Gostaria de levar vocês ao passado
para quando eram uma criança
e aprenderam a andar de bicicleta.
Esse foi realmente
seu primeiro teste de coragem.
Você subiria na bicicleta,
ela inclina, balança, você cai...
Seus pais te pedem para subir de novo,
você começa a pedalar novamente,
ganha velocidade, e de repente,
você está andando!
Lembram-se daquele sentimento incrível
de sucesso que chega?
Porque aprender a andar de bicicleta
não é apenas adquirir uma habilidade.
É uma conexão emocional,
mais profunda, humana.
É por isso que a bicicleta é um
belo exemplo de como tecnologia simples,
se usada corretamente,
pode trazer profundas emoções humanas
e criar um ciclo
de criatividade e inovação.
O desafio que temos hoje está aqui,
é o que temos feito com a tecnologia.
Chamo isso de "iBike".
Nós a levamos a tal extremo,
que começamos a nos desconectar.
Desconectar-nos da mesma coisa
que criou a tecnologia.
O ciclo de inovação.
Você pode pensar que
criar tecnologia é complicado,
porém é bastante simples.
Vejam, você pega pessoas
muito entusiasmadas,
você conecta elas,
inspira elas,
elas ficam bem criativas,
falham algumas vezes,
e elas reinventam.
É realmente simples assim.
O desafio é: nós estamos atingindo algo
que está conectando
as pessoas entusiasmadas
e começando a desconectar?
O que vai acontecer
com toda a criatividade?
Eu gostaria de contar a vocês
um pouquinho da minha infância.
Eu e minha família imigramos aqui
do Irã durante a guerra.
Minhas lembranças de aprender
a andar de bicicleta
nas colinas de um país lindo
passaram a ser, da noite para o dia,
de sentar num porão escuro
enquanto bombas explodiam ao redor.
Meu medo de cair da bicicleta
rapidamente mudou
para olhar nos olhos da minha mãe,
enquanto ela tentava imaginar
o que iria fazer com sua família.
Meu avô implorou a ela
para não sair no meio da guerra
com uma criança.
Ele pensou que estávamos loucos.
Mesmo assim nós saímos,
e emigramos aqui para os Estados Unidos.
Então, crescendo aqui,
meu pai era muito ligado a tecnologia,
portanto eu naturalmente
também fui muito ligada.
Tive uma infância bastante nerd.
Vejam, ele me fez programar por horas
um antigo Commodore 64.
Algumas pessoas aqui
provavelmente nunca viram isto.
Antes que eu pudesse sair para brincar
com as crianças normais.
Meus flashcards de matemática
pareciam um pouco com isto.
Os antigos cartões perfurados
de computador.
Ele me fazia construir
sistemas de computadores também.
Não sei dizer quantas placas-mãe eu queimei
até entender e conseguir fazer direito.
Então naturalmente, com esse conhecimento,
tecnologia se tornou meu universo.
E eu pensei quando viesse aqui hoje,
eu certamente precisava cobrir
todos os assuntos
de mobile, social, big data,
quem poderia se esquecer da nuvem?
Todas as coisas que mudaram
completamente nossas vidas.
E como nos comunicamos,
e como nos conectamos.
Ou será que é mesmo assim
que nos desconectamos?
É engraçado como nosso mundo
mudou para "Comer, Rezar, Tecnologia"
O amor e interação humana
agora é todo high-tech.
É quase achar que é mais
importante do que alimento e abrigo.
Todos conhecemos aquele
sentimento depressivo
quando você acha que esqueceu seu celular.
Você volta correndo pra casa,
porque de forma alguma
você vai passar sem ele.
Tive um jantar algumas semanas atrás,
e eu estava bastante ocupada,
eu não tinha ideia
se as pessoas tinham gostado,
ou se a comida estava boa,
até a manhã seguinte,
eu fui olhar meu Facebook,
e claro, meus amigos do jantar
tinham fotos
de todos os pratos e coisas,
e dessa maneira eu percebi
que todos tinham gostado
e a comida estava boa.
Isso é loucura! É assim
que nos comunicamos?
Esses aparelhos tomaram
totalmente nossas vidas.
Um estudo recente da nossa
nova geração mostrou
que ela tem um relacionamento
de amor e ódio com tecnologia.
Sentem-se extremamente conectados,
mas ainda assim tão desconectados.
Tem centenas e milhares
de amigos e seguidores no Facebook,
mas se sentem bastante isolados.
Querem que a tecnologia dê uma
experiência mais personalizada e humana.
Querem o porquê.
Então isso me fez pensar,
será que a tecnologia
é apenas um facilitador?
Será que é só uma ferramenta?
É como fazemos o que fazemos,
não é o porquê ou o valor verdadeiro
de inovação e criatividade.
Os inovadores bem-sucedidos
já sabem disso.
Tony Hsieh
Ele reinventou a maneira
como compramos calçados,
porque ele tinha uma paixão
por entregar felicidade.
Calçados só acabaram fazendo parte disso.
Sua equipe criou a Zappos.
E eles mudaram a experiência personalizada
que temos agora,
quando compramos esses calçados.
Com o que vocês sonhavam quando criança?
Carros velozes e foguetes?
E bicicletas?
Eu sonhava.
Mas apenas alguns cresceram
para criá-los, como Elon Musk,
o homem por trás do Tesla e SpaceX.
Há inclusive alguns Teslas lá fora,
e juro que não organizei isso,
é apenas assim mesmo.
Por que ele fez tudo isso?
Por dinheiro? Lucros?
Não, ele já tinha ganhado
milhões e perdeu.
Ele fez isso para Marte.
Ele queria mandar a humanidade para lá.
Com seus carros elétricos,
ele queria salvar o meio ambiente
e criar um planeta
onde nossas crianças pudessem viver.
Kevin Plank. Ele era o autoproclamado
cara mais esforçado no campo de futebol.
Através da abordagem de negócio popular,
ele criou a Under Armour.
Por quê? Ele queria melhorar
o desempenho dos atletas.
O "como" foi a tecnologia inovadora,
o tecido que ele trouxe ao mercado
que esfriava o corpo dos atletas
mais rapidamente.
Hoje, a Under Armour
ainda tem a mesma filosofia,
querem melhorar o desempenho
dos atletas, só mudou.
Agora há tecnologia de vestir
e dispositivos lançados no mercado.
Esses dispositivos são o que chamamos
"a internet das coisas".
Se olharem a indústria de saúde e fitness,
somos uma nação obcecada por
FitBits, Nike FuelBands
e dispositivos GPS da Garmin.
Já os ciclistas obcecados usam um app
chamado Strava para se conectarem,
o que ironicamente significa sucesso.
Então por que fazemos tudo isso?
Porque queremos estar motivados.
Queremos ficar inspirados, nos conectar
com pessoas ao redor do mundo,
que possam trazer isso à vida por nós.
A bicicleta.
Essa tecnologia tem sido
reinventada desde o século 18.
Foi desde feito de madeira,
para aço e alumínio,
fibras de carbono, tecnologia de extrema
leveza que vocês veem aqui.
Com troca de marchas eletrônica,
posso até conectar meu celular
e atualizar o firmware.
Loucura!
Ciclistas pagam o preço
de um veículo moderno para tê-la.
É muita loucura.
Por quê?
Porque queremos ter o sentimento
que uma vez tivemos.
Quando éramos uma criança.
Aquele sentimento de liberdade.
No mundo corporativo,
ficamos tão obcecados pelos lucros
na burocracia, nas formalidades.
Temos incontáveis reuniões;
eu participo de várias;
tentando imaginar o que
esse avanço tecnológico significa
para todos nós e para os nossos negócios
e garantindo que os lucros
não sejam impactados.
Estamos esquecendo da essência,
do que cria um negócio bem sucedido.
São pessoas.
São emoções.
É se conectar a elas.
Trazê-las à vida.
É tão simples.
Inspire seus empregados,
a criar produtos e serviços incríveis
que, por sua vez, inspiram clientes
a comprá-los.
É realmente bastante simples.
Imagine se ensinarmos nossas crianças
que tecnologia é apenas uma ferramenta.
Que é apenas um facilitador.
É como fazemos o que fazemos.
Não é o "porquê"
Não queremos que o ciclo
do que criou a tecnologia, a criatividade
acabe com ela ou interrompa
a nossa inovação.
Vejam, a simples ideia poderia
fazer o mundo se tornar
80% inovadores e 20% retardatários,
ao invés do contrário.
Porque, possivelmente, se continuarmos
nesta espiral que estamos descendo hoje,
corremos o risco de perder
toda a criatividade
e o que criou a tecnologia.
E se minha família e eu
não tivéssemos encarado nossos medos
e corrido certos riscos,
e vindo para os Estados Unidos?
E se essa bicicleta não fosse
reinventada durante esses anos
por pessoas entusiasmadas?
E se a Zappos não entregasse
incríveis calçados para nossos passos?
Bem, eu com certeza não estaria aqui.
De pé em meus saltos altos
com minha bicicleta super chique,
dizendo a vocês que tecnologia
é apenas uma ferramenta.
E que não podemos
nos desconectar uns dos outros.
e desconectar-nos dos sentimentos
verdadeiros que dão vida às coisas.
Porque corremos o risco de perder
nossa criatividade e nos tornar robôs.
E se perdermos isso,
o que realmente teremos?
(Aplausos)