(Música de piano) Estamos no Brera em Milão e estamos vendo uma enorme pintura de Tintoretto, mas esta é uma da série de pinturas do tema São Marcos, o mais importante santo de Veneza. Esta foi encomendada para a Escola de São Marcos ou a confraria de São Marcos em Veneza. por um homem chamado Rangone, E ele pode ser visto no meio da pintura ajoelhado em um fabuloso brocado de ouro. Gesticulando para o corpo de São Marcos. Agora, toda esta pintura parece ter lugar horripilantemente em um cemitério. É arrepiante. É realmente arrepiante. É muito escuro. Bem, é uma cena noturna. E está iluminado por uma vela. Então temos este vasto espaço arquitetônico, criado por esta perspectiva exagerada. Mas antes de nos perdernos na pintura, vamos falar sobre o que realmente está acontecendo aqui. Ok. É a história de quando é encontrado o corpo de São Marcos. São Marcos morreu e foi enterrado em Alexandria que está no Egito, e a história é que no século IX mercadores venezianos foram recuperar o corpo. Estes mercadores venezianos foram para encontrar o corpo de São Marcos para trazer de volta para o cristianismo do Egito islâmico, da Alexandria islámica. Temos este espaço perspectivo. A atenção dos nossos olhos vão para a parte escura do fundo, e aí vemos muitas figuras e ambas sombras e silhuetas encontrando o corpo de São Marcos em um túmulo brilhantemente iluminado e podemos ver a pedra sendo levantada. Temos uma narrativa contínua. Temos a cena dois no primeiro plano à esquerda onde vemos o corpo de São Marcos escorçado, espalmado no chão na parte superior de um tapete. Pintado com uma maravilhosa frouxidão que me faz lembrar a morte de Cristo com um selvagem escorço e a maneira que olhamos para o corpo desde os pés à cabeça. Vemos a textura da tinta a óleo e contornos muito escuros e uma forte iluminação sobre ese corpo. Vemos também o padrão de Tintoretto, o homem que pagou por essas pinturas, quem parece gesticular sobre o corpo de São Marcos de maneira protetora. De maneira que nos faz sentir que essa figura não pertence a este tempo. Ele não é um veneziano do século IX. Ele é um veneziano do século XVI. Há um colapso de tempo e espaço. É uma imagem complicada. Não somente por encontrar o corpo ao fundo da pintura e depois o vemos na frente da pintura mas depois vemos esta figura nobre em vermelho e azul que permanece à esquerda deste corpo morto e amarelado e este também é São Marcos. Milagrosamente vivo, tornando este grande gesto para parar a invasão dos túmulos isso está acontecendo à direita onde vemos outro corpo sendo removido do túmulo. Ok. Então se olhamos para a arquitetura vemos novamente este espaço recessivo com todos estes arcos e à direita dos arcos podemos ver uma série de túmulos que estão anexados às paredes e em um deles próximos nós uma figura está abaixando suavemente um destes corpos. Então, é um tipo profanação, e ao mesmo tempo, de um tipo de honra. Finalmente , sobre o inferior direito, vemos duas figuras que são possuídas por demônios que parecem estar agarrando o corpo de uma mulher que está se movendo para fora da tela em nossa direção. E ainda não falamos sobre o que faz com que esta pintura seja mais notável, ao meu ver, que é o uso radical de luz, cor e espaço. Eu nunca vi um pintor que tão cedo tomou essa licença em relação às tradições da pintura. O espaço corre em volta. O corpo de São Marcos é heróico e alongado. O contraste da luz e da escuridão são dramáticos e intenso. É como se todas as ferramentas do o Renascimento estivessem sendo usadas para fins expressivos. Vejam a maneira que isso produz uma imagem que é tão diferente de qualquer coisa que poderia ser esperada de Raphael. Ao invés disso, é um mundo de mistério onde somente a delimitação mais fraca das formas é dada. Então, aqui estamos, por volta de 1560, depois da Reforma. depois do Concílio de Trento. Isto é o maneirismo. Todo o equilíbrio e a harmonia que esperamos do Renascimento alto quando pensamos em artistas como Raphael. Temos aqui o oposto. Temos uma composição que vem à parte, que está se esticando em suas costuras . Vemos aqui décadas de experiência com tinta óleo, dos artistas de Veneza. Belleni no final do século 15, Ticiano, e aqui trazido a uma grandeza de efeitos, de visibilidade real das pinceladas de Tintoretto. (Música de piano)