WEBVTT 00:00:00.000 --> 00:00:02.000 Pense no dia de vocês por um segundo. 00:00:02.000 --> 00:00:05.000 Vocês acordaram, sentiram o ar fresco no rosto quando saíram pela porta, 00:00:05.000 --> 00:00:07.000 conheceram colegas novos e tiveram discussões interessantes, 00:00:07.000 --> 00:00:09.000 e sentiram-se maravilhados ao descobrirem algo novo. 00:00:09.000 --> 00:00:11.000 Mas eu aposto que há algo em que vocês não pensaram hoje – 00:00:11.000 --> 00:00:13.000 algo tão familiar 00:00:13.000 --> 00:00:15.000 que provavelmente nem pensam nisto com frequência. 00:00:15.000 --> 00:00:17.000 É que todas as sensações, sentimentos, 00:00:17.000 --> 00:00:19.000 decisões e ações 00:00:19.000 --> 00:00:21.000 são mediadas pelo computador que está nas suas cabeças 00:00:21.000 --> 00:00:23.000 chamado cérebro. NOTE Paragraph 00:00:23.000 --> 00:00:25.000 Visto de fora, o cérebro pode não parecer grande coisa – 00:00:25.000 --> 00:00:27.000 um quilo e pouco de matéria rosa-cinzenta, 00:00:27.000 --> 00:00:29.000 amorfa – 00:00:29.000 --> 00:00:31.000 mas os últimos 100 anos da neurociência 00:00:31.000 --> 00:00:33.000 nos permitiram ver o cérebro de perto, 00:00:33.000 --> 00:00:35.000 e notar a complexidade do que está por dentro. 00:00:35.000 --> 00:00:37.000 E isso nos mostrou que esse cérebro 00:00:37.000 --> 00:00:39.000 é um circuito incrivelmente complexo 00:00:39.000 --> 00:00:43.000 composto por centenas de milhões de células chamadas neurônios. 00:00:43.000 --> 00:00:46.000 Ao contrário de um computador projetado pelo Homem, 00:00:46.000 --> 00:00:48.000 em que há um número relativamente pequeno de partes diferentes – 00:00:48.000 --> 00:00:51.000 nós sabemos como funcionam, porque fomos nós que as concebemos – 00:00:51.000 --> 00:00:54.000 o cérebro é feito de milhares de tipos de células diferentes, 00:00:54.000 --> 00:00:56.000 talvez dezenas de milhares. 00:00:56.000 --> 00:00:58.000 Elas têm diferentes formas; são feitas de diversas moléculas; 00:00:58.000 --> 00:01:01.000 e elas projetam e se conectam com diferentes regiões cerebrais. 00:01:01.000 --> 00:01:04.000 E também se modificam conforme o estado de diferentes doenças. NOTE Paragraph 00:01:04.000 --> 00:01:06.000 Vamos tornar isso concreto. 00:01:06.000 --> 00:01:08.000 Há uma classe de células, 00:01:08.000 --> 00:01:11.000 uma célula relativamente pequena, inibitória, que acalma as suas vizinhas. 00:01:11.000 --> 00:01:15.000 É uma das células que parece estar atrofiada em casos como a esquizofrenia. 00:01:15.000 --> 00:01:17.000 Chama-se "basket cell" [célula em forma de cesta]. 00:01:17.000 --> 00:01:19.000 E essa é uma entre mil tipos de células 00:01:19.000 --> 00:01:21.000 sobre as quais estamos aprendendo. 00:01:21.000 --> 00:01:23.000 São descobertas novas células todos os dias. 00:01:23.000 --> 00:01:25.000 Como segundo exemplo: 00:01:25.000 --> 00:01:27.000 há células piramidais, células grandes, 00:01:27.000 --> 00:01:29.000 elas podem ocupar um espaço significativo do cérebro. 00:01:29.000 --> 00:01:31.000 Elas são excitatórias. 00:01:31.000 --> 00:01:33.000 E estas são algumas das células 00:01:33.000 --> 00:01:36.000 que podem estar hiperativas em doenças como a epilepsia. 00:01:36.000 --> 00:01:38.000 Cada uma destas células 00:01:38.000 --> 00:01:41.000 é um incrível dispositivo elétrico. 00:01:41.000 --> 00:01:43.000 Elas recebem impulsos de milhares de parceiros superiores 00:01:43.000 --> 00:01:46.000 e calculam suas próprias respostas elétricas, 00:01:46.000 --> 00:01:48.000 que, caso passem um certo campo, 00:01:48.000 --> 00:01:50.000 chegam a milhares de parceiros inferiores. 00:01:50.000 --> 00:01:53.000 E este processo, que dura apenas cerca de um milissegundo, 00:01:53.000 --> 00:01:55.000 acontece milhares de vezes por minuto 00:01:55.000 --> 00:01:57.000 em cada uma das suas 100 bilhões de células, 00:01:57.000 --> 00:01:59.000 enquanto vocês viverem, 00:01:59.000 --> 00:02:02.000 pensarem e sentirem. NOTE Paragraph 00:02:02.000 --> 00:02:05.000 Então, como vamos descobrir o que este circuito faz? 00:02:05.000 --> 00:02:07.000 O ideal seria irmos através do circuito 00:02:07.000 --> 00:02:10.000 ligando e desligando esses diferentes tipos de células 00:02:10.000 --> 00:02:12.000 para ver se descobrimos 00:02:12.000 --> 00:02:14.000 quais contribuem para certas funções 00:02:14.000 --> 00:02:16.000 e quais funcionam mal em certas patologias. 00:02:16.000 --> 00:02:19.000 Se pudéssemos ativar células, poderíamos ver que poderes podem desencadear, 00:02:19.000 --> 00:02:21.000 que processos podem iniciar e sustentar. 00:02:21.000 --> 00:02:23.000 Se pudéssemos desligá-las, 00:02:23.000 --> 00:02:25.000 então poderíamos tentar descobrir para que são necessárias. 00:02:25.000 --> 00:02:28.000 E esta é a história que vou contar hoje. 00:02:28.000 --> 00:02:31.000 E, honestamente, nós temos andado por aqui nos últimos 11 anos, 00:02:31.000 --> 00:02:33.000 tentando descobrir maneiras 00:02:33.000 --> 00:02:35.000 de modificar circuitos, células, regiões e caminhos do cérebro 00:02:35.000 --> 00:02:37.000 ligados e desligados, 00:02:37.000 --> 00:02:39.000 tanto para entendermos a ciência, 00:02:39.000 --> 00:02:42.000 como para confrontar algumas questões 00:02:42.000 --> 00:02:45.000 a respeito de todos os humanos. NOTE Paragraph 00:02:45.000 --> 00:02:48.000 Antes de falar sobre a tecnologia, 00:02:48.000 --> 00:02:51.000 a má noticia é que uma parte significativa de nós nesta sala, 00:02:51.000 --> 00:02:53.000 se vivermos tempo suficiente, 00:02:53.000 --> 00:02:55.000 vai enfrentar, talvez, uma desordem cerebral. 00:02:55.000 --> 00:02:57.000 Atualmente, bilhões de pessoas 00:02:57.000 --> 00:02:59.000 tiveram algum tipo de distúrbio cerebral 00:02:59.000 --> 00:03:01.000 que os deixou incapacitados. 00:03:01.000 --> 00:03:03.000 E ainda assim os números não fazem justiça. 00:03:03.000 --> 00:03:05.000 Estes distúrbios – esquizofrenia, Alzheimer, 00:03:05.000 --> 00:03:07.000 depressão, dependência – 00:03:07.000 --> 00:03:10.000 não só nos tiram tempo de vida, como mudam quem somos; 00:03:10.000 --> 00:03:12.000 roubam a nossa identidade e alteram nossas emoções – 00:03:12.000 --> 00:03:15.000 e mudam quem somos como pessoas. 00:03:15.000 --> 00:03:18.000 No século 20, 00:03:18.000 --> 00:03:21.000 havia alguma esperança que surgiu 00:03:21.000 --> 00:03:24.000 com o desenvolvimento de medicamentos para tratar distúrbios cerebrais. 00:03:24.000 --> 00:03:27.000 E enquanto foram desenvolvidos muitos medicamentos 00:03:27.000 --> 00:03:29.000 que podem aliviar os sintomas dos distúrbios cerebrais, 00:03:29.000 --> 00:03:32.000 praticamente nenhum deles pode ser considerado curável. 00:03:32.000 --> 00:03:35.000 E parte disso porque mergulhamos o cérebro em drogas. 00:03:35.000 --> 00:03:37.000 Este circuito elaborado 00:03:37.000 --> 00:03:39.000 feito de milhares de diferentes tipos de células 00:03:39.000 --> 00:03:41.000 está sendo mergulhado em substâncias. 00:03:41.000 --> 00:03:43.000 É também por isso, talvez, que a maioria, mas não todas, das drogas no mercado, 00:03:43.000 --> 00:03:46.000 pode apresentar efeitos colaterais severos. NOTE Paragraph 00:03:46.000 --> 00:03:49.000 Algumas pessoas têm tirado algum consolo 00:03:49.000 --> 00:03:52.000 de estimuladores elétricos que são implantados no cérebro. 00:03:52.000 --> 00:03:54.000 E para o Mal de Parkinson, 00:03:54.000 --> 00:03:56.000 os implantes cocleares, 00:03:56.000 --> 00:03:58.000 estes têm sido, na verdade, 00:03:58.000 --> 00:04:00.000 capazes de proporcionar algum tipo de recuperação 00:04:00.000 --> 00:04:02.000 a pessoas com certo tipo de distúrbios. 00:04:02.000 --> 00:04:04.000 Mas a eletricidade se estende em todas as direções – 00:04:04.000 --> 00:04:06.000 o caminho de menor resistência, 00:04:06.000 --> 00:04:08.000 que é de onde, em parte, vem a expressão. 00:04:08.000 --> 00:04:11.000 E vai afetar tanto os circuitos normais quanto os que se quer curar 00:04:11.000 --> 00:04:13.000 Novamente, nós retomamos a ideia 00:04:13.000 --> 00:04:15.000 de controle ultra-preciso. 00:04:15.000 --> 00:04:18.000 Podemos enviar informação exatamente aonde queremos que ela vá? NOTE Paragraph 00:04:19.000 --> 00:04:23.000 Quando comecei na neurociência, há 11 anos, 00:04:23.000 --> 00:04:26.000 trabalhei como engenheiro eletrônico e como físico, 00:04:26.000 --> 00:04:28.000 e a primeira coisa em que pensei foi, 00:04:28.000 --> 00:04:30.000 se estes neurônios são dispositivos elétricos, 00:04:30.000 --> 00:04:32.000 tudo o que precisamos fazer é encontrar uma maneira 00:04:32.000 --> 00:04:34.000 de controlar essas alterações elétricas à distância. 00:04:34.000 --> 00:04:36.000 Se pudéssemos ativar a eletricidade em uma célula, 00:04:36.000 --> 00:04:38.000 mas não nas vizinhas, 00:04:38.000 --> 00:04:41.000 isso nos daria a ferramenta necessária para ativar e desativar essas diferentes células, 00:04:41.000 --> 00:04:43.000 descobrir o que elas fazem e como contribuem 00:04:43.000 --> 00:04:45.000 com as redes em que estão envolvidas. 00:04:45.000 --> 00:04:47.000 Além disso, nos permitiria ter o controle ultra-preciso de que precisamos 00:04:47.000 --> 00:04:50.000 para corrigirmos os cálculos do circuito 00:04:50.000 --> 00:04:52.000 que não deram certo. 00:04:52.000 --> 00:04:54.000 E como vamos fazer isso? 00:04:54.000 --> 00:04:56.000 Bem, existem muitas moléculas na natureza, 00:04:56.000 --> 00:04:59.000 que são capazes de converter luz em eletricidade. 00:04:59.000 --> 00:05:01.000 Vocês podem pensar nelas como pequenas proteínas 00:05:01.000 --> 00:05:03.000 que funcionam como células solares. 00:05:03.000 --> 00:05:06.000 Se pudermos instalar estas moléculas em neurônios, 00:05:06.000 --> 00:05:09.000 então esses neurônios seriam eletricamente controláveis pela luz. 00:05:09.000 --> 00:05:12.000 E seus vizinhos, que não teriam essa molécula, não. 00:05:12.000 --> 00:05:14.000 Há outro truque mágico necessário para isso acontecer, 00:05:14.000 --> 00:05:17.000 que é a capacidade de levar luz para dentro do cérebro. 00:05:17.000 --> 00:05:20.000 Para fazer isso – o cérebro não sente dor – pode-se colocar – 00:05:20.000 --> 00:05:22.000 se aproveitando de todo o esforço 00:05:22.000 --> 00:05:24.000 dirigido para a internet e comunicações e tudo o mais – 00:05:24.000 --> 00:05:26.000 fibra óptica conectada a lasers 00:05:26.000 --> 00:05:28.000 que se pode usar para ativar, em cobaias animais por exemplo, 00:05:28.000 --> 00:05:30.000 em estudos pré-clínicos, 00:05:30.000 --> 00:05:32.000 esses neurônios e ver o que eles fazem. NOTE Paragraph 00:05:32.000 --> 00:05:34.000 Como fazer isso? 00:05:34.000 --> 00:05:36.000 Por volta de 2004, 00:05:36.000 --> 00:05:38.000 com a colaboração de Gerhard Nagel e Karl Deisseroth, 00:05:38.000 --> 00:05:40.000 essa visão se concretizou. 00:05:40.000 --> 00:05:43.000 Existe uma alga aquática, 00:05:43.000 --> 00:05:45.000 que precisa navegar na direção da luz 00:05:45.000 --> 00:05:47.000 para conseguir fotossintetizar perfeitamente. 00:05:47.000 --> 00:05:49.000 A alga detecta a luz com uma espécie de olho, 00:05:49.000 --> 00:05:52.000 que funciona de uma maneira não muito distinta dos nossos olhos. 00:05:52.000 --> 00:05:54.000 Na sua membrana, ou nos seus limites, 00:05:54.000 --> 00:05:57.000 existem pequenas proteínas 00:05:57.000 --> 00:06:00.000 que na verdade convertem luz em eletricidade. 00:06:00.000 --> 00:06:03.000 Estas moléculas chamam-se "channelrhodospins". 00:06:03.000 --> 00:06:06.000 E cada uma dessas proteínas age como a célula solar de que falei. 00:06:06.000 --> 00:06:09.000 Quando a luz azul lhe atinge, abre um pequeno buraco 00:06:09.000 --> 00:06:11.000 e permite que as partículas carregadas entrem no olho. 00:06:11.000 --> 00:06:13.000 Isto faz com que este olho tenha um sinal elétrico 00:06:13.000 --> 00:06:16.000 tal como uma célula solar carregando uma bateria. NOTE Paragraph 00:06:16.000 --> 00:06:18.000 Então, o que temos de fazer é pegar essas moléculas e, 00:06:18.000 --> 00:06:20.000 de alguma maneira, instalá-las nos neurônios. 00:06:20.000 --> 00:06:22.000 E por ser uma proteína, 00:06:22.000 --> 00:06:25.000 elas são codificadas pelo DNA desse organismo. 00:06:25.000 --> 00:06:27.000 Então tudo que precisamos de fazer é pegar nesse DNA, 00:06:27.000 --> 00:06:30.000 colocá-lo num vetor de terapia genética, como um vírus, 00:06:30.000 --> 00:06:33.000 e introduzi-lo nos neurônios. 00:06:33.000 --> 00:06:36.000 Este acabou se tornando um momento muito produtivo na terapia genética, 00:06:36.000 --> 00:06:38.000 e muitos vírus colaboraram. 00:06:38.000 --> 00:06:40.000 E isto tornou-se muito simples de fazer. 00:06:40.000 --> 00:06:43.000 E assim, numa manhã do verão de 2004, 00:06:43.000 --> 00:06:45.000 nós decidimos arriscar, e funcionou na primeira tentativa. 00:06:45.000 --> 00:06:48.000 Pega-se neste DNA e coloca-se no neurônio. 00:06:48.000 --> 00:06:51.000 O neurônio usa seu mecanismo natural de produção de proteínas 00:06:51.000 --> 00:06:53.000 para fabricar essas proteínas sensíveis à luz 00:06:53.000 --> 00:06:55.000 e instalá-las em toda a célula, 00:06:55.000 --> 00:06:57.000 como se colocasse painéis solares num telhado. 00:06:57.000 --> 00:06:59.000 E a próxima coisa que se sabe, 00:06:59.000 --> 00:07:01.000 é que temos um neurônio que pode ser ativado pela luz. 00:07:01.000 --> 00:07:03.000 Isso tem muito potencial. NOTE Paragraph 00:07:03.000 --> 00:07:05.000 Um dos truques que se tem de fazer 00:07:05.000 --> 00:07:07.000 é descobrir como colocar esses genes nas células que queremos 00:07:07.000 --> 00:07:09.000 e não em todas as células vizinhas. 00:07:09.000 --> 00:07:11.000 E pode-se fazer isso, pode-se ajustar os vírus 00:07:11.000 --> 00:07:13.000 para atingirem apenas umas células e não as outras. 00:07:13.000 --> 00:07:15.000 E há outros truques genéticos que se podem usar 00:07:15.000 --> 00:07:18.000 para ter-se células ativadas por luz. 00:07:18.000 --> 00:07:22.000 Este campo veio a ser designado como Optogenética. 00:07:22.000 --> 00:07:24.000 E apenas como um exemplo do que se pode fazer, 00:07:24.000 --> 00:07:26.000 podemos pegar em uma rede complexa, 00:07:26.000 --> 00:07:28.000 usar um destes vírus para entregar o gene 00:07:28.000 --> 00:07:31.000 apenas a um tipo de célula desta rede densa. 00:07:31.000 --> 00:07:33.000 E quando se ilumina a rede toda, 00:07:33.000 --> 00:07:35.000 apenas esse tipo de célula será ativada. NOTE Paragraph 00:07:35.000 --> 00:07:38.000 Assim, por exemplo, vamos imaginar aquela "basket cell" de que falei antes – 00:07:38.000 --> 00:07:40.000 aquela que está atrofiada na esquizofrenia 00:07:40.000 --> 00:07:42.000 e que é inibitória. 00:07:42.000 --> 00:07:44.000 Se pudermos colocar esse gene nestas células – 00:07:44.000 --> 00:07:47.000 e elas não serão alteradas pela expressão do gene, é claro – 00:07:47.000 --> 00:07:50.000 e depois incidirmos luz azul sobre toda a rede cerebral, 00:07:50.000 --> 00:07:52.000 apenas estas células serão dirigidas. 00:07:52.000 --> 00:07:54.000 E quando a luz se apaga, estas células voltam ao normal, 00:07:54.000 --> 00:07:57.000 e elas não parecem ser adversas ao procedimento. 00:07:57.000 --> 00:07:59.000 Podemos não só usar este procedimento para estudar o que as células fazem, 00:07:59.000 --> 00:08:01.000 qual é o seu poder no funcionamento cerebral, 00:08:01.000 --> 00:08:03.000 como também podemos usar isto para tentar descobrir – 00:08:03.000 --> 00:08:05.000 bem, talvez nós pudéssemos estimular a atividade destas células, 00:08:05.000 --> 00:08:07.000 caso elas estejam verdadeiramente atrofiadas. NOTE Paragraph 00:08:07.000 --> 00:08:09.000 Agora, eu quero contar algumas pequenas histórias 00:08:09.000 --> 00:08:11.000 sobre como estamos a aplicar isto, 00:08:11.000 --> 00:08:14.000 tanto a nível científico, como clínico e pré-clínico. 00:08:14.000 --> 00:08:16.000 Uma das questões que temos confrontado é: 00:08:16.000 --> 00:08:19.000 Quais são os sinais cerebrais que intermedeiam a sensação de recompensa? 00:08:19.000 --> 00:08:21.000 Porque se pudéssemos encontrá-los, 00:08:21.000 --> 00:08:23.000 esses seriam alguns dos sinais que poderiam orientar a aprendizagem. 00:08:23.000 --> 00:08:25.000 O cérebro fará mais daquilo que conseguir essa recompensa. 00:08:25.000 --> 00:08:28.000 E, ainda, estes são sinais que funcionam mal em desordens como a dependência. 00:08:28.000 --> 00:08:30.000 Se pudéssemos descobrir quais são estas células, 00:08:30.000 --> 00:08:32.000 nós talvez pudéssemos encontrar novos alvos 00:08:32.000 --> 00:08:34.000 para os quais os medicamentos poderiam ser direcionados ou adaptados, 00:08:34.000 --> 00:08:36.000 ou talvez os pontos em que os eletrodos seriam colocados 00:08:36.000 --> 00:08:39.000 em pessoas com deficiências severas. 00:08:39.000 --> 00:08:41.000 Assim, para fazer isto, nós elaboramos um paradigma 00:08:41.000 --> 00:08:43.000 muito simples em colaboração com o grupo Fiorella, 00:08:43.000 --> 00:08:45.000 em que em um lado desta pequena caixa, 00:08:45.000 --> 00:08:47.000 se o animal for lá, recebe um pulso de luz 00:08:47.000 --> 00:08:49.000 para tornar diferentes células cerebrais sensíveis à luz. 00:08:49.000 --> 00:08:51.000 Assim, se estas células puderem intermediar a recompensa, 00:08:51.000 --> 00:08:53.000 o animal deverá aproximar-se cada vez mais. 00:08:53.000 --> 00:08:55.000 E é isto que acontece. NOTE Paragraph 00:08:55.000 --> 00:08:57.000 Este animal vai para o lado direito e coloca lá o nariz, 00:08:57.000 --> 00:08:59.000 e a cada vez que o faz, recebe um flash de luz azul. 00:08:59.000 --> 00:09:01.000 E ele fará isso centenas e centenas de vezes. 00:09:01.000 --> 00:09:03.000 Estes são neurônios de dopamina, 00:09:03.000 --> 00:09:05.000 dos quais alguns de vocês já devem ter ouvido falar associados a centros de prazer no cérebro. 00:09:05.000 --> 00:09:07.000 Nós mostramos que uma breve ativação destes neurônios 00:09:07.000 --> 00:09:09.000 é suficiente, na verdade, para guiar a aprendizagem. 00:09:09.000 --> 00:09:11.000 Podemos generalizar esta ideia. 00:09:11.000 --> 00:09:13.000 Em vez de um ponto no cérebro, 00:09:13.000 --> 00:09:15.000 podemos criar dispositivos que envolvem o cérebro todo, 00:09:15.000 --> 00:09:17.000 que podem levar luz em padrões tridimensionais – 00:09:17.000 --> 00:09:19.000 matrizes de fibra óptica, 00:09:19.000 --> 00:09:21.000 cada uma acoplada à sua pequena fonte de luz independente. 00:09:21.000 --> 00:09:23.000 E então podemos tentar fazer coisas "in vivo", 00:09:23.000 --> 00:09:26.000 que até agora só foram feitas num prato – 00:09:26.000 --> 00:09:28.000 como seleção de alta qualidade em todo o cérebro 00:09:28.000 --> 00:09:30.000 dos sinais que podem fazer certas coisas acontecerem. 00:09:30.000 --> 00:09:32.000 Ou eles podem ser bons alvos clínicos 00:09:32.000 --> 00:09:34.000 para tratar deficiências cerebrais. NOTE Paragraph 00:09:34.000 --> 00:09:36.000 E uma história que quero dizer sobre isto 00:09:36.000 --> 00:09:39.000 é como podemos encontrar alvos para tratar o transtorno do estresse pós-traumático – 00:09:39.000 --> 00:09:42.000 uma forma de ansiedade e medo descontrolados. 00:09:42.000 --> 00:09:44.000 E uma das coisas que fizemos 00:09:44.000 --> 00:09:47.000 foi adotar o modelo clássico de medo. 00:09:47.000 --> 00:09:50.000 Isto remonta ao tempo de Pavlov. 00:09:50.000 --> 00:09:52.000 É chamado Condicionamento do Medo de Pavlov – 00:09:52.000 --> 00:09:54.000 em que um som termina com a introdução de um pequeno choque. 00:09:54.000 --> 00:09:56.000 O choque não é doloroso, mas é um pouco atordoante. 00:09:56.000 --> 00:09:58.000 E com o tempo – um rato, neste caso, 00:09:58.000 --> 00:10:00.000 que é um bom modelo animal, frequentemente utilizado neste tipo de experiências – 00:10:00.000 --> 00:10:02.000 o animal aprende a temer o som. 00:10:02.000 --> 00:10:04.000 O animal vai se paralizar 00:10:04.000 --> 00:10:06.000 como uma espécie de veado perante os faróis de um carro. 00:10:06.000 --> 00:10:09.000 Agora, a questão é, que alvos podemos encontrar no cérebro 00:10:09.000 --> 00:10:11.000 que nos permitem superar este medo? 00:10:11.000 --> 00:10:13.000 Assim, o que fazemos é reproduzir outra vez 00:10:13.000 --> 00:10:15.000 o som depois dele ter sido associado ao medo. 00:10:15.000 --> 00:10:17.000 Mas nós ativamos diferentes alvos cerebrais, 00:10:17.000 --> 00:10:20.000 usando a matriz de fibra óptica de que falei nos slides anteriores, 00:10:20.000 --> 00:10:22.000 no sentido de descobrir que alvos 00:10:22.000 --> 00:10:25.000 podem levar o cérebro a apagar essa memória do medo. NOTE Paragraph 00:10:25.000 --> 00:10:27.000 E este pequeno vídeo 00:10:27.000 --> 00:10:29.000 mostra um destes pequenos alvos no qual estamos trabalhando agora. 00:10:29.000 --> 00:10:31.000 Esta é uma área no cortex pré-frontal, 00:10:31.000 --> 00:10:34.000 uma região em que podemos usar a cognição para tentar superar estados emocionais aversivos. 00:10:34.000 --> 00:10:36.000 E o animal vai ouvir um som – e um flash de luz aparece. 00:10:36.000 --> 00:10:38.000 Não há audio no vídeo, mas vocês podem ver o animal assustado. 00:10:38.000 --> 00:10:40.000 Este som costumava significar más notícias. 00:10:40.000 --> 00:10:42.000 E há um pequeno relógio no canto esquerdo inferior, 00:10:42.000 --> 00:10:45.000 assim vocês podem ver que o animal está nisto há dois minutos. 00:10:45.000 --> 00:10:47.000 E este próximo slide 00:10:47.000 --> 00:10:49.000 é de 8 minutos depois. 00:10:49.000 --> 00:10:52.000 E o mesmo som vai ser reproduzido, e a luz vai aparecer outra vez. 00:10:52.000 --> 00:10:55.000 Ok, aqui está. Agora. 00:10:55.000 --> 00:10:58.000 E aqui vocês podem ver, 10 minutos após o início da experiência, 00:10:58.000 --> 00:11:01.000 que nós equipamos o cérebro pela fotoativação desta área 00:11:01.000 --> 00:11:03.000 para suprimir a expressão 00:11:03.000 --> 00:11:05.000 da memória deste medo. NOTE Paragraph 00:11:05.000 --> 00:11:08.000 Nos últimos anos, nós voltamos à árvore da vida, 00:11:08.000 --> 00:11:11.000 porque queríamos encontrar maneiras de desligar circuitos cerebrais. 00:11:11.000 --> 00:11:14.000 Se pudéssemos fazer isso, seria extremamente importante. 00:11:14.000 --> 00:11:17.000 Se pudéssemos apagar algumas células por apenas alguns milissegundos ou segundos, 00:11:17.000 --> 00:11:19.000 podíamos descobrir qual o papel que elas desempenham 00:11:19.000 --> 00:11:21.000 nos circuitos em que estão inseridas. 00:11:21.000 --> 00:11:23.000 E até agora nós investigamos em todos os organismos da árvore da vida – 00:11:23.000 --> 00:11:26.000 todos os reinos da vida exceto o dos animais, que vemos ligeiramente diferente. 00:11:26.000 --> 00:11:29.000 E encontramos todo tipo de moléculas, são chamadas "halorhodopsins" ou "archaerhodopsins", 00:11:29.000 --> 00:11:31.000 que respondem à luz verde e amarela. 00:11:31.000 --> 00:11:33.000 E elas fazem o oposto da molécula de que falei antes 00:11:33.000 --> 00:11:36.000 com o ativador da luz azul channelrhodopsin. NOTE Paragraph 00:11:37.000 --> 00:11:40.000 Vamos dar um exemplo de onde achamos que isto vai dar. 00:11:40.000 --> 00:11:43.000 Considerem, por exemplo, uma condição como a epilepsia, 00:11:43.000 --> 00:11:45.000 onde o cérebro é hiperativo. 00:11:45.000 --> 00:11:47.000 Se os medicamentos falharem no tratamento da epilepsia, 00:11:47.000 --> 00:11:49.000 uma das estratégias é remover parte do cérebro. 00:11:49.000 --> 00:11:51.000 Mas isso é obviamente irreversível, e podem existir efeitos colaterais. 00:11:51.000 --> 00:11:54.000 E se pudéssemos desligar esse cérebro por um certo tempo, 00:11:54.000 --> 00:11:57.000 até a convulsão passar, 00:11:57.000 --> 00:12:00.000 e levar o cérebro a ser restaurado até ao seu estado inicial – 00:12:00.000 --> 00:12:03.000 uma espécie de sistema dinâmico que está sendo levado a um estado estável. 00:12:03.000 --> 00:12:06.000 Esta animação tenta explicar este conceito 00:12:06.000 --> 00:12:08.000 em que tornamos estas células sensíveis de modo a serem desligadas com a luz, 00:12:08.000 --> 00:12:10.000 e inserimos luz no interior, 00:12:10.000 --> 00:12:12.000 e apenas pelo tempo necessário para deter a convulsão, 00:12:12.000 --> 00:12:14.000 esperamos ser capazes de as desligar. 00:12:14.000 --> 00:12:16.000 Nós não temos dados para mostrar neste aspecto, 00:12:16.000 --> 00:12:18.000 mas estamos muito entusiasmados com isto. NOTE Paragraph 00:12:18.000 --> 00:12:20.000 Agora, quero terminar com uma história, 00:12:20.000 --> 00:12:22.000 que nós consideramos outra possibilidade – 00:12:22.000 --> 00:12:24.000 talvez estas moléculas, se tivermos controle ultra-preciso, 00:12:24.000 --> 00:12:26.000 possam ser usadas no próprio cérebro 00:12:26.000 --> 00:12:29.000 para fazer um novo tipo de próteses, uma prótese óptica. 00:12:29.000 --> 00:12:32.000 Eu já falei que os estimuladores elétricos não são raros. 00:12:32.000 --> 00:12:35.000 75 mil pessoas têm estimuladores cerebrais Parkinsonianos implantados. 00:12:35.000 --> 00:12:37.000 Talvez 100 mil pesssoas tenham implantes cocleares, 00:12:37.000 --> 00:12:39.000 que lhes permitem ouvir. 00:12:39.000 --> 00:12:42.000 Este é outro exemplo, onde podemos introduzir estes genes nas células. 00:12:42.000 --> 00:12:45.000 E uma nova esperança na terapia genética tem se desenvolvido 00:12:45.000 --> 00:12:47.000 porque vírus como o Vírus Adeno-Associado, 00:12:47.000 --> 00:12:49.000 que provavelmente a maioria de nós nesta sala possuímos, 00:12:49.000 --> 00:12:51.000 sem manifestação de qualquer sintoma, 00:12:51.000 --> 00:12:53.000 que tem sido usado em centenas de pacientes 00:12:53.000 --> 00:12:55.000 para introduzir genes no cérebro ou no corpo. 00:12:55.000 --> 00:12:57.000 E até agora, não ocorreram efeitos adversos graves 00:12:57.000 --> 00:12:59.000 associados ao vírus. NOTE Paragraph 00:12:59.000 --> 00:13:02.000 Há um último elefante na sala, as próprias proteínas, 00:13:02.000 --> 00:13:04.000 que vêm das algas, bactérias e fungos, 00:13:04.000 --> 00:13:06.000 e de toda a árvore da vida. 00:13:06.000 --> 00:13:08.000 A maioria de nós não tem fungos ou algas no cérebro, 00:13:08.000 --> 00:13:10.000 então, o que nosso cérebro fará se nós os colocarmos lá? 00:13:10.000 --> 00:13:12.000 Será que as células vão tolerá-los? O sistema imunológico irá reagir? 00:13:12.000 --> 00:13:14.000 Nesta fase inicial – isto ainda não foi feito em humanos – 00:13:14.000 --> 00:13:16.000 nós estamos trabalhando numa série de estudos 00:13:16.000 --> 00:13:18.000 para experimentar e examinar isto. 00:13:18.000 --> 00:13:21.000 E até agora ainda não vimos nenhuma grande reação severa 00:13:21.000 --> 00:13:23.000 ocorrer a estas moléculas 00:13:23.000 --> 00:13:26.000 ou à iluminação do cérebro com luz. 00:13:26.000 --> 00:13:29.000 Ainda é cedo, mas estamos entusiasmados com isto. NOTE Paragraph 00:13:29.000 --> 00:13:31.000 Eu quero fechar com uma história, 00:13:31.000 --> 00:13:33.000 que achamos que poderá ter potencial 00:13:33.000 --> 00:13:35.000 para aplicação clínica. 00:13:35.000 --> 00:13:37.000 Há muitos tipos de cegueira 00:13:37.000 --> 00:13:39.000 em que os fotorreceptores, 00:13:39.000 --> 00:13:42.000 os nossos sensores de luz que estão na parte de trás do olho, já não funcionam. 00:13:42.000 --> 00:13:44.000 E a retina, é claro, é uma estrutura complexa. 00:13:44.000 --> 00:13:46.000 Agora vamos focar aqui, para podermos ver detalhadamente. 00:13:46.000 --> 00:13:49.000 As células fotorreceptoras aparecem aqui no topo, 00:13:49.000 --> 00:13:51.000 e depois, os sinais que são detectados pelos fotorreceptores 00:13:51.000 --> 00:13:53.000 são transformados por vários processos, 00:13:53.000 --> 00:13:56.000 até que a última camada de células do fundo, as células gangliais, 00:13:56.000 --> 00:13:58.000 transmitem a informação ao cérebro, 00:13:58.000 --> 00:14:00.000 onde vemos isso como uma percepção. 00:14:00.000 --> 00:14:03.000 Em muitas formas de cegueira, como a retinite pigmentosa, 00:14:03.000 --> 00:14:05.000 ou a degeneração macular, 00:14:05.000 --> 00:14:08.000 as células fotorreceptoras atrofiaram ou foram destruídas. 00:14:08.000 --> 00:14:10.000 Como podemos consertar isto? 00:14:10.000 --> 00:14:13.000 Não é sequer claro que um medicamento possa restaurar isto, 00:14:13.000 --> 00:14:15.000 porque não há nada onde a substância possa se ligar. 00:14:15.000 --> 00:14:17.000 Por outro lado, a luz continua a chegar ao olho. 00:14:17.000 --> 00:14:20.000 O olho ainda é transparente e recebe luz no interior. 00:14:20.000 --> 00:14:23.000 Então, e se nós pudermos pegar nestas channelrhodopsins e em outras moléculas 00:14:23.000 --> 00:14:25.000 e instalá-las em algumas destas outras células reservas 00:14:25.000 --> 00:14:27.000 e convertê-las em pequenas câmeras. 00:14:27.000 --> 00:14:29.000 E como existem tantas células destas no olho, 00:14:29.000 --> 00:14:32.000 provavelmente, elas poderiam ser câmeras de alta-resolução. NOTE Paragraph 00:14:32.000 --> 00:14:34.000 Este um dos trabalho que estamos realizando. 00:14:34.000 --> 00:14:36.000 Está sendo liderado por um dos nossos colaboradores, 00:14:36.000 --> 00:14:38.000 Alan Horsager, da USC, 00:14:38.000 --> 00:14:41.000 e procurado para comercialização por uma empresa recente, Eos Neuroscience, 00:14:41.000 --> 00:14:43.000 criada pelo NIH. 00:14:43.000 --> 00:14:45.000 E o que vocês veem aqui é um rato tentando resolver um labirinto. 00:14:45.000 --> 00:14:47.000 É um labirinto de seis braços. E há água no labirinto 00:14:47.000 --> 00:14:49.000 para motivar o rato a se mover, senão ele ficaria apenas ali parado. 00:14:49.000 --> 00:14:51.000 E o objetivo, óbvio, deste labirinto 00:14:51.000 --> 00:14:53.000 é sair da água e ir para uma pequena plataforma 00:14:53.000 --> 00:14:55.000 que está sob a porta de cima. 00:14:55.000 --> 00:14:58.000 Os ratos são espertos, por isso este rato vai sair deste labirinto, 00:14:58.000 --> 00:15:00.000 mas ele faz uma pesquisa exaustiva. 00:15:00.000 --> 00:15:03.000 Ele nada por todas as avenidas até que entra finalmente na plataforma. 00:15:03.000 --> 00:15:05.000 Ele não está usando a visão para isso. 00:15:05.000 --> 00:15:07.000 Estes ratos são o resultado de diferentes mutações 00:15:07.000 --> 00:15:10.000 que retratam diferentes tipos de cegueira que afetam os humanos. 00:15:10.000 --> 00:15:13.000 E nós temos sido cuidadosos em olhar para estes modelos diferentes, 00:15:13.000 --> 00:15:15.000 e por isso temos uma abordagem generalizada. NOTE Paragraph 00:15:15.000 --> 00:15:17.000 Então como vamos resolver isto? 00:15:17.000 --> 00:15:19.000 Vamos fazer exatamente o que mostrei no slide anterior. 00:15:19.000 --> 00:15:21.000 Vamos usar estes fotossensores de luz azul 00:15:21.000 --> 00:15:23.000 e instalá-los numa camada de células 00:15:23.000 --> 00:15:26.000 no meio da retina, na parte de trás do olho, 00:15:26.000 --> 00:15:28.000 e transformá-los numa câmera. 00:15:28.000 --> 00:15:30.000 É como instalar células solares em todos aqueles neurônios 00:15:30.000 --> 00:15:32.000 para torná-los sensíveis à luz. 00:15:32.000 --> 00:15:34.000 Neles, a luz é convertida em eletricidade. 00:15:34.000 --> 00:15:37.000 Este rato era cego semanas antes desta experiência 00:15:37.000 --> 00:15:40.000 e recebeu uma dose desta molécula fotosensitiva em um vírus. 00:15:40.000 --> 00:15:42.000 E agora vocês podem ver que o animal evita as paredes 00:15:42.000 --> 00:15:44.000 e vai para esta pequena plataforma 00:15:44.000 --> 00:15:47.000 e faz uso cognitivo dos seus olhos novamente. 00:15:47.000 --> 00:15:49.000 E para realçar o valor disto: 00:15:49.000 --> 00:15:51.000 estes animais são capazes de chegar à plataforma 00:15:51.000 --> 00:15:53.000 tão depressa quanto os animais que sempre enxergaram. 00:15:53.000 --> 00:15:55.000 Então eu penso que este estudo pré-clínico, 00:15:55.000 --> 00:15:57.000 traz esperança para todo tipo de coisas 00:15:57.000 --> 00:15:59.000 que esperamos fazer no futuro. NOTE Paragraph 00:15:59.000 --> 00:16:02.000 Para terminar, eu quero reforçar que nós também estamos explorando 00:16:02.000 --> 00:16:04.000 novos modelos de negócios para este novo campo da neurotecnologia. 00:16:04.000 --> 00:16:06.000 Estamos desenvolvendo estas ferramentas, 00:16:06.000 --> 00:16:08.000 mas a partilhamos gratuitamente com centenas de grupos por todo o mundo, 00:16:08.000 --> 00:16:10.000 de forma que as pessoas possam estudar e tentar curar diversas doenças. 00:16:10.000 --> 00:16:13.000 E a nossa esperança é que, descobrindo os circuitos cerebrais 00:16:13.000 --> 00:16:16.000 a um nível de abstração que nos permita restaurá-los e modificá-los, 00:16:16.000 --> 00:16:19.000 possamos tomar algumas destas doenças incuráveis de que falei antes, 00:16:19.000 --> 00:16:21.000 praticamente nenhuma delas curável, 00:16:21.000 --> 00:16:23.000 e fazê-las virarem história no século XXI. NOTE Paragraph 00:16:23.000 --> 00:16:25.000 Obrigado. NOTE Paragraph 00:16:25.000 --> 00:16:38.000 (Aplausos) NOTE Paragraph 00:16:38.000 --> 00:16:41.000 Juan Enriquez: Algumas destas coisas são um pouco profundas. 00:16:41.000 --> 00:16:43.000 (Risos) 00:16:43.000 --> 00:16:45.000 Mas as implicações 00:16:45.000 --> 00:16:48.000 de ser possível controlar as convulsões ou a epilepsia 00:16:48.000 --> 00:16:50.000 com luz em vez de medicamentos, 00:16:50.000 --> 00:16:53.000 e ser possível atingi-los especificamente 00:16:53.000 --> 00:16:55.000 é um primeiro passo. 00:16:55.000 --> 00:16:57.000 A segunda coisa que eu acho que o ouvi dizer 00:16:57.000 --> 00:17:00.000 é que você agora pode controlar o cérebro com duas cores. 00:17:00.000 --> 00:17:02.000 Como ligar/desligar. NOTE Paragraph 00:17:02.000 --> 00:17:04.000 Ed Boyen: É isso mesmo. NOTE Paragraph 00:17:04.000 --> 00:17:07.000 JE: O que faz com que cada impulso que viaja pelo cérebro seja um código binário. NOTE Paragraph 00:17:07.000 --> 00:17:09.000 EB: Sim. 00:17:09.000 --> 00:17:12.000 Assim, com luz azul podemos guiar informação, e isso é como um 1. 00:17:12.000 --> 00:17:14.000 E ao desligar, é mais ou menos como um zero. 00:17:14.000 --> 00:17:16.000 A nossa esperança é que eventualmente construamos coprocessadores cerebrais 00:17:16.000 --> 00:17:18.000 que trabalhem com o cérebro, 00:17:18.000 --> 00:17:21.000 de forma que possamos ampliar as funções em pessoas com deficiências. NOTE Paragraph 00:17:21.000 --> 00:17:23.000 JE: E em teoria, isso quer dizer que, 00:17:23.000 --> 00:17:25.000 tal como um rato sente, cheira, 00:17:25.000 --> 00:17:27.000 ouve, toca, 00:17:27.000 --> 00:17:30.000 você pode modular isso como uma sequência de uns e zeros. NOTE Paragraph 00:17:30.000 --> 00:17:32.000 EB: Certamente. Nós esperamos poder usar isto como uma maneira de testar 00:17:32.000 --> 00:17:34.000 quais códigos neuronais podem levar a certos comportamentos 00:17:34.000 --> 00:17:36.000 e a certos pensamentos e certos sentimentos, 00:17:36.000 --> 00:17:39.000 e usar isso para compreender mais sobre o cérebro. NOTE Paragraph 00:17:39.000 --> 00:17:42.000 JE: Isso quer dizer que um dia poderemos fazer o download de memórias 00:17:42.000 --> 00:17:44.000 e talvez o upload delas? NOTE Paragraph 00:17:44.000 --> 00:17:46.000 EB: Bem, isso é algo em que estamos começando a trabalhar arduamente. 00:17:46.000 --> 00:17:48.000 Estamos agora trabalhando em um projeto 00:17:48.000 --> 00:17:50.000 em que estamos tentando colocar o cérebro lado a lado com elementos memorizados. 00:17:50.000 --> 00:17:53.000 Assim nós podemos registrar informação e depois devolvê-la – 00:17:53.000 --> 00:17:55.000 o tipo de computação de que o cérebro precisa 00:17:55.000 --> 00:17:57.000 para aumentar o processamento da informação. NOTE Paragraph 00:17:57.000 --> 00:18:00.000 JE: Bem, isso pode mudar algumas coisas. Obrigado. (EB: Obrigado.) NOTE Paragraph 00:18:00.000 --> 00:18:03.000 (Aplausos)