(Allora) Me passa
o aspirador de novo.
Esse é definitivamente
o local pro trombone.
Vai ser assim com
aquela coisa, com a mão aqui.
(Calzadilla) É.
(Allora) E depois nós vamos ter
de expandir o bocal
pra que seja possível
sentar e tocar.
(Calzadilla) Está perfeito. Pratos.
(Allora) E o trompete
aqui em cima.
(Calzadilla) Um trom...
(Allora) Tem que subir e sair assim.
(Calzadilla) Seis metros de diâmetro.
Está ótimo. É engraçado.
(Calzadilla) Parece uma arma.
(Allora) Vamos cortar essa parte para você
chegar mais perto, mas for enquanto...
Toque, toque pra ver. Bem alto.
É a tuba ali...
Sim, e temos essa qui,
uma tuba premiada...
Como você chama isso?
Pratos. Isso é bom também.
O que a gente faz muito com os nossos projetos
é meio que uma desculpa para pesquisar algo.
Isso aqui é a mesma coisa,
tá vendo como é parecido com os canhões...
Sim.
É para isso que
as aberturas servem.
Era para a arma.
É a chance de aprender mais
sobre alguma coisa no mundo
e poder formular
alguma resposta.
Certo, e isso foi essa sobre os...
sons para o noticiário e
o que eles usam para representar
a cobertura da guerra.
Agora estamos fazendo basicamente
um arquivo das músicas da guerra
de lugares e eras diferentes
no mundo.
Se chama "Clamor"
É sobre música de guerra,
música como um...
como uma arma de som.
(Calzadilla) Então, por exemplo, ali você
tem o trombone da Guera Civil americana
misturado com a tuba japonesa,
basicamente sons de todas as eras
diferentes até hoje compondo essa montagem
que vai ser parte
de duas coisas.
Uma vai ser parte de uma escultura,
que basicamente vai ser um concerto
mas a banda será músicos ao vivo,
vão estar dentro desse objeto,
dessa escultura.
(Allora) Desde o começo do
nosso trabalho juntos,
estamos interessados em materiais.
Quais são os significados conotados
pelo uso de certos materiais.
(Calzadilla) Certos materiais
falam do seu uso
e tem uma função prática.
Mas, sabe, tem também essa dimensão
simbólica que um material tem.
(Allora) No caso de "Chalk" estavamos
interessandos na objetividade
do que o giz é.
É ao mesmo tempo uma ferramenta...
(Calzadilla) Ideológica.
(Allora) ...algo que você encontra
numa sala de aula.
(Calzadilla) Isso é ideológico.
(Allora) Mas é também
uma substancia geológica.
É... o giz é algo que é
encontrado naturalmente na terra,
e por causa da sua natureza
ele é efêmero e frágil.
(Calzadilla) Essa ideia de fazer
esses gizes gigantes,
você pode escrever palavras grandes,
fisicamente, mas talvez também simbolicamente.
(Allora) A nossa ideia era
colocar os gizes
onde os prédios do governo do Peru
estão localizados.
Todo dia, se eles deixassem
os manifestantes irem
e fazer meio que
uma volta na praça,
e essa é a sua chance de fazer pública
qualquer demandas que você tiver.
(Allora) Os manifestantes, eles percebem
que é outro jeito de vocalizar
e tornar visível as demandas deles.
Pessoas estavam escrevendo que
eram a favor desse partido político,
e então alguém riscava
e escrevia outra coisa.
(Calzadilla) Pessoas escrevendo
declarações de amor.
(Allora) E virou mesmo essa
espécie de fórum complexo
que estava sendo todo
registrado nesse chão.
(Calzadilla) Não é que nem
uma escultura que tem um único fim
ou é só usanda de uma certa forma.
Você tem toda essa
multiplicidade de posições
(Allora) Essa obra tem o potencial de
perturbar ativamente quais são
as normas desse lugar em particular.
(Calzadilla) Um esquadra de polícia,
eles prenderam a escultura.
Levaram todo o giz,
colocaram num caminhão militar...
(Allora, interrompendo)
Colocaram num camburão.
(Calzadilla) ...e levaram eles embora.
Demonstra os limites da liberdade de expressão
nessa suposta sociedade democrática,
mas também fala sobre escultura
e sobre referências históricas,
sobre a dimensão poética.
(Allora) Essa coisa que vem da...
da música Otomana.
É assim... nos discutimos,
isso é provavelmente o que mais fez
a gente ficar mais próximos
e realmente define o nosso relacionamento
como colaboradores e como...
pessoalmente é a nossa briga.
Tipo, nós temos que...
fazer disso uma forma de arte para
discutir um com o outro, sobre tudo.
Mas de certa forma, isso é bom porque
é como ir para a guerra
porque, finalmente, ao fim do dia
quando nós dois,
sabe, demos o nosso melhor
um pro outro, tomamos uma decisão
o que sobre é o que nós dois concordamos
de verdade e realmente temos em comum.
(Calzadilla) Ah, mas
é mais sobre questionar.
É esse questionamento... sem fim
de qualquer coisa, por que isso e não aquilo.
(Allora) Exatamente. Quero dizer,
não é... não é trivial ou infantil.
Mas é uma discussão contínua.
(Allora) Ok,
vamos experimentar agora.
(Calzadilla) Esse é...
esse é o ponto.
Tá bom.