Michael Jordan disse um dia: "Não sei se voo ou não, "mas sei que, quando estou no ar, "por vezes tenho a sensação de que nunca mais vou descer". Mas, graças a Isaac Newton, sabemos que o que sobe acaba por ter de cair. Com efeito, o limite humano de suspensão numa superfície plana, ou o tempo entre o momento em que os nossos pés deixam o solo e a altura em que voltam a tocar nele demora apenas um segundo, e, claro, isso também é válido para Sua Alteza Aérea cujo famoso afundanço, a partir da linha de lançamento livre, foi calculado em 0,92 segundos. Claro, a gravidade é o que torna difícil manter-se no ar durante mais tempo. A atração terrestre atrai os objetos para a superfície do planeta, acelerando-os em 9,8 m por segundo, ao quadrado. No momento em que saltamos, a gravidade já está a atrair-nos para baixo. Utilizando o que sabemos sobre a gravidade, podemos deduzir uma equação simples que modela a duração de suspensão. Esta equação diz que a altura de um objeto a cair sobre uma superfície é igual à altura inicial do objeto em relação à superfície mais a sua velocidade inicial, multiplicada pelo número de segundos no ar, mais a metade da aceleração gravitacional, multiplicada pelo quadrado do número de segundos no ar. Podemos usar esta equação para modelar o afundanço de Michael, num lançamento livre. Digamos que Michael começa a zero metros do solo e salta com uma velocidade vertical inicial de 4,51 metros por segundo. Vejamos o que se passa se representarmos esta equação num sistema de coordenadas. Como a fórmula está ao quadrado, a relação entre a altura e o tempo no ar tem a forma de uma parábola. O que é que isso nos diz sobre o afundanço de Michael Jordan? O ponto mais alto da parábola mostra-nos a sua altura máxima em relação ao solo em 1,038 metros e os pontos no eixo horizontal mostram-nos quando ele descola e quando aterra. A diferença entre eles é a duração da suspensão. Segundo parece, a gravidade terrestre torna bastante difícil uma maior duração de suspensão, até mesmo para Michael Jordan. Mas o que aconteceria se ele jogasse uma partida algures, longe daqui? A aceleração gravitacional em Vénus, o nosso vizinho mais próximo, é de 8,87 metros por segundo, ao quadrado, o que é semelhante à da Terra. Se Michael saltasse com a mesma força que salta na Terra, conseguiria saltar a mais de um metro do solo com um tempo de suspensão com um pouco mais de um segundo. Um jogo em Júpiter, com a sua atração da gravidade de 24,92 metros por segundo, ao quadrado, seria muito menos espetacular. Aí, Michael nem conseguiria atingir os 50 centímetros de altura, e manter-se-ia no ar apenas 0,41 segundos. Mas um jogo na Lua seria mais espetacular. Michael podia voar em metade do terreno, saltar a mais de seis metros de altura e manter-se no ar mais de 5 segundos e meio, o que seria suficiente para toda a gente julgar que ele podia voar.