Há um par de anos quando eu estava a participar na Conferencia TED em Long Beach, conheci a Harriet. Nós, na realidade, tínhamo-nos conhecido antes on-line -- não da maneira que estão a pensar. Nós fomos apresentados porque ambos conhecíamos Linda Avery, uma das fundadoras da primeira companhia on-line de genoma pessoal. E como partilhámos a nossa informação genética com a Linda, ela podia ver que a Harriet e eu partilhávamos um tipo muito raro de ADN mitocondrial - - haplotype K1a1b1a - o que significava que éramos aparentados remotamente. Nós partilhamos a mesma genealogia com Ozzie, o homem do gelo Então, o Ozzie, Harriet e eu. E estando nos dias de hoje, claro que começámos o nosso próprio grupo no Facebook São todos bem-vindos para aderirem. E quando conheci a Harriet em pessoa no ano seguinte na conferencia TED, ela tinha encomendado on-line as nossas próprias T-shirts "Feliz Haplotype" (risos) Agora, porque é que eu vos estou a contar esta história e o que é que isto tem a ver com o futuro da saúde? Bem, a maneira como conheci a Harriet é na verdade um exemplo de como potenciar a interdisciplinaridade, e crescer exponencialmente as tecnologias está a afectar o nosso futuro da saúde e bem-estar - da análise genética de baixo custo à capacidade de produzir bio-informática poderosa à ligação da internet e das redes sociais. O que eu gostaria de falar hoje é sobre a compreensão destas tecnologias exponenciais. Nós pensamos frequentemente de forma linear. Mas se pensarmos sobre isso, se tivessem uma flor de nenúfar e ela se dividisse todos os dias - dois, quatro, oito, dezasseis - em 15 dias teriam 32 000. O que é que acham que teriam num mês? Estaríamos num bilião. Então se começarmos a pensar exponencialmente, podemos ver como isto está a começar a afectar todas as tecnologias à nossa volta. E muitas destas tecnologias - falando como um médico e um inovador - podemos mesmo começar a potenciar para ter um impacto no futuro da nossa própria saúde e dos cuidados de saúde, e para abordar muitos dos maiores desafios que temos hoje no sistema de saúde, indo desde os custos verdadeiramente exponenciais à população em envelhecimento, a maneira como hoje em dia não usamos muito bem a informação, a fragmentação dos cuidados e frequentemente o percurso muito difícil de adopção da inovação. E uma das maiores coisas que podemos fazer, falámos um pouco aqui hoje, é mover a curva para a esquerda. Nós gastamos a maioria do nosso dinheiro nos últimos 20% de vida. E se pudéssemos gastar e estimular posições no sistema dos cuidados de saúde e em nós mesmos para deslocar a curva para a esquerda e melhorar a nossa saúde, potenciando a tecnologia também? Agora, a minha tecnologia favorita, exemplo de tecnologias exponenciais, todos temos no nosso bolso. Então se vocês pensarem sobre isso, estes estão mesmo a melhorar dramaticamente. Quero dizer, isto é o iPhone 4. Imaginem o que o iPhone 8 será capaz de fazer. Eu ganhei alguma compreensão sobre isto. Tenho sido o pesquisador para a secção da medicina de uma nova instituição chamada Singularity University com sede em Silicon Valley. E todos os Verões reunimos cerca de 100 estudantes muito talentosos de todo o mundo E olhamos para estas tecnologias exponenciais da medicina, biotecnologia, inteligência artificial, robótica, nanotecnologia, espaço, e abordarmos como é que podemos entrecruzá-las e potenciá-las para terem impacto sobre objetivos importantes ainda não atingidos. Também temos programas executivos de sete dias. E a chegar, nos próximos meses, está o Future Med, um programa para ajudar o treino em diversos campos e potenciar tecnologias em Medicina. Eu mencionei o telefone. Estes telemóveis têm mais de 20 000 aplicações diferentes disponíveis -- ao ponto em que existe uma no Reino Unido em que podem urinar num pequeno chip ligado ao vosso iPhone e verem se têm alguma DST (doença/infecção sexualmente transmissível) Não sei se eu tentaria isso já, mas está disponível. Existem todo o tipo de aplicações, aliando o vosso telefone e dignósticos, por exemplo -- medir a vossa glicose sanguínea no vosso iPhone e enviarem isso, potencialmente, para o vosso médico para que eles possam compreender melhor e vocês possam compreender melhor os vossos [níveis de] açúcar no sangue como um diabético. Então vamos ver como tecnologias exponenciais estão a dominar os cuidados de saúde. Vamos começar com o mais rápido. Bem, não é segredo que os computadores, pela lei de Moore, estão a acelerar cada vez mais e mais. Temos a capacidade de fazer mais coisas poderosas com eles. Estão mesmo a aproximar-se, e em muitos dos casos a ultrapassar, as capacidades da mente humana. Mas onde eu penso que a velocidade computacional é mais aplicável é na imagiologia. A capacidade atual para olhar para dentro do corpo em tempo real com muito alta resolução está a tornar-se realmente incrível E estamos a juntar múltiplas tecnologias - Scans TEP (Tomografia por Emissão de Positrões), TACs e diagnósticos moleculares -- para encontrar e procurar coisas em diferentes níveis. Aqui vão ver a resolução de Ressonância Magnética mais elevada feita até hoje, reconstrução de Marc Hodosh, o curador da TEDMED. E agora podemos ver dentro do cérebro com uma resolução e capacidade que nunca esteve disponível antes, e essencialmente aprender como reconstruir, e talvez até reprogramar, ou regenerar, o cérebro para que possamos entender melhor a patologia, doença e terapia. Podemos ver por dentro em tempo real com a ressonância magnética funcional - o cérebro em tempo real. E ao compreender estes tipos de processos e conexões, vamos conseguir compreender os efeitos da medicação ou meditação e melhor personalizar e tornar eficientes, por exemplo, drogas psicoactivas. Os scanners para estas técnicas estão a tornar-se pequenos, menos caros e mais portáteis. E esta espécie de explosão de dados disponível destas tecnologias está mesmo quase a tornar-se um desafio. O scan de hoje chega a ocupar cerca de 800 livros, ou 20 gigabytes. O scan daqui a alguns anos será um terabyte, ou 800 000 livros. Como é que se potencializa essa informação? Vamos tentar ser mais pessoais. Não vou perguntar quem aqui é que já fez uma colonoscopia, mas se tem mais de 50 anos, é altura da sua colonoscopia de rastreio. Como é que gostaria de evitar a parte dolorosa desta necessidade? Bem, agora já uma colonoscopia virtual. Comparem aquelas duas imagens, e agora como um radiologista, podem, basicamente, voar pelo cólon do vosso paciente e, aumentando isso com inteligência artificial, identificar potencialmente, como vêem aqui, uma lesão. Oh, podemos tê-la perdido, mas usando inteligência artificial em conjunto com a radiologia, podemos encontrar lesões que não foram identificadas antes. E talvez isto encoraje pessoas a fazer colonoscopias que não fariam de outra forma. E isto é um exemplo desta mudança de paradigma. Estamos a dirigir-nos para esta integração da biomedicina, tecnologia de informação, sem fios e, eu diria, móvel agora -- esta era da medicina digital. Até o meu estetoscópio já é digital. E claro, há uma aplicação para isso. Estamos a dirigir-nos, obviamente, para a era do tricorder (gravador triplo), Por isso o ultra-som de mão está basicamente a ultrapassar e a suplantar o estetoscópio. Estes estão agora a um preço - costumava ser de 100 000€ ou um par de centenas de milhares de dólares - por cerca de 5000 dólares, posso ter o poder de um aparelho de diagnóstico muito poderoso na minha mão. E fundindo isto com a chegada de registos médicos electrónicos - nos Estados Unidos, ainda somos menos de 20 por cento electrónicos. Aqui nos Países Baixos, eu penso que estão por volta dos 80 por cento. Mas agora que estamos a mudar para fundir a informação médica, disponibilizando-a eletronicamente, podemos fazer crowd source (recolher os dados da população) dessa informação. E agora como médico, eu posso aceder à informação dos meus doentes de onde quer que esteja através do meu dispositivo móvel (mobile). E agora, claro, estamos na era do iPad, até do iPad 2. E ainda no mês passado a primeira aplicação aprovada pela FDA (Food and Drugs Administration - Administração para a comida e medicamentos) foi aprovada para permitir que os radiologistas realizem as suas leituras nestes tipos de aparelhos. Por isso certamente, os médicos de hoje, incluindo eu próprio, estão completamente dependentes nestes aparelhos. E como puderam ver ainda há cerca de um mês, Watson (computador com inteligência artificial) da IBM bateu os dois campeões do Jeopardy (concurso sobre cultura geral) Por isso queria que imaginassem quando, daqui a alguns anos quando tivermos começado a aplicar este tipo de informação baseada na nuvem (cloud) quando tivermos mesmo o médico com inteligência artificial (I.A) e potenciarmos os nossos cérebros para a conectividade para tomar decisões e [fazer] diagnósticos a um nível nunca atingido. Já hoje, não precisam de ir ao vosso médico em muitos casos. Apenas em cerca de 20 por cento das visitas que são feitas ao médico é necessário colocar as mãos no doente. Estamos agora na era das visitas virtuais - desde as consultas do tipo Skype que podem ser feitas com a American Well, à Cisco que desenvolveu um sistema de presença para saúde muito complexo. A capacidade de interagir com os vossos prestadores de cuidados de saúde é diferente. E estes estão a ser aumentados mesmo pelos aparelhos de hoje, mais uma vez. Aqui a minha amiga Jessica enviou-me uma imagem da sua laceração na cabeça por isso eu posso poupar-lhe uma visita às urgências - Eu posso fazer alguns diagnósticos assim. Ou podemos ser capazes de potenciar a tecnologia de jogos actual, como o Kinect da Microsoft, e adulterar isso para permitir a realização de diagnósticos, por exemplo, no diagnóstico de um AVC, usando detecção motora simples, usando aparelhos de 100 dólares. Podemos até visitar os nossos doentes roboticamente - este é o RP7; se eu for um hematologista, visitar outra clínica, visitar um hospital. Estes vão ser aumentados por uma gama inteira de ferramentas no lar. Então, imaginem que já temos balanças sem fios (wireless). Podem subir para a balança. Podem publicar no Twitter o vosso peso para os vossos amigos, e eles podem manter-vos na linha. Temos braçadeiras sem fios para a pressão arterial. Gamas inteiras destas tecnologias estão a ser preparadas. Por isso, em vez de usar estes aparelhos desengonçados, podemos colocar um simples adesivo. Isto foi desenvolvido por colegas em Standford, chama-se iRhythm (iRitmo) - suplanta completamente a tecnologia anterior a um preço muito inferior com muito mais eficiência. Agora, estamos também na era, hoje, do eu quantificado. Os consumidores agora podem comprar, basicamente, aparelhos de 100 dólares, como este pequeno FitBit. Posso medir os meus passos, o meu gasto calórico. Posso ter uma ideia acerca disto numa base diária. Posso partilhar isto com os meus amigos, com o meu médico. Há relógios agora que vão medir a vossa frequência cardíaca, os monitores de sono Zeo, uma gama completa de ferramentas que podem permitir que potenciem e percebam a vossa própria saúde. E há medida que começamos a integrar esta informação, vamos saber melhor o que fazer com ela e como podemos ter um melhor conhecimento das nossas patologias, saúde e bem-estar. Há até espelhos que podem apanhar os vossos ritmos cardíacos. E eu ainda proporia que, no futuro, vamos ter aparelhos nas nossas roupas, a monitorizar-nos sempre. E tal como temos o sistema OnStar nos carros, a vossa luz vermelha pode ligar-se - no entanto, não vai dizer "verificar motor". Vai ser a luz "verifique o seu corpo", e vá tratar disso. Provavelmente, em alguns anos, vão olhar para os vossos espelhos e eles vão estar a diagnosticar-vos. (risos) Para os que de vocês têm crianças em casa, quanto gostariam de ter a fralda sem fios que vos dá apoio... demasiada informação, acho eu, do que aquilo que podem precisar. Mas vai estar aqui. Agora, ouvimos hoje muito acerca de novas tecnologias e ligação. E eu penso que algumas destas tecnologias nos vão permitir estar mais ligados aos nossos doentes, e ter mais tempo e fazer na realidade os importantes elementos de toque humano da medicina, melhorados por este tipo de tecnologias. Agora, falámos sobre melhorar o doente, a um certo nível. E que tal melhorar o médico? Estamos agora na era de super-capacitar o cirurgião que pode agora entrar no corpo e fazer coisas com cirurgia robótica, que já é possível hoje, a um nível que não era mesmo possível nem há cinco anos atrás. atualmente isto está a ser melhorado com várias camadas de tecnologia como a realidade melhorada. Por isso o cirurgião pode ver dentro do doente, através das suas lentes, onde o tumor está, onde os vasos sanguíneos estão. Isto pode ser integrado com suporte de decisões. Um cirurgião em Nova York pode estar a ajudar um cirurgião em Amesterdão, por exemplo. E estamos a entrar numa era de cirurgia sem qualquer tipo de cicatriz chamada NOTES, onde o endoscópio robótico pode sair do estômago e puxar aquela vesícula biliar tudo de uma forma livre de cicatrizes e robótica. E isto chama-se NOTES, e isto está a vir - basicamente cirurgias sem cicatrizes, mediadas por cirurgia robótica. Agora, e controlar outros elementos? Para aqueles que têm deficiências - os paraplégicos - há a era do interface cérebro-computador, ou ICC, onde chips foram colocados no córtex motor de doentes completamente tetraplégicos e eles podem controlar um cursor ou uma cadeira de rodas ou, eventualmente, um braço robô. E estes aparelhos estão a ficar mais pequenos e a chegar a cada vez mais destes doentes. Ainda em ensaios clínicos, mas imaginem quando pudermos ligá-los, por exemplo, ao incrível membro biónico, como o braço DEKA construído por Dean Kamen e seus colaboradores, que tem 17 graus de movimentação e liberdade e pode permitir à pessoa que perdeu um membro ter níveis muito maiores de destreza ou controlo do que o que tiveram no passado. Na verdade, nós estamos mesmo a entrar na era da robótica de vestir. Se não perderam um membro - tiveram um AVC, por exemplo - podem usar estes membros melhorados. Ou se são paraplégicos - como visitei o pessoal da Berkley Bionics - eles desenvolveram eLEGS (ePernas). Eu fiz este vídeo na semana passada. Aqui está um doente paraplégico realmente a andar ao estar seguro neste exoesqueleto. Caso contrário, ele está completamente limitado a uma cadeira de rodas. E isto é agora o início da era da robótica de vestir. E acho que ao potenciar estes tipos de tecnologias, vamos mudar a definição de incapacidade para, em alguns casos, super capacidade, ou super-capacitação. esta é a Aimee Mullins, que perdeu os membros inferiores quando era uma criança, e o Hugh Herr, que é um professor no MIT que perdeu os membros num acidente de escalada. E agora ambos podem escalar melhor, mexer-se mais depressa, nadar de forma diferente com as suas próteses do que nós, pessoas normais. E quanto a outros exponenciais? Claramente, a tendência da obesidade está a ir exponencialmente na direcção errada, incluindo com grandes custos. Mas a tendência em medicina é, na verdade, tornar-se exponencialmente mais pequena. Então, alguns exemplos: estamos agora na era da "Viagem Fantástica", o iPill (iComprimido). Podem engolir este aparelho completamente integrado. Pode tirar fotografias do vosso sistema gastrointestinal, ajudar o diagnóstico e tratamento à medida que se desloca pelo vosso trato gastrointestinal. Obtemos micro-robôs ainda mais pequenos que vão eventualmente mover-se autonomamente pelo vosso sistema outra vez e ser capazes de fazer coisas que os cirurgiões não conseguem fazer de uma maneira muito menos invasiva. Algumas vezes, estes poderão montar-se sozinhos no vosso sistema gastrointestinal e ser aumentados nessa realidade. No lado cardíaco, os pacemakers estão a tornar-se mais pequenos e muito mais fáceis de colocar, por isso não é necessário treinar um cardiologista de intervenção para os colocar. E eles vão ser transmitidos de forma wireless, mais uma vez, para os vossos dispositivos móveis, para que possam ir a lugares e ser monitorizados à distância. Estes estão a encolher ainda mais. Aqui está um em fase de protótipo da Medtronic que é mais pequeno que um cêntimo. Retinas artificiais, a capacidade de colocar estes componentes no fundo do globo ocular e permitir aos cegos verem. Mais uma vez, em testes iniciais, mas avançando para o futuro. Estes vão ser revolucionários. Ou para aqueles de nós que vemos, que tal termos umas lentes de contacto que nos assistem? BlueTooth, com WiFi - projectam de volta imagens para o nosso olho. Agora se tiverem problemas em manter a dieta, talvez ajude ter algumas imagens extra para vos relembrar quantas calorias estão a caminho. E que tal permitir que o patologista use o telemóvel outra vez para ver a um nível microscópico e enviar esses dados para a nuvem (cloud) e realizar melhores diagnósticos? De facto, toda a era de medicina de laboratório está a mudar completamente. Podemos agora potenciar os microfluídos, como este chip feito por Steve Quake em Standford. Os Microfluidos podem substituir um laboratório inteiro de técnicos. Coloquem-no num chip, permitam que milhares de testes sejam feitos no local da prestação de cuidados de saúde, em qualquer lugar do mundo. E isto vai mesmo potenciar a tecnologia para o [mundo] rural e para os mais necessitados e permitir que o que eram testes de milhares de dólares sejam feitos por "cêntimos" e no local de acção. Se continuarmos a descer este pequeno caminho, um pouco mais longe, entramos na era da nanomedicina, a capacidade de fazer aparelhos super pequenos ao ponto de podermos criar glóbulos vermelhos ou micro-robôs que vão monitorizar o nosso sistema sanguíneo ou sistema imunitário, ou mesmo aqueles que poderão limpar os trombos das nossas artérias. Agora e quanto ao exponencialmente mais barato? Não é algo que geralmente pensamos na era da medicina, mas os discos externos costumavam custar 3400 dólares por cada 10 MB - exponencialmente mais barato. Em genética, o genoma custava cerca de um bilião de dólares há cerca de 10 anos quando o primeiro saiu. Estamos agora a aproximar-nos essencialmente do genoma a mil dólares. Provavelmente no próximo ano ou no seguinte, o genoma custará provavelmente 100 dólares. O que vamos nós fazer com estes genomas a 100 dólares? E em breve teremos milhões destes testes disponíveis. E é aí que as coisas ficam interessantes, quando começarmos a fazer crowd source dessa informação. E entrarmos na era da verdadeira medicina personalizada -- o medicamento certo para a pessoa certa na altura certa -- em vez do que estamos a fazer hoje em dia, que é dar a mesma medicação a toda a gente -- tipo medicamentos blockbuster, medicamentos que não funcionam para vocês, o indivíduo. E muitas, muitas empresas diferentes estão a trabalhar em potencializar estas abordagens. E vou-vos mostrar também um exemplo simples, do 23andMe outra vez. Os meus dados indicam que eu tenho cerca de um risco médio de vir a sofrer de degeneração macular, uma espécie de cegueira. Mas se eu pegar nessa mesma informação, fazer o seu envio para o deCODEme, posso ver o meu risco para, por exemplo, diabetes tipo 2. Estou quase no dobro do risco normal para a diabetes de tipo 2. É melhor tomar cuidado com quanta sobremesa como no intervalo de almoço, por exemplo. Poderá mudar o meu comportamento. Influenciando o meu conhecimento sobre a minha farmacogenética -- como os meus genes funcionam, o que os medicamentos fazem e que doses preciso vão ser cada vez mais importantes, e quando estiverem nas mãos do indivíduo e do doente, vão tornar disponíveis a realização de melhores dosagens e selecção de medicamentos. Mais uma vez, não são apenas os genes, são múltiplos detalhes -- os nossos hábitos, a nossa exposição ambiental. Quando foi a última vez que o vosso médico vos perguntou onde já moraram? Geomedicina: onde moraram, a que foram expostos pode afectar dramaticamente a vossa saúde. Podemos capturar essa informação. Então a genómica, a proteómica (estudo das proteínas), o ambiente, toda esta corrente de informação para nós individualmente e como pobres médicos. Como é que gerimos isto? Bem, estamos agora a entrar na era da medicina dos sistemas, ou biologia dos sistemas, onde podemos começar a integrar toda esta informação. E ao olhar para os padrões, por exemplo, no nosso sangue de 10 mil marcadores biológicos num único teste, podemos começar a olhar para estes pequenos padrões e detectar doenças num estado muito mais precoce. Isto tem sido chamado por Lee Hood, pai desta área, Medicina P4. Vamos ser preditivos; vamos saber o que é provável que alguém venha a ter. Podemos ser preventivos, essa prevenção pode ser personalizada; e mais importante, vai tornar-se cada vez mais participada. Através de sites como Patients Like Me (Doentes como eu) ou gerindo os vossos dados no Microsoft HealthVault ou no Google Health, potenciar isto juntamente de maneiras participativas vai ser cada vez mais importante. E vou terminar com exponencialmente melhor. Gostaríamos de ter terapias melhores e mais eficientes. Ora, hoje tratamos hipertensão arterial maioritariamente com comprimidos. E se pegarmos num dispositivo novo e anulássemos os nervos dos vasos que ajudam a mediar a pressão arterial e tudo numa terapia única para curar a hipertensão. Este é um novo dispositivo que está essencialmente a fazer isso. Deve chegar ao mercado dentro de um ou dois anos. E que tal terapias para o cancro mais específicas? Certo, eu sou um oncologista e tenho de dizer que a maioria do que damos é na verdade veneno. Aprendemos em Standford e noutros sítios que podemos descobrir células estaminais cancerígenas, aquelas que parecem ser verdadeiramente responsáveis pelas recaídas na doença. Portanto, se pensarem no cancro como uma erva daninha, podemos geralmente remover completamente a erva daninha. Parece encolher, mas geralmente volta. Então estamos a atacar o alvo errado. As células estaminais cancerígenas continuam, e o tumor pode voltar meses ou anos depois. Estamos agora a aprender a identificar as células estaminais cancerígenas e a identificar essas como alvo e tentar chegar à cura a longo prazo. E estamos a entrar na era da oncologia personalizada, a capacidade de potencializar todos estes dados juntos, analisar o tumor e chegar a um cocktail real e específico para o doente individual. E vou fechar com a medicina regenerativa. Portanto, eu estudei muito sobre células estaminais -- células estaminais embrionárias são particularmente poderosas. Nós também temos células estaminais adultas pelo nosso corpo. Usamo-las na minha área de transplante de medula óssea. A Geron, mesmo no ano passado, começou o primeiro ensaio usando células estaminais embrionárias humanas para tratar lesões da medula espinal. O ensaio ainda está em fase 1, mas está a evoluir. Na verdade, temos estado a usar células estaminais adultas em ensaios clínicos durante cerca de 15 anos para abordar uma grande variedade de tópicos, particularmente a doença cardiovascular. Tiramos as nossas próprias células de medula óssea e tratamos um doente com ataque cardíaco, podemos ver uma função cardíaca muito melhorada e mesmo melhor sobrevida usando as nossas próprias células de medula óssea depois de um ataque cardíaco. Eu inventei um dispositivo chamado MarrowMiner, uma maneira muito menos invasiva para colher medula óssea. Foi agora aprovado pela FDA, e vai estar no mercado, se tudo correr bem, no próximo ano ou por aí. Espero que possam ver o dispositivo ali a curvar pelo corpo do doente e a remover a medula óssea do doente, e em vez de usar 200 punções, usa apenas uma única punção sob anestesia local. Mas para onde é que a terapia com células estaminais se está mesmo a dirigir? Se pensarem sobre isso, todas as células do vosso corpo têm o mesmo ADN que vocês tinham quando eram um embrião. Podemos agora reprogramar as vossas células da pele para agirem como uma célula estaminal pluripotente embrionária e utilizá-las para potencialmente tratar múltiplos órgãos no mesmo doente -- fazendo as vossas próprias linhas de células estaminais. E eu acho que elas vão ser uma nova era do vosso próprio banco de células estaminais para terem no congelador as vossas próprias células cardíacas, miócitos e células neurais para as usar no futuro, caso precisem delas. E estamos a integrar isto agora com toda uma era de engenharia celular. E a integrar tecnologias exponenciais para, essencialmente, imprimir órgãos em 3D -- substituindo a tinta com células e essencialmente construir e reconstruir um órgão em 3D. É para aí que as coisas se estão a dirigir, ainda estamos no início. Mas eu acho que, no que se refere à integração de tecnologias exponenciais, este é o exemplo. Para fechar, ao pensarem sobre tendências da tecnologia e como criar impacto em saúde e medicina, estamos a entrar numa era de miniaturização, descentralização e personalização. E acho que juntando todas estas coisas, se podermos começar a pensar como compreender e potenciá-las, vamos capacitar o doente, habilitar o médico, melhorar o bem-estar e começar a curar os saudáveis antes de ficarem doentes. Porque eu sei como médico, se alguém vem ter comigo no estádio 1 de uma doença, eu fico radiante - nós podemos geralmente curá-los. Mas muitas vezes é demasiado tarde e é o estádio 3 ou 4 de cancro, por exemplo. E ao potenciar estas tecnologias conjuntamente, acho que entraremos numa nova era que eu gosto de chamar o estádio zero da medicina. E enquanto médico do cancro, espero ficar sem trabalho. Muito obrigado. Anfitriã: Obrigado. Obrigado. (Aplausos) Faça uma vénia. Faça uma vénia.