Quando olho para o espelho
vejo o meu eu de 12 anos,
com cortes, cicatrizes e contusões,
mas aquele não era eu.
Todos os dias, eu sofria de "bullying"
por ser quem era.
Eu nasci com uma síndrome
chamada ectrodactilia,
que fez com que eu tivesse
quatro dedos em cada mão
e dois dedos em cada pé.
Os pelos não nasceram corretamente
nas minhas orelhas.
Mas a melhor coisa nisto tudo
é que posso conduzir com o Bluetooth
ligado aos meus aparelhos auditivos,
a tocar só por diversão,
enquanto posso conduzir e fazer de Spock
e descobrir que toda a gente
se pode passar e dizer:
"Uau, isto é fixe".
Sempre que ouço falar em "suicídio",
em pessoas que sofrem de "bullying",
eu não sabia o que era, até o ter sentido.
"Vai-te matar."
"Tu não vales nada."
"Tu és atrasado."
Doía-me tanto o que me diziam.
O suicídio é a causa número um da morte
de adolescentes entre os 12 e os 18 anos.
Magoa toda a gente, mas ninguém faz nada.
Quando fui para um acampamento
da Young Life
eu queria conhecer novos amigos.
Eu queria ter melhores experiências.
Queria apreciar a vida.
Mas isso não aconteceu.
Todos os dias ficava sentado a um canto.
Mas houve um dia especial para mim:
um rapaz com o cabelo crespo e comprido,
e uma guitarra na mão,
a mostrar um grande sorriso
para toda a gente.
Estava num grupo com montes
de pessoas e disse:
"Deem-me um minuto,
vou falar com aquele miúdo."
E foi.
Foi sentar-se ao pé de mim.
E disse: "Eu também sofri de 'bullying'.
"Eu também nunca tive muitos amigos
por ser quem era."
Nós conversámos sobre isso e tivemos
o mesmo comentário um sobre o outro.
Não sabíamos quem realmente éramos.
Ele dizia-me sempre a mesma coisa:
"Não importa o que aconteça,
só precisas de sorrir.
"Só precisas de sorrir, porque és lindo."
Todos os dias, ele me dizia aquilo.
E fez-me pensar.
Há cerca de dois anos, Devin suicidou-se.
O meu coração ficou destroçado.
Eu não sabia o que fazer.
Eu não queria estar aqui.
O Devin mudara a minha vida.
Depois de ir ao funeral dele,
a minha mente começou a pensar:
"Preciso de fazer qualquer coisa."
Eu continuava a sofrer.
Quando estava a pensar
que não podia fazer nada,
lembrei-me: "Sorri, tu és lindo."
Imediatamente percebi
que podia fazer isso.
Então, nos últimos dois anos,
eu andei a segurar num cartaz que diz:
"Sorri, tu és lindo."
E não deixei de o fazer
depois de muitos meses.
As pessoas dizem: "És um idiota.
Porque é que estás a fazer isso?
"Estás a perder o teu tempo.
"Devias arranjar um trabalho,
fazer alguma coisa na vida.
"Levanta-te em vez de estares
sentado na rua
"a segurar um cartaz que diz:
'Sorri, tu és lindo'.
Um dia, eu estava na rua com o cartaz
e um homem vem ter comigo e diz:
"Adoro a tua mensagem.
O meu filho fez exatamente a mesma coisa"
E contou-me como o filho dizia
exatamente o mesmo às outras pessoas:
"Sorri, tu és lindo."
a todas as raparigas e rapazes
que se sentavam sozinhos
e não sabiam o que fazer da vida.
Disse-me que o filho
também se tinha suicidado.
Disse que aquela era a mensagem
do filho, de lá de cima.
E foi-se abaixo, tal como eu.
E significou tanto que eu estou
a fazer isto pelos outros.
Fui à Califórnia para mostrar
o meu cartaz,
para mostrar a outras pessoas
que elas são lindas,
independentemente de tudo.
Fui a Santa Mónica, a Long Beach,
até aos estúdios Warner Brothers
só para segurar um cartaz que diz:
"Sorri, tu és lindo".
Algumas pessoas dizem que sou maluco,
mas para mim, é a melhor altura
da minha vida.
Então eu só quero recordar a toda a gente:
"Sorri, tu és lindo".
(Aplausos)