A MUDANÇA DA ORDEM MUNDIAL Os tempos à frente serão radicalmente diferentes do que experimentamos em nosso tempo de vida, apesar de similares a muitos períodos anteriores. Como eu sei disso? Porque eles sempre foram assim. Durante meus quase 50 anos de investimento macroeconômico global, eu aprendi do jeito difícil que os eventos mais importantes que me surpreenderam fizeram isso porque nunca haviam ocorrido no meu tempo de vida. Essas surpresas dolorosas levaram-me a estudar os últimos 500 anos da História, buscando situações similares. Então eu vi que elas haviam ocorrido muitas vezes antes. Com a ascensão e queda dos holandeses, britânicos e americanos. E cada vez que ocorreram, foi o sinal da Mudança da Ordem Mundial. Esse estudo me ensinou lições valiosas que vou passar para você de forma resumida. Você pode encontrar a versão completa no meu livro, PRINCÍPIOS PARA LIDAR COM A MUDANÇA DA ORDEM MUNDIAL Deixe-me começar com uma história que me trouxe até aqui, sobre como eu aprendi a antecipar o futuro estudando o passado. Em 1971, quando eu era um jovem escriturário na Bolsa de Valores de Nova York os Estados Unidos ficaram sem dinheiro e deram calote em suas dívidas. Isso mesmo, os EUA ficaram sem dinheiro. Como? Bom, nessa época ouro era a moeda usada para transações entre países. Papel moeda, como o dólar, era como cheques em um talão de cheques, ou seja, não tinha nenhum valor além de poder ser trocado por ouro, que era o dinheiro de verdade. Nesse tempo, os Estados Unidos gastavam muito mais do que arrecadavam, imprimindo muito mais desse papel moeda do que possuía em ouro para trocar por eles. Assim que as pessoas levaram esses cheques para os bancos em troca do ouro, a quantidade de ouro nos EUA começou a decair. Rapidamente ficou óbvio que os EUA não poderiam manter sua palava para todo o papel moeda existente. Então as pessoas com dólares correram para trocá-lo antes que o ouro acabasse. Reconhecendo que os EUA ficariam sem dinheiro real, em 15 de agosto de 1971 o presidente Nixon foi à televisão para dizer ao mundo que os EUA quebrariam sua promessa de deixar as pessoas trocarem seus dólares por ouro. Claro que ele não disse dessa forma. Ele disse de forma mais diplomática sem deixar claro que os Estados Unidos estavam dando calote. A força da moeda de uma nação é baseada na força econômica dessa nação, e a economia americana é, de longe, a mais forte do mundo. De acordo com isso, orientei o Secretário do Tesouro a tomar as ações necessárias para defender o dólar contra especuladores. Orientei o secretário Connally a suspender, temporariamente, a conversibilidade de dólares em ouro ou outros ativos de reserva, exceto em quantidades e condições que estejam no interesse da estabilidade monetária e no melhor interesse dos Estados Unidos. Eu assisti surpreso, percebendo que o dinheiro, como conhecíamos, estava acabando. Mas que crise! Eu imaginei que o mercado de ações despencaria no dia seguinte, então eu cheguei cedo ao prédio para me preparar. Quando o sino de abertura tocou, começou um pandemônio, mas não do tipo que eu esperava. O mercado estava subindo e muito... E continuou até subir quase 25%, isso me surpreendeu porque eu nunca havia experimentado a Desvalorização da Moeda antes. Quando procurei na História, descobri que exatamente a mesma coisa aconteceu em 1933 e teve o exato mesmo efeito. Naquela época o dólar também era ligado ao ouro, do qual os EUA estavam ficando sem, porque estavam gastando mais papel moeda do que tinham em ouro para trocar por ele. E o presidente Roosevelt anunciou no rádio que ele quebraria a promessa do país de trocar dólares por ouro. Foi então que eu emiti a declaração em relação ao feriado bancário nacional, e esse foi o primeiro passo na reconstrução governamental do tecido de nosso sistema financeiro e econômico. O segundo passo, na última quinta-feira, foi a legislação prontamente e patrioticamente aprovada pelo congresso, confirmando minha declaração e aumentando meus poderes, para que fosse possível, em vista da exigência do tempo, prolongar o feriado e retirar a proibição desse feriado, gradualmente, nos próximos dias. ROOSEVELT EMBARGA O OURO PADRÃO OURO ABANDONADO Em ambos os casos, quebrar a ligação com o ouro permitiu aos EUA seguirem gastando mais do que arrecadavam, simplesmente imprimindo mais dólares. Já que houve um aumento na quantidade de dólares sem um aumento na riqueza do país, o valor de cada dólar caiu. Enquanto esses novos dólares entravam no mercado sem aumento correspondente de produtividade, eles foram para compras de ações, ouro e commodities, causando assim o aumento dos preços. Enquanto estudava mais a História, eu vi que a mesma coisa aconteceu muitas e muitas vezes antes. Eu vi que desde o início dos tempos, quando governos gastavam muito mais do que arrecadavam em impostos, e as condições ficavam ruins, eles ficavam sem dinheiro e precisavam de mais. Então eles imprimiam mais dinheiro, muito mais dinheiro, o que fazia seu valor cair e o preço de quase tudo, incluindo ações, ouro e commodities, subir. Foi quando eu aprendi o princípio que: Quando bancos centrais imprimem muito dinheiro para aliviar uma crise, compre ações, ouro e commodities, porque seus preços vão subir e o valor do papel moeda vai cair. Essa impressão de dinheiro é também o que aconteceu em 2008 para aliviar a crise criada no setor imobiliário. E em 2020, para aliviar a crise causada pela pandemia, e quase certamente vai acontecer no futuro. Então eu sugiro que você se lembre desse princípio. Essas experiências me deram outro princípio, que é o seguinte: Para entender o que está vindo, você precisa entender o que veio antes de você. Esse princípio me levou a estudar como a grande bolha dos anos 20 tornou-se na depressão da década de 30. Isso me deu as lições que possibilitaram que eu antecipasse e lucrasse com a bolha de 2007, que se tornou o fracasso de 2008. Todas essas experiências levaram-me a desenvolver uma necessidade quase instintiva de olhar para o passado em busca de situações similares para aprender a lidar bem com o futuro. MUDANÇA DE ORDENS Nos últimos anos, três grandes coisas que não haviam ocorrido no meu tempo de vida levaram-me a fazer esse estudo. PRIMEIRO: os países não tinham dinheiro para pagar suas dívidas, mesmo abaixando suas taxas de juros para zero. Então seus bancos centrais começaram a imprimir muito dinheiro para isso. SEGUNDO: grandes conflitos internos surgiram devido à diferenças de riqueza. Isso aparecia em populismo político e polarização, à esquerda, que queria redistribuir a riqueza e à direita, que queria defender os que possuíam riqueza. TERCEIRO: crescentes conflitos externos entre um poder em ascensão e o poder em decadência, como acontece agora entre China e Estados Unidos. Então eu olhei para trás. E vi que tudo isso havia acontecido em conjunto antes, muitas vezes, e quase sempre levando à mudança de ordem doméstica e mundial. A última vez em que essa sequência aconteceu foi de 1930 a 1945. O que exatamente é uma ordem? Você poderia perguntar. É um sistema de governança para as pessoas lidarem umas com as outras. Existem ordens internas que governam internamente os países, normalmente escritas em constituições. E existe uma ordem mundial, para governança entre os países, normalmente escrita em tratados. Ordens internas mudam em ritmo diferente de ordens mundiais o clima interno ou entre países, essas ordens normalmente mudam após guerras. Guerra civis dentro de países, guerras internacionais entre países. Isso acontece quando novas forças revolucionárias derrotam ordens antigas e fracas. Por exemplo, a ordem interna dos EUA foi escrita na Constituição em 1789, após a Revolução Americana, e ainda está vigente hoje, mesmo depois da Guerra Civil Americana. A Rússia se livrou da sua antiga ordem e estabeleceu uma nova com a Revolução Russa de 1917, ordem que terminou em 1991 com uma revolução relativamente pacífica. A China começou sua atual ordem interna em 1949, quando o Partido Comunista Chinês venceu a Guerra Civil. Você entendeu a ideia. A atual ordem mundial, normalmente denominada Ordem Mundial Americana, formou-se após a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, quando os EUA emergiram como o poder mundial dominante. Ela foi escrita em acordos e tratados, sobre o funcionamento de governança e monetário. Em 1944, o novo sistema monetário mundial foi escrito no Acordo de Bretton Woods, e estabeleceu o dólar como a principal Moeda de Reserva. Uma moeda de reserva é uma moeda amplamente aceita ao redor do mundo, e possuir isso é um fator chave para o país se tornar o mais rico e poderoso império. Com um novo poder dominante e um novo sistema monetário estabelecidos, uma nova ordem mundial se inicia. Essas mudanças acontecem em um ciclo atemporal e universal, que denomino O GRANDE CICLO Vou começar com uma visão geral, depois apresento uma versão mais completa, e depois indico meu livro se você quiser mais. Ao estudar os 10 impérios mais poderosos dos últimos 500 anos, e as 3 últimas moedas de reserva, isso me levou à ascensão e declínio do império holandês e do Florim, do império britânico e da Libra, a ascensão e atual declínio do império americano e do dólar, e o declínio e ascensão do império chinês e sua moeda. Assim como do império espanhol, alemão, francês, indiano, japonês, rússo e otomano; junto de seus conflitos significativos, como descrito neste gráfico. Para entender melhor o padrão chinês, também estudei a ascensão e queda de dinastias chinesas e suas moedas por volta do ano 600. Como ver todas essas medidas em conjunto pode ser confuso, vou focar nas 4 mais importantes. Os holandeses, britânicos, americanos e chineses. Você vai perceber o padrão rapidamente. Agora vamos simplificar o formato. Como você pode ver, eles ocorreram em ciclos sobrepostos que duraram por volta de 250 anos, com períodos de transição de 10 a 20 anos entre eles. Normalmente essas transições foram períodos de grande conflito, porque poderes governantes não caem sem lutar. Então como eu meço o poder de um império? Nesse estudo usei 8 métricas. O poder total de cada país é a média delas. Elas são: educação, inventividade e desenvolvimento tecnológico, competitividade nos mercados globais, resultados econômicos, participação no comércio mundial, força militar, poder do centro financeiro para mercado de capitais e a força da moeda como moeda de reserva. Como esses poderes são mensuráveis, podemos ver o quão fortes os países são agora, o quanto foram no passado, e se estão ascendendo ou declinando. Observando as sequências de vários países, podemos ver como um típico ciclo acontece. E como as ondulações podem ser confusas, podemos simplificar um pouco, para focar nos padrões de causa e efeito, que levam à ascensão e declínio de um típico império. Como você pode ver, uma melhor educação normalmente leva a maior desenvolvimento de inovações e tecnologias. E após um tempo, ao estabelecimento da moeda como moeda de reserva. Você também pode ver que essas forças decaem em uma certa ordem, reforçando o declínio umas das outras. Vamos observar a típica sequência de eventos que acontecem dentro de um país, que produz essas ascensões e quedas. Em resumo, o grande ciclo normalmente começa após um grande conflito, frequentemente uma guerra, que estabelece o novo poder dominante e uma nova ordem mundial. Como ninguém quer desafiar esse poder, normalmente se inicia um período de paz e prosperidade. Ao passo que as pessoas se acostumam com essa paz e prosperidade, elas cada vez mais apostam na sua continuidade, emprestando dinheiro para fazer isso, o que leva a uma bolha financeira. A parcela de negócios do império cresce, e quando a maior parte das transações é feita na sua moeda, ela se torna uma moeda de reserva, o que leva a mais empréstimos. Ao mesmo tempo, essa prosperidade crescente distribui a riqueza desigualmente então a desigualdade normalmente cresce, entre os mais ricos e os mais pobres. Em algum momento a bolha financeira estoura, o que leva à impressão de dinheiro e crescente conflito interno entre ricos e pobres, que leva a algum tipo de revolução que redistribui a riqueza. Isso pode ocorrer pacificamente ou como uma guerra civil. Enquanto o império sofre com esses conflito interno, seu poder diminui em relação a poderes rivais externos em ascensão. Quando um novo poder em ascensão se torna forte o suficiente para competir com o poder dominante, que está tendo problemas domésticos, ocorrem conflitos externos, normalmente guerras. A partir dessas guerras interna e externa, surgem novos vencedores e perdedores. Então os vencedores se unem para criar a nova ordem mundial. E assim o ciclo recomeça. Ao olhar para o passado, vi que essas relações de causa e efeito, guiaram os ciclos de ascensão e queda, desde os tempos do Império Romano. Eu vi como as histórias de cada um desses ciclos misturam-se às outras antes, durante e depois, da mesma forma que cada história individual junta-se às outras para formar a épica história dos últimos 500 anos, que é nossa História coletiva. E como ciclos da vida humana, nenhum é igual ao outro, mas a maioria é similar. Elas são guiadas por relações lógicas de causa e efeito, que progridem em estágios do nascimento, à força e maturidade, depois fraqueza e declínio inevitável. Entretanto, é como dizer que o ciclo de vida de uma pessoa leva 80 anos em média, mas sem reconhecer que muitos são mais curtos e muitos mais longos. Mesmo que a idade pode ser um bom indicativo de longevidade futura, uma forma melhor é observar indicadores de saúde. Pode-ser fazer isso com impérios e seus sinais vitais também. Eu descobri que ao observar os indicadores de poder mudarem, pude ver em qual estágio o país estava, o que me ajudou a antecipar o que viria em seguida. Agora vou levá-lo pelo grande ciclo em mais detalhes. Dê-me 20 minutos e eu lhe dou os últimos 500 anos de História, e mostro os padrões similares entre os impérios holandês, britânico, americano e chinês. 500 ANOS DE GRANDES CICLOS Vou descrever um típico clico dividindo-o em 3 fases: A ASCENSÃO O TOPO e O DECLÍNIO A ASCENSÃO Novas ordens de sucesso que ascendem, internamente e externamente, normalmente começam com poderosos líderes revolucionários fazendo quatro coisas: PRIMEIRO: eles ganham poder conseguindo mais apoio que os opositores. SEGUNDO: eles consolidam o poder convertendo, enfraquecendo ou eliminando opositores. para que eles não fiquem no caminho. TERCEIRO: eles estabelecem sistemas e instituições que fazem o país funcionar bem. QUARTO: eles escolhem bem seus sucessores ou criam sistemas que fazem isso, porque um grande império demanda muitos grandes líderes ao longo de várias gerações. Nesse estágio, logo após ganhar a luta, normalmente existe um perído de paz e crescente prosperidade, porque a liderança é claramente dominante e tem amplo apoio, então ninguém quer enfrentá-la. Durante essa fase, líderes dentro do país precisam desenvolver um sistema excelente para aumentar a riqueza e poder do país. Primeiro e mais importante, para serem grandes, eles precisam ter uma educação forte, que não é apenas passar conhecimento e habilidades, mas também caráter forte, civilidade e ética do trabalho. Isso é normalmente ensinado na família, escola e instituições religiosas. Isso cria um respeito saudável às regras e leis, ordem social, baixa corrupção e permite a eles se unirem em um objetivo comum e a trabalharem bem juntos. Ao fazer isso, eles cada vez mais mudam de produzir produtos básicos para inovar e inventar novas tecnologias. Por exemplo, os holandeses derrotaram o império Habsburgo e tornaram-se altamente educados. Eles se tornaram tão inventivos que criaram um quarto de todas as principais invenções do mundo. A mais importante sendo a invenção de navios que podiam navegar ao redor do mundo para coletar grandes riquezas; e a invenção do Capitalismo, como conhecemos hoje, para financiar essas jornadas. Assim como todo império líder, eles melhoraram suas ideias estando abertos às melhores ideias do mundo Como resultado as pessoas do país tornaram-se mais produtivas e mais competitivas nos mercados mundiais, o que apareceu nos seus resultados econômicos, e maior participação em transações mundiais. Você pode ver isso ocorrendo agora, com os EUA e a China sendo aproximadamente comparáveis tanto nos resultados econômicos quanto na participação no comércio mundial. Quando os países transacionam mais globalmente, eles precisam proteger suas rotas comerciais e interesses estrangeiros de ataques. Então eles desenvolvem grande força militar. Se feito corretamente, esse ciclo virtuoso gera forte crescimento de arrecadação, que pode ser usado para financiar educação, infraestrutura, e pesquisa e desenvolvimento. Eles também devem desenvolver sistemas que incentivam e fortalecem aqueles que têm a habilidade de criar ou tomar riqueza. Em todos esses casos, os impérios mais bem sucedidos utilizaram uma abordagem capitalista para desenvolver empreendedores produtivos. Mesmo a China, que é governada pelo Partido Comunista Chinês, usou uma forma dessa abordagem capitalista. Deng Xiaopin, quando perguntado sobre isso, disse: "não importa se o gato é branco ou preto, desde que pegue ratos." e: "é glorioso ser rico." Para fazer bem isso eles devem desenvolver seu mercado de capitais, mais importante: mercados de crédito, de títulos e de ações. Isso permite às pessoas converterem suas economias em investimentos, para financiar invenções e desenvolvimento; e participar do sucesso daqueles que fazem grandes coisas acontecerem. Os holandeses criaram a primeira companhia listada publicamente, A Companhia Holandesa das Índias Orientais; e o primeiro mercado de ações para financiá-la, que foi parte integrante do sistema que produziu riqueza e poder robustos. Como consequência natural, os maiores impérios desenvolvem os principais centros financeiros para atrair e distribuir o capital mundial. Amsterdã foi o centro financeiro mundial quando os holandeses eram proeminentes. Londres quando os britânicos estavam no topo. Nova York é agora e a China está rapidamente desenvolvendo seus centros financeiros. Mais importante: os capitalistas, os governantes e os militares devem trabalhar juntos. Não apenas os holandeses trabalharam bem juntos, eles eram como um. A Companhia Holandesa recebeu o monopólio de negócios do governo e possuía seus próprios militares destacados para ir aos mercados globais para criar e tomar riquezas. Os britânicos seguiram com a Companhia Britânica das Índias Orientais, que possuía uma coordenação similar, com o seu governo, negociantes e operações militares. O complexo industrial americano seguiu o exemplo, assim como o sistema chinês hoje. Conforme o país se torna o maior império negociante, as transações podem ser pagas com sua moeda, tornando-a o meio preferencial de troca; e por sua moeda ser tão amplamente aceita e frequentemente usada, as pessoas ao redor do mundo querem poupar com ela, tornando-a o depósito preferencial de riqueza, e assim a principal moeda de reserva. O Florim era a moeda de reserva quando os holandeses lideravam o comércio mundial; a Libra quando os britânicos lideravam e o dólar desde que os EUA passaram a liderar. Naturalmente, a moeda chinesa vem sendo cada vez mais usada como moeda de reserva. Ter uma moeda de reserva permite ao império pegar mais emprestado que outros países. Essa vantagem é enorme. Pense nisso: pessoas do mundo todo estão dispostas a poupar, enviando suas moedas para o império. Países sem moedas de reserva não possuem isso. E quando o império fica sem o próprio dinheiro... Lembra dos EUA em 1971? Eles sempre podem imprimir mais. O privilégio exorbitante alcançado pela moeda de reserva do império, leva ao aumento dos empréstimos e ao início de uma bolha financeira. Essa série de relações de causa e efeito, levando ao suporte financeiro, político e militar mútuo, ampliado pelo poder de empréstimo da moeda de reserva, acontece desde o início da História registrada. Todos os impérios que se tornaram os mais poderosos do mundo seguiram esse caminho ao TOPO Equanto no período do topo a maioria dessas forças se mantém, junto aos frutos do sucesso estão as sementes do declínio. Como regra, ao passo que as pessoas nos países ricos ganham mais, isso as torna mais caras e menos competitivas em relação a pessoas de outros países, que se dispõem a trabalhar por menos. Ao mesmo tempo, pessoas de outros países naturalmente copiam os métodos e tecnologias do poder dominante, o que diminui ainda mais sua competitividade. Por exemplo, construtores britânicos de navios possuíam trabalhadores mais baratos do que os construtores holandeses. Então eles contratavam projetistas holandeses para desenvolver navios melhores, que eram construídos por trabalhadores britânicos mais baratos, tornado-os ainda mais competitivos, o que levou os britânicos a ascenderem e os holandeses a declinarem. Também, ao passo que as pessoas enriquecem elas tendem a não trabalhar mais tanto. Elas preferem lazer, buscam coisas boas e menos produtivas da vida, e no extremo, tornam-se decadentes. Valores mudam de geração em geração no caminho ao topo, daqueles que lutaram para alcançar riqueza e poder, àqueles que herdaram isso. Eles são menos dedicados, voltados à luxúria, acostumados com a vida fácil, o que os fazem mais vulneráveis a desafios. A Era Dourada do império holandês e a Era Vitoriana do império britânico foram períodos com tal prosperidade. Ao passo que as pessoas se acostumam a ir bem, elas apostam cada vez mais na continuidade dos bons tempos, e emprestam dinheiro para fazer isso, o que cresce em bolhas financeiras. Naturalmente, os jogos financeiros não são justos e a desigualdade de riqueza cresce. desigualdades de riqueza se autoreforçam porque pessoas ricas usam seus recursos para reforçar seus poderes. Por exemplo, eles dão grandes privilégios aos filhos, como melhor educação; e influenciam o sistema político a seu favor. Isso faz com que a desigualdade de valores, política e oportunidades cresça entre os mais ricos e mais pobres. Aqueles menos abastados sentem que o sistema é injusto, então o ressentimento cresce, mas enquanto o padrão de vida da maioria das pessoas ainda cresce, esses ressentimentos não se tornam conflitos. Ter a moeda de reserva mundial, inevitavelmente leva a empréstimos excessivos e contribui para a construção de grandes dívidas com credores estrangeiros. Enquanto isso aumenta o poder de gasto no curto prazo, enfraquece a saúde financeira do país e a moeda a longo prazo. Em outras palavras, quando o empréstimo e gastos são fortes, o império parece muito forte, mas na verdade suas finanças estão sendo enfraquecidas. Os empréstimos sustentam o poder do país além dos fundamentos, financiando o consumo doméstico excessivo e conflitos militares internacionais necessários para manter o império. Inevitavelmente, o custo para manter e defender o império torna-se maior que a receita gerada, então ter um império deixa de ser lucrativo. Por exemplo, o império holandês super expandiu ao redor do globo; e lutou guerras cada vez mais caras contra os britânicos e outros poderes europeus para proteger seu território e rotas comerciais. O império britânico também se tornou gigante, burocrático, e perdeu suas vantagens competitivas, conforme poderes rivais particularmente a Alemanha, destacaram-se, levando a uma corrida armamentista cada vez mais cara; e à Guerra Mundial. Os EUA gastaram cerca de 8 trilhões de dólares em guerras estrangeiras e suas consequências desde o 11 de setembro; trilhões mais em outras operações militares e para apoiar bases militares em 70 países; e ainda não está gastando o suficiente para apoiar sua competição militar com a China na área ao redor da China. Nesse ciclo, países mais ricos se atolam em dívidas, emprestando de países mais pobres que poupam mais. É um dos primeiros sinais de mudança no poder e riqueza. Isso começou nos Estados Unidos nos anos 80, quando o país tinha um renda per capita 40 vezes a da China e começaram a emprestar dos chineses, que queriam poupar em dólar, porque o dólar era a moeda de reserva mundial. De forma similar, os britânicos emprestaram muito dinheiro de suas colônias; e os holandeses fizeram o mesmo no seu tempo. Se o império começa a ficar sem novos credores, aqueles que possuem sua moeda procuram vendê-la e sair, ao invés de comprar, poupar, emprestar e entrar. E a força do império começa a declinar. O DECLÍNIO O declínio vem de fraqueza econômica interna, junto com brigas internas ou custosas brigas externas ou ambas. Normalmente, o declínio vem gradualmente e de repente muito rápido. Quando as dívidas se tornam muito grandes, e há uma queda econômica, e o império não pode mais emprestar o dinheiro necessário para pagar suas dívidas, a bolha financeira estoura. Isso cria grandes dificuldades internas e força o país a escolher entre dar o calote nas dívidas ou imprimir muito dinheiro novo. Ele sempre escolhe imprimir muito dinheiro. No começo gradualmente, e eventualmente de forma massiva, isso desvaloriza a moeda e aumenta a inflação. Para os Holandeses, essa foi a crise financeira trazida por excessos financeiros ao pagar pela Quarta Guerra Anglo-Holandesa. Similarmente para os britânicos, foi pagar pelos seus excessos financeiros e suas dívidas das duas Guerras Mundiais; e para os EUA foram 3 ciclos de booms e despencadas do financiamento da dívida, desde os anos 90, com o Banco central interferindo cada vez com medidas mais fortes. Quando o governo tem problemas para se financiar, quando há condições econômicas ruins; e o padrão de vida está caindo para a maioria das pessoas; e existe uma grande desigualdade de riqueza, de valores e diferenças políticas, aumentam conflitos internos entre os mais ricos e mais pobres, assim como entre grupos étnicos, religiosos ou raciais. Isso leva a extremismo político, que se mostra como populismo, à esquerda e direita. Aqueles à esquerda buscam redistribuir a riqueza, enquanto aqueles à direita buscam manter a riqueza nas mãos dos ricos. Normalmente durante esses tempos, os impostos sobre os ricos sobem, e quando os ricos temem que sua riqueza e bem estar lhes serão tirados, eles se mudam para lugares, ativos e moedas nos quais se sentem mais seguros. Essas saídas reduzem as receitas de impostos do império, o que leva ao clássico e auto-reforçado processo de deterioração. Quando a fuga de riqueza fica ruim o suficiente, os governos proíbem isso. Aqueles que buscam sair começam a entrar em pânico. Essas condições turbulentas minam a produtividade, isso encolhe o bolo econômico e causa conflito sobre como dividir os recursos escassos. Líderes populistas surgem de ambos os lados e prometem tomar o controle e restaurar a ordem. É quando que a democracia é mais desafiada, porque ela falha em controlar a anarquia, E é quando a mudança para um forte líder populista, que vai trazer ordem para o caos, se torna mais provável. Enquanto o conflito dentro do país escala, ele leva a algum tipo de revolução ou guerra civil, para redistribuir a riqueza e forçar as grandes mudanças necessárias. Isso pode ser pacífico e manter a ordem existente; mas é normalmente violento e altera a ordem. Por exemplo, a revolução Roosevelt para redistribuir a riqueza foi relativamente pacífica e manteve a ordem interna existente; enquanto a Revolução Francesa, a Revolução Russa e a Revolução Chinesa foram muito mais violentas e levaram a novas ordens internas. Este conflito interno torna o império fraco e vulnerável a crescentes rivais externos, que vendo essa fraqueza interna, inclinam-se mais a desafiarem. Isso aumenta o risco de grande conflito internacional, especialmente se o rival montou um poder militar comparável. Defender um império contra rivais requer grandes gastos militares, o que ocorre em conjunto com condições internas deterioradas, quando o império menos pode pagar. Já que não existe um sistema viável para resolver pacificamente disputas internacionais, esses conflitos são normalmente resolvidos em testes de poder. Quando desafios mais audaciosos são feitos, o império dominante tem uma escolha difícil entre lutar ou recuar. Lutar e perder é o pior resultado, mas recuar é ruim também, já que cede progresso ao rival e sinaliza que o império está fraco aos países que estão considerando de qual lado vão ficar. Condições econômicas ruins causam mais lutas por riqueza e poder, o que inevitavelmente leva a algum tipo de guerra. Guerras são terrivelmente custosas. Ao mesmo tempo, elas produzem as mudanças tectônicas que realinham as novas ordens à nova realidade de riqueza e poder no mundo. Quando os que possuem a moeda de reserva e débito do império em declínio perdem a confiança e vendem. Isso marca o fim do seu grande ciclo. Das aproximadamente 750 moedas que existiram desde 1700, menos de 20% existem agora; e todas elas perderam valor. Para os holandeses isso ocorreu após a derrota na Quarta Guerra Anglo-Holandesa. Quando eles não puderam pagar a gigantesca dívida que construíram durante o conflito, isso levou a uma corrida ao Banco de Amsterdã e à venda desesperada, forçando uma gigantesca impressão de dinheiro, que desvalorizou a moeda e o império para a irrelevância. Para os britânicos isso ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, quando apesar da sua vitória, eles não puderam pagar a dívida contraída para financiar os esforços de guerra. Isso levou a uma série de impressões de dinheiro, desvalorizações e vendas de Libra esterlina, enquanto os EUA e o dólar emergiam dominantes e criaram uma nova ordem mundial. No momento dessa gravação, os Estados Unidos ainda não atingiram esse ponto. Ao passo que possui uma imensa dívida, gasta mais do que arrecada e financia esse déficit com mais empréstimos e impressão de grandes quantidades de dinheiro, as grandes vendas de dólares e dívidas americanas ainda não começaram. Enquanto existem conflitos internos e externos ocorrendo por todas as razões clássicas, eles ainda não cruzaram a linha de tornarem-se guerras. Eventualmente, a partir desses conflitos, quer sejam violentos ou não, surgem novos vencedores, que se juntam e reestruturam o sistema de dívidas e político dos perdedores; e estabelecem a nova ordem mundial. Assim o antigo ciclo e império acabam; e um novo começa, e eles fazem isso novamente. Quantos detalhes que joguei pra você imaginar como o grande ciclo acontece. Claro que nem todos ocorrem exatamente dessa forma, mas a grande maioria o faz. Tanto é assim, que parece que as histórias de ascensão e queda permanecem essencialmente iguais; e as únicas coisas que mudam são as roupas dos personagens e as tecnologias que eles usam. Então, aonde estamos indo? O FUTURO A maioria dos impérios têm seu tempo ao sol e inevitavelmente declinam. Reverter um declínio é difícil, porque isso requer desfazer muito do que já foi feito, mas é possível. Ao observar esses indicadores, é muito fácil ver em qual estágio do grande ciclo o império está, o quão forte está; e se sua condição está melhorando ou piorando. Isso pode ajudar a estimar quantos anos ele ainda terá. Ainda assim, as estimativas não são precisas e o ciclo pode ser estendido se aqueles no poder prestarem atenção aos sinais vitais e os melhorarem. Por exemplo, sabendo que uma pessoa tem 60 anos, o quão em forma está, se ela fuma ou não e alguns outros sinais vitais básicos, pode-se estimar sua longevidade. Pode-se fazer isso com impérios e seus sinais vitais também. Não será preciso, mas será um indicativo geral e dará direções claras de passos a se tomar para aumentar a longeviade. É quase sempre o caso de que: A maior guerra de uma nação é consigo mesma. Se consegue ou não tomar as difíceis decisões necessárias para manter seu sucesso. Em relação ao que precisamos fazer, resume-se a duas coisas: arrecadar mais do que gastamos e tratar bem uns aos outros. Toda as demais coisas que citei: educação forte, inventividade, competitividade e todo o resto, são apenas formas de fazer essas duas coisas. É fácil medir se estamos fazendo isso, então como pessoas que querem entrar em forma, vamos aderir ao programa e melhorar nossos indicadores. Vamos fazer isso individual e coletivamente. Meu objetivo ao compartilhar essa imagem de como o mundo funciona e alguns princípios para lidar bem com isso, é ajudá-lo a reconhecer onde estamos e os desafios que enfrentamos; e a tomar decisões sábias, que são necessárias para navegar bem nesses tempos. Já que há muito mais para discutir e estamos sem tempo, você pode aprender mais no meu livro PRINCÍPIOS PARA LIDAR COM A MUDANÇA DA ORDEM MUNDIAL e espero continuar essa conversa em eocnomicsprinciples.org e nas mídias sociais. Obrigado, e que a força da evolução esteja com você.