Todos gostamos de comprar
e, ultimamente, os novos estilos de roupa
são mais baratos do que nunca.
Podemos literalmente comprar um vestido
por 4 dólares,
ou seja, o preço de um latte de baunilha.
Mas comprar pechinchas
tem um custo elevado.
Eu sei, eu percebo.
Vocês perguntam:
"Whembley, o que é que isso significa?"
E, basicamente, o que significa é:
A fast fashion (=moda rápida) resulta
de condições de trabalho abusivas
e está a destruir o ambiente.
Aos longos dos dois últimos séculos,
à medida que o mundo tem vindo a mudar,
a nossa relação com a roupa
tem mudado drasticamente também.
Desde era em que a roupa era personalizada
ou feita à medida de cada pessoa
até à era do pronto-a-vestir
em que as roupas pré-fabricada
vinha em tamanhos padronizados
e à era atual da fast fashion.
Hoje, a indústria da moda
não se assemelha em nada
ao que era no passado.
E, claro que nem tudo são boas mudanças.
Quantidades indecentes de roupa,
roubo de ideias de designers,
baixos salários, condições precárias e assédio,
trabalhadores fabris que cosem
pedidos de ajuda nas roupas.
Credo!
Mas antes de falarmos sobre isto,
o que é realmente a fast fashion?
Se acham que se parece com fast food,
têm razão.
É barata, rápida e
de qualidade duvidosa.
Voltando ao tema em questão.
Se a fast fashion não é personalizada,
nem pronta-a-vestir,
então, o que é?
Para responder à questão,
precisamos de viajar até uma pequena aldeia
na Corunha, na Galiza, em Espanha.
Em 1963, um homem chamado
Amancio Ortega Gaona
fundou uma empresa que viria a tornar-se
na maior empresa retalhista de moda do mundo.
Esta empresa é também conhecida
como Zara Inditex.
Já devem ter ouvido falar
da sua empresa mais famosa, a Zara.
A Zara de Ortega foi pioneira
no paradigma da fast fashion.
Há quatro pontos principais:
Primeiro, a integração vertical.
Uma forma elegante de dizer
que a empresa trata de tudo internamente,
desde o design, à produção,
e à venda de roupas.
Isto ajuda a agilizar os custos
e a otimizar os processos de produção.
A fast fashion está também relacionada
com o retorno de resposta.
Os designers recebem diariamente
dados acerca do que se vende
e do que não se vende.
Realizam regularmente trabalho de campo
em busca do que está em voga
o que consistem em sair e ver
o que as pessoas que andam na rua usam
num ciclo de célere
do design à loja.
Na fast fashion, a ênfase é colocada na rapidez.
O tempo que demora a fazer as roupas
representa uma fração do que era antes.
Para a Zara, que lidera a indústria,
demora apenas cinco semanas,
em vez de coleções sazonais.
O escoamento da fast fashion
gera a parte principal dos lucros
através de designs produzidos
dentro da estação.
As coleções pronto-a-usar
são produzidas e estreadas
na estação prévia.
Por fim, a fast fashion está dependente
de mão-de-obra barata
e estas poupanças passam para o cliente.
A moda sempre dependeu
do poder das pessoas
mais do que qualquer outra coisa.
Atualmente, uma em seis pessoas no mundo
trabalha na indústria da moda.
É impressionante!
E, na sua maioria,
estes humanos vivem
em países em desenvolvimento.
Mas a mão-de-obra barata tem
um custo elevado.
Com a globalização, as economias mundiais
tornaram-se cada vez mais lentas.
A fast fashion prometia
roupas modernas a baixos preços.
Ou seja, "democratizar a moda"
como afirma Amancio Ortega.
Enquanto isso, empresas,
como a Forever21 e H&M,
dariam emprego a trabalhadores
de países em desenvolvimento.
Mas não foi bem assim.
As empresas de fast fashion
têm sido criticadas
por explorarem trabalhadores.
O que vai desde trabalho infantil,
obrigar os trabalhadores a lidar
com químicos perigosos
e a serem extremamente mal pagos
por longas horas de trabalho sem pausas.
Em 2013, uma falha estrutural evitável
provocou a queda de um edifício
no Bangladesh.
Mais de 1 100 de trabalhadores têxteis
ficaram soterrados
e 2 500 ficaram feridos.
O desastre de Rana Plaza foi o acidente
mais mortífero numa fábrica têxtil
de que há registo.
E, embora gastemos menos
3% do nosso rendimento anual em roupa,
comparando com cerca de 10%
nos anos 50,
temos uma quantidade absurda de roupa,
porque a fast fashion significa
que a roupa é descartável.
Além disso, a moda é terrível para o ambiente.
Em resumo, mais roupas
feitas mais rapidamente,
por um custo menor,
significa um excesso de roupa barata
amontoada nos nossos aterros.
Para termos uma noção
do volume de roupa
de que estamos a falar,
vamos fazer um balanço
do impacto ambiental
da fast fashion em números.
150 mil milhões:
o número de novas peças produzidas todos os anos.
É mais de 20 peças por pessoa no mundo.
1.1 mil milhões:
o número de quilos de desperdício têxtil
retirado do fluxo de resíduos,
de acordo com o Council for
Textile Recycling.
60%:
o aumento do número de roupa
que possuímos entre 2000 e 2014
de acordo com a Greenpeace.
Mas mantemos as roupas durante
metade do tempo
comparado com 15 anos atrás
o que levou a uma enorme quantidade de desperdício.
10%: a percentagem de emissão de carbono global
pela qual a indústria da moda é responsável.
Não há sombra de dúvida
que a moda está a contribuir
para os efeitos da mudança climática.
Embora a roupa seja reciclável,
a quantidade de roupa produzida
ultrapassou a nossa capacidade
de a conseguir reciclar.
A situação agravou de tal modo, que em abril,
a China, anteriormente um dos principais destinos
de têxteis reciclados,
proibiu-os oficialmente.
E, na América do Norte,
a cidade de Markham,
em Ontário, no Canadá,
foi a primeira comuna a banir
resíduos têxteis dos aterros.
Mas esperem, ainda há mais!
A moda é a segunda maior poluidora
de água potável do mundo.
Os químicos tóxicos utilizados para pintar
e produzir a roupa
está associado a abortos,
malformações congénitas e cancro.
Temos de nos questionar:
Valerá a pena?