Passagem Secreta Apresenta Não é segredo pra ninguém afirmar que a Sega nos anos 80 fazia muito sucesso nos arcades com jogos como Space Harrier, Hang-On e Out Run, que buscavam reproduzir novas experiências de jogo com gráficos espetaculares para a época. Esses games se tornaram clássicos constantemente revividos com novas conversões ou até continuações. No entanto, há um jogo da empresa que pertence a essa categoria, mas passa sempre despercebido pelos apreciadores de velharias. Senhoras e senhores, apresento a vocês a análise de Galaxy Force II. A máquina, lançada em 1988, oferecia uma ótima alternativa ao sucesso que After Burner estava fazendo, e assim como esse game, é uma continuação cujo jogo original nunca foi lançado. Coisas da Sega, né. Porém, ao invés de abater caças inimigos, dessa vez o jogador é colocado no controle de uma nave que passa por diversos planetas com o objetivo de derrubar o império opressor e toda aquela coisa de sempre. Mas a jogabilidade é um pouco mais complexa, olha só: a nave começa com uma certa quantidade de energia que vai diminuindo constantemente. Ao derrotar os inimigos com os tiros e os mísseis de lock-on, o jogador vai acumulando mais energia bônus que em alguns pontos-chaves da fase é adicionado à energia restante que a nave possui. A nave também começa com um escudo que após três ou quatro ataques se desfaz. A partir daí, qualquer tiro, batida ou catástrofe desconta diretamente da energia da nave, tornando as coisas mais complicadas do que nunca. As fases consistem em partes em campo aberto e outras em um túnel fechado, até chegar ao núcleo da base do inimigo que deve ser prontamente destruído. Bem original, né? Logo no começo, o game lhe dá a possibilidade de escolher com qual capítulo começar, e dá até pra fazer certas estratégias através desse esquema, já que dá pra escolher uma fase mais difícil no começo, e depois partir para outras menos complicadas. O esquema de controle da nave é bem interessante, possuindo um manche normal e uma alavanca especial pra aceleração e freio, que é importante em alguns momentos como esse aí. A versão de luxo da cabine de jogo possuía um sistema hidráulico que se movia de acordo com a ação, mostrando mais uma vez a preocupação da Sega em oferecer uma experiência única de jogo, culminando no aterrorizante R360 alguns anos depois. >>Menino: Eu quero sair! >>Rafael Fernandes: Enfim, os gráficos eram sensacionais para a época, utilizando o máximo dos efeitos de escala de sprites, rotação e qualquer outra coisa parecida, Galaxy Force possuía gráficos avançadíssimos e muita originalidade de design. É realmente impressionante como alguns elementos de cenário só seriam vistos em algum console de forma decente somente alguns anos depois. Já o som é ótimo. Os efeitos sonoros de tiros e explosões são muito bem feitos. Já a trilha sonora do jogo consiste em ótimas composições, que de alguma forma a instrumentação do chip de som do arcade não faz jus. Produzidas por Katsuhiro Hayashi e Koichi Namiki, esse daí do bigode e de boina (sem referências, é claro), as músicas foram rearranjadas de diversas formas pela Sega, como nesse arranjo da Beyond the Galaxy, a música da primeira fase, pela S.S.T. Band. Galaxy Force Medley Extraído de S.S.T. Band Live History DVD Diante dessas características positivas a respeito do jogo, por que Galaxy Force não é tão lembrado quanto outras franquias clássicas da Sega? Bem, vamos especular: o jogo é difícil e complicado demais; é claro que você pode dizer que After Burner comia as fichas dos jogadores, mas ele não tinha um esquema de estilo de energia decrescente que só reabastecia a cada inimigo abatido que só carregava em pontos-chave do mapa. Era algo muito mais simples do que isso. Eu tenho a ligeira impressão que esse excesso de complexidade acabou condenando o jogo. Agora, um fato concreto que pode ter acabado com qualquer chance de criar uma franquia tá relacionado com as conversões que a Sega fez para os consoles. Tudo bem que Galaxy Force tem gráficos e efeitos especiais estonteantes, e seriam quase impossíveis de reproduzir em casa sem uma bela de uma gambiarra. Porém, ao invés de se empenhar em fazer algo decente, como nos ports de Out Run e After Burner, por exemplo, a empresa simplesmente jogou tudo pro alto e tornou a versão de Master System num jogo totalmente sem sentido de existência, como vocês podem ver nessa aberração aí. Como se isso não fosse suficiente, a versão de Mega Drive ficou nas mãos de uma tal de CRI, que conseguiu fazer um trabalho tão ruim que poucos conseguiriam fazer. Os gráficos, o som, tudo foi rebaixado ao medíocre, sendo bem equiparável ao do Super Thunder Blade, um dos primeiros jogos do Mega Drive. Há um excesso de flicker e lentidão, isso quando não são os dois juntos, trazendo um medo do console travar pra sempre. Os túneis das bases inimigas acabaram se transformando em dutos de ventilação, e tudo parece bem malfeito e ruim. Sem dúvida essas conversões serviram pra afundar a franquia, que poderia muito bem fazer jus a jogos semelhantes das outras empresas, como por exemplo o Star Fox da Nintendo. Em resumo, Galaxy Force tinha um excelente potencial pra seguir em frente com continuações, mas acabou desperdiçado. Pra aqueles que querem curtir a versão original de arcade, há uma versão especial desse clássico para o PlayStation 2, na coletânea Sega Ages. Lançado em 2007, o relançamento possui uma versão estendida do jogo, com suporte a widescreen, uma versão rearranjada da trilha sonora original, e gráficos com diversas correções e filtros aplicados. É uma boa pra quem deseja curtir esse clássico perdido em meio às presepadas da Sega. Produzido por Rafael Fernandes @rafafernandes64 http://passagemsecreta.com