Atualmente, há uma grande preocupação de que nossa tecnologia está ficando tão inteligente que estamos caminhando para um futuro sem empregos. Creio que o exemplo do carro autodirigível é o mais fácil de visualizar. Isso será incrível por muitos motivos. Mas vocês sabiam que a profissão de motorista é a mais comum em 29 dos 50 estados norte-americanos? O que acontecerá com esses empregos quando não dirigirmos mais nossos carros, não cozinharmos nossa comida ou não diagnosticarmos nossas próprias doenças? Um estudo recente da empresa Forrester Research prevê que 25 milhões de empregos podem desaparecer nos próximos dez anos. Para entendermos melhor, isso é três vezes o número de empregos perdidos após a crise financeira. E não apenas os empregos de colarinho azul estão em risco. Em Wall Street e em todo Vale do Silício, estamos vendo enormes ganhos na qualidade da análise e da tomada de decisões devido à aprendizagem de máquinas. Assim, até os mais inteligentes e bem pagos serão afetados. O que está claro é que não importa qual o seu trabalho, uma parte, se não todo o seu trabalho, será feito por um robô ou software nos próximos anos. E esse é o motivo pelo qual pessoas como Mark Zuckerberg e Bill Gates falam da necessidade de uma renda mínima financiada pelo governo. Mas, se nossos políticos não concordam em coisas como assistência médica ou mesmo merenda escolar, não vejo um caminho onde eles entrarão em consenso em algo tão grande e caro como uma renda básica universal. Em vez disso, a resposta precisa ser liderada por nós, na indústria. Temos que reconhecer a mudança que está à nossa frente e começar a projetar os novos tipos de empregos que ainda serão relevantes na era da robótica. A boa notícia é que enfrentamos e nos recuperamos de duas extinções em massa de empregos antes. De 1870 a 1970, a porcentagem de trabalhadores norte-americanos em fazendas caiu em 90% e depois novamente de 1950 a 2010, a porcentagem de norte-americanos trabalhando em fábricas caiu em 75%. O desafio que enfrentamos neste momento, no entanto, é único. Tivemos 100 anos para mudarmos de fazendas para fábricas e depois 60 anos para construirmos uma economia de serviços. A taxa de mudança atualmente sugere que teremos apenas de 10 a 15 anos para nos ajustarmos e, se não reagirmos rápido o suficiente, no mesmo tempo em que os alunos do ensino fundamental de hoje se tornarem universitários, poderemos estar vivendo em um mundo robótico, de grande desemprego e preso a uma espécie de crise econômica incomparável. Mas não creio que deva ser desse jeito. Eu trabalho com inovação e parte do meu trabalho é moldar como empresas aplicam novas tecnologias. Certamente, algumas dessas tecnologias são especificamente projetadas para substituir trabalhadores humanos. Porém, creio que, se começarmos a tomar providências agora para mudar a natureza do trabalho, podemos não apenas criar ambientes onde as pessoas adorem ir trabalhar, mas também criar a inovação que precisamos para substituir os milhões de empregos que serão perdidos para a tecnologia. Acredito que a chave para prevenir nosso futuro sem empregos é redescobrir o que nos faz humanos e criar uma nova geração de trabalhos centrados no ser humano que nos permitam desbloquear talentos e paixões escondidas que carregamos todos os dias. Mas, primeiramente, é importante reconhecer que nós trouxemos esse problema para nós mesmos. E não somente porque somos nós que estamos construindo os robôs. Mas, embora a maioria dos empregos tenha deixado a fábrica há décadas, ainda mantemos essa mentalidade de padronização e desqualificação. Ainda definimos empregos baseados em tarefas e pagamos às pessoas pelo número de horas em que realizam essas tarefas. Criamos definições de trabalho limitadas como caixa, taxista ou processador de empréstimos e pedimos que as pessoas construíssem carreiras em torno dessas tarefas singulares. Essas escolhas nos deixaram com dois efeitos colaterais perigosos. O primeiro é que esses empregos limitados serão os primeiros a serem substituídos pelos robôs, pois robôs de tarefa única são os mais fáceis de construir. O segundo é que acidentalmente fizemos com que milhões de trabalhadores ao redor do mundo tivessem vidas profissionais incrivelmente chatas. (Risos) Vamos analisar um atendente de "callcenter". Nas últimas décadas, nos gabamos de menores custos operacionais porque tiramos a maior parte da capacidade intelectual de uma pessoa e a colocamos no sistema. Durante a maior parte do dia, eles clicam em telas e leem roteiros. Atuam mais como máquinas do que humanos. E, infelizmente, ao longo dos próximos anos, com nossa tecnologia avançando, eles, junto com pessoas como balconistas e contadores, verão a grande maioria de seus empregos desaparecerem. Em contrapartida, temos que criar novos empregos menos centrados nas tarefas que uma pessoa faz e mais focados nas habilidades que ela traz para o trabalho. Por exemplo, robôs são ótimos em tarefas repetitivas e restritas, mas os humanos têm uma habilidade incrível de juntar capacidade com criatividade quando enfrentam problemas nunca vistos anteriormente. É quando se tem uma nova surpresa todos os dias que criamos um trabalho para humanos e não para robôs. Nossos empresários e engenheiros já vivem nesse mundo, mas também nossas enfermeiras, encanadores e terapeutas. É a natureza de muitas companhias e organizações apenas pedir às pessoas para fazerem seus trabalhos. Mas, se o seu trabalho é melhor executado por um robô ou suas decisões são melhor tomadas por IA, o que você deveria estar fazendo? Bem, creio que para o gerente, precisamos pensar de forma realista sobre as tarefas que desaparecerão nos próximos anos e começar a planejar trabalhos mais significativos e valiosos. Precisamos criar ambientes em que humanos e robôs prosperem juntos. Digo, vamos dar mais trabalho aos robôs, começando com o trabalho que absolutamente odiamos fazer. Aqui, robô, faça este relatório dolorosamente idiota. (Risos) E mova esta caixa. Obrigado. (Risos) E para os seres humanos, devemos seguir o conselho de Harry Davis da Universidade de Chicago. Ele diz que devemos fazer as pessoas não deixarem muito de si mesmas no porta-malas do carro. Quero dizer, humanos são fantásticos nos fins de semana. Pensem naqueles que vocês conhecem e o que eles fazem aos sábados. Eles são artistas, carpinteiros, chefes e atletas. Mas, na segunda-feira, voltam a ser Especialista de Recursos Humanos Júnior e Analista de Sistemas III. (Risos) Esses títulos limitados não somente soam entediantes, mas são realmente um encorajamento sutil para as pessoas fazerem contribuições limitadas e entediantes. Porém, quando você convida as pessoas para serem mais, elas podem nos surpreender com o quanto mais podem ser. Há alguns anos, eu trabalhava em um grande banco que tentava trazer mais inovação para a cultura da empresa. Então, criamos um concurso de prototipagem que convidava a todos para projetarem qualquer coisa que desejassem. Na verdade, tentávamos descobrir se o fator limitante de inovação era a falta de ideias ou de talento e vimos que não era nenhuma das duas. Era um problema de empoderamento. E os resultados do programa foram incríveis. Começamos pedindo para as pessoas reverem o que elas poderiam trazer para o time. Este concurso não foi apenas uma chance para construírem o que quisessem, mas também de serem tudo o que quisessem. E quando não eram mais limitadas pelos seus títulos de trabalho, sentiram-se livres para trazerem diferentes habilidades e talentos para os problemas que tentavam resolver. Vimos o pessoal de TI sendo designers, pessoas do marketing sendo arquitetas e até pessoas do financeiro exibindo suas habilidades de escrever piadas. Aplicamos esse programa duas vezes e a cada vez, mais de 400 pessoas mostraram talentos inesperados e resolveram problemas que queriam solucionar há anos. Coletivamente, criaram milhões de dólares de valor, criando coisas como um melhor sistema de toques para callcenters, ferramentas mais fáceis para ramais e até um sistema de agradecimento que se tornou um alicerce no trabalho dos funcionários. Ao longo de oito semanas, as pessoas flexionaram músculos que nunca sonharam em usar no trabalho. Aprenderam novas habilidades, conheceram novas pessoas e, ao final, alguém me puxou e disse: "Eu tenho que te dizer, as últimas semanas foram as experiências mais intensas e difíceis da minha vida inteira de trabalho, mas em nenhum momento parecia ser trabalho". E essa é a chave. Nessas poucas semanas, elas foram criadoras e inovadoras. Elas sonhavam com soluções para os problemas que as incomodavam há anos e essa foi uma chance de transformar esses sonhos em realidade. E sonhar é uma parte importante que nos difere das máquinas. Por enquanto, nossas máquinas não ficam frustradas, não ficam irritadas e, certamente, não imaginam. Mas nós, como seres humanos, sentimos dor, nos frustramos. E é quando estamos mais aborrecidos e curiosos que somos motivados a estudar um problema e criar uma mudança. Nossa imaginação é a criadora de novos produtos, novos serviços e até mesmo novas indústrias. Creio que os empregos do futuro virão da mente de pessoas que atualmente chamamos de analistas e especialistas, mas somente se dermos a liberdade e proteção que precisam para crescerem para se tornarem exploradores e inventores. Se queremos nossos empregos à prova de robôs, nós, como líderes, precisamos deixar a mentalidade de dizer às pessoas o que fazer e sim, perguntar-lhes quais problemas estão inspiradas para resolver e quais talentos querem trazer para o trabalho. Pois, quando é possível trazer o seu eu de sábado para trabalhar às quartas, você esperará mais pelas segundas-feiras; e esses sentimentos que temos sobre as segundas, são parte do que nos torna humanos. E conforme redesenhamos o trabalho para uma era de máquinas inteligentes, convido-os a trabalharem ao meu lado para trazer mais humanidade para nossas vidas profissionais. Obrigado. (Aplausos)