No início do século XVII, a Companhia Holandesa das Índias Orientais empregava centenas de barcos para comercializar ouro, porcelanas, especiarias e sedas por todo o globo. Mas não era barato dirigir toda esta enorme operação. Para financiar as dispendiosas viagens, a companhia recorria a cidadãos privados — indivíduos que podiam investir dinheiro para financiar a viagem em troca duma parte dos lucros do navio. Esta prática permitia que a companhia realizasse viagens mais importantes, aumentando os lucros para si mesma e para os seus sagazes investidores. Ao vender essas quotas em cafés e portos de embarque pelo continente, a Companhia Holandesa das Índias Orientais inventou, sem o saber, o primeiro mercado de ações do mundo. Desde então, as empresas têm arranjado fundos de investidores dispostos a sustentar todo o tipo de negócios. E, atualmente, o mercado de ações tem escolas, carreiras e até canais de televisão, dedicados a percebê-lo. Mas o moderno mercado de ações é muito mais complicado do que a sua invenção original. Então, como é que as empresas e os investidores usam esse mercado, hoje? Imaginemos uma nova empresa de café que decide lançar-se no mercado. Primeiro, a empresa apresenta-se a grandes investidores. Se eles acharem que essa empresa é uma boa ideia, obtêm a primeira fatia de investimento e depois patrocinam a oferta pública inicial da empresa, ou seja, uma OPI. Isso lança a empresa no mercado público oficial onde qualquer empresa ou indivíduo que acredite que o negócio pode ser lucrativo pode comprar uma ação. Comprar ações torna esses investidores proprietários parciais do negócio. O seu investimento ajuda a empresa a crescer, e à medida que ela vai tendo mais êxito, mais compradores veem o seu potencial e começam a comprar ações. Quando a procura dessas ações aumenta, o preço também aumenta, aumentando o custo para novos compradores e aumentando o valor das ações da empresa que as pessoas já possuem. Para a empresa, este valor acrescido ajuda a financiar novas iniciativas e também aumenta o valor do mercado, mostrando como tanta gente está disposta a investir na ideia. Mas se, por qualquer razão, a empresa começa a parecer menos lucrativa, também pode acontecer o contrário. Se os investidores pensarem que o valor das suas ações vai diminuir, vendem as ações, na esperança de terem algum lucro antes de a empresa perder mais valor. À medida que as ações são vendidas e a procura das ações diminui, o preço das ações desce e, com ele, o valor de mercado da empresa. Isso pode provocar grandes perdas aos investidores — a não ser que a empresa começa a parecer lucrativa, de novo. Este sobe e desce de oferta e procura é influenciado por muitos fatores. As empresas estão sob a influência inevitável das forças do mercado — como o preço flutuante dos materiais, as mudanças na tecnologia da produção, e os custos variáveis da mão de obra. Os investidores podem preocupar-se com as mudanças de gestão, má publicidade ou fatores mais importantes como novas leis e políticas comerciais. E, claro, muitos investidores estão dispostos a vender ações valiosas e satisfazer interesses pessoais. Todas estas variáveis causam ruído, todos os dias, no mercado, que podem fazer parecer as empresas mais ou menos bem sucedida. No mercado de ações, parecer perder valor leva muitas vezes à perda de investidores e, por sua vez, perder valor realmente. A confiança humana no mercado tem o poder de provocar tudo, de explosões económicas a crises financeiras. É por causa desta variável difícil de detetar que a maioria dos profissionais promove investimentos fiáveis de longo prazo em vez de tentarem obter lucros rápidos. Contudo, os especialistas estão sempre a criar instrumentos na tentativa de aumentar as suas hipóteses de êxito neste sistema altamente imprevisível. Mas o mercado de ações não é só para os ricos e poderosos. Com a chegada da Internet, os investidores podem comprar ações todos os dias exatamente da mesma maneira que um grande investidor compra. E à medida que as pessoas aprendem a conhecer este complexo sistema, também elas podem comprar ações, apoiar os negócios em que acreditam, e satisfazer os seus objetivos financeiros. O primeiro passo é investir.