Penso que todos concordamos que crescer
é mais demorado agora que no passado.
Isso parece uma afirmação
justamente incontroversa
que é apoiada por muitos factos.
Em 1960, se o considerarmos
como um ano de referência,
relativamente poucas pessoas tiveram
estudos para além do secundário,
isto se acabaram sequer o secundário.
E 40% das pessoas nem sequer
chegaram tão longe.
Em 1960, a idade para casar era, em média,
de 20 anos para as mulheres
e de 23 para os homens.
Agora é de 27 anos para as mulheres
e de 29 para os homens
e está ainda a aumentar.
Muita coisa mudou na vida dos jovens
no decorrer dos últimos 50 anos.
Mudou tanto, de facto, que eu proponho
que ajuda se pensarmos nisso como uma
nova etapa de vida da idade adulta
entre a adolescência
e o início da vida adulta.
Mas porque é que demora tanto tempo
crescer nos dias de hoje,
muito mais do que no passado?
Porque é que existe agora este novo estado
de idade adulta emergente?
Houve quatro revoluções nos anos 60 e 70
que, de várias maneiras, prepararam terreno
para a sociedade que conhecemos hoje,
incluindo esta nova etapa de vida
de idade adulta emergente.
Essas quatro revoluções são:
a Revolução Tecnológica,
a Revolução Sexual,
o Movimento Feminista e o Movimento Jovem.
Primeiro, a Revolução Tecnológica.
A Revolução Tecnológica não
se cinge a Iphones e Ipads,
nem mesmo a computadores
portáteis e Internet.
Outra enorme revolução tecnológica
dos últimos 50 anos
tem sido a transição
de uma economia de manufactura
para uma economia de conhecimento.
Nós tornámo-nos tão bons
a fazer coisas com máquinas
que deixámos de precisar
de tantas pessoas para as fazer.
A maioria de nós está também ciente
de quantos trabalhos de manufactura
passaram para outros países.
Mas não é só isso.
A nossa produção é, na verdade,
seis vezes maior actualmente
do que era nos anos 50.
Mas conseguimos isso
com apenas metade das pessoas.
Por isso, longe vai o tempo
em que um rapaz podia andar numa
fábrica de automóveis ou numa siderurgia
e ganhar dinheiro suficiente
para se sustentar a si próprio
e à sua família.
Os novos empregos na
economia do conhecimento
são na informação,
na tecnologia e nos serviços.
Todos eles requerem estudos
que vão além da escola secundária.
São esses que conseguem os melhores
novos empregos na economia do conhecimento.
É preciso ter algum tipo de estudos
para além do secundário.
Por isso, agora, há mais pessoas
a estudar durante mais tempo
do que antigamente.
Isso faz adiar tudo o resto.
Como a maioria das pessoas não vai
ter um trabalho estável a longo termo
durante muitos anos após
acabarem os estudos,
muitos preferem adiar
o casamento e a paternidade
até terem um trabalho estável.
A segunda revolução é a Revolução Sexual.
A invenção da pílula contraceptiva em 1964,
juntamente com outros eficazes
métodos contraceptivos,
quebrou, pela primeira vez, o antigo elo
entre a sexualidade e a reprodução.
E com isso,
quebrou-se, pela primeira vez,
o elo entre a sexualidade e o casamento.
Por isso, a idade de casar
começou a aumentar constantemente,
embora a idade das primeiras
relações sexuais tenha diminuído.
Hoje, a maioria das pessoas
tem relações sexuais na adolescência,
uma década ou mais
antes de casar e ter filhos.
Assim, isso muda o modo de ser
dos que têm 20 anos, ou quase.
Em vez de assumirem compromissos
de casamento e paternidade,
as pessoas agora têm este intervalo,
de 10 anos ou mais,
em que estão a criar
um intervalo nas relações
e ainda não estão comprometidos
com a estrutura de uma vida familiar.
Em terceiro lugar vem
o Movimento Feminista.
Em 1960, pouca gente
entrava para a faculdade,
mas havia duas vezes
mais rapazes que raparigas
entre os estudantes universitários,
Hoje, 58% dos universitários são raparigas,
apenas 42% são rapazes.
As raparigas representam também
metade dos estudantes
nas faculdades de medicina,
de direito, de gestão.
Isso tem sido extremamente revolucionário.
Isso tem mudado a maneira como
as raparigas encaram a vida
e como planeiam a sua vida.
É difícil para nós sequer imaginar
quanta pressão devia ser feita a uma
rapariga em 1960 para arranjar um marido.
Porque, se não o fizesse,
que mais iria fazer na vida?
Não existiam quase profissões nenhumas
que lhe fossem acessíveis.
Assim, concentravam-se mais nisso,
já que não podiam fazer mais nada.
Elas, tal como os rapazes,
querem usar os seus 20 anos
para fazer progressos no estudos
e depois na sua carreira.
Isso mudou completamente
o que os 20 anos representam
tanto para rapazes como para raparigas.
E finalmente, o Movimento Jovem.
A vida adulta costumava estar associada
a muitas coisas boas,
como o estatuto social e a autoridade.
De certa forma ainda é,
mas não tanto como costumava ser.
Os anos 60 e 70 mudaram isso
com o Movimento Jovem.
"Espero morrer antes de chegar a velho".
Quantos são suficientemente
velhos para se lembrarem disso?
ou " Nunca confies em ninguém
com mais de 30 anos".
Isso dizia-se de certa forma irónica,
mas só de certa forma.
Há verdades por trás disso.
Agora ser adulto, ser mais velho,
perdeu importância
e a adolescência passou a ser venerada.
Por isso os jovens já não têm
pressa de se tornarem adultos.
Preferem prolongar a sua juventude
o máximo que conseguirem
e aproveitá-la enquanto dura.
Assim, juntas, essas
quatro mudanças resultaram
nesta nova fase da vida
de idade adulta emergente.
Enquanto as pessoas costumavam projectar
a estrutura estável de uma vida adulta
para uma idade por volta dos 20 anos,
agora é mesmo verdade
que "os 30 são os novos 20".
Há uma boa razão para esta frase
se ter tornado popular.
Porque agora as transições, que costumavam
acontecer por volta dos 20 anos,
acontecem perto dos 30
à maioria das pessoas.
Em vez de passarem da adolescência para
a vida adulta com uma idade perto dos 20,
a adolescência é seguida pela
vida adulta emergente pelos 20 e tal anos
e, finalmente, a entrada numa
jovem vida adulta estável.
Nem toda a gente gosta de ouvir falar
desta nova fase de emergente vida adulta.
Nem toda a gente está feliz
com este crescimento mais demorado
do que o costume.
Pelo contrário, muitas pessoas
estão muito infelizes com isso.
Muitos pensam que o facto
de os jovens entrarem nessa transição
para uma vida adulta estável
mais tarde que no passado
significa que algo de errado
deve existir neles.
Os pais e avós não podem
deixar de olhar para o progresso,
ou a falta dele, dos seus filhos e netos
para a vida adulta, aos 20 anos,
e pensar, ou até talvez dizer:
"Quando eu tinha a tua idade..."
Porque a agenda mudou mesmo.
Mas eu gostava de vos desafiar
— se hoje pensam dessa maneira —
a tentar pensar nisso de maneira diferente.
Não significa que haja
algo de errado com eles.
Em primeiro lugar, demoram
mais tempo a prepararem-se
para a economia do conhecimento
do que demoravam
para a economia de manufactura.
Por isso não é culpa deles.
Eles estão atentamente envolvidos
em preparar-se para o mundo deles
e estão a tentar encontrar um lugar
numa economia muito complexa.
Em segundo lugar, o Movimento Feminista
abriu uma vasta escala
de oportunidades para raparigas.
Mas isso não é uma coisa má.
Penso que pucos de nós veriam isso
como uma evolução negativa.
É uma coisa boa. É uma coisa óptima.
Assim, ter esta fase
de idade adulta, emergente
permite aos rapazes e raparigas
desenvolver as suas competências
para o trabalho.
Não teríamos, muitos de nós, feito
uma melhor escolha de parceiro para casar,
aos 28, 29, ou 30 anos,
do que fizemos aos 19, 20, ou 21?
Não seríamos, muitos de nós,
melhores progenitores
se começássemos aos 30 ou 31 anos,
em vez de aos 20 ou 21?
Suponho que não haja dúvidas acerca disso.
E também há isto:
Havendo o espaço
para a idade adulta emergente,
os jovens gozam de um inédito
e incomparável período de liberdade.
É um tempo em que vocês podem fazer coisas
que nunca puderam fazer
quando eram crianças
e que, na verdade, não serão
capazes de fazer mais tarde.
Então, se têm gosto pela aventura,
se gostariam de ver como é viver
numa parte diferente do país
ou do mundo, por uns tempos,
e fazer talvez algum tipo
de projecto comunitário,
esta é a altura para o fazer.
Se gostariam de entrar
numa carreira sem futuro,
como actor, ou músico,
ou outra coisa em artes,
esta é a altura para o fazer.
Porque mais tarde será muito mais difícil,
quando já tiverem assumido
esses compromissos.
Agora, na idade adulta emergente,
ninguém depende realmente de vocês.
Esta é uma das suas características únicas.
E, finalmente, as pessoas
vão depender de vocês.
Isso vai diminuir a variedade
das vossas escolhas.
Durante a idade adulta emergente
vocês têm uma liberdade rara
e uma liberdade breve
e devem aproveitá-la ao máximo.
Gostaria de acabar dizendo aos jovens
que são adultos emergentes, ou quase,
para não deixarem que ninguém
vos empurre para a idade adulta
antes que estejam prontos.
A idade adulta estará pronta
quando vocês estiverem.
Muita gente bem-intencionada
quer que vocês lá cheguem
o mais depressa possível.
Mas a vida não é delas.
A vida é vossa.
E devem lembrar-lhes isso, se necessário.
A vida adulta é algo em que,
por fim, quase toda a gente entra.
E é um lugar em que, depois de lá entrar,
nunca mais se pode voltar atrás.
Por isso aproveitem ao máximo a
liberdade da vossa idade adulta emergente.
enquanto ela dura.
Obrigado.
(Aplausos)