Quando digo às pessoas que estou a tentar desenvolver uma pílula contracetiva masculina, a resposta tende a variar de acordo com o género. As mulheres dizem algo como: "Fantástico. Já não era sem tempo. Quando?" (Risos) Os homens têm uma de duas reações Ou gostam da ideia, ou olham para mim um pouco desconfiados e perguntam-se o que é que eu tenho guardado para os seus testículos. (Risos) Porque é que o mundo precisa de uma pílula masculina? Bem, e se eu vos dissesse que dos seis milhões de gravidezes por ano nos Estados Unidos da América, três milhões delas são indesejadas? Isso é metade. É um número muito surpreendente. E esses três milhões de gravidezes indesejadas são responsáveis pela maior parte dos mais de um milhão de abortos realizados anualmente nos EUA. Felizmente, a taxa de gravidez indesejada tem decrescido nos últimos anos em aproximadamente 10%. Isso porque há mais mulheres a usarem métodos contracetivos eficazes, duradoiros, e reversíveis. Mas ainda há muito caminho pela frente. Uma abordagem que finalmente se está a tornar numa possibilidade real são melhores opções contracetivas para homens Reflitam. Há dúzias de métodos de contraceção para mulheres: Pílulas, adesivos, DIU, injeções, esponjas, anéis, etc Para homens, temos as mesmas duas opções há mais de cem anos: preservativos e vasectomia. Apesar de terem somente duas opções, ambas com desvantagens significativas, os homens atualmente representam 30% no uso de contracetivos, em que 10% dos casais dependem da vasectomia e 20% dos casais usam preservativos. Porque estão 20% dos casais a confiar em preservativos para a contraceção se existe uma taxa de falha de mais de 15% ao ano? É porque muitas mulheres não podem utilizar métodos contracetivos femininos de forma segura, devido a razões como coágulos sanguíneos, ou não conseguem tolerar os efeitos secundários. Se achamos que um contracetivo masculino seria útil, a pergunta que se segue é: Como tratamos de o desenvolver? Bem, há duas abordagens gerais. A primeira abordagem é tentar interferir com a forma como o esperma nada na direção do ovo ou se liga ao ovo. Esta abordagem é extremamente difícil, pois é difícil levar medicação suficiente no pequeno volume do ejaculado que ainda funcione dentro do sistema reprodutivo da mulher. Essa é a razão pela qual há muito mais trabalho feito na segunda abordagem, que é desligar totalmente a produção do esperma. Isso também é problemático. Porquê? Acontece que os homens produzem muito esperma. (Risos) Os homens produzem mil espermatozoides por segundo e, para ter um contracetivo eficaz, é preciso reduzir o nível de produção de esperma até 1% do valor normal. Felizmente, isso é possível, quase. A abordagem mais estudada é o uso de hormonas que reduzem a produção de esperma. Quando administrados em conjunto, a testosterona e a progesterona reduzirão os sinais do cérebro para os testículos produzirem esperma e, em cerca de 90% dos homens, a produção de esperma parará cerca de três ou quatro meses depois. Infelizmente, cerca de 10% dos homens não reagem a estes regimes hormonais por razões ainda desconhecidas. Nos últimos anos, eu e os meus colegas estamos a ter uma abordagem diferente no desenvolvimento do contracetivo masculino, uma abordagem que não envolve a administração de hormonas. Especificamente, procuramos bloquear o desempenho da vitamina A nos testículos. Porquê? Bem, sabe-se há mais de 90 anos que é preciso vitamina A para produzir esperma. Os animais que são privados de vitamina A na sua dieta deixam de produzir esperma. e começam a produzi-la novamente quando a vitamina A é reintroduzida. Uma família de enzimas converte a vitamina A que ingerimos numa coisa chamada ácido retinoico. Uma dessas enzimas só se encontra nos testículos. É esta enzima que estamos a tentar bloquear. O bloqueio desta enzima deverá privar os testículos do ácido retinoico e parar a produção de esperma sem afetar as funções da vitamina A no resto do corpo. Estamos a testar esta abordagem em animais e esperamos passar a testes em seres humanos brevemente. Obviamente, o impacto de tal contracetivo masculino irá muito além da biologia reprodutiva. É interessante especular sobre o efeito que terá nas relações entre homens e mulheres. Uma possibilidade intrigante é que o homem poderá monitorar o seu estado contracetivo ao longo do tempo. Nos últimos anos, dois grupos introduziram dispositivos caseiros de testes de esperma baseados no IPhone e fáceis de usar. Um homem pode testar a sua contagem de espermatozoides e partilhá-la com a sua parceira. Se a contagem de espermatozoides do homem for zero, o homem e a sua parceira sentir-se-ão muito confortáveis a confiar no seu contracetivo. Uma ferramenta como esta, juntamente com um contracetivo masculino, poderá aumentar a responsabilidade dos homens em evitar a gravidez indesejada. Os investigadores que estão a trabalhar na contraceção masculina estão a tentar criar um futuro melhor para os casais, um futuro em que a contraceção já não seja considerado um "problema da mulher", mas sim uma questão para os casais decidirem juntos. Porque é que o mundo precisa de uma pílula masculina? Bem, eu acredito que uma pílula masculina vai ajudar a reduzir as altas taxas de gravidez indesejada e de abortos e permitir a igual participação dos homens na contraceção. Obrigado. (Aplausos)