[introdução musical] Olhando a grande pintura sobre painel de Piero della Francesca do Batismo de Cristo, vemos um composição típica muito comum, mas não é um tratamento típico. Piero é daqueles artistas renascentistas que acredito que a modernidade ama em parte por causa da enfâse na geometria, e pela espécie de abstração do espaço e da forma. Ele de fato se destaca por ter um estilo realmente único no princípio do Renascimento. É definido por um tipo de inércia das figuras, uma espécie de serenidade. Tem todas as características de um momento ideal: este é um momento, literalmente, o momento quando João permite que a água da taça se derrame sobre a cabeça de Cristo, instante em que o Espírito Santo aparece sob a forma de uma pomba. João é muito gentil e cuidadosamente despeja a água sobre Cristo, porque Cristo pediu a João para batizá-lo e este se recusou primeiro. Cristo insistiu porque João disse: "Você é quem deve me batizar". À esquerda, os anjos olham igualmente preocupados e há uma hesitação. Foque nos olhos de João. Esta incerteza é expressa em sua mão esquerda. Sim, oh, absolutamente, e considere então nas mãos dos anjos também. Há uma espécie de quietude e senso de linearidade entre as imagens. Cristo ocupa o centro exato da composição. Diretamente sob a pomba, está em adorável "contrapposto", com as mãos em oração. Há uma geometria muito rigorosa da verticalidade, que você já mencionou, comumente isso se deveria à simetria de correspondência do centro da tela mas aqui se deve à João em relação aos anjos, à árvore... e, na verdade, à todas as árvores. E depois há uma série de horizontais perfeitas: olhe: o cinto de João continua o movimento do homem que tira a camisa para a direita, atravessa a cintura de Cristo e atinge as correias do anjo do meio. Então, você tem uma horizontal que atravessa perfeitamente, que ecoa pela horizontalidade da pomba, cuja linha é continuada pelas nuvens; e, depois, existe uma série de círculos; a pintura em si é um arco. Esse arco ... é captado e continuado pelo arco acima do tecido que cobre a cintura de Cristo e, em seguida, pela mão e braço de João, e até por este tipo de linha criada quando o homem puxa a camisa sobre a cabeça. Assim, você percebe realmente esse tipo de arco negativo continuado ou a parte inferior do círculo do arco. E este amor pela geometria, nós sabemos, era algo em que Piero estava interessado também, tanto que escreveu um tratado sobre a perspectiva; está interessado nos fundamentos matemáticos de beleza e harmonia. Perto do que vemos real e tipicamente no início do Renascimento. Penso que há um tipo de peculiaridade adicional, que tem a ver com localização: claramente este não é o Oriente Médio. A cidade de montes que vemos logo abaixo do cotovelo de Cristo é claramente da Toscana e... talvez... onde Piero nasceu, Borgo Sansepolcro. Certo, mas temos uma referência do Rio Jordão, voltando de Cristo, o que é... peculiar, minimizado e ligado à um pequeno córrego, quase... a parar, como um pequeno caminho, na verdade... voltando e refletindo... uma estrada. Aqui há uma espécie de intencionalidade, e um tipo de formalidade que penso ser muito atraente no século XXI. [encerramento musical] Legendado por: [Noemia Monteiro Bito] Revisado por: [Pedro Mota Byrro]