E se você pudesse deixar o seu sono mais eficiente? Como um cientista do sono, essa é a pergunta que me fascina nos últimos dez anos. Pois apesar da energia e da tecnologia terem criado um mundo de produtividade e trabalho o tempo todo, como consequência, ele danifica nosso ritmo circadiano natural e a necessidade do corpo de dormir. O ritmo circadiano dita nosso nível de energia durante o dia, e só recentemente temos conduzido um experimento global sobre esse ritmo que coloca a nossa saúde do sono e, no fim das contas, nossa qualidade de vida em perigo. Por causa disso não estamos dormindo o bastante, e o norte-americano normal dorme uma hora a menos do que nos anos 1940. Por alguma razão, decidimos sentir orgulho de conseguirmos ficar bem mesmo sem termos dormido muito. Isso tudo gera uma crise de saúde. A maioria sabe que o sono ruim está conectado a doenças como o Alzheimer, doenças cardiovasculares, derrames e diabetes. E se não tratarmos um distúrbio do sono, como uma apneia do sono, há mais chances de pegarmos muitas dessas doenças. Mas, vocês sabiam sobre o impacto do sono no seu estado mental? Um sono ruim nos obriga a tomar decisões arriscadas e precipitadas, assim como drena nossa capacidade de empatia. Quando a privação do sono nos deixa literalmente mais sensíveis à nossa dor, não é surpreendente que tenhamos dificuldade de empatia e, em geral, de sermos uma pessoa boa e saudável quando estamos com falta de sono. Os cientistas começaram agora a entender que não só a quantidade, mas também a qualidade do sono, impacta a nossa saúde e bem-estar. A minha pesquisa é sobre o que muitos cientistas acreditam ser a fase mais regenerativa do sono: o sono profundo. Sabemos hoje que, em geral, são três fases do sono: o sono leve, movimento rápido dos olhos ou "REM" e o sono profundo. Nós mensuramos essas fases conectando eletrodos ao escalpo, queixo e peito. No sono leve e no REM, nossas ondas cerebrais são muito similares às ondas na vida desperta. Mas as ondas cerebrais no sono profundo têm picos longos que são muito diferentes das ondas cerebrais na vida desperta. Essas ondas cerebrais de picos longos são chamadas de ondas delta. Ao não conseguirmos o sono profundo necessário, nossa habilidade de aprender é inibida e nossas células e corpos não se recuperam. O sono profundo é como transformamos todas as nossas interações que temos durante o dia em nossas memórias duradouras e personalidades. Ao envelhecermos, temos mais chances de perdemos as ondas delta regenerativas. De certa forma, o sono profundo e as ondas delta são indicadoras de juventude biológica. Assim, eu mesmo quis ter mais sono profundo e eu literalmente tentei quase todas as ferramentas e truques, aprovados por consumidores e clínicas, tentei de tudo. Eu aprendi muito e descobri que, assim como muita gente, preciso das oito horas de sono. Eu até mudei meu componente cardíaco, mudando minhas refeições, fazendo exercícios e passando tempo sob o sol, mas ainda assim não encontrava um jeito de ter um sono mais profundo. Até que conheci o Dr. Dmitry Gerashchenko da Escola de Medicina de Harvard. Dmitry me contou sobre as novas descobertas nas pesquisas: um laboratório na Alemanha mostrou que se tocarmos sons específicos na hora certa do sono de alguém, é possível deixar o sono mais profundo e eficiente. E mais, o laboratório mostrou que é possível melhorar a performance da memória do dia seguinte com esse som. Eu e o Dmitry nos juntamos e começamos a construir essa tecnologia. Com os colaboradores de pesquisa na Universidade da Pensilvânia, nós projetamos experimentos para validarmos nosso sistema. Desde então, recebemos financiamento da Fundação Nacional de Ciência e do Instituto Nacional da Saúde para desenvolver a estimulação tecnológica do sono profundo. É assim que funciona: as pessoas vinham ao laboratório e nós as conectávamos a vários dispositivos, dois dos quais estou usando; não é pra lançar moda. (Risos) Ao detectarmos que alguém estava em sono profundo, nós reproduzimos os sons estimulantes de sono profundo que iriam fazê-los dormir mais profundamente. Vou mostrar a vocês o som agora. (Ondas sonoras repetidas) Bem esquisito, né? (Risos) Mas esse é o som que libera a mesma frequência que suas ondas cerebrais no momento que seu cérebro está no sono profundo. Aquele padrão sonoro prepara sua mente a ter mais daquelas ondas delta regenerativas. Ao perguntarmos aos participantes no dia seguinte sobre os sons, eles não faziam ideia que os reproduzimos e ainda assim seus cérebros responderam com mais ondas delta. Aqui está uma foto das ondas cerebrais de alguém do estudo que conduzimos. Estão vendo o painel de baixo? Ele mostra o som sendo tocado no pico da frequência. Agora observem as ondas cerebrais na parte de cima do gráfico. Dá pra ver pelo gráfico que o som está produzindo mais das ondas delta regenerativas. Aprendemos que poderíamos localizar o sono sem conectar as pessoas a eletrodos, e fazê-las dormir mais profundamente. Estamos ainda desenvolvendo o ambiente sonoro e habitat de sono perfeitos para melhorar a saúde do sono das pessoas. Nosso sono ainda não é tão regenerativo quanto é possível, mas um dia, em breve, poderemos usar um pequeno dispositivo e aproveitarmos mais do nosso sono. Obrigado. (Aplausos)