Boa tarde a todos.
Plateia: Boa tarde!
Bom, já fui muito bem apresentada.
Meu nome é Lúcia Helena Galvão.
Sou professora de Filosofia há 30 anos,
da Organização Internacional
Nova Acrópole.
Imaginem vocês,
o trabalho todo que fazemos
dessa organização é voluntário.
Então, sou voluntária há 30 anos.
Muitas vezes, quando me apresento a alguém
e digo que faço um trabalho
voluntário, beneficente,
as pessoas perguntam:
"O que é que você faz?"
E eu digo: "Eu ensino filosofia".
Aí fica todo mundo assim,
com aquela cara: "Ahn..."
(Risos)
"E aí? Ensinar filosofia? Como assim?
Você acha que ajuda as pessoas com isso?"
Eu digo: "Ajuda,
e vou mostrar pra vocês
como é que se faz".
Eu inventei há algum tempo...
porque, imaginem vocês, 30 anos
dando aula voluntária de filosofia,
quantas vezes eu já tive
que ouvir essa pergunta?
Então, pra encurtar um pouco a história,
eu criei uma pequena historinha,
pra explicar porque fazemos
voluntariado ensinando filosofia.
E é com essa historinha
que eu queria começar com vocês,
que é a história da poça d'água.
Vamos lá.
Imaginem vocês um fato prosaico:
uma poça d'água
que estivesse aqui no chão.
De acordo com o comportamento
em relação a esse fato,
eu poderia classificar, grosso modo,
a humanidade em três grupos.
Primeiro grupo.
Me desculpem, não estou
querendo ser pessimista,
mas eu não posso faltar com a verdade.
Infelizmente é o majoritário,
que é o grupo dos alienados.
Quem são os alienados?
Passam por essa poça,
pisoteiam tudo com sapato sujo,
fazem uma lama terrível, nem olham.
Quando por acaso veem, vão dizer:
"Bom, problema do dono desse teatro".
Se estão no espaço público:
"Problema do governo,
eu pago meus impostos".
Nenhum interesse.
Esse infelizmente é um grupo majoritário.
O segundo grupo, que hoje está
se tornando cada vez mais numeroso,
ainda bem,
são as pessoas bem-intencionadas.
Chega aqui, olha isso e diz:
"Que absurdo, gente.
Mas vocês não vão fazer
nada? Eu vou fazer".
Vai lá dentro, pega um pano, rodo,
pega o material de limpeza e limpa.
Limpa, que beleza, acabou.
Mas acontece que essa poça d'água nasceu
porque tinha uma goteira lá em cima.
Um furinho no teto, na telha,
seja lá o que for, no forro,
e isso está formando
essa poça d'água.
Ele secou o chão, deixou maravilhoso,
mas, daqui a dois minutos,
a poça d'água está lá de novo,
porque continua pingando,
ininterruptamente.
Ele vai lá e limpa.
Aí, junta novamente a poça
e, daqui a pouco, quem vem lá?
A manada dos alienados:
pá-pá-pá-pá-pá... pisoteiam tudo.
Ele limpa, suja, limpa.
Vocês hão de convir, ele não é eterno,
o rodo não é eterno, o pano não é eterno.
Dali a cinco minutos,
o problema vai estar ali de novo.
Então, eu colocaria diante disso
uma terceira possibilidade,
que são os filósofos práticos,
da maneira que nós tentamos ser.
Bom, o filósofo vai chegar aqui
e não vai discutir diante da sujeira.
Ele vai fazer a mesma coisa
que o bem-intencionado, vai limpar,
mas, logo em seguida,
ou até ao mesmo tempo,
ele vai se perguntar:
"De onde é que está vindo isso, hein?
Ah, olha lá, rapaz! Não é que o forro
está com uma ranhura?
Está com uma fratura, está com um buraco!
Está pingando aqui embaixo
porque tem uma goteira".
Aí, o que é que a gente faz?
Vai no forro, conserta,
troca telha se for preciso,
calafeta tudo, conserta tudo.
Acabou a goteira.
Acabou a goteira, acabou a poça.
Percebam que ele não foi
só bem-intencionado,
ele foi eficaz.
Vocês vão dizer: "E eu com isso?
O que tem a ver a goteira
com a história, afinal de contas?"
Gente, esse ato...
Aliás, filósofo gosta de analisar
as coisas simbolicamente.
É uma das perícias que a filosofia
nos ajuda a desenvolver,
necessária pra todo mundo.
Aliás, eu aposto com vocês, todo mundo
tem dentro de si o potencial de filósofo.
Então, esse ato de olhar pra cima
é mais do que simbólico,
porque é só olhando pra cima
que você vai ver as causas
de todos os males
que existem aqui embaixo.
Existe um filósofo que dizia o seguinte:
"Só o tolo acredita
que as causas da miséria física
estão no plano físico".
Sempre as causas da miséria física
estiveram, estão e estarão
na miséria psicológica,
espiritual e moral do homem.
Ou vocês acham que a falta de alimento
é por escassez de comida
ou por escassez de solidariedade?
Ou vocês acham que a miséria física
é falta de bens materiais
ou é falta de fraternidade?
É sempre lá, onde a escassez
realmente começa.
E se você não olha pra cima,
a sua ação vai ser sempre paliativa,
muito bem-intencionada, mas paliativa.
Então é uma coisa curiosa
que eu chamo atenção de vocês.
Não é que nós não valorizemos;
valorizamos e fazemos.
Trabalhos sociais, trabalhos ecológicos
e tudo mais.
Mas a primeira coisa
que a gente teria que considerar
pra que tenhamos uma ação eficaz,
é perceber que o ser que está
em maior perigo de extinção no planeta,
é o ser humano na plena
condição da palavra!
Aposto com vocês.
Eu vou buscar um mico-leão dourado
e você me traz um ser humano completo,
na plena acepção
da condição da humanidade.
Vai lá.
Eu volto pra você com três
micos-leões-dourados daqui a pouco,
e você vai ter dificuldade
de achar um ser humano assim.
Ou seja, a escassez grande
é de seres humanos.
E se eles são preservados,
como diz a frase bíblica:
"Tudo mais será preservado por acréscimo".
Isso é óbvio.
O ser humano na plenitude
da condição humana cuida de tudo,
inclusive da própria humanidade.
Então, o que nós fazemos
em Nova Acrópole é isso:
filosofia e remendo de tetos.
Trabalhamos para remendar tetos,
em primeiro lugar em nós
mesmos, ou seja, as causas.
Porque senão a gente fica numa contradição
muitas vezes, para não assustar vocês,
dizendo que são quase todas as vezes.
Muitas vezes nós estamos no terreno
das causas, provocando problemas,
e no terreno das consequências sofrendo
as consequências desses problemas
e não temos consciência disso.
É como se você imaginasse uma bola de gelo
que está rolando montanha abaixo.
Ela está soterrando a sua casa.
Mas você lá em cima é um dos que estão
jogando uma bolinha de gelo,
sem saber as consequências
disso em última instância.
Então, tomar consciência
das goteiras dentro de nós,
pra depois, como já é meio
lugar comum, mas é verdadeiro,
através do exemplo,
podemos ensinar aos demais
a perceberem também as goteiras
que existem dentro de si.
Ou seja, resumindo a ópera:
filosofia da maneira como fazemos,
é filosofia como formação em valores.
E filosofia é sim, assistência social.
Filosofia é sim, voluntariado,
é sim, uma forma de resgatar a humanidade
dos problemas que ele vive.
Inclusive, porque
se vocês forem considerar
uma das coisas que a gente
estuda também é a filosofia oriental.
Existe um livro tibetano que diz
que a origem de todos os problemas
da humanidade está no egoísmo.
Será que é verdade?
Tem uns 20 anos que eu li isso
e até hoje estou tentando desmentir
esse livro e não consegui.
Pega um problema social, um problema
financeiro, um problema seu pessoal,
ou coletivo, da humanidade,
e veja se lá no fundo não tem egoísmo.
Com certeza!
Por trás de tudo está o egoísmo.
Se você não trabalha
para tampar essa goteira,
qualquer outra ação será paliativa.
Começando por si próprio, evidente,
pra mostrar que isso é possível.
Vejam bem, continuando,
filosofia e fixar referenciais,
é uma das coisas que fazem parte
do nosso método de ensinamento.
Uma das coisas que a gente tem que saber,
ainda pouco uma médica falava sobre isso,
achei muito bonito, muito interessante,
porque tem uma interdisciplinaridade,
que todas as coisas, queiramos ou não,
têm um objetivo evolutivo,
isso é a lógica da natureza.
Ou seja, a natureza fez os minerais
para que evoluíssem até um certo ponto.
Quando a gente olha, por exemplo,
a organização molecular de um diamante,
imagina que isso seja um referencial,
alguma coisa equivalente a isso.
Os vegetais são organizados em relação
a um determinado ponto.
Sei lá, as angiospermas ou qualquer coisa
desse tipo evoluem pra esse ponto.
Os animais também pra uma condição ótima
de sobrevivência e perpetuação da espécie.
E os homens?
Qual será a ponta da pirâmide
para os homens?
O que se diz classicamente, na boca
de vários filósofos ao longo da história,
é que o ápice da pirâmide do homem
são valores, virtudes e sabedoria.
Isso é um ideal.
Qualquer outra coisa que você tenha
no meio do caminho são projetos,
que podem ser bons, mas não são
suficientes para justificar a sua vida.
Ou seja, não caiam
naquela história de pensar:
"Bom, eu quero ter um ideal,
mas não sei qual é meu ideal".
Isso é um dos sofismas.
Ideal da humanidade é ser humanidade.
Ideal do ser humano é ser humano.
Não tem muitas opções.
Agora, você sobe
pela face que você quiser.
Aqui eu coloquei uma pirâmide de base
quadrada, mas podem ser infinitas faces.
Cada um cresce segundo a sua natureza,
porém, cresce em direção a esse ponto.
O Uno, o ideal humano,
valores, virtudes e sabedoria.
É essa escassez de seres humanos
que faz com que a gente tenha tantos
problemas na nossa sociedade.
Perdeu-se o auge, que é a condição humana.
Em segundo lugar, aquela história,
quando eu identifico,
porque filósofos costumam identificar
esse ideal humano com a ideia do bem,
as pessoas dizem: "Isso é muito relativo.
O que é bom pra mim
pode não ser bom pra você".
Cuidado!
Nós não somos tão relativos assim,
tem coisas que são absolutas.
O único ser que poderia chegar
e dizer: "Tudo é relativo",
é aquele que é absoluto.
Para nós que somos relativos,
coisas de mesmo patamar de relatividade
que nós, são bem absolutas.
Então, você não pode dizer
que a morte é relativa.
Vamos morrer mesmo.
Ela é um absoluto.
A nossa morte não é relativa,
nem a nossa vida.
Ela tem uma meta humana.
Viemos aqui pra nos tornarmos humanos.
O caminho que cada um vai trilhar
pra isso é individual,
mas a meta tem que estar fixa.
Não é à toa que Sócrates costumava dizer:
"Olha, um homem bem-intencionado,
por mais bem-intencionado que seja,
ele pode ser manipulado.
Um filósofo, não".
Sabe por quê?
Você chega pra um filósofo e diz:
"Olha, vamos lá que a gente
vai praticar um atentado terrorista,
vamos matar várias pessoas,
mas isso vai fazer bem pra humanidade".
Bom, ele vai olhar pro ideal do bem dele,
que é se tornar um ser humano
com mais valores, virtudes, sabedoria,
e vai ver que não leva pra lá
esse tipo de ação.
Portanto, ele não vai entrar por aí.
Então, um homem muito bem-intencionado
pode ser manipulado,
um filósofo tem uma referência de direção.
Outra coisa que é importante como exemplo:
limalhas de ferro em cima
de uma folha de papel.
Imagine que você coloque um monte
de limalha em cima de uma folha de papel,
sacode um pouquinho esse papel
e coloque um imã embaixo.
Um imã retangular.
Você vai ver que ela vai formar
aquela figura ali.
Uma figura retangular com linhas
do campo magnético.
Agora imagine que eu tiro esse imã e tento
com uma pinça, com alguma ferramenta,
colocar essas limalhas
nessa forma, sem imã por baixo.
Vocês percebem que é
uma dificuldade absurda
e qualquer vento que passe
vai destruir a minha obra?
Ou seja, não se trata simplesmente
do que você faz, do que você vive,
mas trata-se de ter por trás um imã,
que é do ideal humano de valores.
Os valores são um imã
que a gente coloca por trás
dos nossos pensamentos
das nossas ações.
Então, por trás de tudo
aquilo que fazemos,
existe um magnetismo
do nosso ideal humano.
Somos homens, somos seres humanos
e isso é importantíssimo
levarmos em consideração sempre.
Sem ímã, não vamos poder
conservar essa forma.
Outra coisa interessante, essa é uma
conversa de Sócrates com Trasímaco,
um sofista num livro de Platão
chamado "A República".
Num determinado momento,
Trasímaco se vê meio assustado,
porque Sócrates era um grande filósofo,
o coloca contra a parede,
e Sócrates diz: "Não fuja, Trasímaco,
porque o que você está falando
trata-se do que vamos fazer amanhã!"
Eu acho isso lindo demais, gente.
Tratar as ideias é sério.
As ideias não são simplesmente
uma ostentação intelectual,
trata-se de como vamos viver amanhã!
Ou seja, honrai as verdades com a prática.
Outro elemento, que é muito importante:
filosofia é encontrar um alemão na rua.
Parece engraçado, né?
Imaginem vocês, nesse nosso caso,
é um alemãozinho procurando a Oktoberfest.
A gente chega, encontra ele, só estudamos
um pouquinho de alemão lá no ensino médio,
mas pra falar com ele,
precisamos falar em alemão.
A gente traz à tona aquilo
que a gente tem de melhor
em termos de alemão.
Aquele pouquinho que eu estudei
lá no ensino médio,
pra poder me comunicar com ele, porque
se eu não me comunico, não posso ajudá-lo.
Um vez que eu o ajude,
ele me deu a única oportunidade
de praticar alemão na minha vida.
Agora imagine o seguinte, você é um pessoa
que está canalizada com a ideia do bem.
Está canalizada com a ideia
de valores humanos.
Para que alguém se comunique com você,
vai ter que falar a sua língua,
vai ter que trazer à tona os valores
que ele tem lá escondidinhos dentro dele,
porque todo mundo tem,
o universo é todo dual.
E talvez tenha sido a única oportunidade
que ele teve na sua vida de fazer isso.
Ou seja, como dizia um dos pitagóricos:
"Você vai passar e deixar
uma trajetória de luz,
porque você está fixado numa linguagem,
que ao se comunicar
com as pessoas, as obriga a trazer
o que elas têm de melhor à tona.
Outro elemento interessante:
filosofia e aprender a tomar sopa.
Vocês vão dizer: "Ela é doida".
Mas isso é muito filosófico, é importante.
É uma passagem de um livro budista
chamado "Dhammapada",
se chama Bala Vagga, os tolos.
Eles dizem o seguinte:
"Um homem perspicaz,
quando tem contato com um sábio,
ele é como a língua
que tem contato com a sopa.
Um homem tolo, quando
tem contato com um sábio,
ele é como a colher
que tem contato com a sopa".
Ou seja, totalmente insensível.
Não registra absolutamente nada.
Ter contato com o conhecimento é ser
como uma língua, e não como uma colher.
Então não se mede uma pessoa
pela quantidade de conhecimento
com o qual ela teve contato,
mas com a quantidade
com a qual ela se comprometeu.
O homem se alimenta
não daquilo que ele ingere,
daquilo que ele come, mas daquilo
que ele assimila, não é assim?
Aquilo que eliminamos não nos alimenta.
O homem vive do que ele assimila
e não do que ele come.
Então, aprender a absorver o conhecimento.
Bom, e como começamos
esse trabalho que fazemos?
Hoje somos voluntários
em mais de 60 países no mundo.
Um dia, uma ideia, uma ideia poderosa.
Vamos começar a dar
um sopro de vida à filosofia.
Isso foi um homem, um rapaz, num país,
que começou a dar aulas
na sala da sua casa.
E logo depois, vieram algumas
outras pessoas interessadas,
e depois daquela cidade
pra uma outra cidade,
e boa vontade, e perseverança,
e constância, sem pressa, sem pausa,
acreditando nos seus sonhos.
E aos poucos, estamos
em mais de 60 países!
Só no Brasil são 80 sedes.
Por quê? Porque era uma ideia
que estava latente em todo o ser humano.
A necessidade de honrar
as verdades com a prática.
Necessidade de ter referenciais humanos
e colocá-los em prática na sua vida.
E isso é o trabalho que fazemos,
olhem que interessante.
Vocês podem dizer:
"Ah, mas é uma ideia, viver a filosofia,
viver as boas ideias
que a humanidade teve,
estabelecer referenciais,
ser fiel a isso na sua vida.
Isso é comum, já houve em muitos lugares".
É verdade, mas cuidado
com essa visão pessimista.
Já houve em vários lugares
e não deu certo,
mas já houve em vários lugares e deu.
Assim como a Academia de Platão,
assim foi o Eliseu,
assim foram estruturas que entraram
pra história da humanidade.
Uma ideia, uma ideia humana,
vivida com compromisso,
com perseverança e constância.
Hoje, o número que me interessa
passar pra vocês é aquele ali:
48.584 voluntários pelo mundo afora.
Entendam, uma coisa é você
comandar 48 mil pessoas,
outra é comandar 48 mil voluntários,
empenhados numa mesma ideia há 62 anos.
E nós fazemos isso.
Eu faço isso há 30 anos,
todos os dias da minha vida.
Aulas voluntárias de filosofia
pra ensinar a honrar a vida com valores.
Essas frases eu trouxe
apenas como um lembrete final:
"O conhecimento é o ato
de entender a vida".
E também, essa frase é de Aristóteles,
não só de entender a vida,
mas de responder à vida de maneira humana.
"Pelas vossas obras vos conhecerei".
Vejam como as pessoas respondem à vida,
e aí você vai ver o conhecimento
que elas realmente têm.
Não adianta uma pessoa estar fazendo
uma palestra brilhante sobre o medo,
e entra um camundongo na sala
e ela é a primeira que pula
em cima do escudo do TEDx.
Honrai as verdades com a prática.
Ou seja, o conhecimento
é o ato de entender a vida
e responder à vida de acordo
com esse conhecimento.
Ou seja, uma filosofia prática, vivencial.
"Se puderes olhar, vê!
Se puderes ver, repara!"
Saramago.
Ou seja, olhe mais
em profundidade à sua volta,
porque a vida é toda simbólica
e tem muitas coisas a te ensinar.
Ou seja, a vida é inteiramente
pedagógica e dotada de sentido.
E uma das coisas fundamentais
é aprender a aprender da vida,
que é um livro aberto e constante.
"Os que velam possuem um mundo em comum,
e os que dormem voltam
aos seus mundos particulares".
Isso é lindo, isso é Heráclito antigo.
Vejam só,
a solidão é estar desacompanhado
de nós mesmos,
e a solidão é também consequência
de estarmos dormindo demais
pela vida afora.
Quando despertamos
e nos comprometemos com a vida,
aí nos encontramos com todos
aqueles que estão despertos
e que se empenham em trabalhar
pela vida junto conosco.
E por fim, gostaria de mostrar pra vocês,
o nosso trabalho.
Um pouco dele.
Ideias mudam o mundo, lembrem disso.
Uma pequena história que gostaria
de contar pra vocês
que pra mim ilustra muito
aquilo que eu faço
e que fazemos em Nova Acrópole.
No livro das cartas que Gandhi
escreveu a seu neto,
ele conta em uma passagem
que ele recebeu a visita de uma mãe
que pedia que ele
conversasse com o filho dela,
pra que ele comesse menos açúcar.
O menino estava muito descontrolado,
engordando demais, era uma criança.
E Gandhi diz a ela: "Está bem,
traga seu filho daqui a uma semana".
Ela pensa: "Ele deve estar preparando
um discurso maravilhoso".
Dali uma semana ela volta com a criança,
ele pega o menino e diz:
"Meu filho, não coma tantos doces".
Só isso!
Ela fica surpresa:
"Está bom, muito obrigada,
mas o senhor precisou
de uma semana pra falar só isso?"
"É, porque essa semana eu não comi doces".
Ou seja, só é útil o conhecimento
que nos torna melhores,
e que testado na nossa vida,
nos fez crescer.
Comprometimento
em honrar as ideias com a nossa vida.
Um referencial humano,
e saber utilizar as ferramentas humanas
pra caminhar na direção dele.
E o nosso referencial humano
sempre será sermos mais humanos:
valores, virtudes e sabedoria.
Isso é formação em valores,
isso nós fazemos em Nova Acrópole.
Muito obrigada.
(Aplausos)