(Música)
(Fim da música)
(Aplausos)
Obrigada.
(Aplausos)
Uau, isso foi divertido.
Certo, vamos ficar nus!
(Risos)
Preparar, aprontar, despir!
Não, é provocação, estou brincando.
O tipo de "nu" a que estou me referindo
é o nu que faz você
se contorcer por dentro.
É o nu de coração.
Nu de alma, nu para a verdade
que é o que quero
compartilhar com vocês hoje,
a verdade sobre homens,
mulheres e a criatura erótica.
Mas isso requer o "despir-se"
de ambos os lados.
Eu preciso despir vocês
de todas as falsas pretensões,
as ideias que vocês têm
sobre o corpo feminino,
e vocês precisam despir sua mente,
deixá-la bem aberta.
Então, esse é o meu laboratório,
onde passei os últimos
12 anos guiando mulheres
em direção à consciência
do movimento de seus corpos femininos
o que traz a consciência
da natureza feminina,
o que traz a consciência do que eu chamo
de suas "criaturas eróticas".
Toda mulher no planeta
tem uma criatura erótica.
Ela é o primórdio do corpo feminino.
Ela é selvagem, indomada,
é o alter ego sexual
que mora no profundo do nosso ser.
Muito frequentemente, ela é enterrada
debaixo de sobrancelhas franzidas,
corpos congelados, tensos,
pensamentos julgadores e medo,
mas ela está lá.
E quando você a acorda
e a integra com o seu ser,
isso leva você a um lugar de completude,
e essa completude do feminino é capaz
de elevar cada criatura
viva ao seu alcance.
Vamos falar por um segundo
sobre - aí está a criatura erótica -
o impensável.
E se eu disser que o mastro
no qual eu estava dançando agorinha
é um símbolo para a próxima e quarta onda
do movimento feminista?
Eu sei, certo?
(Aplausos)
Uma reclamação pessoal
do corpo feminino e de sua sexualidade.
É bem louco, né?
Uma stripper dançarina de pole dance
representar o movimento feminista,
tem gente se revirando
no caixão, meus heróis!
Mas vou contar sobre minha louca jornada
ao longos dos últimos 23 anos,
que me trouxe a esse lugar
de clareza e convicção.
Vou montar a cena pra vocês.
Era 1989, La Cienega Boulevard,
Star Strip Gentlemen's Club.
A primeira vez que fui
a um clube de striptease.
Eu era uma jovem atriz, estava
ajudando um amigo com um projeto
e eu estava bem infeliz
por ter que ir a esse lugar,
que eu sentia que subjugava
e objetificava as mulheres.
Mas, uma vez que entrei, eu me apaixonei
pelo movimento de algumas dançarinas,
seus corpos ondulavam e provocavam,
eram provocantes, sexy e tão femininos!
Eu estava desesperada
para aprender a fazer aquilo.
Mas eu não queria ser
uma stripper profissional.
Não que tenha algo errado com isso.
O que eu fiz:
eu escrevi e produzi um filme
onde eu, na verdade,
iria interpretar uma stripper.
E no filme eu precisava
criar uma personagem
que vivesse e se movesse
através de sua sexualidade.
E eu achei que isso seria divertido.
Então, no primeiro dia de ensaio,
coloquei este figurino,
que achei que iria comunicar
meu eu stripper e sexy para o mundo,
por favor não riam, tudo bem, podem rir!
(Risos)
Então, fui ao palco com esse figurino,
a música começou e meu corpo apenas...
Oh-oh. Não se moveu! E ela congelou!
Eu fazia bacharelado em dança
na Universidade de Nova York.
Sou bailarina profissional treinada,
eu deveria saber fazer isso.
Mas meu corpo ficou:
"Eu não vou fazer nada disso".
E comecei a forçá-lo a mais ou menos
mexer de um lado pro outro,
tentando ser bem sexy.
Foi tão patético.
Não foi nada sexy!
E eu estava me dando conta
de que em nenhum lugar em meu ser
eu sabia como incorporar
minha sexualidade no meu dia a dia.
Não que eu não tivesse
sexualidade, isso estava bem.
A questão era trazer minha sexualidade
para o meu dia a dia.
Eu estava hesitante em ser
abertamente feminina, tipo... uau!
O corpo, que é uma criatura
brilhantemente intuitiva, fala!
E meu corpo estava dizendo:
"Você pode ver claramente
que não faz ideia de quem eu sou".
E ele estava completamente certo.
Eu sabia que algo estava
faltando dentro de mim.
Passei os quatro anos seguintes,
enquanto produzíamos o filme,
caçando quem eu era enquanto
criatura sexualmente incorporada.
Fui a clubes de striptease,
conheci dançarinas,
dissequei o movimento e o aprendi,
e o que encontrei dentro de mim mesma,
eu não estava esperando.
Eu encontrei essa sexualidade obscura,
cheia de alma, emocional,
que me deu uma confiança
em meu corpo e em minha feminilidade,
que eu nunca tinha tido antes.
O que acordou dentro de mim
foi minha criatura erótica.
Tudo isso é incrível,
mas fica ainda muito melhor
porque não apenas acordou esse lado meu,
mas esse lado meu começou a mudar tudo
na porta de casa.
Meu casamento foi de "é"
para "Oh, meu Deus!"
E tem estado assim há 23 anos.
Eu me tornei uma mãe muito mais feliz,
me tornei uma mulher
completa por mim mesma.
Precisava dividir com outras mulheres.
Eu estava tipo: "Você pode, isso é
o Santo Graal do empoderamento!"
E elas tipo: "Certo".
Desenvolvi um movimento chamado
"S Factor" e comecei a ensiná-lo
para mães do jardim da infância
e mulheres da vizinhança.
E elas também começaram
a soltar sua sexualidade
em suas rotinas diárias, em seus corpos,
e a mesma mudança que eu tive
na minha vida, elas tiveram na delas.
Relacionamentos mais felizes,
filhos mais felizes,
mulheres mais felizes, isso as acendeu
como fogo selvagem.
A próxima coisa que sei é
que estou no programa da Oprah.
Nós nos tornamos... nosso esforço
se tornou notícia internacional.
Eu fui inundada com emails do mundo todo.
Aparentemente, o desejo de ser completa
atravessou não só barreiras geográficas,
mas barreiras políticas
e culturais também.
Eu tinha tocado uma artéria mundial
de mulheres, todas com falta
da mesma coisa que tinha me faltado.
A criatura erótica estava adormecida
no mundo todo, como isso era possível?
Eu não conseguia entender
como as mulheres da Arábia Saudita,
as mulheres de Pequim, as mulheres
de Buenos Aires, e eu, em Los Angeles,
como a mesma coisa
podia faltar para todas nós?
Eu precisava entender isso.
Eu chamei isso de "efeito Yin".
Pensem em cada pessoa, homem ou mulher,
tendo consigo o potencial
da energia do feminino Yin
e do masculino Yang.
Nós vivemos em um mundo que corta fora
uma parte do Yin de todos nós.
E se você mergulhar nesse Yin, vai ver
que é a fisicalidade e a sexualidade
do corpo feminino que é desligada.
E com quanto mais mulheres
eu conversava, mais eu aprendia.
E aprendi que o desligar do Yin
começa com a primeira ofensa.
A primeira ofensa é a primeira vez
que alguém ou algo traz atenção negativa,
julgamentos ou vergonha para seu corpo.
Minha primeira ofensa aconteceu
quando eu tinha sete anos.
Esta é a imagem de como é, mais ou menos,
o corpo de uma garotinha de sete anos,
apenas para terem referência
durante a história; esta é minha filha.
Eu estava com meus melhores
amigos, Brian e Donald Doyle,
eles tinham sete e oito anos,
respectivamente,
estávamos no quintal,
era verão, estava superquente,
estávamos brincando,
decidimos fazer uma pausa,
e fomos nos refrescar,
então nós três tiramos nossas blusas
e deitamos de costas na grama, braços
por cima da cabeça, era um dia ótimo.
O ar refrescava meu peito,
era um dia lindo e inocente.
De repente, a janela do andar
de cima da casa deles foi aberta
e a mãe deles colocou a cabeça para fora
e ela gritava na voz mais estridente:
"Sheila Kelley! Sua garotinha danada!
Coloque sua blusa imediatamente, tenha
vergonha de você mesma e vá para casa!"
Meus ombros encolheram
em direção às minhas orelhas,
meu peito afundou com essa emoção
recém-descoberta, a vergonha,
eu não conseguia respirar,
e esse foi o momento em que comecei
a ser separada do meu corpo feminino.
Ela não gritou com seus filhos,
mas gritou comigo,
mas nós fizemos a mesma coisa.
O que eu aprendi aquele dia
é que é seguro e bom
estar em um corpo masculino,
e que não é seguro, é perigoso,
estar em um corpo feminino.
Ela não me odiava,
ela estava tentando inibir
a sexualidade que a assustava,
que nem sequer existia ainda.
Ela achou que tinha o direito de me dizer
o que eu podia ou não fazer com meu corpo.
Esse tipo de história acontece o tempo
todo, todos os dias, no mundo todo.
Nós estamos roubando
a vida e a luz dessas criaturas,
dessas lindas criaturas femininas.
Cada uma das mulheres que vocês conhecem
teve sua primeira ofensa,
quer ela estivesse ciente ou não.
E ela teve ofensas subsequentes
todos os dias de sua vida.
Ofensas como: "Feche as pernas",
"Não se mexa assim",
"Ela é uma piranha",
"Você parece uma prostituta".
Essas ofensas corroem a barreira emocional
e o ego do corpo até você não saber
onde seu corpo começa e onde termina.
Você pensa que qualquer um,
a qualquer hora e em qualquer lugar,
pode lhe dizer o que você pode
ou não fazer com seu corpo
e a única escolha
que você tem é desligá-lo.
Então vamos entender
essas ofensas um pouco mais
porque elas são complicadas e nem sempre
podemos dizer que são ofensas.
Aqui está um espectro delas. Elas são
globais e variam em nível de visibilidade.
Se algumas dessas imagens forem difíceis,
por favor desviem os olhos.
Elas vão de selvagens,
como apedrejar até a morte uma mulher
que expresse sua sexualidade;
ou brutais, como um cinto
de castidade feito de carne;
ou evidentes, como o uso mandatório
de véu sobre o corpo feminino;
até controles sutis, coisas
como advertências ofensivas
que corroem a integridade do seu corpo,;
e controles subliminares,
o infantil tumulto global
sobre um par de mamilos reais.
Agora, sério, honestamente, eu não sei
que par de mamilos foi tão ofensivo!
Mas esse é outro assunto!
Então, quero virar a mesa
com vocês por um segundo.
Sabem quem eu acho incrivelmente atraente
e acho que, se eu visse seus mamilos nus,
eu ficaria tão excitada que não poderia
controlar a mim mesma?
Daniel Craig.
Eu nem olho para lá, porque...
(Risos)
Eu acho que Daniel Craig
deveria cobrir seus mamilos também.
(Risos)
Eu sei, eu sei. É um absurdo, mas é mesmo?
Nós estamos rindo disso, mas estamos
fazendo isso com o corpo feminino.
No mundo todo.
O que cada uma e todas
essas ofensas têm em comum
é o desejo sem fim de controlar
e limitar o corpo feminino
e sua sexualidade,
controlar o clitóris, controlar a vagina,
controlar o útero, controlar tudo.
Não queremos pensar que atrocidades,
como ser queimada por ácido apenas
por dizer não a um pedido de casamento,
estão relacionadas a atrocidades
como violência doméstica por dizer não
a um pedido de casamento.
Mas, como podem ver,
são exatamente a mesma coisa,
só usam diferentes táticas de controle
em diferentes níveis.
E quando você ouve repetidamente
que seu corpo é obsceno ou indecente,
você começa a internalizar isso
e começa a se autocontrolar
e começa a tentar esconder seu corpo,
você tenta e esconde sua sexualidade
em hábitos alimentares não saudáveis,
ou em pele e ossos.
Você vai fazer qualquer coisa
que possa para escondê-lo.
Ou você começa a se cortar.
Ou você tenta se tornar
o ideal de perfeição de alguém.
Ou vai se masculinizar para conseguir
ser levada mais a sério
em um mundo em que os valores
são todos masculinos.
Ou você vive da forma
como 80% das mulheres vivem nos EUA,
em que algo está faltando
e você não tem ideia do que é.
O que nós temos feito
para o ego do corpo feminino é...
é horrível.
Nós temos desperdiçado e abusado
uma das mais doces, mais vulneráveis,
mais adoráveis criaturas do planeta,
e nós, todos nós,
estamos pagando o preço,
porque se vocês acham que as mulheres
são as únicas assustadas
no relacionamento delas com seu corpo,
pensem sobre isto:
o que os irmãos Doyle aprenderam
no dia da minha primeira ofensa
foi exatamente o que aprendi.
Eles aprenderam que o corpo deles
era mais valioso que o meu.
Aprenderam que, se a mãe deles
podia me dizer o que eu podia
ou não fazer com o meu corpo,
então talvez um dia eles também pudessem.
Os homens também são intimidados
no relacionamento com o corpo feminino
através dessas ofensas.
Em um estudo da UCLA com universitários,
mais de 50% dos jovens homens disseram
que eles estuprariam uma mulher
se soubessem que não haveria
nenhuma punição.
Para a maioria dos homens,
a fantasia mais excitante
era estuprar uma mulher jovem
onde ela experimentasse dor e orgasmo.
Certo? Meio soberbo né?
Houve um tempo em que o corpo
feminino era adorado,
não só por sua habilidade de dar vida,
mas pelos seus altos sentidos,
pela sua habilidade emocional,
sua intuição brilhante
e sua dança da fertilidade.
E essa dança acontecia à noite,
quando as mulheres, e apenas as mulheres,
se encontravam nos campos
e ondulavam suas pelves
sobre a plantação para fertilizar
o solo, para alimentar a aldeia.
Essa é a verdadeira origem
do que conhecemos
como "dança da fertilidade",
que se tornou "dança erótica",
que se tornou o que hoje conhecemos
como "striptease" e "pole dance".
Era uma celebração do corpo feminino.
Isso começou como a dança da vida.
O grande mitologista e filósofo
Joseph Campbell escreveu:
"Mulheres são vida
e homens são protetores da vida.
O papel do homem é proteger a mulher".
De alguma forma,
o jeito que temos aprendido
a proteger tem se tornado perverso.
Nosso jeito de proteger
é apagando a chama do feminino.
Nosso jeito de servir é
controlando o corpo feminino
em vez de fazermos o que temos que fazer,
que é trazer pra fora
nossa energia masculina
e encarar qualquer ameaça que venha,
para que então o feminino possa
desabrochar, crescer, irradiar e ser vida.
A próxima onda do movimento
feminista é, na verdade,
um movimento humano, e inclui todos nós,
e é a recuperação da beleza e genialidade
tanto do masculino quanto do feminino.
E isso tudo começa com o despertar
da criatura erótica em cada mulher,
porque quando uma mulher descobre
o seu poder em seu corpo,
ela evoca cada ser masculino
para seu mais grandioso poder.
Quando ela se fortalece, ele se fortalece.
Quando nós, enquanto
cultura, a diminuímos,
estamos diminuindo nossa cultura.
O complemento
feminino-masculino pode existir,
e só quando nós o cultivarmos
é que vamos mesmo viver
de acordo com o potencial,
o verdadeiro potencial de nós mesmos,
individualmente e coletivamente.
Este é o meu rapaz.
Nós cultivamos todos os dias.
Não é perfeito, temos altos e baixos,
mas dançamos a dança
de empoderar um ao outro.
Agora aqui estou eu totalmente nua.
Se todos nós nos despirmos todos os dias
e expusermos nossas
verdades mais profundas,
nós poderemos viver nus em nossas paixões,
nus em nossos poderes, nus em nós mesmos,
nus no momento.
Eu recuperei meu corpo
depois de uma vida de autocrítica
trazida por uma sociedade
que refreava seu próprio
entusiasmo pela vida,
e ao fazer isso me tornei,
como Charles Dickens lindamente escreveu:
"a heroína da minha própria vida".
Então a escolha é sua.
Vocês ousam se tornar
o herói de sua própria vida
e recuperar sua essência?
Vocês ousam viver nu?
Então, quando saírem daqui,
quando vocês, mulheres, saírem daqui,
entrem na grandeza,
na beleza, na graciosidade,
no gingado, na curva, no poder,
no fogo do seu corpo,
do seu espírito e das suas emoções.
Quero que vocês ondulem sua coluna,
balancem seu corpo, movam-se,
alonguem-se, estiquem os braços para cima,
Podem fazer isso agora mesmo se quiserem.
Quero que vocês saiam e façam
uma estrelinha no meio do supermercado!
(Risos)
Apenas pela diversão de fazer isso.
Quero que vocês espalhem
seu esplendor com um sorriso
bem nos olhos de um estranho.
E eu vou suprir vocês
e vocês vão me suprir.
E, homens, entrem na grandeza
da criatura masculina que vocês são.
Criem um espaço de segurança
para o feminino prosperar.
Cuidem dela, protejam, encarem,
sustentem seu olhar e elevem-na.
Porque quando vocês a elevarem,
estarão contemplando à sua frente,
o eterno e sagrado feminino.
Ele está aqui neste minuto,
ele está aqui na sua frente, do seu lado,
ele está atrás de você,
está em cada mulher,
está na curva do pescoço,
na mexida de um tornozelo,
e na curva do final das costas,
ele é o profundo coração emotivo,
a sábia e intuitiva alma,
e quando você o vê,
quando você o reconhece,
quando você o contempla, oh, Deus!
Seja você homem, mulher ou criança,
você vai ser preenchido,
vai se abrir em felicidade,
porque esse é o poder do feminino.
E mais uma coisa.
Mulheres,
quando vocês entrarem em um local,
lembrem-se que seus peitos entram
cinco minutos antes de vocês
e seu glorioso bumbum deve sair
cinco minutos depois que vocês saírem!
Muito obrigada!
(Aplausos)
Obrigada.