Vivemos num mundo incrivelmente acelerado.
O nosso dia a dia é frenético,
as nossas mentes sempre ocupadas
e estamos sempre a fazer alguma coisa
Com isto em mente, gostaria que tirassem um momento
para pensar: quando foi a última vez que tiraram tempo
para não fazer nada?
Só 10 minutos, sem serem perturbados?
E quando eu digo "fazer nada", quero mesmo dizer nada.
Sem email, mensagens, sem Internet,
sem TV, sem falar, sem comer, sem ler,
nem sequer a remoer sobre o passado
ou a planear o futuro.
Simplesmente a fazer nada.
Estou a ver muitas caras pálidas. (Risos)
O que acho é que têm de ir muito atrás no tempo.
E isto é uma coisa extraordinária, não é?
Estamos a falar da nossa mente.
A mente, o nosso recurso mais valioso e precioso,
através da qual conseguimos experienciar
cada momento da nossa vida,
a mente com que contamos
para estarmos felizes, satisfeitos,
emocionalmente estáveis como indivíduos,
e ao mesmo tempo sermos bondosos e sérios
e atenciosos na nossa relação com os outros.
Esta é a mesma mente de que dependemos
para sermos focados, criativos, espontâneos,
e para darmos o nosso melhor em tudo o que fazemos.
E, mesmo assim, não tiramos tempo
para tomar conta dela.
Aliás, passamos mais tempo a cuidar dos nossos carros,
das nossas roupas e do nosso cabelo do que
– OK, se calhar do cabelo não,
mas vocês percebem a minha ideia.
O resultado, claro, é que ficamos stressados.
Sabem, a mente funciona como uma máquina de lavar
sempre às voltas, com muitas emoções
difíceis e confusas
e nós não sabemos muito bem como lidar com isso,
e o mais triste é que estamos tão distraídos
que já nem estamos presentes
no mundo em que vivemos.
Acabamos por perder as coisas
que nos são mais importantes,
e o mais incrível é que toda a gente assume:
bem, a vida é mesmo assim,
por isso temos de viver com ela.
Mas, na realidade, não é nada assim que tem de ser.
Eu tinha 11 anos
quando fui à minha primeira aula de meditação.
E, acreditem, incluiu todos os estereótipos
que podem imaginar,
o sentar de pernas cruzadas no chão,
o incenso, o chá de ervas, os vegetarianos, todos eles,
mas como a minha mãe ia e
eu tinha curiosidade, fui também com ela.
Também tinha visto alguns filmes de kung fu
e, secretamente,
pensava que talvez pudesse aprender a voar
mas eu era muito novo nessa altura.
Mas, enquanto lá estava, tal como muitas pessoas,
assumi que aquilo era como uma aspirina para a mente.
Ficas stressado, fazes alguma meditação.
Nunca pensei que pudesse ter algum tipo de
natureza preventiva,
até ter cerca de 20 anos, quando uma série de coisas
aconteceram na minha vida,
umas atrás das outras,
coisas muito sérias que viraram a minha vida ao contrário
e subitamente fui inundado com pensamentos,
inundado com emoções difíceis com que não sabia lidar.
Sempre que eu acalmava uma,
aparecia logo outra novamente.
Foi uma altura mesmo muito stressante.
Suponho que todos nós lidamos com
o stress de maneiras diferentes.
Algumas pessoas enterram-se em trabalho,
agradecidas pela distracção.
Outras viram-se para os amigos, família,
em busca de apoio.
Algumas pessoas embebedam-se, tomam comprimidos.
A minha maneira de lidar com o stress
foi tornar-me monge.
Desisti do meu curso, fui para os Himalaias,
tornei-me monge e comecei a estudar meditação.
Muitas pessoas perguntam-me o que aprendi
nesse período.
Bem, obviamente que mudou algumas coisas.
Vamos ser realistas, tornar-me num monge celibatário
vai mudar uma série de coisas.
Mas foi mais do que isso.
Ensinou-me – deu-me uma maior apreciação
e entendimento sobre o momento presente.
Com isto quero dizer
não se estar perdido em pensamentos,
não estar distraído,
não estar inundado de emoções difíceis
mas, em vez disso, aprender a estar, aqui e agora,
como ser ciente, como estar presente.
Eu acho que o momento presente é muito menosprezado.
Parece tão vulgar, e no entanto passamos tão pouco tempo
no momento presente, que é tudo menos ordinário.
Houve um estudo em Harvard, recentemente,
que diz que, em média, as nossas mentes
estão perdidas em pensamentos quase 47% do tempo.
Quarenta e sete por cento.
Ao mesmo tempo, esta espécie de pensamento errante
é também uma causa directa de infelicidade.
Bem, de qualquer forma,
não estamos cá para durar
mas passar metade da nossa vida
perdidos em pensamentos
e potencialmente algo infelizes,
não sei, mas parece-me um pouco trágico, na verdade,
especialmente quando podemos fazer alguma coisa
quanto a isso,
quando há uma técnica positiva, prática, atingível,
e cientificamente comprovada
que permite à nossa mente ser mais saudável
ser mais ciente e menos distraída.
E a beleza disto é que, apesar
de apenas ocupar cerca de 10 minutos por dia,
afecta toda a nossa vida.
Mas nós precisamos de a saber fazer.
Precisamos de um exercício. Precisamos de um contexto
para aprendermos a ser mais cientes.
Isso é a meditação, essencialmente.
É tornarmo-nos conscientes do momento presente.
Mas também precisamos de saber como o abordar,
da maneira certa, para retirarmos o melhor possível dele.
E é para isso que isto serve,
para o caso de terem tentado adivinhar,
porque a maioria das pessoas assume
que a meditação é só sobre parar pensamentos,
eliminar as emoções, controlar a mente de alguma forma,
mas, na verdade, é bastante diferente disso.
É mais sobre dar um passo atrás,
ver um pensamento claramente,
vê-lo a ir e voltar, emoções a chegar e a partir
sem as julgar, mas com a mente focada e relaxada.
Por exemplo, neste momento,
se eu me concentrar muito nas bolas, não há maneira
de conseguir relaxar e falar com vocês ao mesmo tempo.
Da mesma forma, se relaxar demasiado a falar com vocês,
não me vou conseguir concentrar nas bolas.
Vou deixá-las cair.
Agora na vida, e na meditação, vai haver alturas
em que o foco se torna um pouco intenso de mais,
e a vida começa a parecer-nos um pouco como isto.
É um modo de vida muito desconfortável,
se ficamos restringidos e stressados.
Noutras alturas, podemos tirar demasiado
o pé do acelerador
e as coisas ficam um bocado como isto.
Claro que na meditação – (Ressona) –
vamos acabar por adormecer.
Portanto, estamos à procura de um equilíbrio,
de um relaxamento focado
em que permitimos que os pensamentos venham e vão
sem todo o envolvimento usual.
Agora, o que acontece normalmente
quando estamos a aprender a ser cientes
é que somos distraídos por um pensamento.
Vamos dizer que isto é um pensamento ansioso.
Está tudo a correr bem, e depois vemos
o pensamento ansioso.
e é do género "Oh, não me apercebi
que estava preocupado com isto".
Voltamos atrás, repetimo-lo. "Oh, estou preocupado.
"Oh, estou mesmo preocupado.
Uau, há tanta ansiedade."
E sem nos apercebermos, certo,
estamos ansiosos por nos sentirmos ansiosos.
Eu sei, é de doidos. Fazemos isto todos os dias,
quase diariamente.
Se pensarem sobre a última vez, não sei,
que tiveram um dente a abanar.
Sabem que está a abanar e sabem que dói.
Mas o que fazem a cada 20, 30 segundos?
(Balbucia) Isto dói mesmo. E acabamos por
reforçar a ideia, certo ?
E continuamos a dizer a nós próprios,
e fazemos isto a toda a hora.
E é apenas ao aprender
a observar a mente desta forma
que podemos começar a libertar
estes pensamentos e padrões da mente.
Mas quando vocês se sentam
e observam a mente desta forma,
podem ver muitos padrões diferentes.
Podem encontrar uma mente que não tem descanso
o tempo todo.
Não fiquem surpreendidos se sentirem
o corpo um pouco agitado
quando se sentarem para não fazer nada e a
vossa mente se sentir assim.
Poderão encontrar uma mente muito monótona
e aborrecida, quase mecânica.
Que até parece que é como se
se levantassem, fossem trabalhar, comessem, dormissem, se levantassem novamente, trabalhassem.
Ou pode ser apenas
aquele pequeno pensamento chato
que dá voltas e voltas à vossa mente.
Bem, o que quer que seja, a meditação oferece
a oportunidade, o potencial de dar um passo atrás
e ganhar uma nova perspectiva,
de ver coisas que nem sempre são o que parecem.
Nós não podemos mudar
tudo o que nos acontece durante a vida,
mas podemos mudar a forma como a experienciamos.
Esse é o potencial da meditação,
de nos tornar cientes.
Não têm de queimar nenhum incenso,
e, definitivamente, não precisam de se sentar no chão.
Tudo o que precisam de fazer é tirar 10 minutos por dia
para dar um passo atrás, para se familiarizarem com o momento presente
para que consigam experienciar
um sentido mais focado, calmo e claro na vossa vida.
Muito obrigado. (Aplausos)