri. Como veio parar aqui? No dia seguinte, desertei, para dedicar minha vida ao arrependimento e a Deus. Eu trabalhei como assistente do incrivelmente rico Conde Enrique Espada. Espada era um homem bom. Infelizmente, ele morreu alguns anos depois... deixando rumores que tinha escondido sua incalculável fortuna. - Duas semanas depois, me prenderam. - Por quê? Napoleão queria o tesouro de Espada. Ele não acreditou que eu não sabia onde estava. Então ele mandou me atirar aqui para refrescar minha memória. E aqui eu fiquei, somente com a companhia de Deus, até que Ele me mandou você. Deus não é mais real que o seu tesouro, padre. Talvez. Rápido! Pegue-o! Calcule isto. 2.500cm³ de rocha e poeira por dia... vezes 365 dias. É igual a 3,5m por ano, 12 pés, um por mês. Três polegadas por semana. Em italiano. ...mais três metros e meio. O PRÍNCIPE MAQUIAVEL Não desperdice a luz. Você foi soldado, padre. Então sabe usar armas. Me ensine. Ou cave sozinho. Você me força a andar no fio da navalha, Dantes. Isso é ridículo. O espadachim mais forte não é necessariamente o vencedor. É a velocidade! A rapidez da mão. A rapidez da mente. Agora, passe a mão pelas gotas sem se molhar. Assim. Quanto tempo vou ficar nisso? Eu vou cavar o túnel. Bloqueie. Para cima. Desse jeito. Hora de estudar. A RIQUEZA DAS NAÇÕES A RIQUEZA DAS NAÇÕES - Defina economia. A economia é a ciência que lida com a produção, distribuição e consumo de bens. Traduzindo? Cave primeiro, ganhe depois. Obrigado! Feliz Natal, Edmond. Com um mês a mais ou a menos. Ótimo. Com quem está lutando? Danglars? Mondego? Quem você acha? Bom! Bom demais. Temos a Terceira Lei de Newton. Para cada ação há uma reação... na física... e no homem. Logo, minha busca por vingança é uma reação às ações de Danglars e Mondego. De pé, de pé. Quero me sentar. Você me disse uma vez que Villefort mandou te prender logo depois de ter retirado todas as queixas. Pode ir. Sim, é verdade. Então por que ele manteria essa mentira... a menos que ele tivesse motivo para mudar de ideia sobre você? - Pense, Edmond. - Estou tentando. - O que aconteceu? - Ele me perguntou- Napoleão disse quem receberia a carta? - E eu disse- - Monsieur Clarion. E nada mais? - Nada. Ele queimou a carta e disse que eu podia ir. Ah... Ele queimou... a carta. Sim. Que estranho que o chefe dos magistrados fosse queimar provas... de uma conspiração traidora... e então aprisionar o único homem que sabia da conexão de Monsieur Clarion a essa conspiração. - Estava protegendo alguém. - Ah. - Um amigo, talvez? - Não. Um político como Villefort teria se livrado de amigos assim. Clarion deve ser um parente. Um parente próximo, talvez- Não! O pai de Villefort era coronel no exército de Napoleão! Villefort não estava protegendo Clarion. Estava protegendo a si mesmo. Danglars, que mentiu dizendo que viu Napoleão me dar a carta. Mondego, que disse a Villefort que eu a tinha. E o próprio Villefort, que me mandou para cá. Bravo, Edmond. Bravo. Ah, meu Deus. Edmond, luz. Luz. Rápido, luz. Oh, por favor, Deus. O que é aquilo? Olhe. Olhe. Olhe! Raízes. Raízes de planta. Se são mesmo raízes, é só uma questão de meses. Isso! Muito bom, padre! Vou pegar meu cinzel. Ótimo. Padre! Em nome de Deus, vá! - Vá. Vá! Pulmões... perfurados. - Não fale. Não fale. - Escute. Não há muito tempo. Debaixo daqueles livros tem uma pedra solta. Me traga o que encontrar. Rápido, rápido. Abra. Quando disse a eles que não sabia... onde estava o tesouro de Espada, eu menti. Mentiu? Sou padre, não santo. Lá, naquela ilha na costa da Itália. - Monte Cristo? - Isso, isso. Use- Use a cabeça. - Siga as pistas. - O túnel foi fechado. Não posso escapar. Não, continue cavando. Quando fugir, use-o para o bem, só para o bem. Não, com certeza vou usá-lo em minha vingança. Esta é sua última lição. Não cometa... Não cometa o crime... pelo qual cumpre pena. Deus disse, "minha é a vingança". Eu não acredito em Deus. Não interessa. Ele acredita em você. Padre? Pratos no lugar. Anda logo. Ele está sempre acordado. É a primeia vez em 12 anos que não disse "obrigado". - Está morto. - Como? Caiu da cama, não é? - Está meio sujo, não está? - Todos estão. Bom, vamos embrulhá-lo... e ir falar com o Dorleac. Um, dois, três! Certo, vamos chamar o Dorleac. Por que trancou? Ele não vai a lugar nenhum. Sei lá. Força do hábito. Adeus, padre. Está livre agora, como eu jamais serei. Então o velho padre finalmente foi falar com São Pedro. Bom, tragam ele. - Vamos enterrá-lo. - Pronto? - Continue indo. - Vão logo, andem. Não tenho o dia todo. Na verdade, tenho. Eu tenho- Tenho todo o tempo do mundo! Vamos. Ande logo. Monsieur Dorleac! Pai Celestial, lhe entregamos... os restos mortais de seu humilde servo. Sei lá o nome dele. Deus, que tédio. Monsieur Dorleac! Ele tinha mesmo o mapa? Não, chefe. Onde está o... Pare! Monsieur Dorleac! Como assim, depois do três? Jogamos ele no três, ou antes? - Depois do três. - Um... Dois... - Monsieur Dorleac! - E tr- - Pare, Monsieur Dorleac! - Um... - Dois... - Não jogue o corpo! Três! Isso podia ter ido melhor... Obrigado, padre. Obrigado. Então, amigo, Eu perguntaria quem você é, mas pelas roupas rasgadas e o fato do Castelo D'If estar logo ali, eu nem preciso. Quanto a mim, sou Luigi Vampa, contrabandista e ladrão. Meus homens e eu viemos a esta ilha enterrar vivo um dos nossos que quis ficar com o roubo só para ele ao invés de... dividir com os companheiros. O interessante é que alguns de seus amigos insistem que eu lhe conceda misericórdia, o que, claro, não posso fazer, pois logo perderia o controle da tripulação. - É por isso que você é um achado. - Como assim? Você me oferece um jeito de oferecer clêmencia a Jacopo, aquele verme amarrado alí atrás, sem, ao mesmo tempo, parecer fraco. E, para completar, os rapazes vão ter alguma diversão. Como faço tudo isso? Assistiremos você e Jacopo lutar até a morte. Se ele vencer, o aceitamos de volta na tripulação. Se você vencer, eu terei dado a ele a chance de viver, mesmo que a tenha desperdiçado, e você assume seu lugar no navio. E se eu vencer e não quiser ser contrabandista? Cortamos sua garganta e ficamos com um homem a menos. Acho que nasci para ser contrabandista... e ficaria encantado em matar seu amigo verme. Ah, aliás, o Jacopo é o melhor lutador de faca que eu já vi. Então precisa sair mais do navio. Soltem o Jacopo e devolvam a faca dele! Que os jogos comecem! Levanta, verme. - Vai, vai! Se quer viver, não pisque um olho. Signor Vampa, deixe Jacopo viver. Ele já sofreu muito com a ameaça de ser enterrado vivo. Os homens que queriam diversão já tiveram. Os que pediram clemência a Jacopo a terão. E mantendo a mim e a Jacopo, você terá outro ótimo marujo e lutador no seu bando. Trato feito. - Qual é o nome dele? - Você é protegido do diabo, Jacopo! Nome? Vamos chamá-lo de Zatarra. - É assustador. - Quer dizer "náufrago". Juro por meus parentes mortos, até pelos que estão vivos, mas não se sentindo bem, serei leal a você para sempre.