Olá!
Venho falar para vocês que, o que
acreditamos sobre nosso potencial
mudou o que aprendemos
e continua a fazer isso,
continua mudando nosso
aprendizado e experiências.
Quantas pessoas aqui, levantem as mãos,
já ouviram dizer que não
são boas com números,
ou que não conseguem
melhorar em matemática,
que não têm jeito para isso?
Levantem as mãos.
Muitas.
Venho aqui para dizer que essa ideia
está completamente errada.
Está comprovado pela neurociência.
Só que é alimentada por um mito
em nossa sociedade,
muito forte, muito perigoso.
O mito de que existe um tal
de "cérebro para matemática",
que você nasce com ele, ou não.
Não existe essa crença
para outras disciplinas.
Não se nasce com o cérebro
para história ou para física.
Essas, temos que aprender.
Já matemática, as pessoas, estudantes,
professores, pais creem que sim.
E até mudarmos esse simples mito,
continuaremos a ter
resultados ruins por todo o país.
A pesquisa de Carol Dweck
sobre mentalidade nos mostrou
que, se acreditarmos
em um potencial sem limites,
seremos capazes de grandes realizações
em matemática e na vida.
Um estudo incrível sobre erros
apresenta isso de forma poderosa.
A partir de ressonâncias magnéticas,
Jason Moser e alguns colegas descobriram
que o cérebro se desenvolve quando
se comete um erro em matemática.
Fantástico!
Quando você erra,
sinapses são disparadas no cérebro
e, de fato, nas ressonâncias,
percebeu-se que, quando alguém errava,
as sinapses aconteciam.
Quando acertavam, havia menos sinapses.
O que faz de errar uma coisa muito boa.
Queremos que os alunos saibam disso.
Outra coisa impressionante foi descoberta.
Esta imagem mostra mapas de voltagem
no cérebro das pessoas.
E o que dá para perceber é que pessoas
com mentalidade de crescimento,
que acreditam ter um potencial ilimitado,
podem aprender qualquer coisa.
Ao cometerem um erro,
o cérebro delas se desenvolvia mais
do que o daquelas que não acreditavam.
Isso mostra algo que os neurocientistas
já sabem há muito tempo:
o nosso poder cognitivo e o que aprendemos
estão conectados
ao que acreditamos e sentimos.
Isso é importante para todos, não só
para as crianças nas aulas de matemática.
Se estivermos em uma situação
difícil ou desafiadora,
e pensarmos: "Eu consigo,
eu vou fazer isso".
mas errarmos,
nosso cérebro vai se desenvolver mais
e reagir de forma diferente
do que se pensarmos:
"Não consigo fazer isso".
Por isso, é muito importante mudar
o que as crianças ouvem na escola.
Sabemos que o cérebro de qualquer
pessoa pode se desenvolver
e se adaptar para aprender
matemática de qualquer nível.
Precisamos passar isso às crianças,
para elas saberem que errar é bom.
Mas as aulas de matemática
precisam mudar muito.
Não basta mudar
a mensagem para as crianças.
Temos que mudar a essência
do que acontece em sala de aula.
Queremos crianças
com mentalidade de crescimento,
acreditando que podem crescer
e aprender de tudo.
Mas é muito difícil ter uma mentalidade
de crescimento em matemática
só com perguntas objetivas,
com respostas de certo ou errado.
Essas perguntas
passam uma ideia fixa sobre matemática:
ou você acerta ou você erra.
Precisamos de perguntas abertas
que permitam que se aprenda com elas.
Vou dar um exemplo.
Vamos trabalhar com matemática.
Este é um problema bem comum,
dado nas escolas.
Pensem de um jeito diferente.
Temos três situações com quadrados.
Na segunda, há mais quadrados
do que na primeira,
e na terceira, mais ainda.
Muitas vezes, a pergunta que fazem é:
"Quantos quadrados teremos no 100º
exemplo? E no enésimo exemplo?"
Imaginem uma pergunta diferente,
pensem sem nenhum número, sem fórmulas.
Raciocinem visualmente:
onde estão os quadrados a mais?
Se há mais quadrados na situação 2
do que na 1, onde eles estão?
Se estivéssemos em aula,
haveria um tempo para vocês pensarem,
mas para adiantar, vou mostrar
algumas maneiras variadas
como isso já foi visto, e tenho feito
essa pergunta a muitas pessoas diferentes.
Talvez tenham sido meus alunos
de graduação em Stanford que responderam,
ou um deles:
"Parecem gotas de chuva que caem por cima.
Como se fosse uma camada externa
que vai crescendo a cada vez".
Outro aluno de graduação também falou:
"Ah, não. É como uma pista de boliche,
com uma fila extra de pinos
que entra por baixo".
Uma perspectiva bem diferente
de ver o crescimento.
Um professor disse que parecia um vulcão:
"O centro vai crescendo
e, então, a lava é expelida".
(Risos)
Outro professor disse:
"Não, é como o Mar Vermelho se abrindo.
A figura se abre e se duplica
com uma coluna central extra".
Lembro que foi... desculpem, esse também.
Algumas pessoas vêem triângulos,
o lado de fora crescendo
como um triângulo externo.
E um professor no Novo México disse:
"Como o filme 'Quanto mais idiota melhor',
Stairway to Heaven, acesso negado".
(Risos)
Pode-se ver assim também:
se mover os quadrados,
o que é sempre possível,
e reorganizar um pouco,
verá que a figura cresce como quadrados.
Então, é isso que quero
mostrar com esse problema:
ao ser apresentado em sala de aula,
e essa não é a pior das questões,
é feita a pergunta: "Quantos?",
e os alunos contam e respondem:
"Na primeira situação, tem quatro;
na segunda, tem nove".
Eles podem olhar a coluna com os números
por um bom tempo e dizer:
"Se, a cada vez, você somar um ao número
da situação e elevar ao quadrado,
vai achar o número total de quadrados".
Porém, quando mostramos a alunos
e professores do ensino médio,
pergunto a eles:
"Por que é elevado ao quadrado?
Por que usar essa função quadrática?"
Eles respondem: "Não faço ideia".
Então, por isso que é elevado ao quadrado.
A função cresce como um quadrado.
Dá para ver na representação algébrica.
Assim, ao levar esses problemas
aos alunos, mostramos as imagens
e perguntamos: "O que vocês estão vendo?"
Eles discutem bastante
e passam a entender melhor
uma parte muito importante da matemática.
Precisamos mesmo revolucionar
as aulas de matemática,
mudar muitas coisas.
Parte dessa mudança é necessária
porque as pesquisas sobre ensino
e aprendizado de matemática
não estão chegando às escolas.
Vou dar um exemplo impressionante agora.
Este exemplo é... muito interessante.
Quando fazemos um cálculo,
até os adultos,
a área do cérebro que visualiza
os dedos se ilumina
mesmo quando não os utilizamos,
essa área se ilumina.
Há uma parte do cérebro
onde usamos os dedos,
e uma onde vemos os dedos.
Daí, percebe-se que visualizar os dedos
é muito importante para o cérebro.
E na verdade, a percepção dos dedos é...
Os cientistas testam
a percepção dos dedos,
pedindo que a pessoa coloque
as mãos sob a mesa
para não ver quando um dedo for tocado.
Depois, conferem se a pessoa
identifica qual dedo foi tocado.
A quantidade de universitários
com boa percepção dos dedos
dão uma ideia de suas notas em cálculos.
A percepção dos dedos
em alunos do primeiro nível
estima melhor seus resultados
em matemática no segundo nível
do que as notas de provas.
Para vocês verem como é importante.
Mas o que acontece
nas escolas e salas de aula?
Não deixam que os alunos usem os dedos.
Dizem que é coisa de criança,
fazem com que se sintam mal.
Impedir as crianças de contar
usando os dedos
é interromper o desenvolvimento
delas com números.
Há muito tempo os cientistas sabem disso
e os neurocientistas concluíram
que os alunos devem usar os dedos
para estudar números e aritmética.
Se não publicássemos...
Publicamos na revista
"The Atlantic", semana passada.
Não conheço educadores que sabiam disso.
Isso está provocando uma imensa onda
na comunidade educadora.
Existem muitas outras pesquisas
não conhecidas por escolas e professores.
Sabemos que, ao fazer cálculos,
o cérebro se envolve
em uma comunicação complexa e dinâmica
entre diferentes áreas do cérebro,
incluindo o córtex visual.
Mas aulas de matemática não são visuais,
envolvem números e são abstratas.
Vou mostrar-lhes o que aconteceu
quando levamos 81 alunos
para o campus no verão passado,
e ensinamos de um jeito diferente.
Falamos sobre desenvolvimento do cérebro.
Sobre mentalidade e erros.
E também falamos sobre uma matemática
bonita, criativa, visual.
Foram 18 aulas conosco.
Antes de virem, eles fizeram
testes padronizados regionais.
Ao final das 18 aulas,
demos-lhes o mesmo teste
e eles progrediram em uma média de 50%.
Os 81 alunos, com diferentes
níveis de resultados,
disseram-nos no primeiro dia:
"Matemática não é para mim".
Eles apontavam um único colega
na turma, bom em matemática.
Mudamos o pensamento deles.
Este é o clip de uma música
que fizemos com as crianças.
(Vídeo, Taylor Swift, "Shake it off")
♪ Mas vamos falando
Vamos resolvendo
É uma coisa crescendo
Em nossa mente cada vez
que tentamos de novo
Não estamos nem aí para o que pensem
Vamos errar mesmo
E vamos deixar para lá e superar
Deixa para lá
Nosso método vai ser beleza
Não é moleza
Só temos que deixar para lá e superar
Deixa para lá
Representamos visualmente
E mostramos na sala claramente
Para que eles vejam
Para que eles vejam
Sabemos que nosso cérebro
vai se desenvolver
Quem se importa
se vai ser rápido ou devagar?
Queremos é entender
Queremos é entender
Então vamos tentando
As sinapses vão disparando
Que problema incrível
É tão legal que quero
mostrar a todo mundo ♪
(Fim do vídeo)
É isso.
(Aplausos)
A pesquisa precisa chegar aos professores.
Revolucionar o ensino da matemática.
Se você não acredita, veja este garoto.
Está no ensino fundamental,
e trabalhamos com os professores dele
para passar da planilha para a matemática
aberta envolvendo raciocínio.
Vejam a opinião dele.
(Vídeo) As aulas de matemática só tinham
anotações e apostilas no ano passado,
cada um em seu próprio mundo.
Você estava sozinho, era cada um por si.
Mas neste ano está em aberto.
Somos uma grande...
É como uma cidade.
Trabalhamos juntos para criar
esse mundo novo e bonito.
Acho que os desafios,
o futuro que me aguarda...
Se continuar me esforçando,
se fizer isso, vou conseguir um dia.
(Fim do vídeo)
Estamos voltados
para a educação há tanto tempo,
a ensinar matemática
do jeito certo, ensinar frações,
nos padrões de sala de aula,
questionados o tempo todo,
e ignoramos por completo o que os alunos
pensam do seu próprio potencial.
Só agora se sabe como é preciso
dar atenção a essa descoberta.
Temos que acreditar em nós mesmos
para liberar nosso potencial ilimitado.
Obrigada.
(Aplausos)