Cerca de 20 milhões de casos de cegueira
a nível mundial,
são causados por cataratas,
uma doença curável que afeta as lentes
que focam as imagens na retina do olho.
Uma catarata acontece
quando as proteínas das lentes
perdem a sua organização normal,
aglutinando-se duma forma
que provoca descoloração ou névoa
e acaba por bloquear a visão.
As cataratas podem ser causadas
por danos nos olhos,
por certos medicamentos.
por radiações ultravioletas,
por diabetes,
pelo tabaco,
ou por perturbações genéticas.
Mas a causa mais vulgar
é o envelhecimento.
Nos EUA, mais de 50% das pessoas
com mais de 80 anos têm cataratas.
As cataratas eram tratadas
há mais de 2500 anos na Índia,
embora possa ter havido procedimentos
semelhantes antes disso
no Antigo Egito e na Babilónia.
O procedimento mais vulgar,
chamado "couching"
envolvia a introdução
de uma agulha no olho
para empurrar a lente enevoada do caminho.
Embora isso pudesse aumentar
a quantidade de luz que entrava no olho,
a falta duma lente deixava
a visão do doente desfocada
Apesar de uma taxa de êxito baixa
e de um alto risco de infeção ou de dano,
o "couching" ainda hoje é executado
nalgumas regiões do mundo.
Os procedimentos posteriores
também se concentravam
em remover a lente enevoada,
por exemplo, fazendo uma abertura
na córnea para retirar a lente
juntamente com a cápsula
da membrana que a rodeava.
Embora a invenção dos óculos tenha
permitido uma certa reposição da focagem,
estes tinham que ser extremamente
grossos para a compensar.
Além disso, essas técnicas
ainda causavam complicações,
como a danificação da retina,
ou deixar o olho
com suturas desconfortáveis.
Mas no século XX,
aconteceu uma coisa inesperada.
O cirurgião Sir Harold Ridley estava
a tratar as baixas da II Guerra Mundial
quando reparou que o plástico acrílico
da cabina dum avião despedaçado
se tinha alojado nos olhos dum piloto
sem provocar uma reação prejudicial.
Isso levou-o a propor a implantação
cirúrgica de lentes artificiais nos olhos
para substituir as cataratas.
Apesar duma resistência inicial,
o método tornou-se
numa prática standard nos anos 80.
Depois da descoberta de Ridley,
as lentes intraoculares
sofreram vários melhoramentos.
As lentes modernas encaixam-se
na cápsula da membrana
de onde se extraiu a catarata,
deixando intacta a maior parte
da anatomia natural do olho.
A capacidade de afinar
a curvatura da lente
permite que a cirurgia restaure
a visão normal do paciente
sem necessidade de óculos.
Claro que as técnicas cirúrgicas
também evoluíram.
Os procedimentos microscópicos
usam pequenos instrumentos ou lasers
para fazer incisões rigorosas
de um ou dois milímetros na córnea,
enquanto uma sonda ultrassons
quebra e remove a lente da catarata
com um trauma mínimo para o olho.
As versões de baixa tecnologia
desta operação
tornaram esta cirurgia rápida
e pouco dispendiosa,
ajudando-a a espalhar-se
pelo mundo desenvolvido.
Locais como o Hospital Aravind Eye na Índia
foram pioneiros da cirurgia
de cataratas de baixo custo e alto volume
para um valor tão baixo
quanto seis dólares.
Porquê então, com todos estes progressos,
ainda há tantas pessoas cegas no mundo?
O principal problema é o acesso
aos cuidados de saúde,
em que infraestruturas pobres
e falta de médicos
são a principal barreira em muitas regiões.
Mas esse não é o único problema.
Em muitas áreas rurais
com falta de instrução,
a cegueira é muitas vezes aceite como
uma parte inevitável do envelhecimento
para a qual as pessoas nem pensam
em procurar tratamento.
É por isso que é fundamental a informação.
Cada vez mais programas
de consciencialização da comunidade
e a disseminação de telemóveis
significam que muitos daqueles
que podiam ter ficado cegos
durante o resto da vida
por causa de cataratas
podem agora ser tratados.
Para eles, há um futuro
mais brilhante à sua frente.