Tenho uma amiga no Facebook que parece ter uma vida perfeita. Mora numa casa maravilhosa. Tem uma carreira muito gratificante. Viaja com a família nessas aventuras emocionantes nos finais de semana. Juro que devem levar um fotógrafo profissional com eles... (Risos) ...porque, aonde quer que vão ou o que quer que façam, a família toda parece simplesmente maravilhosa. Ela está sempre publicando na internet sobre como é feliz e grata pela vida que tem. Tenho a impressão de que ela não diz essas coisas só para colocar no Facebook, mas porque realmente acredita nelas. Quantos de vocês têm um amigo assim? E quantos de vocês, às vezes, não gostam muito dessa pessoa? (Risos) Todos fazemos isso, não é? É difícil não fazer. Mas esse modo de pensar tem um preço. É sobre isso que quero falar hoje: o preço de ter maus hábitos. Vocês devem ter passado pelo "feed" do Facebook e pensado: "E se eu der uma olhada? É só um pouquinho. Que mal há nisso?" Pesquisadores descobriram que ter inveja dos amigos do Facebook leva, na verdade, à depressão. Essa é apenas uma das armadilhas de nossa mente. Vocês já reclamaram do seu chefe? Ou observaram a vida de seus amigos e pensaram: "Por que eles têm tanta sorte?" Não dá para evitar, não é? Parece não ter importância pensar assim. Na verdade, pode até nos fazer sentir melhor no momento. Mas esse modo de pensar desgasta nossa força mental. Há três tipos de crenças destrutivas que nos tornam menos eficazes e que roubam nossa força mental. O primeiro tipo é ter opiniões prejudiciais sobre nós mesmos. Temos a tendência de sentir pena de nós mesmos. Apesar de ser normal ficar triste quando algo de ruim acontece, a autopiedade vai mais longe. É quando começamos a ampliar nossa infelicidade, quando pensamos em coisas como: "Por que tem sempre que acontecer comigo?" "Eu não deveria ter que me ocupar disso." Esse modo de pensar nos deixa presos, concentrados no problema, e nos impede de encontrar uma solução. Mesmo quando não há solução, sempre é possível agir para melhorar nossa vida ou a de outra pessoa. Mas não conseguimos fazer isso quando estamos ocupados sentindo pena de nós mesmos. O segundo tipo de crença destrutiva que nos faz mal são opiniões prejudiciais sobre outras pessoas. Achamos que elas podem nos controlar, e abdicamos de nosso poder. Mas, como adultos em um país livre, há muito poucas coisas na vida que somos obrigados a fazer. Por isso, quando dizemos: "Tenho que trabalhar até tarde", estamos abdicando de nosso poder. Pode haver consequências se não trabalharmos até tarde, mas mesmo assim é uma escolha. Ou quando dizemos: "Minha sogra me deixa louco", estamos abdicando de nosso poder. Talvez ela não seja a pessoa mais simpática do mundo, mas somos nós que decidimos como reagir, porque estamos no controle. O terceiro tipo de crença prejudicial que nos faz mal, são as crenças prejudiciais sobre o mundo. Temos a tendência de achar que o mundo nos deve algo. Pensamos: "Se eu me esforçar bastante, mereço ter sucesso". Mas esperar que o sucesso caia do céu, como uma espécie de recompensa cósmica, só leva à frustração. Mas sei que é difícil abrir mão de nossos maus hábitos mentais. É difícil nos livrar das crenças prejudiciais que levamos conosco por tanto tempo. Mas não podemos nos dar ao luxo de não abrir mão delas, porque, mais cedo ou mais tarde, chegará um momento na vida em que precisaremos de toda a força mental possível. Quando eu tinha 23 anos, achava que minha vida estava toda resolvida. Eu me formei na faculdade. Arranjei meu primeiro emprego importante como terapeuta. Eu me casei. Até comprei uma casa. Pensei: "Isto vai ser ótimo! Tive este começo incrível para o sucesso. O que poderia dar errado?" Tudo isso mudou para mim certo dia, quando recebi um telefonema de minha irmã. Ela disse que nossa mãe havia sido encontrada inconsciente e levada para o hospital. Meu marido Lincoln e eu entramos no carro e corremos para o hospital. Não podíamos imaginar o que havia acontecido. Minha mãe tinha apenas 51 anos. Não tinha histórico algum de problemas de saúde. Quando chegamos ao hospital, os médicos explicaram que ela teve um aneurisma cerebral. Em 24 horas, minha mãe, que costumava acordar de manhã dizendo: "Que belo dia para estar viva", faleceu. Essa notícia foi devastadora para mim. Minha mãe e eu éramos muito próximas. Como terapeuta, eu conhecia, na teoria, como passar pelo luto. Mas saber e fazer são coisas muito diferentes. Levei muito tempo até sentir que eu estava realmente me curando. Três anos após a morte de minha mãe, alguns amigos ligaram e convidaram Lincoln e eu para um jogo de basquete. Por coincidência, o jogo seria no mesmo ginásio onde vi minha mãe pela última vez, na noite anterior ao falecimento dela. Eu não tinha voltado lá desde então, nem sequer sabia se queria voltar lá. Mas conversei com Lincoln a respeito, e acabamos concordando: "Talvez seja uma boa maneira de honrar a memória dela". Fomos ao jogo. Nós nos divertimos muito com nossos amigos. Naquela noite, voltando para casa, falamos como havia sido ótimo conseguir finalmente voltar àquele local, e me lembrar de minha mãe com um sorriso, em vez de todos aqueles sentimentos de tristeza. Mas, pouco depois de chegarmos em casa, Lincoln disse que não se sentia bem. Alguns minutos depois, desmaiou. Tive que chamar uma ambulância. A família dele me encontrou no pronto-socorro. Esperamos o que pareceu uma eternidade, até finalmente aparecer um médico. Mas, em vez de nos levar para ver Lincoln, ele nos levou a uma sala privada. Pediu para nos sentarmos, e explicou que Lincoln, a pessoa mais aventureira que eu já havia conhecido, havia morrido. Não sabíamos no momento, mas ele teve um ataque cardíaco. Ele tinha apenas 26 anos. Não tinha qualquer histórico de problemas cardíacos. Então, lá estava eu, uma viúva de 26 anos, e não tinha minha mãe. Pensei: "Como vou superar isto?" Descrever esse período como doloroso em minha vida parece um eufemismo. Foi durante esse período que percebi que, quando passamos por tempos difíceis, ter bons hábitos não basta. Basta um ou dois pequenos hábitos para nos fazer mal. Eu me esforcei ao máximo, não só para criar bons hábitos em minha vida, mas para me livrar desses pequenos hábitos, por mais pequenos que pudessem parecer. Durante tudo isso, mantive a esperança de que, um dia, a vida pudesse melhorar. E acabou melhorando. Alguns anos mais tarde, conheci Steve, e nos apaixonamos. Eu me casei de novo. Vendemos a casa em que eu havia morado com Lincoln, e compramos outra, em uma região nova. Arranjei um novo emprego. Mas, quase tão rápido quanto respirei aliviada com aquele meu recomeço, recebemos a notícia de que o pai de Steve tinha um câncer terminal. Comecei a pensar: "Por que isso tem sempre que acontecer?" "Por que tenho que perder todas as pessoas que amo?" "Isso não é justo." Mas, se eu havia aprendido algo, era que esse modo de pensar me faria mal. Eu sabia que iria precisar de toda a força mental possível para superar mais uma perda. Então, eu me sentei e escrevi uma lista de todas as coisas que as pessoas mentalmente fortes não fazem. E li essa lista toda. Era um lembrete de todos aqueles maus hábitos que tive em algum momento, e que me deixariam presa. Continuei lendo essa lista várias vezes. E realmente precisava disso, porque, algumas semanas depois de escrevê-la, o pai de Steve faleceu. Minha história me ensinou que o segredo para ser mentalmente forte é largar todos os maus hábitos mentais. A força mental é muito parecida com a força física. Se quiséssemos ser fisicamente fortes, precisaríamos ir à academia e levantar pesos. Mas, se quiséssemos mesmo ver resultados, também teríamos que abrir mão de alimentação pouco saudável. A força mental é idêntica. Se quisermos ser mentalmente fortes, precisaremos ter bons hábitos, como praticar a gratidão. Mas também temos que largar maus hábitos, como ter inveja do sucesso de alguém. Não importa quantas vezes aconteça, isso irá nos fazer mal. Como treinamos o cérebro para pensar de modo diferente? Como largamos esses maus hábitos mentais que levamos conosco? Começa pelo combate às crenças prejudiciais de que falei com crenças mais saudáveis. Por exemplo, crenças prejudiciais sobre nós mesmos em geral existem porque não nos sentimos à vontade com nossas emoções. Ficar triste, magoado, zangado ou assustado, tudo isso é desconfortável. Por isso, nós nos esforçamos muito para evitar esse desconforto. Tentamos escapar dele, fazendo coisas como sentir pena de nós mesmos. Embora seja uma distração temporária, isso só prolonga a dor. O único modo de superar emoções desconfortáveis e lidar com elas é passar por essas emoções, permitir ficarmos tristes, e depois seguir em frente. É adquirir confiança em nossa capacidade de lidar com esse desconforto. As crenças prejudiciais sobre os outros acontecem porque nos comparamos com as outras pessoas. Achamos que elas estão acima ou abaixo de nós, ou que podem controlar como nos sentimos, ou que podemos controlar como elas se comportam. Ou nós as culpamos por não nos permitirem avançar. Mas são nossas próprias escolhas que fazem isso. Temos que aceitar que somos nós mesmos, e que os outros estão separados de nós. A única pessoa com quem você deve se comparar é a pessoa que você foi ontem. E as crenças prejudiciais sobre o mundo acontecem porque, lá no fundo, queremos que o mundo seja justo. Queremos acreditar que, se fizermos boas ações o bastante, nos acontecerão coisas boas o bastante. Ou que, se aguentarmos períodos difíceis o bastante, receberemos algum tipo de recompensa. Mas, no final, temos que aceitar que a vida não é justa. E isso pode ser libertador. Significa que não seremos necessariamente compensados por nossa bondade, mas também significa que, por mais que tenhamos sofrido, não estamos condenados a continuar sofrendo. O mundo não funciona assim. Nosso mundo é o que fazemos dele. Mas é claro que, antes de podermos mudá-lo, temos que acreditar que podemos. Trabalhei uma vez com um homem que era diabético há anos. O médico dele lhe recomendou fazer terapia porque ele tinha alguns maus hábitos mentais que começavam a afetar sua saúde física. A mãe dele havia morrido ainda nova, devido a complicações de diabetes. Por isso, ele acreditava que estava condenado e havia desistido totalmente de tentar controlar seu nível de glicose. Na verdade, a glicemia dele estava tão alta ultimamente que começava a afetar sua visão. E haviam retirado sua carteira de motorista. O mundo dele estava encolhendo. Quando chegou a meu consultório, era óbvio que ele sabia tudo o que podia fazer para controlar os níveis de glicose. Ele só achava que não valia a pena. Mas, no final, concordou em fazer uma pequena mudança. Ele disse: "Vou largar meu hábito de tomar dois litros de Pepsi por dia, e trocar por Diet Pepsi." Ele não conseguia acreditar na rapidez em que os valores começaram a melhorar. Apesar de ele vir toda semana lembrar para mim como o sabor de Diet Pepsi era horrível, (Risos) ele se manteve firme. Assim que começou a ver progressos, disse: "Talvez eu possa analisar meus outros hábitos. Posso trocar minha taça noturna de sorvete por um lanche com menos açúcar". Um dia, ele estava com alguns amigos em um bazar beneficente e encontrou uma bicicleta ergométrica velha e malconservada. Ele a comprou por alguns trocados, levou-a para casa e a colocou na frente da TV. Começou a pedalar todas as noites, enquanto assistia a alguns de seus programas favoritos. Não só perdeu peso como, certo dia, notou que conseguia ver TV com um pouco mais de nitidez do que antes. De repente lhe ocorreu que talvez os danos à visão não fossem permanentes. Então, definiu um novo objetivo: recuperar sua carteira de motorista. A partir daquele dia, ele se animou. Em nossas últimas sessões, ele vinha toda semana dizendo: "O que vamos fazer nesta semana?" Porque ele finalmente acreditava que conseguia mudar seu mundo e que tinha a força mental para mudá-lo. E que era capaz de largar os maus hábitos mentais. Tudo começou com apenas um pequeno passo. Portanto, convido vocês a se perguntarem: "Que maus hábitos mentais estão te fazendo mal?" "Que crenças prejudiciais me impedem de ser mentalmente forte?" "Que pequeno passo eu poderia dar hoje?" Aqui mesmo, neste momento. Obrigada.