>>Rafael Fernandes: 2011 foi sem dúvida um ano cheio de novidades para os retrogamers. Por entre os blogs da vida a gente viu de tudo: jogos toscos, gente ouvindo música e morrendo, teorias conspiratórias, chiliques, trollagens, vídeos, vinte anos do Sonic, novo Zelda, novo Streets of Rage, mamilos, pessoas bêbadas, [pausa para respirar] e memes ou memes. Enfim. Em uma das colaborações conjuntas da blogosfera retrogamer, apresento a vocês alguns dos jogos que mais joguei nesse ano que está acabando. Preparados então? Ready Go! O que joguei em 2011 Se tem um jogo que merece o título de mais jogado em 2011, esse é RayForce. O shoot 'em up da Taito de 1993 é um dos melhores jogos da empresa, com sucesso considerável nos arcades da época e duas continuações, chamadas RayStorm e RayCrisis. É bem provável que você já tenha ouvido falar nesse jogo. O problema é que ele também pode ser chamado Gunlock e na conversão para Sega Saturno recebeu o nome de Layer Section, cuja versão americana foi rebatizada para Galactic Attack. Uau! Com tanta confusão, fica bem difícil de encontrar até mesmo a ROM para jogar no MAME, a não ser que estivesse realmente procurando por ela, o que foi o meu caso. O diferencial de RayForce está na jogabilidade. Além dos inimigos que vêm na mesma direção da sua nave, existe também o plano inferior, onde o jogador tem de mirar e atirar com o laser antes que eles venham em sua direção. É possível trancar o alvo em vários inimigos ao mesmo tempo, podendo assim efetuar um combo e fazer mais pontos. Os chefes de fase também possuem vários outros pontos fracos que só podem ser atingidos com o laser, podendo assim traçar novas estratégias para derrotá-los, que são muitas. Área 5 Em direção à escuridão Com esse esquema de jogo, RayForce se aproveita ao máximo dos efeitos de escala que a placa Taito F3 possuía, porém, o jogo utiliza de vários outros efeitos visuais como rotação e transparência, gerando imagens que simulam 3D e parecem realmente incríveis, lembrando bastante o Mode-7 do Super Nintendo, só que muito melhor. Vale destacar também a história do jogo: de acordo com os jogos subsequentes, a trama de RayForce é centrada na criação de um super computador chamado Con-Human, que ao ser acidentalmente conectado ao cérebro de um clone humano, acaba adquirindo consciência própria e consequentemente destruindo e aniquilando grande parte do planeta. Os poucos sobreviventes fogem para uma colônia espacial, onde preparam uma ofensiva para destruir o supercomputador e consequentemente o nosso planeta. Em resumo, é uma missão suicida, praticamente, onde a heroína, sim, a heroína, terá que se sacrificar para evitar que Con-Human adquira mais poder e conquiste todo o universo. Complexo, hem? Assim, o itinerário de toda a missão é baseado em uma reentrada ao planeta, descendo por camadas cada vez mais profundas até chegar ao núcleo e encontrar o supercomputador. Isso só mostra que o jogo tem um ótimo design, não só em relação à história, quanto também às fases e inimigos, principalmente os chefões, que parecem mais ter saído de um anime. O único ponto fraco nesse sentido é que o próprio jogo, sendo um arcade, não tem indicação alguma de sua complexa história, deixando os jogadores sem saber realmente qual seria a razão de todo o conflito que se segue no game. Mas a principal razão pela qual joguei RayForce durante todo esse ano está na trilha sonora. Todas as músicas foram compostas por essa senhorita aí, chamada Tamayo Kawamoto. Ela começou a carreira na Capcom compondo para jogos como Son Son, Legendary Wings e Ghosts ‘n Goblins! É! Mas aqui em RayForce, ela produziu uma mistura perfeita entre jazz, new age e música eletrônica, que acredito ter sido a primeira vez que um shoot 'em up usa músicas nesse estilo, já que anteriormente a 1993 os jogos de nave tinham uma trilha sonora mais levada para o rock e para o jazz fusion. Vale lembrar que a trilha sonora da versão de arcade possui uma sonoridade diferente, mais abafada, de forma com que ela pudesse ser reproduzida no chip sonoro que estava na placa. Já a versão de Sega Saturno tem as músicas em suas versões que possivelmente são originais, já que elas são as mesmas presentes no CD da trilha sonora do jogo lançado em 1994. Apesar da instrumentação diferente, ambas as composições continuam sensacionais. Área 4 A fissura da consciência É por isso que recomendo a todos que joguem RayForce pelo menos uma vez na vida, seja na versão para MAME, que não emula corretamente o som, mas já é alguma coisa, ou nas conversões para PC, Sega Saturno, e como parte da coletânea japonesa Taito Memories Jōkan, que saiu para o PlayStation 2. O jogo é uma experiência única e muito melhor do que as suas continuações RayStorm e RayCrisis, que também são games muito bons, mas não chegam ao nível de diversão de RayForce. Mas vale lembrar também que o jogo é quase impossível de difícil, tanto é que até hoje eu uso pelo menos 7 fichas para terminar o game. Isso porque eu tô sempre treinando. A dificuldade do jogo chega a uns momentos absurdos e especialmente traiçoeiros, até porque os inimigos sempre disparam aleatoriamente, então a memorização até que ajuda, mas o que importa mesmo aqui são reflexos ágeis para lidar com o constante caos. Ainda assim, é uma experiência muito divertida que não se torna frustrante, pelo menos pra mim. Talvez eu seja masoquista… Mas enfim. E esse foi o video review de RayForce. Caso tenha gostado, não esqueça de favoritar ou de curtir na página do YouTube. Fique ligado para a próxima edição com a análise de Space Channel 5: Part 2. Até lá!