Não damos inspiração um ao outro, roubamos um ao outro.
-Sim - Portanto, a inspiração é... - Sim, pertence ao mundo das mentiras... É roubar!
Chama-se "Estudo para o deslumbrante retorno do Dr. Freud"
O procedimento normal quando vê qualquer quadro é primeiro olhar para a imagem e depois ver o título, e depois o ano,
e assim tem um pacote de três itens; ano, título e imagem.
É o "Encontro às Cegas".
Ele fez uma piada, quer confundir-nos.
Parece um nú estranho pelas costas,a figura é transparente assim como a sombra é transparente
e depois, no topo desta figura está este estranho este semblante "moofti" ou taliban.
É obviamente um policia disfraçado de chávena de chá e um homem rico com uma pistola.
Poderia ser uma espécie de mulher vestida como um homem, mas mesmo a cabeça parece que não que pertence realmente ao corpo.
Também está aqui a humanidade, e a humanidade não está em boa forma, e em perigo de extinção.
Um corpo humano nú e um taliban são coisas que normalmente não se misturam.
Trata-se do poder financeiro contra o poder do estado e a luta entre estes dois poderes.
E existe esta espécie de "caminhos" por toda a pintura,
e quando partes, provávelmente tens mais questões que respostas. E essa é a generosidade de uma pintura.
Existe sempre o nível de...como é que se diz, conteúdo?; e interpretação.
Parece que o Daniel tinha outros planos, mas primeiro tinha outros planos que se moviam naquela direção, porque muita da tinta se move naquela direção.
Chamam-se "narizes", estas cores que mancham, e ele tentou esconder com o verde, e então descobriu que escolheu a cor errada porque se nota na mesma.
Ele provávelmente tentou várias direções e acabou por fazer esta pintura pavorosa desenhada por toda a superfície.
E depois simplesmente deixou como escolha artística, mas na realidade é simplesmente preguiça e improvisação.
É quase como um desenho, finamente pintado sobre uma imensidade de caos.
Creio ser a melhor coisa a fazer, porque dá espaço ao acidente, digamos que, ao caracter lúdico e inteligente do acidente.
Eu até gosto que seja tão plano, absolutamente plano e fechado; e gosto desta ideia e modo de desenhar sobre toda esta planeza.
No fim de contas o que importa é como é feito, e o modo como é feito também descreve a perspetiva do mundo.
Creio que me sinto conetado.
É um trabalho que nunca vi antes, mas que imediatamente percebi de onde vem.
Creio que partilhamos o mesmo interesse e nos alimentamos de muitas fontes em comum.
Creio que quando ambos morrermos será díficil distinguir de quem é qual.
Não tem nada a ver, é como na biblioteca, ele tem um "R" e eu também é por isso que nos põem juntos.
É só uma coincidência.