(Música de piano)
Estamos no 4º andar do
Museu de Arte Moderna de Nova Iorque
e estamos olhando para "Bed", que
chamaríamos de "Cama" em portugués.
Uma obra de Robert Rauschenberg.
É um combinado, não é bem uma
escultura, nem uma pintura, é de 1955.
Então, combinado quer dizer
uma combinação
de pintura e escultura?
Bem, John e Rauschenberg
estavam realmente pensando
sobre sua arte como
entre arte e vida, e qual
e aquele pequeno espaço
entre elas?
Ao invés de pensar sobre isso
entre pintura e escultura entre
estas duas coisas que
bem simbolizam a arte tradicionalmente,
introduzindo a vida naquele tema.
Vida e inteligência.
O que vemos é, na verdade,
uma cama real.
Vemos um travesseiro de verdade.
Vemos uma fronha de verdade,
um cobertor acolchoado feito à mão,
lençois,
mas se você olhar de perto, pode
ver também lápis e tinta.
Claro, tudo isso foi tirado
do horizontal onde poderia
deitar sobre isso,
e colocar-se na parede.
Lembra-me Pollock,
das pinturas de Pollock sobre o chão,
e logo aqueles pedaços de lona
sendo pegos e colocados
nos museus ou galerias de arte.
Outra forma que me lembra Pollock
são todas as gotas que vemos aqui.
Isto é uma referência que
Rauschenberg queria que você notasse.
Os Pollocks têm só 5
anos de idade,
as grandes pinturas de gotas.
É, exatamente.
Este artista queria que você
pensasse em Pollock.
É realmente uma confrontação
com Pollock,
com o expressionismo abstrato.
Isso era dominante na arte
contemporânea em 1955.
Pollock morreria no ano seguinte.
Quando penso em expressionismo
abstrato,
penso na experiência pessoal
subjetiva dos artistas
nas telas.
Eu penso que para mim faz sentido
que isso seja uma cama,
um lugar para a nossa inconciência,
nossos sonhos.
Acho também irônico.
Esta noção de que a tela
expressionista abstrata
era de algum modo a manifestação
do estado interno
do artista.
Rauschenberg está dizendo,
"Você realmente acredita nisso?"
"Bem, deixe-me dar-lhe uma
espaço real do sonho."
"Te darei uma cama"
Então, acha que ele está
brincando de certa forma?
Claro.
Historiadores de arte
às vezes falavam sobre um tipo de
relaçao
edipiana entre Rauschenberg e
jovens artistas,
e o expressionista abstrato que ele
era amigo naquele tempo.
Isso, faz esse tipo de jogo.
1955, no trabalho de pessoas como
johns e Rauschenberg,
no momento em que quando a arte
muda de ser modernista para
uma atitude de pós-modernismo que
é sensível e auto-consciente,
uma espécie de hiper auto-consciência.
Poderiamos entender isso como
a mudança entre
modernismo e pós-modernismo.
Ou sinceridade à ironia.
É verdade de que quando penso
sobre expressionismo abstrato,
há esta tentativa
de cada um desses artistas,
Newman, Pollock,
Rothko, Motherwell, os grandes artistas
do movimento expressionista
abstrato,
cada um deles tem um bastante
distinto estilo individual.
Você não pode dizer que há um
estilo expressionista abstrato
porque é totalmente
dependente do indivíduo.
Existe a idéia de que a pintura
é esta manifestação de sua
personalidade, da sua psique.
O que acontece aqui,
é que temos um artista que está
conscientemente imitando
essa ideia do autêntico.
Se você olhar de perto, as gotas
estavam sendo usadas, em 1955,
quase uma espécie de emblema
a experiência autêntica
do momento autêntico.
Aqui, que está sendo replicado.
Há uma espécie de ironia
incorporada nisto.
Penso em voltar atrás em
adquirir aquela noção
de que a arte pode ser esta coisa
interna verdadeira.
Em virtude da cópia
o que é supostamente o estilo individual,
de alguém,
há uma espécie de ironia, uma espécie
de auto-consciência,
uma espécie de adoção para
outra finalidade.
Mas, logo, tudo isso
é colocado sobre os
objetos encontrados
ou objetos da cama de Rauschenberg.
Há algo incrivelmente pessoal,
mas também absurdo aqui.
é por isso que Johnson
e Rauschenberg
são muitas vezes referidos
como neo-dadaísta,
porque pegou o manto,
a bandeira de pessoas como Duchamp,
que estão interessados em
ironia, na brincadeira,
em uma repetição de idéias,
e reconstruindo
um vocabulário de significado.
Bem, é verdade que
Duchamp assumiu
a tradição da arte do oeste
e toda a sua seriedade
e altivez.
Posso ver que aqui com Rauschenberg
em que comentar sobre a
sinceridade e seriedade
do expressionismo abstrato.
(Música de piano)
(Legendado por Carol Sarapo)