Bestialidade é um assunto tão tabu que a própria palavra é suficiente para despertar reações que vão do desconforto e repulsa à indignação moral e condenação ética. Apesar da sua relevância em diversas áreas, a bestialidade está totalmente ausente do discurso público. Mas e se esses atos tão vilipendiados não forem uma rara perversão da sexualidade humana, relegada para os cantos mais sombrios da Internet, mas práticas cotidianas comuns apoiadas e desfrutadas pela grande maioria da sociedade? Olá, é a Emily do Bite Size Vegan. Bem-vindo a mais um vegan nugget! A definição do termo “bestialidade”, com "e" aberto para qualquer não-americano que prefira pronunciá-lo como está escrito, evoluiu ao longo do tempo desde a sua origem, em que significava conduta depravada digna de um animal para a denotação moderna de relações sexuais entre seres humanos e animais. Gostaria de ressalvar que por uma questão de clareza e conveniência, usarei maioritariamente o termo "animal" em vez do mais preciso “animal não humano”. Uma reflexão posterior decididamente estranha que tenta retificar uma falsa divisão abordada aqui mesmo neste vídeo. E fique tranquilo, não vou mostrar quaisquer imagens ou representações de bestialidade hoje. O que acabou de me fazer perder algumas das pessoas que estavam assistindo. Além disso, você poderá encontrar referências detalhadas para tudo o que eu afirmo, bem como uma bibliografia e muitos recursos adicionais e coisas que não tive tempo de encaixar neste vídeo, na postagem do blog linkada na descrição abaixo. Com isso fora do caminho, é hora de enfrentar este tabu atemporal! A bestialidade pode parecer um assunto que é bem preto no branco: sexo com animais é errado, ponto final. Mas descartar o tema tão rapidamente, certamente devido ao desconforto que ele causa, não leva em conta a presença constante da bestialidade ao longo da história e da nossa vida cotidiana. A mitologia antiga está repleta de deuses tomando a forma de animais para copular com humanos, entre muitas outras coisas bestiais que prontamente ensinamos às crianças no ensino médio. Mas se um professor distribuísse uma história envolvendo sexo entre humanos e animais escrita na atualidade, uma apreciação culta dos clássicos rapidamente se tornaria uma distribuição potencialmente criminosa de pornografia. E embora muitos estados na América tenham aplicado rigorosas leis contra o ato de meramente fotografar uma criança posando com um animal de uma forma que pareça remotamente sugestiva, as crianças nas fazendas da América podem participar em atividades extracurriculares em que aprendem a manejar sêmen de porco ou a estimular sexualmente uma porca. Se tentarmos avaliar esses exemplos objetivamente, o que o assunto, reconhecidamente, torna complicado se não mesmo impossível, a divisão entre o educacional e o imoral ou o criminoso se torna em grande parte uma questão de contexto cultural. O que levanta a questão: o quê exatamente há de tão ruim na bestialidade? O criminologista Piers Beirne aponta para os mandamentos de Moisés (Êxodo 22:19, Levítico 18:23 e 20:15-16 e Deuteronômio 27:21) como "a justificativa mais antiga e influente para a censura da bestialidade", com a pena recomendada sendo a morte. Remanescentes desta origem moral são evidenciados pela linguagem de alguma da legislação secular de hoje, com vários estados da América, por exemplo, retendo terminologia como "crime contra a natureza", "antinatural", "pervertido", "abominável", "detestável" e, o meu favorito,"sodomia." Surpreendentemente, a bestialidade continuou a ser punível com pena de morte no início do período moderno, com a Suécia executando até 700 pessoas entre 1635 e 1778, junto com os animais envolvidos. E o último enforcamento conhecido por bestialidade nos Estados Unidos foi realizado por ordem do Tribunal Superior de Connecticut em janeiro de 1800. Considerando que esta é uma censura pré-bíblica, pode ser surpreendente saber que em muitos países ainda não existem quaisquer leis que abordem o contato sexual entre humanos e animais. Em 2015, a Dinamarca foi o último país do Norte da Europa a proibir a bestialidade deixando a Finlândia, a Romênia e a Hungria como os últimos redutos na União Europeia. Nos Estados Unidos, a bestialidade continua legal em pelo menos oito estados e Washington DC, e 17 dos 42 restantes só promulgaram legislação desde 1999. Embora na verdade a nova legislação do Ohio, assinada no mês passado, só vá entrar em vigor em março deste ano. E apenas incluiu a proibição da bestialidade como forma de aprovar um projeto de lei impopular. Oba, integridade moral... Dos estados com leis já em vigor, as penas e sentenças vão desde uma contravenção com mínimo não definido no Nebraska até um crime punido com prisão não inferior a 7 anos e que pode ir até 20 anos em Rhode Island. O ressurgimento moderno de legislação revelou uma mudança na conceptualização e na classificação legal da bestialidade, de “crime contra a moral pública" para "ato de crueldade contra os animais", com a Califórnia e Oregon indo ao ponto de designá-lo como "agressão sexual de um animal." A Advogada Rebecca F. Wisch do Animal Legal & Historical Center propõe que esta terminologia “Pode refletir a avaliação desses estados de que os animais são incapazes de consentir”, essencialmente concedendo a animais não humanos o estatuto de “vítima”. Com a variação extrema de estado para estado, e mais ainda de país para país, não só da classificação criminal e da pena para a bestialidade, mas também da própria definição do que o ato implica, ficamos mais uma vez com a pergunta do quê exatamente torna a bestialidade tão censurável. Toda a legislação sobre bestialidade inclui exceções para as práticas aceitas da indústria animal. Portanto, ao eliminar quaisquer ações permitidas, talvez consigamos entender a raiz do que há de errado com a bestialidade. Vamos começar com os parâmetros bastante desadequados do que era tradicionalmente considerada a referência legal para violação sexual: penetração. Pode parecer que isso apresenta uma linha divisória bem definida, até pensarmos na longa lista de práticas agrícolas, para não falar na experimentação animal e em métodos de obtenção de peles, que envolvem penetração. Então, se a penetração em si não é o problema, talvez a penetração prejudicial? Esse também não pode ser o problema, já que a experimentação animal, a obtenção de peles e práticas agrícolas envolvendo penetração podem causar, e causam, danos. Animais na indústria das peles são frequentemente mortos por eletrocussão genital e anal. E nem temos tempo para listar todas as formas bizarras nas quais a experimentação animal em vários campos de pesquisa envolve uma gama infinita de penetração prejudicial e dolorosa. Até mesmo na indústria de alimentos, por exemplo, a grande maioria dos animais de criação hoje são reproduzidos por inseminação artificial (IA). As vacas na indústria de laticínios são repetidamente emprenhadas por IA, para manter o fluxo de leite para consumo humano. Como nós, elas só produzem leite para os seus bebês, que são tirados de suas mães imediatamente após o nascimento. As fêmeas são mantidas como futuras produtoras de leite e os machos são enviados para uma fazenda de carne de vitela ou mortos a tiro. Além do impacto psicológico e emocional de ter seus bebês retirados uma e outra vez, o próprio processo de inseminação pode ser fisicamente prejudicial, especialmente considerando que a maioria das inseminações são realizadas por não veterinários. Já que o treinamento de IA envolve praticar em vacas vivas, alguns cursos são realizados em matadouros, embora um veterinário do Reino Unido tenha aconselhado que “inseminadores novatos não devem praticar em vacas, a menos que elas vão ser abatidas no dia do treinamento.” Talvez o elemento censurável que separa práticas agrícolas comuns da bestialidade seja o uso deliberado de força durante a penetração? Para isso, recorro ao relato do autor Jim Mason sobre o tempo em que trabalhou em uma fazenda de criação de perus, e à sua descrição da prática padrão da indústria: “Eles me colocaram para trabalhar primeiro no poço, agarrando e quebrando peruas. Quebrar peruas era um trabalho difícil, rápido e sujo. Eu tinha tinha que colocar a mão na calha, pegar uma perua pelas pernas e segurá-la, com os tornozelos cruzados, com uma mão. Então, enquanto eu a segurava na beira do poço, passava minha outra mão sobre seu traseiro, empurrando para cima as penas da cauda e expondo a abertura de ventilação. As aves pesavam de 20 a 30 lbs., estavam apavoradas, batiam as asas e lutavam em pânico. Com a perua assim "quebrada", o inseminador enfiava o polegar embaixo do buraco e empurrava para ele abrir. Aí, inseria o tubo de sêmen. Então os dois homens a soltavam e a perua se afastava pelo chão da casa. Dois quebradores faziam 10 peruas por minuto, ou cada quebrador 5 peruas por minuto; uma perua a cada 12 segundos.” Na indústria de carne suína, os leitões são o produto, e por isso as porcas-mães, tal como vacas leiteiras, são sujeitas a um ciclo constante de gestações. Mesmo na UE, onde cabines de amarração para manter os porcos acorrentados foram proibidas, a inseminação artificial é uma das várias exceções incluídas na lei em que os porcos podem legalmente ser acorrentados no lugar. Então, se a penetração forçada da vagina, ânus ou cloaca de um animal, resultando em danos físicos e/ou psicológicos e causando claros sinais de angústia não é o que é censurável... talvez seja quando a ação realizada sobre o animal é ela mesma claramente sexual, não apenas pelas partes do corpo envolvidas. Considere o relato seguinte: “Cada porco tinha sua própria pequena perversão que o homem tinha que fazer para excitá-lo. Talvez tivesse que segurar o pênis do porco exatamente da maneira que o porco gostava, talvez tivesse que masturbar alguns deles exatamente da forma certa. Havia um porco, ele me disse, que queria que brincassem com o ânus dele. 'Tenho que enfiar meu dedo na bunda dele, ele realmente adora isso', ele me disse. Ele é um dos melhores neste negócio.” Sem contexto, onde você colocaria isto na linha entre o pornográfico e o permissível? Sua resposta mudaria se eu lhe contasse que esse trecho foi escrito por uma especialista renomada e respeitada internacionalmente em manejo de gado e bem-estar animal? Em caso afirmativo, o que mudou no próprio relato? Esse trecho vem do livro da Dra. Temple Grandin "Animals in Translation", que ela é descrita na seção “sobre” como “um modelo para centenas de milhares de famílias e pessoas". Grandin continua seu tour pelas práticas de reprodução de suínos, descrevendo como, ao contrário das vacas, as porcas têm que ser sexualmente excitadas para conceber, então os trabalhadores têm que excitá-las manualmente antes da inseminação. Ok. Se a masturbação manual, altamente individualizada de porcos até à conclusão e a estimulação sexual de porcas antes da inserção de sêmen de porco são atos abertamente narrados por uma professora respeitada e um modelo para famílias, temo que nossa avaliação de bom senso possa ser um exercício fútil. Especialmente quando levamos em consideração métodos de coleta de sêmen de touros, nomeadamente o uso de uma vagina artificial, eletroejaculação ou massagem transretal. O primeiro método costuma usar um touro "teaser", geralmente um espécime com baixo valor de reprodução, que é treinado, às vezes dolorosamente, através de um anel no nariz e serve para que o touro "doador" monte nele, já que a força pode ferir as fêmeas. A técnica mais problemática, eletroejaculação, envolve a inserção de uma sonda no ânus do touro e a aplicação de choques elétricos para estimular a ejaculação. É amplamente sabido que é doloroso e foi proibido em alguns países da UE. No entanto, você pode ver imagens de eletroejaculação no canal do Irish Farm Journal no YouTube, bem como encontrar, em toda a plataforma, centenas de vídeos de aquisição de sêmen e inseminação, incluindo como excitar sexualmente uma porca, um tema também abordado em profundidade nos recursos de educação de jovens do programa Pork Checkoff. No meu vídeo “Os animais querem ser comidos?” eu forneço exemplos do retrato sexualizado de animais na publicidade, muitas vezes seduzindo os possíveis consumidores da sua carcaça. Até mesmo programas de televisão convencionais apresentam imagens que, se o contexto fosse ligeiramente alterado, poderiam resultar na perda da licença da rede e provocar uma onda de processos judiciais. Como um rápido aparte pessoal, acho o fato de que a ampla gama de vídeos semelhantes a bestialidade no YouTube permanece irrestrita e até monetizada, enquanto o vídeo de uma das minhas palestras permanece com restrição de idade, apesar dessa censura violar as próprias políticas do YouTube... só um pouquinho frustrante. Devo dizer que acho que nossa avaliação comparativa por exclusão atingiu um beco sem saída. O único elemento que ainda não avaliamos é a intenção e a experiência do humano ao cometer o ato. Esse é o fator determinante em várias leis estaduais de bestialidade, como a de Delaware, que especifica que o contato seja “para fins de gratificação sexual.” Mas se essa é realmente a raiz da nossa objeção à bestialidade, então essencialmente voltamos ao princípio, à base moral original para a sua censura, apesar da mudança moderna em direção à classificação como crueldade contra animais e ao estabelecimento de animais como vítimas. Como exatamente a intenção da pessoa envolvida, ou se o ato é parte do seu trabalho, ou realizado em um contexto médico, ajuda o indivíduo que está sendo violado? Eu imagino que o cargo de alguém não seja grande conforto para a vaca imobilizada e penetrada forçosamente para a sua próxima rodada de desgosto. E que o prazer ou falta dele da parte do trabalhador que opera a sonda anal não sirva de muito para diminuir a dolorosa corrente elétrica dando choques nos nervos pélvicos de um touro. Esses absurdos são o resultado da nossa mudança arbitrária dos animais, de propriedade a família, a vítima, a margem de lucro, dependendo das nossas necessidades. E conforme as suas funções mudam, mudam também os tipos de danos que podemos lhes infligir. Em sua resposta à resenha controversa pelo filósofo Peter Singer do livro Heavy Petting, a Dra. Karen Davis, da United Poultry Concerns, aborda essa mercantilização progressiva: “Historicamente, a pecuária facilitou a bestialidade não apenas pela proximidade dos animais de criação, mas porque controlar os corpos de outras criaturas convida a essa extensão de uma licença que já foi tirada.” Em um dos infelizmente numerosos casos de abuso sexual de animais extremo na indústria alimentar que fica tão longe das normas prescritas que leva a uma acusação criminal, imagens secretas e notas detalhadas dos investigadores mostraram abusos rotineiros em um criadouro de porcos em Iowa, onde milhares de porcas-mães são mantidas em caixas de gestação apertadas. Trabalhadores batiam em porcas grávidas com objetos duros de metal, as chutavam no estômago e na cabeça, enfiavam varões em suas vaginas e ânus e atacavam porcas feridas com um bastão elétrico, entre outras infrações. O vídeo também captou trabalhadores cortando as caudas e arrancando os testículos de leitões “incluindo alguns com hérnias escrotais, cujos intestinos ficaram totalmente protuberantes após o corte” - tudo sem qualquer anestesia. E, em uma das infrações mais citadas na mídia, trabalhadores foram mostrados jogando leitões doentes ou deformados contra o solo, deixando-os, segundo os investigadores, morrendo lentamente, com seus “crânios esmagados, esperneando e se contorcendo, ofegando por ar, enquanto outros eram empilhados em cima deles em caixas gigantes”. Um artigo na NBC News incluiu comentários de ninguém menos que Temple Grandin, descrita como "uma especialista de topo em bem-estar animal", que disse que "embora essas sejam práticas padrão da indústria, o tratamento das porcas no vídeo estava longe disso”, chamando-o de “abuso atroz de animais”. Só para esclarecer, caso não fosse óbvio, bater e violar as porcas-mães era o "abuso atroz de animais". As “práticas padrão da indústria” a que Grandin se refere são a mutilação não anestesiada de leitões recém-nascidos e jogar brutalmente bebês defeituosos contra o chão de concreto. Essas práticas não apenas são legais, como são aprovadas pelos governos em países como os Estados Unidos, Canadá, União Europeia e não só." Veja, é isso que as práticas padrão têm de bom: não sei quanto a você, mas se eu visse esse vídeo e me perguntassem o que era abuso e o que era normal, eu diria tudo errado!" Quando se trata da nossa relação com os animais não humanos, possuímos um nível notável de dissonância cognitiva, somada a vários pontos cegos. Basta observar como designamos indivíduos como "amigo" ou "comida" baseados em fatores tão arbitrários como a localização geográfica ou a posse de um nome dado por humanos. Em um país, um cachorro é visto como um "animal de estimação" - até um membro da família. Mas nascido em uma parte diferente do mundo, o mesmo cachorro seria visto como "jantar". Nada mudou sobre o cachorro em si - apenas a sua localização geográfica e, mais importante, a percepção do seu papel e valor pelos humanos decidindo o seu destino. Essa mudança subjetiva de valor atribuído é a base do antropocentrismo, um sistema de crenças que "vê os humanos como separados de e superiores à natureza e sustenta que a vida humana tem valor intrínseco, enquanto outras entidades, incluindo animais, plantas, etc. são recursos que podem justificadamente ser explorados para o benefício da humanidade.” Nossa visão de mundo antropocêntrica explica muitas demonstrações bizarras de pensamento duplo dos humanos. Um exemplo que cobri no meu discurso “O melhor que temos a oferecer”, sobre questões legislativas relacionadas com a crueldade contra os animais, foi quando a União Europeia assinou o Tratado de Lisboa, reconhecendo os animais não humanos como legalmente sencientes, merecendo liberdade da fome, sede, desconforto, dor, lesão, doença, medo, angústia e sofrimento mental. E depois usou esse mesmo reconhecimento da sua capacidade de sentir as mesmas emoções e sensações que nós sentimos para estabelecer a maneira exata como os humanos podem legalmente violá-los, aprisioná-los, cortá-los, queimá-los, modificá-los e assassiná-los. Um relatório preliminar para a nova legislação comparou o custo financeiro de gasear contra triturar vivos os estimados 335 milhões de pintinhos machos indesejados nascidos na indústria de ovos da UE a cada ano. Como descobriram que a trituração, ou maceração, era muito mais econômica, ela foi codificada como o método preferencial na legislação de proteção animal "revolucionária" criada depois. Em seu artigo “Animais de estimação ou carne”, a professora de Direito Marry Anne Case destaca as complicações decorrentes da condenação da bestialidade com base na incapacidade de consentir. Mencionando como até o treinamento dos animais de estimação é uma forma de persuasão difícil de diferenciar em termos de consentimento", Case conclui que: “Se achamos que deveria existir um controle legal mais apertado ou rigoroso sobre o treinamento de pets para fazer algo que viole as leis anti-bestialidade do que para fazer outros truques idiotas, devemos admitir claramente que é a nossa atitude perante o sexo, mais do que a nossa preocupação com a liberdade de escolha ou o bem-estar dos animais, que nos motiva." Longe de ter os interesses dos animais em conta, parece que, como o Dr. Davis escreveu, “A principal e mais comum objeção à bestialidade... é que sexo entre humanos e não humanos, independentemente das circunstâncias em que ocorre, incluindo estupro, é 'uma ofensa ao nosso status e dignidade como seres humanos'.” Esse é o poder da percepção humana. Que a nossa violação dos seus corpos é uma afronta à nossa dignidade. Davis descreve como, em relação à bestialidade, alguns defensores dos animais apresentaram o argumento de que "animais não humanos não estão em condições de dar consentimento informado, dada a sua presumível inferioridade intelectual inerente perante os seres humanos.” Mesmo em sua suposta defesa, nós os insultamos. É por isso que, em "Repensando a bestialidade", um dos poucos ensaios abordando o assunto da bestialidade do ponto de vista dos direitos dos animais, o criminologista Piers Beirne clama por "um conceito de agressão sexual entre espécies", independente da indignação moral, de alusões vazias ao estatuto de vítima e da falta de consentimento devida à idiotice. Referenciando Carol J. Adams, Beirne estabelece a base para uma abordagem à agressão sexual de animais realmente centrada na vítima: “... na tentativa de substituir o antropocentrismo com um reconhecimento da senciência dos animais, devemos começar pelo fato de que, em quase todas as situações, humanos e animais existem em uma relação de potencial ou real coerção. Para que consentimento genuíno de relações sexuais esteja presente, ambos os participantes devem estar conscientes, totalmente informados e certos dos seus desejos. A bestialidade envolve coerção sexual porque os animais são incapazes de genuinamente dizer sim ou não para humanos de uma forma que possamos prontamente compreender. Se não conseguimos saber se os animais consentem as nossas abordagens sexuais, então somos tão culpados quando toleramos relações sexuais entre espécies como quando deixamos de condenar adultos que têm relações sexuais com bebês ou com crianças ou com outros que, por alguma razão, não são capazes de recusar a participação.” Espero que esta análise bastante intensiva da bestialidade tenha dado a você algo em que pensar. Por favor, compartilhe-a. Gostaria de agradecer aos meus patronos de $50 ou mais e a toda a minha família Nugget Army no Patreon por tornar possível que eu faça estas pesquisas, dê palestras por todo o mundo e crie centenas de vídeos educacionais gratuitos. Se você gostaria de ajudar a apoiar os esforços educacionais do Bite Size Vegan, por favor veja os links de apoio abaixo ou o link na barra lateral. Inscreva-se no canal e clique no sino para receber notificações de mais conteúdo vegano. Agora viva vegano, questione a sua percepção, e até breve! Vamos ver quanto tempo isso vai durar no YouTube...