(Allora e Calzadilla em) (Arte no Século Vinte e Um) (música tranquila) (Allora) Me passa o aspirador de novo. Esse é definitivamente o local pro trombone. Vai ser assim com aquela coisa, com a mão aqui. (Calzadilla) É. (Allora) E depois vamos ter de expandir o bocal pra que dê para sentar e tocar. (Calzadilla) Está perfeito. Pratos. (Allora) E um trompete ali. (Allora) Tem que subir e sair assim. – Seis metros de diâmetro. (rindo) Isso é ótimo! (trompete tocando) (Calzadilla) Parece uma arma. (Allora) Vamos cortar essa parte para você chegar mais perto, mas por ora... Toque, toque pra ver. (Calzadilla) É a tuba ali... (Allora) Sim. (Allora) E temos essa daqui, uma tuba premiada... (Calzadilla) Como você chama isso? (bate palmas) Pratos. Isso é bom também. (Allora) Deixa eu ver se consigo... Baixar. O que a gente faz muito com os nossos projetos é meio que uma desculpa para pesquisar algo. Isso aqui, é a mesma coisa, - tá vendo os canhões saindo... - Sim. É para isso que as aberturas servem. Para as armas. (Allora) É a chance de aprender mais sobre alguma coisa no mundo e poder formular alguma resposta. Certo, e isso foi essa sobre os... Foi legal, foi sobre os... (muxoxo) sons para os noticiários. E o que eles usam para representar a cobertura deles da guerra. Agora estamos fazendo basicamente um arquivo das músicas da guerra de lugares e eras diferentes no mundo. Se chama "Clamor" É sobre música de guerra, música como uma... como uma arma de som. (trombone tocando) Então, por exemplo, você tem o trombone da Guera Civil americana misturado com a tuba japonesa, Basicamente são sons de todas as eras diferentes até hoje compondo essa montagem que vai ser parte de duas coisas. Uma vai ser parte de uma escultura, que basicamente vai ser um concerto mas a banda, vai ser músicos ao vivo, que vão estar dentro desse objeto, dessa escultura. (Allora) Desde o começo do nosso trabalho juntos, estamos interessados em materiais. Quais são os significados conotados pelo uso de certos materiais. (Calzadilla) Certos materiais dizem ou falam do seu uso e tem uma função prática. Mas, sabe, tem também essa dimensão simbólica que um material tem. (Allora) No caso de "Chalk" estavamos interessandos na objetividade do que o giz é. É ao mesmo tempo uma ferramenta... (ambos) Ideológica. (Allora) Que há numa sala de aula. (Calzadilla) Que é ideológico. (Allora) Mas é também uma substancia geológica. O giz é algo encontrado naturalmente na terra, e por causa da sua natureza ele é efêmero e frágil. (Calzadilla) Essa ideia de fazer esses gizes gigantes, você pode escrever palavras grandes, fisica, mas talvez também simbolicamente. (Allora) A nossa ideia era colocar os gizes onde os prédios do governo do Peru estão localizados. Todo dia eles permitiam aos os manifestantes irem e fazer meio que uma volta na praça, e essa é a sua chance de tornar pública qualquer demandas que tiver. (mulher falando em espanhol) (Allora) Os manifestantes, eles percebem que é outro jeito de vocalizar e tornar visível as demandas deles. Pessoas estavam escrevendo que eram a favor desse partido político, e então alguém riscava e escrevia outra coisa. (Calzadilla) Pessoas escrevendo declarações de amor. (Allora) E virou mesmo essa espécie de fórum complexo que estava sendo todo registrado nesse chão. Não é que nem uma escultura que tem um único fim ou só é usada de uma certa forma. Você tem toda essa multiplicidade de posições (Allora) Essa obra tem o potencial de perturbar ativamente quais as normas de um lugar em particular. (Calzadilla) Um esquadrão de polícia, eles prenderam a escultura. Levaram todo o giz, colocaram num caminhão militar... e levaram embora. Isso demonstra os limites da liberdade de expressão nessa suposta sociedade democrática, mas também fala sobre escultura e sobre referências históricas, sobre a dimensão poética. (Allora) Engraçado, é essa coisa que vem da... da música Otomana. É tipo essa... Nos discutimos, isso é provavelmente o que mais fez a gente ficar mais próximos e realmente define o nosso relacionamento como colaboradores e como... Pessoalmente, é a nossa briga. Tipo, nós... fazemos disso uma arte de discutir um com o outro, sobre tudo. Mas de certa forma, isso é bom porque é como ir para a guerra porque, finalmente, ao fim do dia, quando nós dois, sabe, demos o nosso melhor um pro outro, tomamos uma decisão o que sobre é o que nós dois realmente concordamos e realmente temos em comum. - Ah, mas é mais questionamento. É esse questionamento... sem fim sobre qualquer coisa, Por que isso e não aquilo. (Allora) Exatamente. Quero dizer, não é... não é trivial ou infantil. Mas é uma discussão contínua. - Ok, vamos testar agora. (Calzadilla) Tá bom. Esse é o ponto. (Allora) No fim das contas, essas coisas que nós dois não conseguimos discutir são as coisas que nós tendemos então a, sabe, usar como ponto de partida para seguir em frente nos nossos projetos. O humor pode ser belo, pode ser aterrorizante, ser político... - pode ser poético, - Pode ser transformativo. Pode ser crítico. Mas o que eu gosto é que fisicamente, é uma transformação psicológica dessa coisa que te afetou. A gente se pegar rindo das mesmas coisas foi o reconhecimento de que nós dois nos identificamos com essa coisa. E isso virou uma forma da gente achar coisas em comum e se identificar um com o outro. (Corno soprando) (Allora) Mas, às vezes, vemos coisas que não são uma piada, mas, sim, essa justaposição incrível, absurda e incomum de algo que simplesmente parece completamente fora do lugar mas ao mesmo tempo é ponderado e certo. (corno soprando, motor zumbindo) (Allora) Estávamos interessados na movimentação que estava acontecendo na Ilha de Vieques que fica fora da principal em Porto Rico. Utilizada como campo de teste de bombas. (Calzadilla) Isso foi filmado na semana em que abriram o local que anteriormente foi ocupado por 60 anos dos militares à população Há pessoas que em toda sua vida nunca puderam dar uma volta na ilha toda. Então essa é a primeira vez que o local todo está aberto. (corno soprando, motor zumbindo) (Allora) E parecia que um som comemorativo deveria acompanhar, ser emblemático dessa luta popular que, em termos leigos, é geralmente entendido como um hino. (Calzadilla) Então procuramos a etimologia da palavra "hino" e descobrimos algo que gostamos muito mais, que é a sonoridade em resposta. E nós chamamos isso de "Returning a Sound". (corno soprando, motor zumbindo) (Calzadilla) A aceleração da moto e todos os acidentes nas estradas, as lombadas, geraram uma trilha, uma composição musical que é completamente acidental. (corno soprando, motor zumbindo) (Allora) Foi muito interessante ver as reações à essa obra, e eu lembro que teve uma pessoa que, ela tava tipo gritando quando o local foi aberto e ele gostava do fato de que o trompete de certa forma era um grito. (corno soprando, motor zumbindo) (barulho afina gradualmente) (água balançando) (Allora) Na verdade, em Vieques, apesar de terem tantas pessoas que tinham algo em comum, tirar o exercito de Vieques, a maioria estava em completo desacordo sobre todo e qualquer aspecto da ilha. (Calzadilla) Nós queríamos mobilizar essa discussão de algum jeito. (Allora) Através da metáfora da mesa de discussão chegamos nessa obra que chamamos de "Under Discussion" (motor de popa zumbindo) (barulho continua) (Allora) Usamos essa pessoa para levar a mesa de discussão em áreas de futuro incerto. (motor zumbindo) (barulho continua) Tem algo nesse antagonismo ou nessa tensão que pode ser compreendido em qualquer lugar no mundo. Apesar das ações dela serem absurdas, como levar a mesa de discussão para a ilha e fazer dela um barco, é uma forma de confrontar algo que pode ser geralmente avassalador e encontrar uma forma de controlá-lo e então contribuir com alguma coisa. (motor zumbindo) Sabe, essa é meio que a natureza de fazer arte, e fazer isso, é meio que virar algo de ponta-cabeça e quando você vê ele de ponta-cabeça, é quando você começa a ver de forma completamente diferente e novos significados surgem daí. (Allora) As nossas experiências são informadas em estudos nas ciências. Formas como geologia, biologia, luz... nós as vemos pelas lentes de um artista. (Calzadilla) O nosso interesse científico vem por um filtro, eu acho, de absurdidade ou puro nonsense. (Allora) "Sweat Glands, Sweat Glands" foi... um dos projetos em vídeo mais complicados. (homem falando em espanhol) (Calzadilla) Chega a época natalina, todos assam o porco, você tem que assar o porco por horas, com as suas mãos. (homem falando em espanhol) (Calzadilla) Essa peça de metal em que o porco é assado, nos soldamos ela ao pneu traseiro de um carro quando você acelera e o o porco gira. (Allora) E entender a lógica do cuspe como um tipo de conexão entre esses dois sistemas... (Calzadilla) tem uma dimensão simbólica. (homem falando em espanhol) (Allora) O cara, ele não está fazendo nada, ele tá só sentado lá, meio que supervisionando essa... essa atividade. Ele está fumando, ele está sendo fumando enquanto o porco é defumado. (homem falando em espanhol) (Calzadilla) Essa é... uma imagem muito violenta. (Allora) Estou interessada nessa violência dela. Interessada no grotesco e na vulgaridade dela, porque eu acho que se comunica a um sobreaquecimento excessivo da sociedade e da violência. (homem falando em espanhol) (Allora) Então só para reiterar, a primeira coisa foi usar os seus instrumentos para fazer esses sons abstratos que são muito fortes e altos, como uma sirene ou uma ambulância ou qualquer outro tipo de referência em que quiser pensar. (Calzadilla) Para nós, é muito importante, a ideia de ter uma obra que têm todas essas contradições em si mesma. Como você pode unir todas essas coisas que não tem nada a ver? Bom, você usa cola. Você usa uma cola ideológica. (música ao vivo) (música continua) (Calzadilla) Essa frustração, absurdidade, esse nonsense, esse paradoxo, todas essas coisas constituem parte do significado da obra. (música ao vivo) (música animada) (música continua) (narrador) Para saber mais sobre Art21, arte no século XXI e seus recursos educacionais, por favor nos visite online em PBS.org (música continua) "Art21, arte no Século Vinte e Um" está disponível em DVD. O livro de acompanhamento do programa também está disponível. Para adquiri-lo, ligue para PSB Homevideo em 1-800-PLAY-PBS (obrigado) (música continua) (Este programa é produção da Art21, Inc a qual é responsável por seu conteúdo)