Oi, sou o Riley.
Sou um anestesista de Vancouver,
e no verão passado percorri o Canadá.
A minha história começa em 2007
quando meu pai foi diagnosticado
com câncer de próstata.
Ele fez uma cirurgia para tirar
a próstata na primavera de 2008.
Pouco tempo depois,
meu avô morreu de câncer de próstata,
e em 6 meses,
dois de meus melhores amigos
foram diagnosticados com a doença.
Dezoito meses depois,
o câncer do meu pai voltou.
Num espaço de tempo de dois,
dois anos e meio,
o câncer de próstata
se jogou na minha vida,
e se tornou boa parte dela.
Não era o que eu esperava,
não tinha ouvido falar muito dele,
e tinha algo que sentia,
queria combater essa doença
e conscientizar as pessoas sobre ela.
O câncer de próstata não afeta
só a minha família, e como devem saber,
é um câncer bem comum.
Na verdade, um em cada seis homens
terá câncer de próstata.
É mais comum que o câncer de mama.
As pessoas que tiverem,
nessa sala deve haver umas 300 pessoas,
Se 150 do total for homem,
vinte e cinco de vocês
terão câncer de próstata.
Desses 25, quatro morrerão disso.
E os que não morrerem,
não escapam por completo,
a cirurgia e o tratamento
do câncer de próstata
podem trazer complicações desvastadoras
como impotência, incontinência urinária
e depressão.
É claro que não afeta apenas os homens,
todas as mulheres que estão aqui
têm pais, irmãos, filhos,
é algo que afeta toda a família.
Decidi tomar uma atitude a esse respeito,
e correr pelo Canadá
foi a melhor ideia que tive
para poder conscientizar as pessoas.
Em maio de 2011, parti de uma ilha pequena
que pode ser vista
do lado direito do mapa;
que se chama Cabo da Esperança
é o ponto mais oriental
da América do Norte.
Corri 70 km por dia
durante 5 meses para chegar a Vancouver.
Se usarmos a Europa como base,
é como correr de Londres até Moscou,
e correr tudo de volta.
(Risos)
e depois correr 600 km em direção ao norte
até Edimburgo.
Foi uma corrida e tanto,
mas só a corrida não seria suficiente,
precisava que as pessoas soubessem
do que eu estava fazendo.
Criei uma instituição de caridade
"Step into Action"
para que os homens tomassem uma atitude
e fizessem o teste de câncer.
Tinhamos uma verba
de um Centro de Pesquisa
de Câncer de Próstata
que foi um dos primeiros
centros de pesquisa
de câncer de próstata no mundo,
mas isso não era o bastante
para que ficássemos conhecidos.
Assim como todo mundo,
precisávamos de um bom slogan.
Uma das dificuldades do câncer de próstata
é fazer um homem ir ao médico
quando ele está saudável
e sem apresentar sintomas.
Se tentar levá-lo ao médico
e disser que fará um exame de próstata
(Risos)
fica mais difícil ainda.
Foi pensando nisso,
que chegamos ao slogan:
"Um dedo pode salvar sua vida."
(Risos)
Passei o último verão dando dedo
para o câncer de próstata.
(Risos)
Criamos todos os materias
de propaganda possíveis,
distribuímos cartões com informações,
criamos gravatas, broches e pulseiras.
Também fizemos crachás e buttons.
Fomos a todos os jornais,
programas de TV e rádio
que nos receberiam.
Fizemos de tudo
para conscientizar as pessoas.
E o que começou
como uma campanha de conscientização,
se tornou a maior aventura da minha vida.
Quando comecei, não sabia o que esperar
mas assim que o projeto foi crescendo
foi ficando ainda melhor.
Conheci milhares de sobreviventes
do câncer de próstata,
o que foi ótimo para a minha psique.
Eu pude fazer a minha parte...
Adoro esportes e pude participar dos shows
que acontecem no intervalo
de jogos de futebol americano,
e nos jogos de hóquei,
e com essa mídia conseguimos atingir
centenas de milhares de homens.
Com esse estímulo, na chegada à Vancouver,
minha cidade natal,
tinha polícia e escolta de bombeiros,
e eu achei o máximo.
(Risos)
Enquanto eu corria por Vancouver,
a Pira Olímipica foi reacesa,
e no fim da corrida
pulei no Oceano Pacífico,
tinham 1200 crianças da escola que estudei
Foi simplesmente incrível.
Mas com certeza,
não foi só uma experiência divertida.
Foi extenuante e monótono;
quando corremos de 7 a 8 horas por dia
as músicas do iTunes acabam bem rápido.
(Risos)
E muitos fatores dificultaram a corrida,
como as montanhas,
que são muitas no Canadá.
Vocês devem ter ouvido falar
das Montanhas Rochosas.
(Risos)
Sem falar do calor e da umidade.
Fazia uns 44°C
com uma umidade de 80 a 90%,
Eu tinha que torcer minha roupa
a cada 2 ou 3 km.
E tinha muito vento,
me deslocava de leste a oeste,
indo contra ele,
e às vezes tinha que ficar atrás do carro
para poder continuar correndo.
E a fome, eu sempre tinha fome. (Risos)
Mas o pior de tudo foram as bolhas.
Não tinha muito tempo para treinar.
Moro em Winnipeg e fazia uns -40°C
no inverno enquanto eu treinava,
o que não é muito adequado para corrida,
e meus pés pagaram caro por isso.
Tive bolhas todos os dias,
até chegar a Calgary
que fica a uns 5 mil km de distância.
e esta foto foi tirada num hospital,
depois de duas semanas de corrida,
no qual tive que fazer uma pausa,
enquanto me tratavam.
As pessoas adoram estatísticas,
aqui vão algumas para vocês.
Eu corri 6,621 km e usei 8 pares de tênis.
E ainda perdi uns 20kg,
apesar de comer enquanto eu corria.
Arrecadamos uns US$ 600 mil
e essa quantia ainda está crescendo.
No final, eu corria 70 km ao dia
no máximo uns 80 km.
Com uma velocidade de 5,5 a 6,5 m/km,
levava de 7 a 8 horas por dia
para terminar o percurso do dia.
E aprendi muito durante essa corrida.
Uma das lições que aprendi
foi o poder da insensatez.
Tive esta ideia de correr pelo Canadá
e muita gente me disse
que seria uma corrida muito longa
e muito complicada logisticamente.
Uma das citações que mais gosto
é de Mark Twain,
e estou parafraseando o que ele disse:
"O homem sensato adapta-se ao mundo.
O homem insensato insiste
em tentar adaptar o mundo a ele mesmo.
Sendo assim, qualquer progresso
depende do homem insensato."
Outra lição que aprendi
foi o poder da inspiração.
Se você tiver uma grande ideia
as pessoas ficam empolgadas,
e se elas se empolgarem
com a sua causa,
podem se tornar suas parceiras,
assim você terá mais apoio e entusiasmo.
Tentei montar uma equipe
que fosse empolgada com o que eu fazia,
a partir daí conseguimos patrocinadores
para nos dar apoio
e foi nesse momento
que a campanha começou a dar certo.
A terceira lição que aprendi
foi o poder de uma equipe diversificada.
Eu passava 8 horas do dia correndo,
e o resto do tempo comendo ou dormindo.
Eu não tinha tempo suficiente
para promover a causa como queria.
Mas o meu gerente de campanha
era ótimo em criar coisas do tipo:
"Um dedo pode salvar sua vida",
e meu gerente de turnê era implacável
e sempre animava todo mundo.
Ele me dava sanduíches,
apesar de serem
os mesmos sanduíches todo dia,
e dizia: "Adivinha? Hoje a alface
está ao lado do tomate."
(Risos)
"Ontem estava perto do queijo."
E minha família sempre
me ajudava, me apoiava,
arranjava patrocinadores e criava eventos.
Minha última lição
foi o poder de personalizar.
Eu poderia ter ido de porta em porta:
"Estou correndo pelo câncer de próstata
e quero que você vá ao médico
fazer o exame de câncer de próstata."
E teria funcionado até certo ponto,
mas teria sido um pouco mais difícil.
Tentei colocar o foco em meu avô,
meu pai, em mim mesmo,
e depois no avô, no pai das pessoas,
e até nelas mesmas,
ou no homem de suas vidas.
E desse jeito, achei
que acabou tendo mais sucesso.
Quando comecei a campanha,
sonhava em correr
e descobrir vários modos
de conscientizar as pessoas.
Tive que tirar as teias de aranha
do meu sonho e realizá-lo aos poucos,
mas acabou sendo
uma experiência fantástica.
Como eu disse antes, um em seis homens
tem câncer de próstata,
meu pai foi esse um entre os seis,
meu avô também
e há uma grande chance
de que tanto eu quanto meu irmão
seremos esse um entre os seis.
Portanto, obrigado.
(Aplausos)