A jornada do herói é sempre
sobre transformação, não é?
Estamos nos transformando
durante toda a jornada,
seja na partida, no começo ou no retorno.
Sabem, é interessante, no começo,
que é sobre o que vou falar,
Joseph Campbell deixou bem claro:
É guerra lá fora!
É o inferno.
E você precisa estar armado
com tudo que você puder encontrar
para poder atravessar,
dia por dia, minuto por minuto,
nanosegundo por nanosegundo.
A transformação que vocês ouviram
pode ser mental, psicológica, espiritual.
Mas vou lhes ensinar,
vou guiá-los através
de um novo tipo de transformação
baseada em uma ciência tão empolgante
que deixa de queixo caído pessoas como eu,
uma médica e cientista,
e todos os meus colegas.
Agora vou lhes deixar de queixo caído.
Estão prontos?
Plateia: Sim!
Pamela Peeke: Vocês já ouviram
falar em epigenética?
Levantem a mão.
Muito bom. Excelente.
Já comeram couve hoje?
Em breve entenderão porque isso é...
bem,
uma transformação epigenética.
Uma história sobre couve.
(Risos)
Prontos?
Certo.
Bem,
vamos simplificar.
Primeiro, começamos com isso:
eu fui ensinada, e vou lhes ensinar
a minha jornada também,
compartilhar com vocês,
que você é o que você come.
Já ouviram isso?
Claro! Você é o que você come.
Então, vocês sabem que às vezes, funciona;
bem, às vezes, não.
(Risos)
Eu tento, de verdade.
Eu tento viver uma vida saudável.
Essa é a foto da minha axila.
Sou uma triatleta;
Eu gosto de sair por aí, sabem, estar
ao ar livre por qualquer motivo possível,
não interessa quais as condições.
Mas eu faço. Eu me divirto. Eu compareço.
A mesma coisa vale para a comida.
Muitas cores - checado, checado, checado!
Me dizem o que fazer, eu faço!
É exatamente o que gosto de fazer, certo?
Vocês também faziam isso?
Claro que faziam.
Tudo estava indo bem,
até uma coisa interessante acontecer.
Vejam só, o Santo Graal, todo esse
tempo, era: o DNA é o nosso destino,
e, francamente, esses
genes controlam você.
Então, você é o que você é, sabem?
O que você recebe quando nasce,
você não pode mudar!
E é isso!
Uma pequena tendência à obesidade,
diabetes, doenças cardíacas...
ih, você está encrencado.
Certo?
O que pode ser feito?
Você pode tentar manter em mente:
"Eu sou o que eu como,
e estou tentando meu melhor."
Como cientistas, não sabíamos
aonde isso nos levaria.
Tínhamos alguns estudos
observacionais, e os discutíamos.
O que está acontecendo nessa caixa-preta?
Isso veio à tona em 2007.
É muito recente,
o nascimento da epigenética.
Vou lhes contar como aconteceu.
Aposto que vocês acreditam que toda
grande ciência envolve estratégia,
analisamos uns diagramas,
e resolvemos tudo na hora.
Não. Nós ficamos pelo laboratório
procurando coisas divertidas para fazer.
E então um dia, algo louco
e extraordinário acontece.
O Dr. Randy Jirtle da Universidade de Duke
estava brincando com
uns camundongos especiais,
chamados agouti.
Camundongos agouti têm
o gene de mesmo nome.
Esse gene basicamente os condena
a serem obesos, desajeitados e amarelos,
a cor é importante porque
está conectada com esse gene,
para a pelagem,
e eles morrem mais cedo do que o usual:
doença cardíaca, diabetes e câncer.
Uma vida não muito boa.
Certo?
Um dia, ele dizia: "Eu sei onde
esse gene está localizado.
E também sei que essas pequenas coisas
engraçadinhas chamadas doadores de metil,
CH3, uma pequena cadeia lateral,
com a qual podemos, talvez, brincar
e talvez isso altere esse gene.
Não sei.
O que pode acontecer de pior?"
Como dar a essas criaturinhas felizes,
os camundongos agouti, doadores de metil?
Você adivinhou: com as coisas verdes.
Mamãe estava certa.
Ele os alimentou com muitas coisas
verdes, na forma de folato e vitaminas B,
ele moeu todas elas, e disse: "Aqui está".
Alimentou as mães
que iriam estar grávidas.
Esperou e pensou:
"O que será que vai acontecer?"
Nós cientistas não temos vida pessoal,
então sentamos e observamos gaiolas,
esperando camundongos nascerem.
É isso que fazemos nas sextas à noite.
Ele está sentado lá com todo o time,
dizendo: "Vamos pegar um desses
bebezinhos e ver como ele é".
Que sortudo!
O nascimento da epigenética.
Apenas comendo verduras,
a mãe teve um bebê magro, marrom,
que viveu para sempre.
(Risos)
Demais, né?
(Risos)
Comendo verduras verdes.
Nem preciso dizer, isso foi publicado,
e isso dividiu completamente
todo o mundo científico.
O quê?
Que heresia!
O DNA não é o nosso destino?
Não.
Como podemos ver, tudo
que você faz durante a sua vida
é agora o seu destino.
Tudo, desde comer até ter
alguns pensamentos,
cada um de seus hábitos de vida
está alterando algo específico.
E isso é,
a sua expressão gênica.
Essa é uma foto do meu laboratório
no Instituto Nacional de Saúde.
Essas são células de gordura,
reconheçam "O Inimigo".
(Risos)
Isso é importante, é como terapia.
Continuem olhando,
talvez elas vão desaparecer.
Mas aí estão.
Vocês conseguem ver até o núcleo.
Entre outras coisas, descobrimos
que eu posso alterar tudo,
desde a distribuição de células gordurosas
até a sua quantidade.
Posso reverter isso.
Se eu nasci com alguma coisa
um pouquinho estranha,
eu posso atenuar isso.
Vocês sabiam que se você nasce
com a forma mais letal do gene
para obesidade, o FTO,
fazendo algo simples
como caminhar todos os dias,
ao longo de seis meses,
você o enfraquece em 40%?
Adicionem um pouco de couve
(Risos)
e o que acontece então?
Já está acima de 50%.
Estamos amando isso. É bom!
E nem sabíamos a respeito!
Para qualquer coisa.
Por exemplo, vício.
Vamos ver isso agora.
Cigarros. Gostam de fumar?
Esse é o seu último dia.
(Risos)
Porque ao longo de dois ou três anos,
nós contamos mais de 50 mil
mutações genéticas diferentes
que são resultado disso,
variações na expressão dos seus genes,
porque você fumou.
O seu corpo está dizendo:
"O que está fazendo? Pense nisso!"
Quem está dizendo isso na verdade?
Vamos ver a nível genético.
Quando você vai a esse nível, o que se vê?
O gene está parado lá.
Nada está acontecendo com ele.
Está parado, cheio de potencial.
Histonas estão ao seu redor,
essas pequenas proteínas
basicamente monitoram o que acontece.
Elas brincam com o volume da coisa toda.
Elas dizem: "O quê está fazendo?
Está comendo o quê?
Isso é loucura!
Não é comida!
É um experimento de ciências!
(Risos)
Não acredito que você
colocou isso na sua boca!
Tudo bem! Sofra!"
Então, de repente,
o discurso desse gene
para o resto do corpo
é: "Danifique a função imune".
Aí vêm alguns alergênicos.
É uma bagunça.
"Ela comeu uma maçã! Viva!"
As histonas estão tendo pequenos orgasmos.
Elas estão felizes e tudo mais.
E então: "Uau!"
Você melhora a função imune.
Você é demais.
Você enche seu corpo de fitonutrientes.
É esse o caminho certo?
E se você nasceu com o gene do vício?
Você pode diminuí-lo, acalmá-lo
para cada mordida que dá,
cada passo de movimento que dá.
E por favor, o que quer que você faça,
não esqueça o cérebro.
Cada pensamento que você tem.
Agora, ouçam bem,
estou aqui como médica
para salvar a vida de vocês.
Vocês não amam isso?
Amo dizer isso.
Me faz tão bem.
Estou divagando.
Eu gostaria agora de salvar
um pouquinho a vida de vocês.
Olhem para a pessoa do seu lado
e digam: "Você é tão legal!"
e façam um "toca aqui".
(Plateia responde)
Ótimo!
Terminamos.
Agora, nesses segundos, enquanto
estão tocando à mão de alguém...
Tire as suas mãos dela!
(Risos)
Vocês estavam, na verdade,
alterando a sua expressão gênica.
Estão vendo todos rindo agora?
Estou ajudando a salvar a vida de vocês.
Pesquisas mostram que você
tem uma escolha:
você pode rir ou ficar desesperado.
Não dá pra fazer os dois ao mesmo tempo,
porque o cérebro não funciona assim.
Deixo vocês com o primeiro
em vez de com o segundo.
Vocês estão se divertindo?
Maravilhoso. Estou emocionada.
(Risos)
Vamos recapitular aqui.
O DNA não é o nosso destino.
Isso é uma novidade!
É tão empolgante e empoderador!
Até um pouco assustador, não é mesmo?
Porque se pensarmos a respeito,
cada pensamento, cada mordida,
cada ação que você faz
muda a expressão gênica.
Lembrem das histonas,
encarando vocês agora,
elas alteram o seu destino
e transformam o corpo e a mente.
Como não amar?
Em vez de "você é o que você come",
você é o que os seus pais comeram.
É isso que as pesquisas têm mostrado.
Espera um pouco,
eu tive que pensar sobre
isso por um momento.
Nenhum comentário sobre o cabelo.
(Risos)
Não tinha como fazer nada.
(Risos)
Esses são a minha mãe e o meu pai.
A boa notícia é que eles
se alimentaram direito.
Nesse caso, tudo bem comigo, certo?
Mas e se eles só tivessem
comido comidas não saudáveis?
Eu sei, bem-vindo aos Estados Unidos.
O negócio é o seguinte:
e se eles não se alimentavam tão bem?
Um monte de experimentos de ciências.
Eu ainda estou bem? Sim. Sabem por quê?
A epigenética também funciona desse jeito.
É assim,
lembrem-se disso,
a genética carrega a arma,
mas a epigenética dispara o gatilho.
Estou vendo vocês dizerem: "Ufa!"
Você pode deixar o Prozac de lado;
está se sentindo melhor.
Isso é bom.
Eu dei sorte. Meus pais
foram muito bacanas.
Eu estou bem.
E de repente, quando estava relaxando,
pensando: "Sim, isso é muito bom",
apareceu uma nova pesquisa:
Você é o que o seus avós comeram.
Isso é uma piada?
São duas gerações.
Vejam, isso já é uma jornada de herói.
Estou me esforçando ao máximo,
tentando fazer o certo.
O quê? Duas gerações?
Você está me esgotando aqui.
Comecei a pensar um pouco sobre isso.
Eu conheço os meu avós maternos.
Tudo bem com eles, estão exonerados.
Comiam bem, eram músicos,
alegres, boas pessoas.
Não conheci meus avós paternos,
porque eles morreram jovens.
Fiquei imaginando:
"Quem são essas pessoas?"
Esse é o vovô Raymond.
E essa é a minha avó do lado paterno.
Essa é a vovó Mollnar.
Elizabete Mollnar.
O que você cozinhava? O que vocês comiam?
Comecei a ficar um pouco paranoica.
Por quê?
Porque a nova ciência,
além dos camundongos agouti,
tem algo inacreditável
que você precisa entender.
Vemos o inato e o adquirido entrelaçados.
Vários estudos mostram coisas espantosas
que quero compartilhar com vocês.
Os suecos foram os pioneiros nisso.
Eles amam contar dados
demográficos e números.
Na verdade, eles coletaram
uns dos dados mais incríveis que já vi.
Isso foi no meio dos anos 1880.
Há um lugarzinho adorável
chamado Överkalix,
um lugar bem remoto na Suécia.
Eles têm banquetes ou passam fome.
Depois de estudar várias gerações,
adivinhem o que eles descobriram?
Que se você fosse filho e o neto
de alguém que passou fome,
você acabaria vivendo mais.
Acontece que seus genes entram
em ação com a sobrevivência, não?
E de repente, você acaba ampliando isso.
É uma boa notícia.
A má notícia é que você também acaba
tendo outros problemas, como depressão.
Bem, e se foi um banquete?
Você está sentando lá, dizendo:
"Me dá o controle remoto".
Comendo impulsivamente.
O que acontece?
Você morre cedo, por todo tipo de causa.
Isso é interessante.
E aquele caso horrível
na Segunda Guerra Mundial
do "Inverno da fome".
Naquela época, pequenas cidades
na Holanda foram bloqueadas
durante aquela guerra terrível.
Essas pessoas comiam 580 calorias por dia.
Vinte e duas mil pessoas morreram.
O que aconteceu
com os filhos e netos deles?
Eles se mantiveram muito abaixo do peso
por pelo menos duas gerações,
além de pródromo psicológico.
A Revolução Industrial. E daí?
Muito plástico.
Muitos experimentos de ciências.
O que acham que é feito?
Isso poderia ter criado a base para
muitos dos problemas que temos hoje?
Ponto de interrogação.
Os epigeneticistas estão se esforçando.
Então finalmente,
o estudo britânico da Avon
na metade de 1990.
Adivinhem o que acharam.
Foi uma informação muito importante.
Quando se vê o banquete ou a fome,
ou se, nesse caso, tabagismo
em homens, especificamente,
e se o tabagismo começa entre 9 e 12 anos,
quando o seu epigenoma
está mais vulnerável, adivinhem.
Os filhos deles estavam acima
do peso, assim como os netos.
Existe uma conexão.
Estava pensando: "Avós, avós...
Preciso saber mais sobre isso".
Queria realmente entender mais sobre mim,
o que aconteceu naquele lado da família?
Porque era uma grande questão.
Eu investiguei e adivinhem?
Sou descendente direta de ciganos!
É uma viagem!
Temos todo tipo de húngaros, ciganos
e gente louca naquele lado da família.
Isso é o que eles comiam.
O que é aquela coisa amarela?
Queria entender que tipo
de vida eles levavam.
Ao que tudo indica, era
alegre e louca também.
Só comida diferente.
Estava interessada nessa comida,
até meio paranoica.
Cadê as verduras que aprendi a amar,
os pequenos doadores de metil?
Essa é a receita que eu achei
de uma das sopas da minha avó.
Estão vendo onde diz couve, né?
(Risos)
Sou obcecada! Vocês já notaram.
Acontece que, pelo amor de Deus,
você metila não apenas com couve,
isso é apenas uma metáfora
para todas as coisas boas que você
pode fazer com o seu corpo,
epigeneticamente, com bons
pensamentos que você tem,
com movimentos que você faz,
tudo.
E com o que você come, isso tudo é bom.
Mas ainda estava paranoica.
Pensando: "Como será
que eram os meus genes?"
Não me refiro ao Calvin Klein jeans.
Então fiz uma análise BodySync,
uma análise de DNA.
Adivinhem o que me mandaram?
Um cotonete igualzinho
ao do CSI Miami na TV.
Mandei o cotonete,
e fiquei pensando: "Ah, não!"
Ficava olhando para o conjunto de genes.
Queria garantir que estava
metilando direitinho.
Você também ia querer.
Observei um gene em particular,
realmente queria me dedicar a ele,
porque era um gene muito importante
para capacitar os doadores
de metil a usarem o folato, da couve,
e ser capaz de reparar o DNA.
Com todas as pequenas loucuras que faço
e você também, ao longo do dia,
queria reparar meu DNA otimamente.
Observei esse gene,
metileno tetrahidrofolato reductase.
Esse é o nome dele.
Nunca tinha geneticamente ouvido falar.
Aí está.
(Risos)
Sabia que vocês iam entender rápido.
(Risos)
Olhei pra ele e cai da minha cadeira:
"Não posso botar isso num slide".
(Risos)
É o gene "filho da mãe".
(Risos)
No caso da avó Mollnar,
é, coloque um avó aqui,
é o gene da "filha da avó".
Aí estava. É fácil de lembrar.
E eis que meu gene era normal.
Está ai. Estou metilando que nem louca.
Estou amando tudo isso.
Eu metilo com tudo: mente, corpo...
mente, boca e músculo.
Todos os três.
Estava me sentindo muito bem.
Vou lhes presentear com algo especial.
Prometi que nessa jornada do herói,
vocês seriam armados com algo novo.
Não com as coisas que já sabem:
tenham perseverança,
força de vontade e determinação.
Claro que isso é importante.
Mas quero lhes dar
um discurso epigenético.
Vocês sabem,
comam suas verduras.
Bem, vocês já sabem disso.
Mas agora quando forem ao supermercado,
quero que estejam muito esclarecidos.
Vão até o setor dos vegetais e digam:
"Preciso de alguns doadores de metil".
(Risos)
Quero encontrar qualquer maneira possível
de poder "fazer" meus doadores de metil.
Vocês continuam dizendo
a si mesmos: "Tudo que faço",
quando saírem daqui,
que tipo de pensamento estão tendo?
Pensamentos positivos?
Amorosos?
Estão mudando seu próprio epigenoma.
Pensamentos positivos e amorosos.
O que vocês estão comendo?
Pensem sobre isso. Prestem atenção.
E aqueles exercícios físicos?
Vocês realmente fazem?
Sei que é radical, mas vocês fazem?
Mexam-se!
Sintam-se felizes que podem fazer isso.
Eu amo isso.
Ao mesmo tempo: no que são viciados?
No que os seus genes são viciados?
Gostam daqueles cafés doces? Por favor!
Quem precisa dessas coisas nojentas?
Por essas coisas, você paga
US$ 12,50 para o barista.
Eca!
Açucarados, gordurosos,
salgados, hiperpalatáveis.
É só controlar o vício nessa comida, né?
Não. Em vez disso, por favor...
Comam couve.
(Risos)
DNA não é o nosso destino!
De maneira nenhuma!
Você é!
Você escreve o roteiro da sua vida!
Mente, boca e músculos.
Vocês são os responsáveis,
sentados aqui agora.
Fazendo anotações.
As suas histonas estão ocupadas
monitorando tudo na sua vida.
Você ama isso.
Ao mesmo tempo, você se trata bem.
Sempre como um bolinho,
em pelo menos uma escorregadinha.
Sempre há um prazer nisso.
Você está sempre comendo
e se satisfazendo com toda a comida!
Amamos muito isso!
E aquele exercício físico?
Amamos isso também.
E atividades do corpo e da mente?
E as verduras verdes?
Minhas histonas estão se remexendo.
É hora de metilar.
(Risos)
Desejo a vocês uma jornada
de herói muito verde.
(Aplausos)