(música de piano) (dra. Beth Harris & dr. Steven Zucker) "Somente aqui as cores fazem de tudo e pela sua simplificação, um estilo grandioso para coisas é ser sugestivo aqui primeiramente de descanso ou sono em geral em uma palavra, olhar para o quadro deve descansar a mente ou melhor ainda, a imaginação." A passagem acima que lemos, veio de uma carta que Van Gogh escreveu ao seu irmão Theo e na verdade refere-se à primeira versão deste quadro. Mas a passagem que se destaca para mim neste quadro é: "cor tem que fazer tudo". Aplica-se muito bem a este quadro e quando penso nesta frase, penso em uma ideia radical que ocorre no final do século 19 com a pintura nos elementos formais de cor, as linhas, os contornos. Os pintores começaram a explorar a maneira com que estes elementos podem ser expressivos por si mesmos. O que você está falando, é sobre a própria raiz da abstração, então, não é que isso é representativo. É que qualidades formais de pintar podem ter seu próprio aspecto de experiência. Mais como a música que tem seu tom puro, a cor também, forma também, podem ter seu valor emocional. É verdade! As linhas que compõem a pintura, aquela sensação de solidez, as cores, a harmonia entre as cores, a relação entre as formas, que essas coisas poderiam sugerir uma ideia ou uma emoção. Independente do que representam. Distanciando-se da ideia da arte copiando um mundo real. Neste caso, a ideia de que Van Gogh queria representar era paz e harmonia e repouso. Para muita gente, relaciona-se as pinceladas de Van Gogh com sua biografia. Mas ao prestar atenção às próprias palavras de Van Gogh, você percebe que sua intenção era nas qualidades estruturais e emocionais da cor. E apesar de podermos ver suas pinceladas e os travesseiros aonde a tinta parece quase descrever o volume dos travesseiros. E mesmo assim, há a percepção do espaço inclinando-se para cima ao correr para trás rapidamente e das coisas estarem ligeiramente tortas. Eu realmente tenho esta sensação de que a pintura de Van Gogh tenta criar um mundo aqui nesta casa amarela em Arles, aonde mudou-se de Paris. Um lugar que poderia ser a base de uma comunidade, um lugar para artistas virem e focarem em fazer arte. E há algo sobre a simplicidade do espaço que parece tão diferente do materialismo e da sofisticação de Paris. Então este é um refúgio e um extremamente pessoal, mas ele criou um espaço com tanto amor e cuidado. Ele está de certa forma nos convidando a nos sentir em casa. Amor e cuidado de uma maneira diferente do que esperaríamos normalmente. O cuidado a que me referi, foi o cuidado que é baseado em sua observação, em sua experiência neste quarto, seu contato com aquele assento, seu dormir naquela cama, sua íntima experiência que ele foi capaz de nos transmitir com um imediatismo extraordinário. Pense por um segundo sobre a sofisticação do mundo artístico de Paris e da expectativa de uma plateia parisiense. E olhe para aquele toucador comum de madeira como ele mencionou em sua carta. Parece que foi desenhado por uma criança. Não tem modulação alguma, tem linha externas azuis e a cor é senão monótona, plana. A perspectiva não faz sentido. Acho que esta pintura deve ter parecido com a de um artista que não foi treinado devidamente. No entanto, aqui está um artista que trabalhou através de uma lista de estilos do início do século 19 Como por exemplo com a arte de pessoas como Millet e movendo-se pelos impressionistas, e então realmente prestando atenção aos neoimpressionists como Seurat e aqui encontrando um uso bem direto da tinta que penso que para Van Gogh parecia absolutamente autêntico. Autenticidade é a palavra chave acredito que para muitos artistas, incluindo Gaugin no final do séc. 18 e início do séc. 19. Esta ideia de encontrar experiência autêntica e esta não sendo a experiência da cidade. Isso retorna para algumas ideias que permeiam os trabalhos de digamos, Courbet. Mas este é um contraste claro entre a sofisticação da cidade e de certa forma que a verdade e a franqueza do campo. Van Gogh tem sido capaz de transmitir lindamente. Esta é uma pintura que também significa uma espécie de convite aos seus amigos do norte que ele tinha esperanças que descessem e juntassem-se a ele. Ele tem uma ideia de criar um certo cenário utópico para artistas fazerem arte longe da cidade em certo tipo de comunhão com a natureza. Van Gogh nos dá um tipo de inocência extraordinariamente sofisticada. (música de piano)