1 00:00:07,108 --> 00:00:12,212 "Aqui jaz Artur, foi rei, e rei será." 2 00:00:12,942 --> 00:00:16,756 É a inscrição no túmulo do Rei Artur 3 00:00:16,756 --> 00:00:20,358 no livro de Thomas Malory, "Le Morte d'Arthur". 4 00:00:20,358 --> 00:00:22,195 Escrevendo no século 15, 5 00:00:22,195 --> 00:00:27,031 Malory não tinha como saber o quão profética esta inscrição se tornaria. 6 00:00:27,031 --> 00:00:31,664 O Rei Artur ressuscitou muitas vezes no imaginário coletivo, 7 00:00:31,664 --> 00:00:33,714 junto com seu cortejo de cavaleiros, 8 00:00:33,714 --> 00:00:36,034 a rainha Guinevere, a Távola Redonda, 9 00:00:36,034 --> 00:00:39,281 Camelot, e claro, Excalibur. 10 00:00:39,634 --> 00:00:44,013 Mas de onde essas histórias vieram, e existe alguma verdade nelas? 11 00:00:44,013 --> 00:00:48,695 O Rei Artur, como o conhecemos, foi criado no final da Idade Média, 12 00:00:48,695 --> 00:00:54,252 mas sua lenda tem suas raízes na poesia céltica do início dos tempos antigos: 13 00:00:54,252 --> 00:00:56,710 a invasão saxônica da Grã-Bretanha. 14 00:00:57,310 --> 00:01:01,223 Depois que os Romanos saíram da Grã-Bretanha em 410 EC, 15 00:01:01,223 --> 00:01:04,613 os invasores saxões de países como Alemanha e Dinamarca 16 00:01:04,613 --> 00:01:09,149 rapidamente se aproveitaram da vulnerabilidade de território abandonado. 17 00:01:09,149 --> 00:01:12,689 Os habitantes da Grã-Bretanha lutaram contra os invasores 18 00:01:12,689 --> 00:01:15,416 através de muitos séculos de confusão. 19 00:01:15,416 --> 00:01:18,063 Não há quase nenhum registro desta época, 20 00:01:18,063 --> 00:01:21,697 então, fica difícil reconstruir a história com exatidão. 21 00:01:21,697 --> 00:01:26,162 No entanto, poesias existentes da época nos dá uma ideia. 22 00:01:26,162 --> 00:01:31,118 Um dos poemas, "The Gododdin", contém a primeira referência Artur, 23 00:01:31,118 --> 00:01:34,345 embora ele mesmo, na verdade, não apareça. 24 00:01:34,345 --> 00:01:37,717 O poema diz que outro guerreiro, chamado Gwawrddur, 25 00:01:37,717 --> 00:01:42,024 era especializado em matar seus inimigos, mas não era o Artur. 26 00:01:42,024 --> 00:01:43,578 Não há muito o que dizer, 27 00:01:43,578 --> 00:01:45,566 mas quem quer que o Artur fosse, 28 00:01:45,566 --> 00:01:48,817 ele deve ter sido o modelo de ouro dos guerreiros. 29 00:01:48,817 --> 00:01:54,405 Se ele governou de fato, ou até se existiu, não está claro. 30 00:01:54,405 --> 00:01:56,164 Mesmo nessa incerteza, 31 00:01:56,164 --> 00:02:00,016 referências ao Artur despertaram a atenção de um aspirante a historiador 32 00:02:00,016 --> 00:02:01,791 centenas de anos depois. 33 00:02:01,791 --> 00:02:08,687 Em 1130, Geoffrey of Monmouth, era um humilde clérigo com grandes ambições. 34 00:02:08,997 --> 00:02:11,173 Usando fontes célticas e latinas, 35 00:02:11,173 --> 00:02:13,719 devotou anos criando um crônica longa 36 00:02:13,719 --> 00:02:17,289 entitulada "The History of the Kings of Britain". 37 00:02:17,289 --> 00:02:20,868 O destaque do livro era o Rei Artur. 38 00:02:20,868 --> 00:02:24,641 História é um termo generoso para o relato de Geoffrey. 39 00:02:24,641 --> 00:02:27,857 Escrevendo 600 anos depois da invasão saxônica, 40 00:02:27,857 --> 00:02:30,597 ele emendou fragmentos do mito e da poesia 41 00:02:30,597 --> 00:02:34,736 para compensar a falta quase total de registros oficiais. 42 00:02:34,736 --> 00:02:37,191 Algumas de suas fontes mencionavam Artur 43 00:02:37,191 --> 00:02:40,538 e outras eram realísticos relatos de batalhas e lugares. 44 00:02:40,538 --> 00:02:43,672 Mas muitos apresentavam heróis míticos lutando longamente 45 00:02:43,672 --> 00:02:47,181 com a ajuda de espadas mágicas e magia. 46 00:02:47,181 --> 00:02:48,703 Geoffrey misturou tudo: 47 00:02:48,703 --> 00:02:51,640 uma espada mágica chamada Caledfwlch 48 00:02:51,640 --> 00:02:55,762 e um castelo romano chamado Caerleon apareceu no material de suas fontes. 49 00:02:55,762 --> 00:03:00,973 Artur, de Geoffrey, governou de Caerleon e manejou a espada Caliburnus, 50 00:03:00,973 --> 00:03:03,575 a tradução do latim de Caledfwlch. 51 00:03:03,575 --> 00:03:06,906 Geoffrey até adicionou um sábio conselheiro chamado Merlim, 52 00:03:06,906 --> 00:03:10,845 com base no poeta céltico Myrrdin, para a história de Artur. 53 00:03:10,845 --> 00:03:14,295 Se Artur realmente viveu, provavelmente ele teria sido um líder militar, 54 00:03:14,295 --> 00:03:19,195 mas um rei no seu castelo se encaixa melhor na majestosa história de Geoffrey. 55 00:03:19,195 --> 00:03:21,832 A crônica de Geoffrey conseguiu a atenção desejada, 56 00:03:21,832 --> 00:03:24,239 e logo foi traduzida do latim para o francês. 57 00:03:24,239 --> 00:03:28,375 pelo poeta Wace, por volta de 1155 EC. 58 00:03:28,375 --> 00:03:32,117 Wace adicionou outro destaque à lenda arturiana de Geoffrey da espada, 59 00:03:32,117 --> 00:03:35,478 castelo, e mago: a Távola Redonda. 60 00:03:35,478 --> 00:03:38,224 Escreveu que uma mesa fora construída para Artur 61 00:03:38,224 --> 00:03:41,656 para que todos os convidados na corte dele ocupassem a mesma posição, 62 00:03:41,656 --> 00:03:45,713 e ninguém se vangloriasse por ter sentado em um lugar de honra. 63 00:03:45,713 --> 00:03:51,059 Depois de ler a tradução de Wace, outro poeta francês, Chrétien de Troyes, 64 00:03:51,059 --> 00:03:55,776 escreveu romances que projetaram a história de Artur para a fama. 65 00:03:55,776 --> 00:04:00,960 Ele introduziu contos individuais de cavaleiros como Lancelote e Gawain, 66 00:04:00,960 --> 00:04:03,706 e misturou elementos de romance com aventuras. 67 00:04:03,706 --> 00:04:08,735 Ele idealizou o triângulo amoroso de Artur, Lancelote e Guinevere. 68 00:04:08,755 --> 00:04:13,968 Além da intriga interpessoal, ele também inseriu o Cálice Sagrado. 69 00:04:14,378 --> 00:04:17,873 Chrétien talvez baseou os poderes dele no cálice 70 00:04:17,873 --> 00:04:21,063 em objetos mágicos da mitologia céltica. 71 00:04:21,063 --> 00:04:23,675 Ele viveu no meio das cruzadas, 72 00:04:23,675 --> 00:04:28,170 e outros impuseram as preocupações dos tempos do Cálice, 73 00:04:28,170 --> 00:04:31,716 apontando-o como uma relíquia da crucificação. 74 00:04:31,716 --> 00:04:34,887 Inúmeras adaptações em francês e em outras línguas 75 00:04:34,887 --> 00:04:37,033 seguiram o trabalho de Chrétien. 76 00:04:37,033 --> 00:04:41,008 No curso dessas versões, Caerleon se tornou Camelot, 77 00:04:41,008 --> 00:04:44,736 e Caliburnus foi rebatizada como Excalibur. 78 00:04:44,736 --> 00:04:45,997 No século 15, 79 00:04:45,997 --> 00:04:50,473 Sir Thomas Malory sintetizou essas histórias em "Le Morte D'Arthur", 80 00:04:50,473 --> 00:04:53,643 a base para muitas versões modernas do Rei Artur. 81 00:04:53,643 --> 00:04:57,751 Nos mil anos desde que Artur apareceu pela primeira vez em um poema céltico, 82 00:04:57,751 --> 00:05:00,362 sua história foi transformada várias vezes 83 00:05:00,362 --> 00:05:04,633 para refletir as preocupações de seus historiadores e a audiência deles. 84 00:05:04,633 --> 00:05:08,229 E continuamos reescrevendo e adaptando a lenda ainda hoje. 85 00:05:08,229 --> 00:05:12,477 Se ele existiu ou não, amou, reinou ou aventurou-se, 86 00:05:12,477 --> 00:05:15,933 é inegável que o personagem atingiu a imortalidade.