Quero começar a minha palestra com duas observações
acerca da espécie humana.
A primeira observação é algo que podem pensar que é bastante óbvio,
e é que a nossa espécie, o Homo sapiens,
é, na verdade, muito, muito inteligente --
tipo, ridiculamente inteligente --
do género, todos vocês fazem coisas
que nenhuma outra espécie no planeta consegue fazer.
E esta não é, claro,
a primeira vez que provavelmente se apercebem disto.
Claro que, além de sermos inteligentes, somos também uma espécie extremamente convencida.
Por isso gostamos de assinalar o facto de sermos inteligentes.
Sabem, eu poderia recorrer a qualquer sábio,
desde Shakespeare ao Stephen Colbert,
para assinalar o facto de sermos
magnânimos em raciocínio e infinitos em termos de faculdades
e, simplesmente, muito mais fantásticos do que qualquer outro no planeta,
no que toca a tudo o que seja cerebral.
Mas, claro, há uma segunda observação acerca da espécie humana
em que quero focar um pouco mais,
e é o facto de que
embora sejamos realmente muito inteligentes, por vezes unicamente inteligentes,
também podemos ser incrivelmente burros
no que toca a alguns aspectos da tomada de decisões.
Agora, estou a ver muitos sorrisos desconfortáveis por aí.
Não se preocupem, não vou apontar ninguém em particular
nem os pormenores dos vossos erros.
Mas obviamente, nos últimos dois anos,
temos visto estes exemplos sem precedente de inépcia humana.
E temos observado, à medida que os instrumentos que só nós podemos construir,
para retirar os recursos do nosso meio ambiente,
como que, simplesmente explodem à nossa frente.
Temos observado os mercados financeiros que singularmente criamos --
estes mercados que supostamente são à prova de falhas --
temos observado o seu colapso diante dos nossos olhos.
Mas eu acho que estes dois exemplos embaraçosos,
não realçam o que eu acho que é mais vergonhoso
acerca dos erros que os humanos cometem,
que é o facto de gostarmos de pensar que os erros que cometemos
são, na verdade, o resultado de alguns indivíduos ineptos
ou de algumas decisões tão más que merecem ser incluídas no blog FAIL.
Mas ao que parece, os cientistas sociais estão a descobrir
que a maior parte de nós, quando colocados em determinados contextos,
cometeremos erros muito específicos.
Os erros que cometemos são, na verdade, previsíveis.
Cometemo-los outra e outra vez.
E, na verdade, são imunes a demonstrações e provas.
Mesmo quando recebemos uma reacção negativa,
a próxima vez que nos encontramos em determinado contexto,
temos a tendência para cometer os mesmos erros.
Então, este tem sido um enigma muito interessante para mim,
enquanto estudante da natureza humana.
O que me deixa mais curiosa é,
como é que uma espécie tão inteligente como nós,
é capaz de erros
tão maus e tão consistentes, o tempo inteiro?
Sabem, nós somos a coisa mais inteligente por aí, porque é que não conseguimos resolver isto?
De certa forma, de onde é que os nosso erros vêm, realmente?
E, tendo pensado acerca disto por algum tempo, vejo duas possibilidades.
Uma possibilidade é que, de alguma maneira, a culpa não é nossa.
Porque somos uma espécie inteligente,
podemos criar todos os tipos de ambientes
que são super, super complicados,
às vezes, demasiado complicados para que os possamos realmente entender,
embora os tenhamos criado.
Criamos mercados financeiros que são super complexos.
Criamos cláusulas hipotecárias com que não conseguimos lidar.
E claro que se nos encontrarmos em ambientes com que não conseguimos lidar,
de certa forma, faz sentido que acabemos
por fazer asneiras.
Se for esta a verdade, teríamos uma solução simples
para o problema de erros humanos.
Simplesmente diríamos, OK, vamos perceber
que tipo de tecnologias não conseguimos entender,
os tipos de ambientes que são maus --
vemo-nos livres desses, construimos melhor as coisas,
e deveríamos ser a espécie digna
que esperamos ser.
Mas há uma outra possibilidade que eu acho um pouco mais preocupante,
que é: talvez não sejam os nossos ambientes que sejam maus.
Talvez sejamos nós que fomos mal construídos.
Esta é uma sugestão que obtive
ao observar o que os cientistas sociais têm aprendido acerca dos erros humanos.
E o que observamos é que as pessoas têm a tendência para continuar a cometer erros
exactamente da mesma forma, uma e outra vez.
Parece que talvez tenhamos sido construídos
para cometer erros de determinada forma.
Esta é uma possibilidade que me preocupa um pouco mais,
porque se formos nós que somos disfuncionais,
não é óbvio como lidar com isso.
Talvez tenhamos simplesmente de aceitar o facto de sermos propensos a errar
e tentar construir as coisas em torno disso.
Por isso, esta é a questão a que eu e os meus estudantes queremos dar resposta.
Como é que descobrimos a diferença entre a primeira e a segunda possibilidades?
O que precisamos é de uma população
que seja basicamente inteligente, possa tomar várias decisões,
mas que não tenha acesso a nenhum dos sistemas que nós temos,
qualquer das coisas que possivelmente nos avariam --
sem tecnologia humana, cultura humana,
talvez nem linguagem humana.
E por isso, recorremos a estes tipos aqui.
Estes é um dos indivíduos com quem trabalho. Estes são macacos-prego.
São macacos do Novo Mundo,
o que significa que se separaram do ramo humano
há cerca de 35 milhões de anos.
Isto significa que a vossa bisa, trisa, tetra, --
cerca de cinco milhões de gerações aqui --
avó foi provavelmente a mesma bisa, trisa,
tetravó, com cinco milhões de gerações pelo meio,
do que a da Holly na fotografia.
Assim, podem ter a noção de que este indivíduo é muito, muito distante,
mas evolutivamente, um parente.
A boa notícia acerca da Holly é que
ela não tem as mesmas tecnologias que nós temos.
É uma criatura inteligente e esperta, um primata também,
mas sem todas as coisas que achamos que nos avariam.
Portanto, ela é o perfeito sujeito de teste.
Que acontecerá se pusermos a Holly no mesmo contexto que os humanos?
Ela cometerá os mesmos erros que nós?
Será que ela aprende com esses erros? E por aí fora.
E este é o tipo de coisas que decidimos fazer.
Eu e os meus estudantes ficámos muito entusiasmados com isto há uns anos atrás.
Dissémos, vamos colocar alguns problemas à Holly
para ver se ela comete erros.
O primeiro problema é: por onde começar?
Porque, sabem, é óptimo para nós, mas mau para os humanos.
Nós cometemos muitos erros em variados contextos.
Sabem, por onde é que íamos começar isto?
E porque começámos este projecto por altura do colapso financeiro,
na altura em que as hipotecas falidas começaram a ser faladas nas notícias,
pensámos, talvez devêssemos
começar no domínio financeiro.
Talvez devêssemos estudar as decisões económicas dos macacos
e ver se eles fazem o mesmo tipo de coisas estúpidas que nós fazemos.
Claro, foi nessa altura que surgiu um segundo problema --
um pouco mais metodológico --
que é, talvez vocês não saibam,
os macacos não usam dinheiro. Eu sei que não os conhecem.
Mas é por isso que não os encontram na fila atrás de vocês
na mercearia ou no multibanco -- sabem, eles não fazem estas coisas.
Então deparámo-nos com um pequeno problema aqui.
Como é que vamos perguntar aos macacos acerca de dinheiro
se eles não o utilizam?
Então dissemos, talvez devêssemos, simplesmente,
ensinar os macacos a usar dinheiro.
E foi isso mesmo que fizémos.
O que estão a ver aqui é, na realidade, a primeira unidade, ao que sei,
de dinheiro não-humano.
Não fomos muito criativos quando começámos estas experiências,
por isso chamámos-lhe apenas moeda.
Mas esta é a unidade monetária que ensinámos aos nossos macacos, em Yale,
a usar com os humanos,
para comprar diferentes peças de comida.
Não parece muito -- de facto, não é grande coisa.
Tal como a maior parte do nosso dinheiro, é simplesmente uma peça de metal.
Assim como muitos de vocês que trouxeram dinheiro para casa das viagens sabem,
quando chegam a casa, é inútil.
Era inútil para os macacos no início
antes de eles se aperceberem do que podiam fazer com ele.
Quando inicialmente lhes demos as moedas, nos recintos,
eles pegaram nelas, olharam para elas.
Eram coisas estranhas.
Mas rapidamente, os macacos perceberam
que podiam dar estas moedas
a humanos diferentes no laboratório, em troca de comida.
Aqui vêem um dos nossos macacos, a Mayday, a fazer isto.
Em A e B podem ver a fase em que ela está um pouco
curiosa acerca destas coisas -- mas não sabe bem.
Ali está uma mão de um humano à espera,
e a Mayday rapidamente percebe que aparentemente o humano quer isto.
Entrega-a, e então recebe comida.
Ao que parece, não é só a Mayday, mas todos os nossos macacos se tornam excelentes
a trocar moedas com os vendedores humanos.
Aqui está um curto vídeo do que acontece.
Aqui está a Mayday. Ela vai trocar uma moeda por alguma comida
espera contente e recebe a comida.
Aqui está o Felix, acho eu. É o nosso macho alfa; é um tipo grande.
Mas também ele espera pacientemente, recebe a comida e segue.
Então os macacos tornam-se muito bons nisto.
São surpreendentemente bons nisto, com muito pouco treino.
Simplesmente permitimos que eles descobrissem isto por eles próprios.
A questão é: será que isto é alguma coisa parecida com dinheiro humano?
Será isto um mercado,
ou será que fizemos um truque psicológico
ao conseguir pôr macacos a fazer qualquer coisa
que parece inteligente, mas não o é na verdade?
Então dissemos, bem, o que fariam os macacos espontaneamente
se esta fosse a sua moeda, se eles estivessem a usar isto como dinheiro real?
Bem, podem imaginá-los
a fazer todo o tipo de coisas inteligentes
que os humanos fazem quando começam a trocar dinheiro uns com os outros.
Talvez comecem a prestar atenção a preços,
a prestar atenção a quanto compram --
a prestar atenção a quantas moedas têm...
Os macacos fazem qualquer coisa como isto?
Foi assim que nasceu o nosso mercado para macacos.
Isto funciona da seguinte forma:
os nossos macacos normalmente vivem num grande recinto como num jardim zoológico.
Quando eles sentem uma ânsia por guloseimas,
permitimos que entrem
para um recinto mais pequeno onde podem entrar no mercado.
Quando entram no mercado --
é um mercado muito mais divertido para os macacos do que a maioria dos mercados humanos
porque assim que os macacos entravam pela porta do mercado,
um humano dava-lhes uma carteira grande cheia de moedas
para que pudessem trocar as moedas
com um destes dois tipos aqui --
dois vendedores humanos possíveis
a quem eles podiam comprar coisas.
Os vendedores eram estudantes do meu laboratório.
Vestiam-se de forma diferente; eram pessoas diferentes.
E ao longo do tempo eles faziam a mesma coisa
para que os macacos pudessem aprender, sabem,
quem vendia o quê a que preço -- sabem, quem era fiável, quem não era, e por aí fora.
E podem ver que cada um dos investigadores
segura um pequeno prato amarelo
e isso é o que o macaco pode obter por uma moeda.
Tudo custa uma moeda,
mas como podem ver, às vezes as moedas podem comprar mais que outras vezes,
às vezes mais uvas que outras.
Então, vou mostrar-vos um pequeno vídeo do como este mercado funciona.
Aqui está a vista da altura de um macaco. Eles são pequenos, por isso é pequeno.
Aqui está a Honey.
Ela está à espera que o mercado abra um pouco impacientemente.
De repente, o mercado abre. Aqui está a escolha dela: uma ou duas uvas.
Podem ver que a Honey, muito boa economista de mercado,
vai com o vendedor que dá mais.
Ela poderia ensinar os nossos assessores financeiros uma ou duas coisas.
Não só a Honey,
a maioria dos macacos preferiram o vendedor que dava mais.
A maioria dos macacos preferia vendedores com comida melhor.
Quando apresentámos saldos, vimos que os macacos prestaram atenção a isso.
Eles realmente cuidavam do seu dinheiro de macaco.
O mais surpreendente foi que quando colaborámos com economistas
para analisar os resultados dos macacos a utilizarem ferramentas económicas,
basicamente eles correspondiam, não só qualitativamente
mas também quantitativamente ao que observámos
humanos a fazer num mercado real.
De tal forma que, se vissem os dados dos macacos,
não dava para perceber se tinham vindo de um macaco ou de um humano no mesmo mercado.
E o que achámos que tínhamos feito
foi como que introduzir qualquer coisa
que, pelo menos para os macacos e para nós,
funciona como um mercado financeiro real.
A questão é: será que os macacos começam a errar da mesma forma que nós?
Bem, já vimos alguns sinais de que provavelmente sim.
Uma coisa que nunca vimos no mercado de macacos
foi qualquer indício de poupanças --
sabem, como na nossa espécie.
Os macacos entraram no mercado, gastaram o seu fundo na totalidade
e dopois voltaram para a colónia.
Outra coisa que também observámos espontaneamente,
vergonhosamente,
é evidências de roubo.
Os macacos larapiavam as moedas a qualquer oportunidade --
uns dos outros, de nós --
sabem, coisas que não pensámos que estivéssemos a introduzir,
mas coisas que surgiram espontaneamente.
Então dissémos, isto vai mal.
Poderemos ver se os macacos
fazem exactamente as mesmas coisas estúpidas que os humanos fazem?
Uma possibilidade é simplesmente deixar
o sistema financeiro dos macacos desenvolver-se,
sabem, para ver se eles começam a pedir-nos ajudas financeiras daqui a uns anos.
Somos um pouco impacientes, por isso queríamos
apressar as coisas um bocadinho.
Então dissemos, vamos dar aos macacos
os mesmos tipos de problemas
que os humanos têm tendência para cometer,
em alguns tipos de desafios económicos,
ou em certas experiências económicas.
E como a melhor forma de ver como as pessoas erram
é cometer o erro por vocês próprios,
vou apresentar-vos uma pequena experiência
para ver as vossas intuições financeiras em acção.
Imaginem que agora mesmo
dei a cada um de vocês
mil dólares - dez notas novinhas de cem dólares.
Ponham estas notas na carteira
e imaginem por uns momentos o que vão fazer com o dinheiro.
Porque é vosso, agora; podem comprar o que quiserem.
Doá-lo, gastá-lo, e por aí fora.
Parece excelente, mas têm mais uma oportunidade de ganhar um pouco mais de dinheiro.
E aqui está a vossa escolha: podem arriscar,
e nesse caso, vou lançar esta moeda de macaco ao ar.
Se sair caras, ganham mais mil dólares.
Se sair coroas, não ganham nada.
Portanto é uma possibilidade de ganhar mais, mas é bastante arriscado.
A vossa outra opção é mais segura. Vão apenas receber mais dinheiro, de certeza.
Vou-vos dar simplesmente 500 dólares.
Podem enfiá-los na carteira e usá-los imediatamente.
Pensem um pouco o que é a vossa intuição aqui.
A maioria das pessoas optam pela opção segura.
A maioria das pessoas dizem, porquê arriscar se posso obter 1500 dólares de certeza?
Parece uma boa aposta. Vou optar por essa.
Poderão dizer, ei, isso não é irracional.
As pessoas têm tendência para não gostar de arriscar. E depois?
Bem, o "e depois?" explica-se quando começamos a pensar
acerca do mesmo problema
explicado de uma forma um pouco diferente.
Imaginem que eu vos dou a cada um
2000 dólares -- vinte notas novinhas de 100 dólares.
Agora podem comprar o dobro das coisas que podiam comprar antes.
Pensem no que sentiriam ao pôr esse dinheiro na carteira.
E agora imaginem que vão ter de fazer outra escolha.
Mas desta vez, é um pouco pior.
Agora, vão decidir como preferem perder dinheiro,
mas vão ter de escolher das mesmas opções.
Podem escolher arriscar uma perda maior --
eu lanço a moeda ao ar. Se calhar caras, vão perder bastante.
Se calhar coroas, não perdem nada, podem guardar tudo --
ou podem jogar pelo seguro, o que significa que têm que ir à vossa carteira
e dar-me cinco dessas notas de 100 dólares, de certeza.
E estou a ver muitas sobrancelhas franzidas por aí.
Por isso, talvez tenham a mesma intuição
que os indivíduos que foram testados,
que é, quando apresentados com estas opções,
as pessoas não escolhem jogar pelo seguro.
De facto, têm a tendência para arriscar um pouco.
A razão porque isto é irracional é que demos às pessoas, em ambas as situações,
a mesma escolha.
É uma probabilidade de 50% de obter 1000 ou 2000.
ou apenas 1500 dólares de certeza.
Mas as intuições das pessoas sobre que risco tomar
depende da quantia com que começaram.
Então, o que se passa aqui?
Bem, parece que é o resultado
de, pelo menos, duas tendências que temos a nível psicológico.
Uma é que temos dificuldade em pensar em termos absolutos.
Temos que trabalhar bastante para perceber
que uma opção é 1000 ou 2000;
e a outra opção é 1500.
Pelo contrário, achamos muito fácil pensar em termos relativos
à medida que as opções se alteram de uma para a outra.
Então pensamos em termos de "vou receber mais" ou "vou receber menos".
E isto está tudo muito bem, excepto que
mudanças em direcções diferentes
afectam, na realidade, o nosso pensamento acerca
das nossas opções serem boas ou não.
E isto leva à segunda tendência,
que os economistas chamam de aversão à perda.
A ideia é que nós detestamos quando o nosso saldo é negativo.
Detestamos quando temos de perder algum dinheiro.
E isto significa que, às vezes,
mudamos as nossas preferências para evitar isso.
O que observaram no segundo cenário foi que
os sujeitos arriscam mais
porque querem aquela pequena chance de que não perderão nada.
Isto significa que quando estamos numa mentalidade de risco --
desculpem, quando estamos numa mentalidade de perda,
tornamo-nos mais propensos ao risco,
o que pode ser verdadeiramente preocupante.
Este tipo de coisas desenvolve-se negativamente de várias formas em humanos.
É por isto que os investidores da bolsa conservam acções em queda por mais tempo --
porque as estão a avaliar em termos relativos.
É por isto que as pessoas no mercado imobiliário se recusam a vender a sua casa --
porque não querem perder dinheiro com a venda.
A questão em que estávamos interessados
é se os macacos têm as mesmas tendências.
Se estabelecêssemos os mesmos cenários no nosso mercado de macacos,
fariam eles as mesmas coisas que as pessoas?
E foi isto que fizémos, demos aos macacos opções
entre vendedores que eram seguros -- faziam a mesma coisa o tempo todo --
ou vendedores que eram arriscados --
faziam as coisas de maneira diferente metade do tempo.
Mais ainda, demos-lhe opções que eram bónus --
como vocês fizeram no primeiro cenário --
portanto eles têm oportunidade de ganhar mais,
ou opções em que eles sofriam perdas --
eles pensavam que iam receber mais do que realmente receberam.
E isto é o que acontece.
Apresentámos aos macacos dois novos vendedores.
Os vendedores da esquerda e da direita começam ambos com uma uva,
por isso parece bastante bom.
Mas eles vão dar aos macacos um bónus.
O vendedor da esquerda é um bónus seguro.
O tempo todo, ele adiciona uma uva e dá ao macaco duas.
O vendedor da direita é o bónus arriscado.
Às vezes os macacos não recebem bónus -- isto é um bónus de zero.
E às vezes os macacos recebem dois extra.
Para o bónus grande, agora recebem três uvas.
Esta é a mesma escolha que vocês enfrentaram.
Será que os macacos jogam pelo seguro
e compram do vendedor que faz sempre a mesma coisa em cada ensaio,
ou quererão eles arriscar
e tentar obter um arriscado mas grande bónus,
mas arriscar a possibilidade de não obter nenhum bónus?
As pessoas aqui jogaram pelo seguro.
Acontece que os macacos também jogam pelo seguro.
Qualitativamente e quantitativamente,
eles escolhem exactamente da mesma forma que as pessoas,
quando testadas na mesma coisa.
Poderão dizer, bem, talvez os macacos simplesmente não gostem de risco.
Talvez devêssemos ver como lidam com perdas.
E então, implementámos a segunda versão disto.
Agora, os macacos encontram dois vendedores
que não lhes dão bónus;
dão-lhes menos do que esperam.
Então, parece que começam com uma quantidade grande.
Começam com três uvas; os macacos ficam todos entusiasmados com isto.
Mas agora, eles aprendem que os vendedores lhes vão dar menos que o esperado.
O vendedor da esquerda é uma perda segura.
De cada vez, ele vai retirar uma uva
e dá ao macaco apenas duas uvas.
O vendedor da direita é a perda arriscada.
Às vezes não há perda nenhuma, por isso os macacos ficam todos contentes,
mas às vezes ele administra uma perda grande,
retirando duas, e dando ao macaco apenas uma uva.
E, então, o que é que os macacos fazem?
Mais uma vez, a mesma escolha; podem jogar pelo seguro
e receber sempre duas uvas de cada vez,
ou podem escolher a aposta arriscada e obter uma uva ou três.
A observação extraordinária para nós é que, quando damos esta escolha aos macacos,
eles fazem a mesma coisa irracional que as pessoas fazem.
Eles tornam-se mais propensos a arriscar,
dependendo de como os investigadores começaram.
Isto é de loucos porque sugere que também os macacos
estão a avaliar as coisas de forma relativa
e consideram perdas de forma diferente do que ganhos.
Então, o que significa isto tudo?
Bem, o que demonstrámos, primeiro que tudo,
é que podemos dar aos macacos um sistema financeiro,
e eles fazem coisas muito semelhantes com ele.
Eles fazem as mesmas coisas inteligentes que nós fazemos,
algumas das coisas menos agradáveis que nós fazemos,
como roubar e por aí fora.
Mas eles também fazem algumas das coisas irracionais que nós fazemos.
Eles sistematicamente cometem os mesmos erros
e da mesma forma que nós os cometemos.
Esta é a primeira mensagem desta palestra,
que é que se viram o início disto e pensaram
vou para casa e vou contratar um macaco-prego para meu assessor financeiro.
Eles são muito mais giros que os assessores do... sabem --
Não façam isso; eles vão ser provavelmente tão burros
como o humano que têm agora.
Por isso, é um pouco mau -- peço imensas sesculpas.
Um pouco mau para os investidores macacos.
Mas obviamente, a razão porque se estão a rir é má para os humanos também.
Porque respondemos à questão com que começámos.
Queriamos saber de onde vêm este tipo de erros.
E começámos com a esperança de talvez podermos
ajustar as nossas instituições financeiras,
ajustar as nossas tecnologias para nos melhorarmos.
Mas o que aprendemos é que estas tendências podem ser mais profundas que isso.
De facto, elas podem ser devidas à própria natureza
da nossa história evolutiva.
Sabem, talvez não sejam só os humanos
deste lado da cadeia de ignorância.
Talvez a cadeia seja ignorante desde o princípio.
E isto, se acreditarmos nos resultados dos macacos-prego,
significa que estas estratégias ignorantes
poderão ter pelo menos 35 milhões de anos.
Isso é muito tempo para uma estratégia
ser potencialmente alterada -- muito, muito velha.
O que é que sabemos acerca de outras estratégias como esta?
Bem, uma coisa que sabemos é que elas são bastante difíceis de superar.
Por exemplo, pensem na nossa predilecção evolutiva
por comer coisas doces, coisas cheias de gordura como cheesecake.
Não conseguimos simplesmente desligar essa tendência.
Não conseguimos simplesmente olhar para o carrinho de sobremesas e dizer "Não, não, não. Isso parece-me nojento."
Pensamos simplesmente de maneira diferente.
Vamos sempre olhar para sobremesas como uma coisa boa que devemos tentar obter.
A minha suposição é que o mesmo será verdade
quando os humanos consideram
diferentes decisões financeiras.
À medida que vêem as vossas acções precipitarem-se para o negativo,
quando vêem o preço da vossa casa descer vertiginosamente,
não vão conseguir ver esses acontecimentos
de qualquer outra forma que não a evolutiva.
Isto significa que as tendências
que levaram os investidores a perdas,
que levaram à crise hipotecária,
vão ser muito dificilmente superadas.
Então, essas são as más notícias. A questão é: há notícias boas?
Supostamente eu estou aqui em cima para vos dar as boas notícias.
Bem, as boas notícias são, acho eu,
aquilo com que eu comecei a palestra,
que é que os humanos são não só inteligentes;
mas nós somos mesmo inspiradoramente inteligentes
em relação ao resto dos animais do reino biológico.
Somos tão bons a superar as nossas limitações biológicas --
por exemplo, eu voei até aqui num avião.
Não tive sequer que tentar bater as asas.
Estou a usar lentes de contacto para que vos possa ver a todos.
Não tenho que depender da minha miopia.
Nós temos todos estes exemplos
em que superámos as nossas limitações biológicas
através de tecnologia e outros meios, de forma relativamente fácil.
Mas temos que reconhecer que temos essas limitações.
E aqui está o problema.
Foi Camus que disse "O Homem é a única espécie
que se recusa a ser o que realmente é."
Mas a ironia é que
poderá ser que apenas ao reconhecermos as nossas limitações
que poderemos realmente superá-las.
A esperança é que todos vocês pensem nas vossas limitações
não necessariamente como insuperáveis,
mas reconhecê-las, aceitá-las
e depois usar o mundo do design para as solucionar.
Essa poderá ser a única forma através da qual seremos capazes
de alcançar o nosso verdadeiro potencial humano
e verdadeiramente ser a espécie magnânima que todos esperamos ser.
Obrigada.
(Aplausos)