O seguinte filme retrata eventos
que ocorreram em Outubro de 2007.
Contém material considerado
provas oficiais da polícia.
Algumas das pessoas envolvidas nestes
factos declinaram ser entrevistadas.
"Serviços de Emergência
GRAVAÇÃO DA OPERADORA"
Estou? Polícia, Bombeiros ou Ambulância?
Estou?
Sim?
Deseja a Polícia, Bombeiros ou Ambulância?
Estou!?
Por favor ajude-me...
Vamos ajudá-la, diga-nos o que
aconteceu...
...estamos na plataforma 1, estamos
na estação... Por favor tem de...
...o meu amigo está a morrer...
Está a sangrar...!
Por favor tenha calma, preciso que me
diga onde está e o que está a acontecer.
Não sei, estamos na estação e algo...
...atacou o nosso amigo.
Certo, por favor mantenha a calma.
Disse que está na estação. Em qual?
...Alguém que me ajude!
Que estás a fazer?
Está aí?
Em que estação está? Está lá?
Está lá, Miss?
Está lá, está aí?
Miss?
O TÚNEL
O governo de New South Wales
apresentou uma solução radical
para a crise de água.
Que passa por aproveitar um depósito
de água abandonado na cidade.
95 milhões de dólares
vão ser gastos
num sofisticado sistema de reciclagem
de água no coração de Sydney.
O meu nome é Natasha Warner,
trabalho em jornalismo e temas da
actualidade há mais de 10 anos.
Era um desejo meu contar histórias.
Desejava inteirar o público
e, parecia ser o lugar
ideal para mim.
O Ministro do Ambiente de NSW
tem sido pressionado durante
os últimos 12 meses.
As reservas de água de Sydney
são as mais baixas de todos os tempos.
Somos um governo progressista
e face às condições climáticas
temos de considerar todas as
possibilidades, e reciclar água
é definitivamente um passo
para o futuro.
Pela primeira vez deparei-me com uma
história focada no governo
que acabava de anunciar alguns dos
planos para a reciclagem de água
e desejava utilizar túneis
subterrâneos abandonados
por baixo do nosso maior
sistema ferroviário.
Milhares de pessoas circulam por
aqui todos os dias
sem dar conta que a solução
do governo para a crise de água
situa-se por baixo dos seus pés.
O plano é construir
uma infra-estrutura de reciclagem
para aproveitar milhões de litros de
água existentes nos túneis abandonados.
Não sabia o quão vasto era.
Praticamente existe uma cidade distinta
por baixo de nós.
As "associações" dizem que os túneis são
um refúgio dos sem-abrigo de Sydney.
A construção da infra-estrutura
deixá-los-ia sem ter para onde ir.
Estas preocupações com os sem-abrigo
pode significar um obstáculo
na solução do governo
para a crise de água.
Num cenário similar nos EUA,
centenas de sem-abrigo
foram recentemente desalojados
dos túneis subterrâneos.
Causando uma agitação na
opinião pública.
Pode ver de forma rápida
por que o governo
tem imensos problemas
para desalojar os sem-abrigo.
Ou seja, tentar percorrer
estes labirintos de túneis
é complicado.
Conseguir encontrar pessoas
aqui resguardadas
é praticamente impossível.
O Ministro do Ambiente
mencionou
não haver indícios
que alguém viva nos túneis de Sydney.
Comentou que se ganhar as eleições,
a solução para a crise avançará.
Após o aparato inicial,
a história evaporou...
Parecia que nunca se tinha
falado no assunto.
Então fez-se luz na minha cabeça.
As coisas não se evaporam assim.
Sempre que se pára de falar em algo,
tenho de questionar o motivo.
É a minha profissão como jornalista.
7 de Outubro
Aniversário do produtor
John Rice
Saúde, John.
Feliz aniversário.
O meu aniversário...
Qual é a tua mensagem
de aniversário?
- Que tens a dizer?
- John...
Na realidade, posso contar-te
uma história sobre o John.
Talvez vocês não saibam,
foi no ano de 1991...
O meu nome é Steve Miller,
sou operador de câmara.
Trabalho em jornalismo e temas da
actualidade desde meados dos anos 80.
Eu e o Pete éramos principiantes,
e enviaram-nos para a guerra do Golfo.
Então tivemos de telefonar para
o escritório,
para o John, que era
o director na época,
e dissemos-lhe:
"Envia-nos mais dinheiro.
"Precisamos de comprar máscaras de gás,
fatos anti-químicos e outras coisas."
Então enviou-nos, uns $10 mil.
Quando apanhámos o dinheiro na mão,
dissemos: "Caramba, vamos é curtir!"
Quando soou as sirenes antiaéreas,
toda a gente colocava as máscaras,
e nós só dissemos:
"Estamos lixados."
Casamos com o trabalho,
e as pessoas com quem trabalhas,
tornam-se a nossa família.
Trata-se de um belo rapaz,
mas não é grande coisa no trabalho.
- Vem cá, "Tangles".
- Estás a falar de quê?
Estou a falar da época
quando estivemos...
Tiveste duas semanas nos EUA
sem auscultadores.
Lembras-te?
- E alguém reparou?
- Ninguém!
- Ele é um génio.
- Só prova que sou bom.
Não preciso de ouvir,
pressinto nos botões.
Quando tens uma equipa,
quando tens o Steve
e o "Tangles" nessa equipa,
eles são...
São profissionais,
mas também parecem uns miúdos.
No final do dia gostam mesmo é
de uma boa festa e curtir.
Lembro-me da Natasha,
estava noutra estação
quando após alguns anos
cruzou os nossos caminhos.
A primeira impressão?
Era apenas mais uma jovem
que veio
para ser bem remunerada,
sem provas dadas.
E julgava ser a próxima "vedeta".
Pete! Pete!
Uma reunião da produção?
Reunião da produção.
Reunião da produção.
Estão a falar da produção
de algumas...
...pescarias.
Bem... produ...
É melhor desligares isso.
- Pete!
- Pete!
Estavas a esconder-te!
- Estou mesmo aqui.
- Já não tínhamos feito história?
Vem cá, amigo.
O Pete e eu, tivemos
uma boa relação profissional.
Ele era muito determinado
no seu trabalho
e eu muito determinada
na forma como ia fazer o meu.
Por vezes trabalhávamos
bem em grupo,
noutras, havia algo
que causava um certo atrito.
Sempre que o nome dela vinha à tona,
mudava-se logo de assunto.
Quando pensas no passado,
dizes:
"Algo aconteceu."
10 de Outubro
Encontrei um vídeo no YouTube
que mostrava alguns jovens
que deturpavam e vandalizavam
zonas em redor dos túneis.
Sef?
Fizeste isto?
Estás a gozar comigo!
Deram-te uma lição, hã?
Podes crer.
Isto é o que penso da tua merda, MK.
Nesse vídeo
havia algo desconhecido.
Inequivocamente, porém, havia
qualquer coisa no interior do túnel.
Que raio foi isto?
- Que foi isto?
- Cala-te.
Bolas, que raio foi isto?
Eles ainda cá estão.
- Dá-me a lanterna...
- Sef, vamos sair daqui.
Dá-me o raio da lanterna...
- Não! Vá lá!
- Tudo bem, está tudo bem.
Julgas que podes grafitar
por cima do meu trabalho, achas?
Porra, Sef, vá lá.
Temos de...
Porra.
- Sef!
- Sef?
Sef? Mas que raio, Sef? Vá lá!
Espera.
Sef, responde-me!
- Sef!
- Porra para isto. Vou sair daqui.
Dez, espera aí.
Não vais a lado nenhum. Espera.
- J, vamos!
- Dez, pára!
Sef, vai-te lixar!
Que raio estás a fazer? Socorro!
Sef? Sef, responde-me, por favor!
Quando vi o vídeo, pensei: "Este é um
tema que eu e o John podemos profundar."
Tipo,
"Finalmente, tenho algo importante."
Desde quando um jornalista digno
usa o YouTube para pesquisa?
Era um vídeo excelente, mas na altura
pensei: "Ela endoideceu."
Quando apresentei a história ao John,
ele envolveu o Pete nela.
O que significava que...
O Pete tinha um trabalho
já programado na China
e estava muito emocionado
com isso.
E eu tive de dar-lhe a notícia que
já não ia fazer esse trabalho.
12 de Outubro
Quando soube da história dos túneis
e que podia ter algum potencial
foi quando tinha tudo preparado
para ir até à China, com o Pete.
Amigo, queria filmar um gráfico
que está aí nalgum lugar.
- Consegues mostrá-lo?
- Sim. Não te preocupes.
Excelente.
Ele trabalhou naquele tema
por bastante tempo
estava entusiasmado e ansioso
com o trabalho.
Acho que tinha tudo para lograr,
isso podia lançar a sua carreira,
o que era óptimo.
- O que achas?
- Está bom.
Pelo custo das reparações.
Obrigado, Tangles. Boa.
Não atires mais câmaras
pelas escadas.
Sim, eu disse-vos que a culpa
não é minha, está bem?
- Feliz por levares a câmara portátil?
- Quanto mais leve, melhor.
Absolutamente, amigo.
Afinal vamos para a China.
Mais espaço para DVDs baratos,
e softwares piratas.
Conta com isso, amigo.
Foi decisão exclusiva do John
colocar o Pete nesta história.
Bom, sentia-me algo desconfortável
por o Pete estar envolvido.
Como disse antes,
por vezes tínhamos alguns atritos.
Sentia-me muito nervosa
em falar com o Pete.
Não era capaz de dizer-lhe.
Não era muito animador,
quando se tem esperanças
numa grande história
e de repente recebes uma sanduiche
de merda.
Naquele momento achei que
estava a fazer o mais correcto.
Pensei que o facto do Pete adiar
o que havia planeado
ia ter os seus frutos no final
da história.
Ele disse que foi falar com o John.
Não sei o que aconteceu naquela
sala,
nem do conteúdo da conversa
mas, sim, ele falou com o John
a respeito disso,
e acho que foi a partir desse
momento
que ficou claro que ele não ia para
a China e a Nat tinha ganho o dia.
Por que o John assim o
decidiu?
Ora essa. Todos nós sabemos
por que o John favorecia a Nat.
14 de Outubro
Uma vez que tínhamos o Peter na história
assistíamos às conferências diárias
para tentar averiguar o que aconteceu
com os planos de reciclagem de água.
O Pete estava aborrecido,
mas, ele é um profissional.
Levou um dia ou dois,
depois ultrapassou tudo
pois tem de ser mesmo assim.
Ele começou a fazer a sua
própria pesquisa,
ele tinha conhecimentos no governo
com quem manteve contactos.
Então começaram a surgir
alguns rumores
que não eram só os sem-abrigo
que viviam nos túneis,
como também alguns estavam
desaparecidos.
Foi naquele momento
que começámos a pensar
que podia haver algo mais.
Assim começámos por
seguir os passos do Ministro
do Ambiente.
O que chamava mais a atenção...
era que ele mantinha-se em
silêncio sobre o assunto.
Ele não quis falar connosco.
Ninguém queria falar connosco.
Desde aí, começámos
o nosso contra-ataque.
Se era verdade que havia
sem-abrigo desaparecidos,
então era uma grande história.
E de enorme importância.
- Onde está ele?
- Ali à frente.
Ministro!
Ministro, já viu o relatório sobre os
sem-abrigo nos túneis?
Não tenho nada a comentar.
Abortou os seus planos porque
desapareceu pessoas nos túneis?
Sem comentários.
Sem comentários.
Ministro, devemo-nos preocupar?
Existe alguma ameaça
nos túneis?
Então?
Certo... está tudo bem.
O que achas?
Sabia que não íamos
conseguir nada.
Acho que definitivamente
numa grande escala
havia imensas pessoas
no governo
que sabiam o que se passava.
Eles sabiam o que se passava
lá em baixo.
Com tudo o que aconteceu
posteriormente,
eles estavam a ocultar-nos algo.
18 de Outubro
Comecei a entrar em contacto com alguns
sem-abrigo espalhados pela cidade,
e, finalmente, encontrei
um sem-abrigo em particular
que eu acreditava ter
vivido nos túneis.
Isso foi...
Digo, era fantástico.
Tínhamos, finalmente, alguém
com quem falar.
Certo, Trevor, um segundo.
Vou ajeitar o micro, assim está bem.
Não sei como é que ela encontrou
o Trevor, mas a Natasha encontrou-o.
Arranjámos um espaço,
e preparámo-lo para a entrevista.
Sim, está pronto.
Certo, amigo. Vai ser divertido.
Vai aparecer na televisão.
Certo, pessoal, estou pronto.
Trevor, se não se sentir confortável
com alguma coisa
diga-mo a qualquer momento.
E, quando lhe fizer as
perguntas,
se não souber responder,
não há problema...
podemos corrigir isso mais tarde,
portanto não se preocupe.
- Óptimo.
- Sim? Obrigada.
Bom, a entrevista com o Trevor
foi um pouco atribulada
mas é algo que não esteja, creio,
habituada a lidar.
Trevor, entendo que tenha tido
uma vida dura...
Chame-me de Trev.
Trev? Está bem.
Trev, entendo que a sua vida seja
difícil há muito tempo.
Quais foram as circunstâncias que
o levaram a viver nos túneis?
Mantém-nos, a mim e aos meus amigos,
quentes no inverno.
Começou tudo muito bem,
a conversa fluía.
Começou por me contar um pouco sobre,
as circunstâncias,
que o levaram a viver nos túneis.
Começou a descrever como era
realmente a vida lá dentro.
E entre os seus amigos,
o Alfie, o Johnny e o Harry
e outros,
eles ainda vivem lá, agora?
Não.
Trev?
Está tudo bem?
Sente-se confortável?
Sim.
Naquela altura da entrevista,
perguntei ao Trevor
o que tinha vivido nos túneis.
Perguntei-lhe o que tinha visto.
Claramente, tinha acontecido
algo com ele.
Trevor, conhece alguém que tenha
desaparecido?
Trevor, aconteceu alguma coisa
consigo lá em baixo?
Trevor...
...sente-se bem?
Não!
Gaita.
- Filmaste tudo?
- Sim. Estou a filmar.
Meu Deus.
- Enlouqueceu.
- Eu sei.
Após a entrevista com o Trevor, era
evidente que estávamos perante algo.
Todas as peças do puzzle mostravam
que havia algo mais profundo.
Não sabia o quê.
Necessitava de algo mais.
Tínhamos de descer ao local.
19 de Outubro
A sua chamada pode ser
gravada para outras finalidades.
Por favor avise o operador se desejar
que a sua chamada não seja gravada.
Estou, fala a Pam.
Olá, Pam, daqui fala a Natasha Warner.
Como estás?
- Estou bem, Nat, e tu?
- Sim, estou bem, obrigada.
Olha, queria saber se me
podias ajudar.
Estou numa reportagem e precisava de
entrar nos túneis por baixo da CBD.
Com quem preciso de falar
para ir avante?
Certo. De que se trata a reportagem?
Só precisava de uma meia-hora.
Aguarda um segundo...
Nat, lamento...
Não posso ajudar-te.
Como assim?
Aparentemente, ninguém pode
lá entrar,
e tu não és diferente dos outros.
Vá lá, Pam, sou eu.
Exactamente. Houve pessoas que já
o tentaram. Não posso fazer nada.
Na verdade, preciso mesmo.
Olha, Pam, podes ajudar-me?
- Lamento, Nat. Adeus.
- É só meia-hora...
Agora apercebo-me e posso
dizer que estava muito pressionada
para obter esta reportagem.
Só pensava que...
Só estava a fazer o meu trabalho.
Estava concentrada em fazer
o meu trabalho.
Pairava uns boatos
que ela estava em apuros, e que
só queria manter-se em jogo
caso contrário batia com
a porta.
Bom, creio que sempre me empenhei
na minha carreira
e estava basicamente dependente
desta... desta história.
Na realidade, não tinha escolha.
Então, Tangles,
como está a tua cabeça, amigo?
Pete, sou como um tubarão.
Enquanto estiver em movimento, estou bem.
É assim que te vês
após o Steve expulsar-te
da casa de banho a noite passada.
Steve, temos um brinquedo novo.
- Um impermeável! Um TG!
- Do melhor.
Foi dinheiro bem gasto.
Não é só resistente à água,
também aguenta debaixo de água?
Sim, é à prova de água.
- Podes fazer uma demonstração?
- Vou aumentar o som. Isso.
Claro, amigo.
- Está pronto.
- Sim.
Pete, preciso que me digas
uma merda qualquer.
- Espera...
- Um, dois.
- Diz qualquer merda.
- "Qualquer merda."
Estou muito emocionado por
descer àqueles esgotos fedorentos...
Olá, como estás?
Não consegui nenhuma autorização,
mas o John vai apoiar-nos, sim?
Quando a Natasha disse que o John
ia apoiar-nos
e não tínhamos autorizações...
Era um atrevimento,
ficámos ali sentados e pensámos:
"Bom, vai tudo correr bem."
- Tens a certeza?
- Sim.
- Quando?
- Vai ser esta noite.
- Esta noite? Está tudo pronto?
- Sim, amigo.
- Esta noite. Estás pronto?
- Sim, amigo.
- Tudo bem.
- Quanto mais rápido melhor, hã?
Sim.
Como equipa... o nosso trabalho
é filmar e conseguir a cobertura.
E não questioná-lo.
20 de Outubro - 22:34
Pete volta para trás. Vou filmar
a Nat a caminhar.
Sim? Está bem.
Peço desculpa, pessoal? Pessoal...
Esperem, isto é uma área restrita.
Desculpe, amigo.
Se calhar ninguém o informou.
Vamos filmar só meia-hora.
Vamos ser muito rápidos.
- É só fazer umas filmagens...
- Preciso de ver a autorização.
- Autorização?
- Sim...
- Tem autorização?
- Tenho a licença de condução.
Pete... quanto tens na carteira?
Estás a gozar, não estás?
Isto não é o terceiro mundo,
não vai resultar.
Pessoal? Está na hora de se retirarem,
por favor.
- Eu disse-te.
- Raios partam.
Vamos embora.
Já tinha ido longe demais
não podia recuar.
Decidimos encontrar outra
maneira de entrar,
com ou sem assistência... oficial.
Encontrámos um acesso
por outro lado.
Sim, parecia um acesso
de manutenção.
- De certeza que o John apoia isto?
- Anima-te, Pete.
Naquele momento,
comecei a pressentir
que algo ia correr mal.
Então, pensei,
em proteger-me, a mim e ao Tangles,
e realmente proteger
a todos nós,
Decidi filmar tudo o que
acontecia naquele local.
Pensei que tínhamos de ter
o necessário para
nos proteger,
se alguma coisa corresse mal.
Se fôssemos multados ou
até mesmo presos,
tinha de ter uma prova de que
não fui eu
que os obriguei a estarem ali,
e tão pouco o Tangles,
mas sim a Natasha.
Segura isto.
Cá vamos nós.
Vamos lá.
- Estás bem?
- Queres isto.
Sim.
Depressa.
Tivemos o cuidado de deixar
tudo como estava,
não queríamos ser apanhados.
Olhando na perspectiva...
...foi provavelmente um erro.
Estamos bem?
Estamos em segurança aqui?
Foi o que ela disse.
Ela disse que o John amparava-nos.
Quando começamos a filmar
uma história...
...a verdade é esta:
"Vamos a isto."
O Pete e a Natasha,
cuidavam do conteúdo editorial,
o meu trabalho é conseguir
uma boa perspectiva
e conseguir uma boa
imagem.
Viras-te e regressas. Vou
captar-te junto a essa grade.
Aguarda um instante.
O Tangles e eu estávamos com
a pujança toda e só queríamos
filmar sem limites,
como sempre fazíamos.
Não precisávamos dum realizador,
bastava improvisar.
Quando percorremos o seu interior,
deparámos com uma divisão de túneis
que eram na sua totalidade
escuros.
Era uma completa escuridão
naquele local.
Estavas no seu interior,
desligavas a luz, davas meia volta
e não sabias onde estavas.
Havia ligações de túneis
por todo o lado.
Então...
Da primeira vez que desliguei a
luz, só pensei
em manter a luz acesa e
permanecer juntos
caso contrário vamos
perder-nos facilmente.
- Tangles?
- Estou aqui.
Vem cá, amigo.
Há algo de errado com a minha luz.
Podes verificar?
- Que queres dizer?
- É a ligação?
Podes ver se é mau contacto?
Há algo preso nela?
Merda!
Como fui cair nisto?
Obrigado, Steve.
Agora fiquei cegueta.
- Bestial.
- Vamos.
O Pete tinha um mapa dos túneis,
quanto mais andávamos, tínhamos a
certeza de que o mapa não estava certo.
Havia secções de túneis que não
estavam mencionadas no mapa.
Ilumina aqui, Steve.
Aqui é a entrada,
foi por onde descemos...
Vejamos. Este aqui não aparece...
Não sei o que seja.
É por ali.
Sim, deve ser esse o caminho.
Uma vez superada e ultrapassada
a área de acesso de manutenção
e quanto mais entrávamos
nas profundezas dos túneis,
a impressão que tive foi...
isto é incrível.
Era vasto, aquilo era enorme.
Isto é impressionante.
Merda, o som é espectacular.
Pete? Dás-me 10 minutos
para captar umas imagens?
Dou-te cinco.
- Cinco?
- Sim.
Estávamos muito próximos
da estação, então,
o Pete queria manter-nos
despercebidos.
Ficámos impressionados com o tamanho,
era enorme e misterioso.
Acho que denotámos
respeito por aquilo.
Não era difícil obter
belas imagens,
porque só usamos a luz para
deslumbrar
e para onde quer que se apontasse
parecia tudo espectacular.
- Parece tudo óptimo.
- Pessoal, silêncio por um segundo.
Sim, parece óptimo.
A história destes túneis, neste em
particular, o qual apreciávamos,
era incrível.
Datava antes da segunda
guerra mundial.
Eles estavam a ser usados
como sistema ferroviário.
Na segunda guerra mundial foram
utilizados como abrigo antiaéreo.
Venham ver isto.
O actual governo de NSW
não é o primeiro a usar estes
túneis para outros propósitos.
Estou numa secção do túnel
que foi convertido num abrigo antiaéreo
durante a segunda guerra mundial.
Tinha todas as comodidades
para que os soldados permanecessem
durante longos períodos.
Vários compartimentos foram...
...reutilizados e remodelados
para os treinos da SAS.
Assim de uma maneira ou outra, creio,
tinham de ser modificados,
para se adequarem aos anunciados
planos de reciclagem de água.
Tive a sorte de encontrar a
área onde
era evidente, em definitivo,
que existiam sem-abrigo
ou, tinham lá habitado.
Óptimo, passa-me isso.
- Estou bem?
- Espera um segundo.
Podes começar quando quiseres.
Caminhámos no interior do túnel
menos de uma hora,
e encontrámos o lugar
de alguém.
Assim podem ver camas
improvisadas, cobertores
e latas vazias de comida.
Assistir àqueles pertences
era muito importante,
era vital para a reportagem.
Era uma prova absoluta
que havia vida lá em baixo.
Enquanto, de momento, não há
sinal dos ocupantes,
está claro que as afirmações do Ministro
sobre os túneis abandonados é falsa.
Aquilo era algo que o governo
negava.
É algo que podíamos provar.
Nat, vou-te filmar a desceres.
Porreiro.
Dá-me a lanterna.
Obrigada.
- Amigo, o que se passa?
- O quê? Nada.
Aquilo é um pouco apertado, gorducho.
Achas que conseguias lá passar?
Deves estar farto de viver.
- Nat! Estás bem?
- Nat, estás bem?
Sim, estou bem.
- Queres ajuda?
- Não, estou bem.
Nat? Olha, já filmámos o
dormitório e tudo o resto,
não precisamos de ir
até ao lago.
- Podemos fazer o resto aqui.
- Pete... Pete, estou bem.
- Acho que é um pouco...
- Estou bem!
Vamos continuar.
Muito bem, levas isso.
- O que comeu ela?
- Ela precisa mesmo desta história.
Depois do que aconteceu da última vez,
ela está por um fio.
Sim, acho que sim.
Foi por isso que o John pôs-me nisto,
para que ela não lixe tudo novamente.
Se ela não merece, por que ele
não lhe dá um pontapé no traseiro?
Acho que o John prefere
dar-lhe outra coisa.
Então ele que vá para a fila
atrás de ti, não é?
Pessoal, fica registado
para futuras conversas
que nestes túneis o som
flui muito bem.
E, tanto quanto pude ouvir,
vocês são uns parvalhões.
Vai-te lixar!
- Dá-me a lanterna.
- Sim, espera.
Aqui tens, amigo.
Desce, parvalhão.
Pete, levantas esta alavanca,
para captar uns sons?
Para onde?
Óptimo.
Pontapeia-o.
Pontapeia-o.
Põe isso a andar.
- O que estamos a fazer?
- Dá-lhe uma patada.
Tu mandas.
"Uno", "dos", "tres", "cuatro".
Obrigado, pessoal.
O lago era... tão... extenso.
Aquilo estendia-se por
um quilómetro de distância.
É maior do que pensava.
Sim, é igual ao meu.
Eu e o Tangles começámos
a brincar um pouco,
gostamos de pregar partidas
entre nós.
Se não fosse eu a fazê-lo,
tinha-o feito ele.
Assim que aproximei-me dele...
...estávamos à beira do lago,
dei-lhe um empurrão.
Sabes como é, agarrava-lhe nos
ombros, empurrava-o
e puxava-o para trás novamente.
Mas só o empurrei, e regressei
logo para junto da câmara...
...onde ele estava.
- Merda.
- Tangles, estás bem?
- Ele escorregou.
- Belo mergulho, amigo.
Steve, és... um anormal.
Isto não tem graça.
Está gelada.
- Não vão ajudá-lo?
- Não, que se lixe!
Isto não... parem de rir, sim?
Quanto vamos ficar aqui
em baixo?
O Tangles, é muito brincalhão,
mas
quando chega a hora de trabalhar,
ele torna-se sério,
e não há tempo para brincadeiras.
O departamento criativo está pronto.
Quando quiseres.
Muito bem.
Nat, avança um pouco.
Ele é do tipo que quando
me dá a impressão de que
havia problemas,
Eu acreditava nele.
Estou situada por baixo
de uma das mais
movimentadas estações
de comboios de Sydney.
Atrás de mim está o esquecido
recurso de água
que causou toda a controvérsia.
No início deste ano o governo...
- Nat, desculpa. Pete, fizeste barulho?
- Não.
- Não estavas a sussurrar?
- Não.
Muito bem. Desculpa, Nat.
Podemos iniciar?
A todos, silêncio.
Obrigado.
Vamos iniciar.
Vamos a isto.
Quando quiseres, Nat.
Estou situada por baixo
de uma das mais
movimentadas estações
de comboios de Sydney.
Atrás de mim está o esquecido
recurso de água...
Nat, desculpa. Estão a gozar comigo?
Que barulho é esse?
O que ouviste, amigo?
Deve ser... esperem,
vou verificar a bateria.
Não faço ideia.
- Talvez sejam os teus cabos.
- Sim, os cabos não falam, Steve.
Muito bem. Desculpa, Nat.
Repete, já vejo o que posso fazer.
Podes continuar.
Se o Tangles disse que ouviu algo,
acredito que sim.
Não consigo descrever
o silêncio daquele lugar,
por isso no momento não senti...
que tivesse escutado algo.
Era... era estranho.
Pensava que tivesse
sido um problema técnico,
podia ter sido qualquer coisa, alguma
interferência no rádio, algo assim.
Mas, o Tangles estava inflexível
que tinha acontecido algo,
e, quando ele está sério sobre alguma
coisa, acreditem nele.
No início deste ano,
o governo anunciou,
para em seguida abortar silenciosamente,
os planos para reciclar água deste lago.
O Ministro do Ambiente
não explicou o motivo.
- Excelente. Pete, satisfeito?
- Eu estou satisfeito, e tu Tangles?
Sim, está óptimo.
Certo, vamos embora.
Vamos, apanha os cabos.
Muito bem, vamos embora.
Após termos terminado
a nossa parte no lago,
decidimos ir à sala do sino.
Muito bem, Nat.
Basicamente a sala do sino
foi construída
para sinalizar um ataque
aéreo durante a guerra.
Usavam-na para avisar
as pessoas do perigo.
Quando soámos o sino,
foi ensurdecedor.
Até os ossos tremeram.
Este sino é uma relíquia da
segunda guerra mundial.
Permanece aqui nos confins
de um abrigo antiaéreo,
o seu som soava a existência
de perigo iminente.
Merda, os níveis atingiram
o máximo, desculpa...
Espera. Nat, podes soar
o sino mais uma vez?
- Sim. Estás pronto?
- Sim.
Que tal foi?
Não, olha, para melhorar,
provavelmente é melhor fazer
o som do corredor.
- Está bem. Se for preciso.
- Porreiro, dois segundos.
O Tangles decidiu... ir para a sala
adjacente à sala do sino
e gravar de lá
para diminuir o nível do
som do sino,
pois ali tinha atingido os
níveis máximos.
Não sei muito sobre
gravação áudio,
mas na altura pensei:
"Isto é um pouco estranho"
Para quê fazer aquilo?
Bastava baixar um pouco os níveis.
Era mais simples.
Steve, fazes-me um favor?
Podias pôr os auscultadores,
e verificar os níveis por mim?
Por que não mandas o Pete fazê-lo?
Se sabe filmar,
também percebe de som.
Não, amigo, hoje já fiz um trabalho
bastante duro.
Não te rales, Nat.
Faço isto por ti, amigo.
Desculpem, malta, mas faz
demasiado eco aqui.
Ele pediu-me para ouvir
o som por ele,
o qual estava bom.
Era só colocar os auscultadores
e escutar a gravação.
- Toma, Tangles. Leva isto.
- Muito obrigado.
E quando a Nat voltou a fazê-lo
novamente,
e... foi...
Foi quando...
...foi quando o ouvi.
Estou pronto.
Atmosfera do sino.
Quando quiseres, Nat.
Mas que raios?
- Ouviste... ouviste isto?
- Sim.
Tangles!
Tangles!
- Merda.
- Tangles!
Pete, precisamos de luz aqui.
Tangles!
- Rápido, a luz.
- Merda. Steve, onde estás?
Estou aqui.
Em frente, em frente...
Dá-me a câmara, amigo.
Ele desapareceu.
- Aonde foi ele?
- Tangles!
- O que ouviste nos auscultadores?
- Tangles!
O que ouviste nos auscultadores?
Tangles!
Será que nos pregou uma partida?
- Tangles!
- Tangles, aparece, amigo!
Steve, por aqui.
- Tangles!
- Tangles!
- Tangles!
- Vou por aqui.
Sim.
Sabia que algo estava errado.
Sabia que ele não estava
na brincadeira.
O meu primeiro pensamento
era encontrá-lo.
Aquilo era normal neles,
então a minha primeira reacção
foi que eles não estavam a brincar.
A Nat pensava que tínhamos
pregado uma partida, foi isso?
Falaste com ela?
Ela pensava que estávamos
a brincar?
Natasha ouve a gravação áudio do Tangles
na sala do sino pela primeira vez.
Tangles, está bom?
Sim, podemos avançar.
Atmosfera do sino.
Tangles!
- Talvez por aqui...
- Não, isso não tem saída.
Tangles!
- Cuidado com o que pisas.
- Tangles!
- Lindo.
- O que se passa?
- É a bateria.
- Acabou?
Não faz mal.
Precisas de luz?
Tens uma suplente?
Sim, tenho-a aqui, espera.
Era mais do que evidente,
que não seríamos capazes de encontrar
alguém ou alguma coisa sem luz.
Encontrei-a.
Vamos conseguir, amigo.
Vamos encontrá-lo, certo?
Tangles!
Agora, que tinha luz na câmara,
sabia que tinha cerca
de duas, talvez três horas no máximo,
de iluminação.
- Steve, onde está o teu equipamento?
- Tangles!
- Steve, onde está o teu equipamento?
- O quê?
- Onde está o teu equipamento?
- Está na sala do sino.
Muito bem, as lanternas estão todas
aqui, não estão?
Essa é a única luz que tens
e mais nada.
Precisamos de mais lanternas.
Vamos voltar à sala do sino.
E o Tangles...
Nós vamos conseguir.
Vamos encontrá-lo. Vamos.
Vamos.
Quando chegámos à sala do sino
não havia nada.
Não havia nada.
Todo o equipamento tinha desaparecido.
Tinha sido uma questão...
Não sei, não foi muito tempo.
- Merda, desapareceu tudo.
- O quê?
Que raios está a acontecer?
Certamente tornou-se preocupante
porque eu não pressentia
que aquilo tinha sido provocado
pelo próprio Tangles.
Merda!
Estamos a perder tempo, pessoal.
Vamos!
- Esperem.
- Vamos!
- Segura isto.
- Pete!
Ilumina aqui, Steve.
Muito bem.
O Tangles estava aqui.
Se percorrermos toda esta zona,
vai trazer-nos de volta a esta sala,
podemos conferir toda a área.
Então separamo-nos
e encontramo-nos aqui, isso?
Não, ficamos juntos.
Essa é a única luz que temos.
Quantas baterias tens?
- Tenho duas na minha mochila.
- Vamos lá.
- Steve! Steve!
- Porra!
Não é bom para o Tangles
se corrermos por aí como loucos.
Vamos manter-nos juntos, certo?
É melhor continuarmos, então.
- Tangles!
- Steve, espera!
- Vamos, Nat.
- Tangles!
Sim, entrei em pânico.
Não era que eu quisesse ser
herói ou algo parecido.
A coisa mais inteligente era tentar
fazer alguma coisa
mas só nos guiávamos pelo instinto.
Tangles!
- O que é que achas?
- De quê?
Do Tangles,
será que está a brincar?
Não, ele não brincava assim
por tanto tempo.
Então quem tirou as nossas coisas?
Quem as tirou? Não sei.
Pode ter sido os sem-abrigo,
os drogados...
- Eu ouvi-o, Pete.
- Ouviste o quê?
- Fosse o que fosse, amigo.
- Fosse o quê?
- Steve?
- Vamos continuar, sim?
Steve? Steve? O que foi?
Cuidado com o degrau.
O que é isto aqui?
Porra.
- Estás bem?
- Sim.
Nada.
Pete, já estivemos aqui
duas vezes.
O único lugar que resta
é o lago.
Talvez tenha voltado
para lá.
Talvez esteja à nossa espera.
Claro, amigo. Ele pisgou-se
no meio desta escuridão.
- E foi até ao café.
- Não é isso.
Talvez não consiga contactar-nos.
Talvez esteja à nossa espera.
O Steve tem razão, sim?
O Tangles está aqui em baixo.
Tem que estar no lago, amigo.
- Quanta luz ainda tens?
- Tenho o quanto baste.
Está certo, então.
Ouviram isto?
- Vamos!
- Vamos.
Tangles!
Tangles!
Por aqui! Tangles!
O som vem daqui.
Tangles!
Tangles! Estou a chegar, amigo!
- Merda!
- Aqui!
Dá-nos uma mão. Rápido.
Baixa-te e dobra-a no fundo.
Porra! Tira isto fora!
Agarra isso. Afasta-a.
Merda. Steve, ajuda aqui.
Credo.
Steve, a luz.
A luz.
Valha-me Deus!
- Steve...
- Sim?
É a lanterna dele.
É a lanterna dele,
mas não quer dizer que seja ele.
Não consigo descrever aquilo,
Era só...
Havia sangue e...
...num canto estava...
a lanterna do Tangles.
De certo modo considerava-me
o seu irmão mais velho.
Era esse o tipo de relação
que tínhamos.
Era como se ele tivesse
sido confiado a mim.
Era isso que sentia.
- Vamos embora.
- Pode ser de um qualquer.
Temos de sair daqui.
- Ela tem razão. Ele pode estar perto.
- E o Tangles?
Seja o que for esta merda,
pode estar próximo.
Vamos.
- É o Tangles.
- Vamos.
Vamos embora.
- Esperem.
- O que é?
Esperem, onde está a
minha câmara?
Deve estar ali.
- Não foi aqui que a deixei.
- Quê?
Não foi aqui que a deixei.
Antes de entrarmos no compartimento
a Nat colocou a câmara,
em visão nocturna, no chão,
junto à porta de entrada.
E entrámos no compartimento.
Não estivemos lá mais de dois
ou três minutos,
e quando ela saiu,
saímos todos,
ela reparou que a
câmara foi remexida.
O meu instinto foi verificar
se tinha gravado alguma coisa.
Volta a atrás.
Tangles!
Tangles!
Baixa-te e dobra-a no fundo.
Porra. Puxa-a! Tira-a fora!
Agarra isso. Afasta-a.
Nós recuámos as imagens e,
alguém tinha pegado na câmara,
que estava no chão,
e filmou-nos no compartimento.
É a lanterna dele,
mas não quer dizer que seja ele.
Vamos embora.
- Temos de sair daqui.
- Ela tem razão. Ele pode estar perto.
Seja o que for esta merda,
pode estar próximo.
- É o Tangles.
- Vamos.
Vamos embora.
E foi quando saímos todos
e... a câmara voltou ao chão
e só reparámos num vislumbre,
foi coisa de milésimos.
Aconteceu numa fracção de segundos.
Não sabia o que era,
mas foi rápido
e muito assustador.
Merda.
Isto não é nada bom.
Temos de sair daqui.
Temos de sair daqui.
Eu não vou deixá-lo
aqui em baixo
com essa merda, seja o que for.
- Steve, presta atenção.
- Não vou deixá-lo aqui.
Agora a minha prioridade és
tu e a Nat.
Não vou deixar o que se passou com
o Tangles aconteça convosco, certo?
Temos de voltar à superfície.
Vão vocês. Eu fico.
- Steve, precisamos da tua luz.
- Tens aí uma lanterna.
Presta atenção, Steve.
Presta atenção!
- Desaparece!
- Presta atenção!
Eu não vou!
Não me toques, pá!
Presta atenção!
Presta atenção!
Seja o que for essa coisa
vai levar mais tempo a apanhar-nos
se ficarmos juntos.
- Isso é treta.
- Ouve. Temos de chegar à superfície.
Temos de chamar ajuda.
Se conseguirmos mais ajuda,
temos mais hipóteses
de encontrar o Tangles.
- Maldito Tangles, pá.
- Eu sei, amigo.
Amigo, estou contigo.
Eu estou contigo.
Vamos.
Vamos.
O Pete tinha razão,
mas o facto de ter que deixar
o Tangles para trás...
Foi a coisa mais difícil
que alguma vez fiz.
- Ele está bem?
- Dá-lhe uns minutos.
Então, qual é o plano?
O plano é sairmos daqui.
Chegar à superfície.
O que é?
Acho que devíamos ficar
e procurar o Tangles.
Não estás aqui pelo Tangles.
Não estás aqui pelo Tangles.
Merda!
É por aqui.
Merda!
Recua, recua!
Desliga a luz. Desliga a luz.
Merda!
O que é isto, amigo?
Há alguém aqui?
É o segurança.
Merda, é o segurança.
- Quem está aí?
- Somos nós. A equipa de filmagem.
Eu disse-vos para não virem aqui.
Eu sei, nós lamentamos.
É o nosso amigo,
ele está desaparecido.
Alguém... ou algo atacou-o.
Certo, quero que venham
comigo agora.
- Vamos!
- O que se passa aqui?
- Diga-nos o que se passa aqui!
- Nat, calma.
- Vamos sair daqui!
- Vai ajudar-nos?
Vai! Vai! Corre!
Fujam!
Merda!
Por aí não.
Por aqui.
Desliga a luz.
Steve, desliga a luz!
Onde estamos?
O que era aquilo?
Não sei.
Temos de ficar escondidos,
pode estar perto.
- Viste alguma coisa?
- Não.
Seja o que for,
era enorme.
Nat... desliga isso.
Estão todos bem?
Eu estou bem.
Como está o teu braço?
Dá-me a câmara.
Deixa-me ver.
Esbarrei nalguma coisa
quando fugíamos. Está bom.
Merda, Steve. Parece mau.
Pete, preciso de ver.
- Mostra-me.
- Merda. Está com mau aspecto.
- Não vejo nada.
- Isso. Consegues?
Aí mesmo.
Desculpa, estás bem?
- Eu fico bem.
- De certeza?
Obrigado. Obrigado.
Estão prontos para continuar?
Não podemos ficar aqui.
Só preciso de um minuto. Espera.
E se aquela coisa aparecer?
Não sei.
- Será que podemos apanhá-la?
- Duvido.
A nossa preocupação agora,
é sair daqui.
Pessoal, acho que aquilo
afastou-se.
Certo, vamos sair daqui.
- Steve?
- Sim?
- Estás bem, amigo?
- Sim, estou bem.
- Vamos embora.
- Em silêncio.
Dá-me a câmara.
Em silêncio, está bem?
Vamos lá.
Não se afastem.
Por aqui.
Tudo bem.
Espera, espera, espera.
Porra.
- Pete...
- Merda!
- Isto não estava aqui.
- Pete.
- O que estás a fazer?
- Aquilo não está no mapa.
O que significa que não
está no mapa?
Isto só tem um caminho.
Ali há dois.
Pete, tens de saber qual.
Acalma-te.
Não é fácil, sim?
Tens de arranjar uma solução.
Cala-te e deixa-me pensar.
Nat, acalma-te.
É por aqui. Viemos dali.
É por aqui.
E se não for esse o caminho?
Bom, então... encontramos um
compartimento seguro e esperamos lá.
Sim, é um bom plano.
O John vai estranhar
que não ligámos
e vai enviar alguém
procurar-nos.
O John sabe que estamos aqui,
certo?
Nat...
Diz-me que o John sabe
que estamos aqui.
Não brinques comigo.
Não posso...
A sério?
- Eu... precisava de vocês, sim?
- Eu sabia!
Eu precisava de vocês nisto.
- Precisavas de nós?
- Sim.
Acabámos de perder um amigo.
Ainda precisas da merda
da tua história?
Não.
Vai-te lixar.
- Vai-te lixar.
- Fala baixo.
Julgas-te um jornalista.
Viemos aqui para conseguir uma
história, não foi?
E agora que temos uma
importante,
ficas espantado!
Aqui está a tua história
de merda.
Queres aparecer na câmara?
Vá. Vamos.
Qual é a tua parte nisto, hã?
Queres explicar-nos como...
perdeste o teu amigo
por causa da tua estupidez?
Vá.
Estou à espera.
- Vai-te lixar.
- Vá, Nat.
Vamos.
Os melhores jornalistas conseguem
trabalhar sob pressão,
em qualquer tipo de
circunstância, vá.
Vês, não consegues dizer patavina,
pois não?
Sabes porquê?
Porque não vales nada, Nat.
Simplesmente não vales nada.
És patética.
- Por aqui.
- Sim.
Merda.
Ouçam.
Mas que raios...?
O que é?
O que foi?
Ouviste isto?
Por aqui.
Desliga a luz.
Abre a porta, Nat.
Abre-a. Abre-a.
Pessoal, o lago é aqui.
Porra!
Deixa-me ver, deixa-me ver.
É o Tangles, amigo?
- O que é?
- Não é o Tangles.
- O que lhe aconteceu ao rosto?
- Meu Deus!
Os olhos dele.
Meu Deus!
O que se passa?
Temos de o ajudar.
Deixa-me ver.
Merda.
Topou-nos.
Vamos embora, vamos, vamos!
Vamos embora!
Steve!
Porra! Vamos!
Vai, vai, vai!
Não pares!
Para onde? Para onde?
- Por aqui?
- Vai! Depressa!
- Por onde?
- Por aqui!
- Steve!
- Vai!
Steve!
Ele ainda está atrás de nós?
- Acho que o despistámos!
- Tens a certeza?
- Acho que sim!
- Merda.
Acho que o despistámos!
Acho que não está
a perseguir-nos.
Há uma luz aqui.
Aqui.
Ali.
- O que é isto?
- Acho que é o Túnel Cross City.
- Está alguém?
- Aqui é um péssimo sítio para parar.
É inútil.
- Está alguém?!
- Merda, Pete.
Está alguém!
Está alguém!
Tens que te acalmar.
Não há ninguém,
não há ninguém.
Por favor, alguém...
Socorro. Alguém!
Está alguém!
Socorro!
- Socorro!
- Nat, por favor.
- Tens de ficar calada!
- Socorro!
Nat...
Tens de ficar calada.
Cala-a.
Ouves alguma coisa?
Consegues ver alguma coisa?
Vira a luz.
Vira a luz para ali.
Não.
- Está tudo bem.
- Lamento.
Lamento.
Está tudo bem, não te desculpes.
Lamento!
Lamento!
Está tudo bem.
Tudo foi desfeito.
Tudo por causa de mim.
Nunca quis que as coisas
se descontrolassem.
Só não queria desapontar o Pete
Quer dizer, eu...
Naquele momento pensava
que havia tomado a decisão acertada
e não queria desapontá-lo.
Steve, por aqui.
Rápido. Vamos, despacha-te.
Ali em cima.
Nat, sobe.
Vamos.
Nat, agarra isto.
Levanta-te! Vamos!
O meu instinto natural foi
rodar a luz,
para ver o que se passava.
Ouvimos aquele som,
o Pete gritava, e...
de imediato iluminei todo
aquele espaço
a coisa simplesmente... desapareceu,
levantou-se e pisgou-se
então ocorreu-me
que a luz era a nossa defesa
para a manter afastada.
- Estás bem? Estás bem?
- Vamos!
Gaita! Viste aquilo?
- Evaporou-se.
- Vamos sair daqui. Vamos.
- Não gostou da luz.
- Deixa-a ligada, então.
Espera, Nat.
Nat!
Não!
Vamos!
- Vem cá, cabrão!
- Pete! Pete, não.
- Vamos!
- Vamos!
Era como se estivesse
a tentar colocar-nos numa posição
que nos pudesse apanhar melhor.
Faz-me lembrar quando um leão
encurrala um animal, numa manada.
Separa o mais débil,
para ser mais fácil atacá-lo.
Porra! Porra.
Estou a ficar sem luz!
- Porra!
- Steve!
Merda!
Recua, recua, recua!
Recua! Porra!
Por aqui.
O que se passa?
É um beco sem saída.
É um beco sem saída.
Céus!
Pensei que fosse...
Que fosse o fim.
Não havia para onde fugir.
Então reparei numa pequena saliência
vinda da parede.
Pete, segura isto.
Toma!
Merda!
Ajuda-a, Pete.
Mantém a luz acesa.
Calma, Nat.
Em silêncio.
Em silêncio.
Por aqui, Steve.
Entra aí.
Vamos, vai tu primeiro.
Vamos, Nat.
Linda menina.
Toma isto, depressa.
- Toma, Nat.
- Sim.
Silêncio!
Isto não é bom.
Steve.
Steve, aquilo é...?
Valha-me Deus!
Isto não é bom.
- Steve.
- Sim?
Temos de sair daqui.
Porra!
- Luz, amigo, a luz.
- Tudo bem.
Acabou-se.
As baterias.
Steve...
- Merda, preciso de luz aqui.
- Rápido, Nat, a luz.
- Nat, ilumina. Porra!
- Passa-me a lanterna.
Merda! Não tem bateria.
Céus!
Só resta uma.
Vamos.
Steve, precisamos de luz.
Precisamos de luz.
Steve, precisamos de luz!
Despacha-te!
Muito bem.
Meu Deus!
Muito bem, agora...
Foge!
Steve.
Steve.
Steve.
Vamos buscá-la.
Vamos buscá-la.
Temos de ir.
Vamos.
- Nat!
- Nat!
Larga-a!
Larga-a, cabrão!
Nat!
Agarra-a. Agarra-a!
- Rápido!
- Vamos, Nat. Tudo bem, vamos.
- Merda.
- Vamos!
Vem cá, cabrão!
Vamos, Nat.
Vá, toca a andar!
- Não...
- Toca a andar!
- Não.
- Vamos.
Vamos.
- Espera!
- Vamos.
- E o Pete...
- Vamos!
- Não. Steve, não podemos deixá-lo.
- Vamos!
Temos...
Nat, continua a andar.
Continua a andar!
- Não.
- Temos de continuar!
- Não podemos deixar o Pete.
- Podemos sim! Vamos!
Vamos, Nat.
Temos de continuar a andar.
Acho que o Pete estava à
nossa procura
e não o queria deixar lá.
Vamos! Vamos.
O Pete queria salvar-nos...
Eu compreendo.
Mas não queria deixar o Pete
para trás.
Vamos.
- Vamos.
- Pessoal!
Pessoal!
- Merda!
- Pessoal!
Porra. É o Pete. Porra.
Vamos lá!
Quando ouvi a voz do Pete
vinda do túnel,
fora da escuridão...
Não esperava ouvir a sua
voz novamente.
- Pete, não...
- Não consigo...
Não...
Vamos.
Vamos conseguir!
- Não, Pete...
- Nat!
- Pete, estás bem? Não morras.
- Socorro! Alguém que chame ajuda!
Preciso dum telefone!
Dá-me um telefone! Dá-me um telefone!
Está lá. Polícia, bombeiros
ou ambulância?
- Estou?
- Sim?
Precisa da polícia, bombeiros
ou ambulância?
Precisamos de ajuda!
precisamos de ajuda!
Sim, vamos ajudá-la.
O que aconteceu?
Estamos na plataforma 1.
Estamos na estação.
Por favor, tem de enviar aqui
alguém agora.
O meu amigo está a morrer.
Está a sangrar.
Acalme-se, Miss.
Preciso que me diga onde está
e o que aconteceu.
Não sei... estamos na estação
e uma coisa...
uma coisa atacou o nosso amigo.
Sim, acalme-se.
Disse que está na estação?
- Em qual?
- Socorro! Alguém que me ajude!
O que estás a fazer?!
Está lá?
Está lá? Está aí?
Estou?
Pete... Pete...
Pete...
Desculpa... Pete! Pete!
Sim, é um pouco difícil...
Falar disto agora.
Mas eu não sabia que ele
estava a morrer naquele momento.
Pensava que íamos ficar bem.
Quero dizer...
...tinha sido tão difícil alcançar
aquele ponto,
que pensei que íamos
ficar bem.
Havia pessoas à nossa volta,
havia luz.
Devia ter feito algo mais
se tivesse percebido que ele
estava a morrer.
Sinto que podia ter feito algo
mais para ajudar o Pete.
É fácil de dizer
que farias as coisas de forma
diferente.
Apenas não me parece...
Que tenha sido justo.
Os paramédicos disseram-me
que... desistiram dele,
que demoraram...
a afastar a Nat dele.
E, aos poucos, apercebi-me
da situação.
Eles começaram a afastar-se dele.
Ele continuava deitado,
e não se mexia,
e eu só... só pensei, "porra".
Sinto-me...
Sinto-me responsável.
Não quero dizer que sinto que
a culpa foi minha.
Peter Ferguson foi declarado morto
às 07:37, de 21 de Outubro de 2007.
De acordo com o médico-legista ele
morreu com vastas hemorragias internas.
Não sei exactamente o quanto
mudei desde aquela noite.
Não consigo deixar de pensar
que estivemos tão perto.
A ajuda estava mesmo ali.
Penso nisto várias vezes.
Constantemente.
O que faria de diferente?
Natasha Warner foi transferida após
os acontecimentos no subsolo.
Deixou de ser jornalista.
Estava furioso com toda a gente,
com tudo.
Com o governo...
...com a polícia...
Quantas mais provas são precisas?
É muito triste agora, pensar naquilo.
É inútil.
É uma maldita tristeza.
Steve Miller ainda trabalha em
jornalismo como operador de câmara.
O paradeiro de Jim "Tangles" Williams,
ainda permanece desconhecido.
A sua família ainda procura respostas.
A investigação policial foi encerrada
devido a "provas contraditórias".
Apesar de solicitados, o governo e a
polícia, recusaram serem entrevistados.
Tradução e Legendagem
cravas72